Resenha do filme O Físico PDF

Title Resenha do filme O Físico
Course NEUROANATOMIA
Institution Universidade Estadual do Ceará
Pages 2
File Size 93.7 KB
File Type PDF
Total Downloads 13
Total Views 158

Summary

Resenha do filme O Físico e suas relações com a anatomia, a medicina e a psicologia....


Description

RESENHA DO FILME O FÍSICO E SUAS RELAÇÕES COM A MEDICINA E A PSICOLOGIA Disciplina: Neuroanatomia

A história tem início na europa medieval em plena Idade das Trevas, época em que tudo que Roma havia desenvolvido em termos de medicina caira em esquecimento. Sem médicos ou hospitais, as pessoas estavam nas mãos da fé ou dos “barbeiros”, que eram capazes de curar algumas doenças, mas não possuíam um conhecimento realmente científico em relação ao tratamento destas. Antes de dar continuidade, é preciso falar um pouco mais sobre o contexto histórico em que se passa o filme: a Idade Média é identificada como o período entre a queda de Roma em 476 d.C. e a conquista de Constantinopla pelos turcos em 1453. Nesse período, a Igreja Cristã totalitária suprimiu a ciência e estagnou as atividades médicas, fato que geralmente identifica essa época como precária, com falta de avanços principalmente na medicina. Assim, para a sociedade dessa época, bastava aceitar a “vida na fé”. Desse modo, durante esse período, a dissecação de cadáveres foi totalmente proibida e a violação de cadáveres era considerada um ato criminoso, um pecado, que frequentemente levava a uma punição do violador, o que evidentemente retardou em muito o desenvolvimento da medicina nessa época. E é essa questão religião x medicina que o filme irá explorar. A Medicina é um dos temas centrais do filme, abordando algumas curiosidades em relação aos tratamentos medievais, bem como comparando a medicina árabe e a européia, uma vez que a Idade de Ouro Islâmica foi paradoxalmente marcada por grandes avanços na parte das ciências, entretanto, esses avanços foram inibidos principalmente pelas ações religiosas. Já em relação à religião o filme explora as maiores religiões monoteístas da atualidade: judaísmo, cristianismo e o islamismo, bem como alguns de seus costumes e regras, as quais o protagonista terá de se adaptar para realizar seu sonho de explorar o campo da medicina com o sábio Ibn Sina no oriente, uma vez que Robin (o protagonista) era cristão e cristãos não tinham acesso às universidades muçulmanas durante as Cruzadas. A partir dessa visão geral acerca do retardo no avanço da medicina em razão da religiosidade da época, podemos fazer um paralelo com a história da Psicologia em pelo menos dois pontos: a experiência da subjetividade privatizada - que serviu de precondição sociocultural para o aparecimento da psicologia como ciência no século XIX - e a história da psicanálise.

De acordo com Figueiredo (p. 19), para que se exista um interesse em conhecer suficientemente a psique, são necessários: a) experiência da subjetividade privatizada; b) experiência da crise dessa subjetividade. Assim, por mais estranho que pareça, esse autor afirma que nossa noção de subjetividade privada (quem eu sou: o que eu sinto: o que eu desejo:) data aproximadamente os últimos três séculos. Ou seja, durante a Idade Média (e até mesmo o Renascimento), a reflexão moral era pouco desenvolvida. Assim, devido à extrema religiosidade da Idade Média e, consequentemente, à “vida na fé” já citada, o homem europeu se vê em uma situação em que se sente parte de uma ordem superior que o ampara, mas o constrange ao mesmo tempo. Ou seja, que o lança numa condição de desamparo e conflito entre duas “obrigações” igualmente fortes (religião x desejos carnais), mas incompatíveis. E é justamente nessa situação que o homem é levado a se questionar acerca do que é certo e errado e a procurar na sua própria consciência uma resposta. Em síntese, quando o homem europeu começa a questionar a ordem superior (que envolve aqui a religião) em que estava inserido desde pelo menos a Idade Média, é proporcionado a ele uma experiência privada da subjetividade que, consequentemente, abre espaço para o estudo desse eu privado. Já em relação a história da psicanálise, ela envolve histeria x medicina. A psicanálise é um campo clínico teórico criado, no começo do século XX, por Sigmund Freud que teve início a partir da clínica da histeria, uma área pouco explorada pela medicina da época devido ao fato que as doenças nervosas não eram respeitadas pela sociedade médica. Assim, no começo de sua carreira Freud teve que enfrentar muitos desafios, principalmente em relação às críticas, uma vez que os aspectos psíquicos não eram considerados científicos, já que nessa época acreditava-se que a histeria era fingimento, uma vez que, ao examinar as pacientes, não havia qualquer problema orgânico funcional. Ademais, considerava-se a histeria como uma “doença” estritamente feminina, pois supostamente era causada por perturbações no útero. Assim, fica claro que o conhecimento humano (além de, naturalmente, ser modelado de acordo com o zeitgeist ou “espírito da época”) é, muitas vezes, impedido de avançar devido às ideias ou crenças da própria sociedade, ponto que mais me chamou atenção durante o filme O Físico....


Similar Free PDFs