Resenha do filme Cisne Negro PDF

Title Resenha do filme Cisne Negro
Author Dani Nery
Course Sistemas Psicológicos Freud e os Pósfreudianos
Institution Universidade do Estado da Bahia
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RESENHA DE FILME...


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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I CURSO: PSICOLOGIA DISCIPLINA: FREUD E PÓS FREUDIANOS – SISTEMAS PSICOLÓGICOS PROFESSORA: ALBA RIVA DISCENTES: Camila Fernandes, Daniela Nery, Hobert Rocha, Jéssica Vieira, Larissa Cerqueira e Maicon Alisson. Resenha crítica do Filme Cisne Negro e relação com o Narcisismo O filme Cisne Branco, passado em Nova York e dirigido por Darren Aronofsky, retrata a saga de uma menina, bailarina, membro de uma companhia novaiorquina de balet, em busca da perfeição de seu ofício e que ganha o papel principal, numa adaptação da peça “O lago dos cisnes”, na companhia a qual pertence. A personagem principal, Nina (Natalie Portman), vive com uma mãe controladora, sádica e possessiva, que projetou na filha a realização de ser uma bailarina de sucesso, visto que foi “obrigada” a desistir da sua carreira por conta da gravidez precoce. A figura paterna não é mencionada no filme, deixando margem para a conclusão de uma relação simbiótica estabelecida entre a mãe e Nina, onde a segunda age de maneira possessiva e controladora sobre a segunda. Toda projeção dos desejos da mãe gerou uma sobrecarga psicológica na filha, que apesar de ser uma mulher adulta, tem ainda uma conduta infantilizada, demonstrada através das cores rosa em seu quarto e de seus bichos de pelúcia. Essa conduta infantil, se reflete também na sexualidade de Nina, que se mostra absolutamente castrada pela mãe. Essa relação de excessos fez Nina sucumbir em delírios, automutilações (masoquismo), como forma de se punir e dar vazão aos sentimentos contidos e um desejo perturbador de atingir a perfeição como bailarina. A relação com a sua mãe é de extrema importância para análise da formação da personalidade de Nina. É possível observar que esta relação possui influências sobre as demais relações da personagem. Percebe-se que a relação simbiótica das duas promove uma dependência da mãe ao mesmo tempo em que promove uma submissão danosa de Nina ao desejo da mãe. Desta maneira, a mãe de Nina tenta, através da filha, realizar os seus próprios desejos narcísicos, sendo assim Nina seria o canal de investimento e satisfação desse desejo. Da busca pela perfeição, emergiu em Nina um comportamento extremamente dedicado e disciplinado com o seu corpo, pois este é o seu instrumento de trabalho,

levando-a à exaustão e a rejeitar alimentos de todo tipo. Sempre diante de um espelho, a sua autoimagem é confrontada o tempo todo, onde espelho tornou-se um campo de batalhas internas, que ela se vê refletida com o seu lado sombrio. Nina é uma bailarina absolutamente disciplinada, mas muito reprimida, o que a leva a ter alucinações de diversas ordens, inclusive no campo da sexualidade. Quando a companhia de balé a qual pertence, busca uma bailarina que tenha uma identidade híbrida, para interpretar uma adaptação de “ O lago dos cisnes”, então, Nina resolve se candidatar à vaga. O lago dos cisnes conta a história de duas irmãs que estão sob um feitiço que as aprisionou em um corpo de cisne branco e a outra no corpo de um cisne negro, ambos representando, respectivamente, o lado bom e o lado sombrio do ser humano. Ao conquistar o papel, Nina vai se sentir ameaçada e ao mesmo tempo atraída por uma colega chamada Lilly (Mila Kunis), pois esta vai representar o lado sedutor e ousado que Nina gostaria de demonstrar, mas está reprimido. Nesse caminho, o professor Thomas Leroy (Vincent Casel) irá auxiliá-la na busca do seu lado negro. Seja por intimidação, ou provocando-a, “Toque-se”, ele diz. Incitando o desejo e a emergência de uma personalidade com aspecto mais sombrio. No momento em que consegue a vaga de rainha dos cisnes que a jovem tanto queria, Nina parece não conseguir lidar com a pressão de assumir esse papel, o que desencadeia nela sintomas e respostas de uma estrutura psicótica, acarretada tanto pela relação simbiótica com a mãe quanto com o medo de não conseguir assumir esse papel sombrio e imperfeito, já que sua busca sempre foi pela perfeição, o que sempre é enfatizado na fala de sua mãe: “ Que menina doce” ou “ Você é perfeita”. Há uma dificuldade da menina estabelecer o Eu ideal dela, assumindo sua autonomia e vontades, porque o Ideal de eu, idealizado pela mãe, está se sobrepondo ao que seria o seu eu ideal, visto que ela não consegue organizar aquilo que é expectativa com as suas vivências e aquilo que deseja ser. Todo drama que tece o desenrolar da história, enfatiza a conteúdo patológico que Nina assume, através de uma postura obsessiva no que concerne ao ideal de perfeição centrado em seu próprio corpo. Todos os seus esforços são mediados a partir de uma perspectiva narcísica, onde o fim consistia sempre em alcançar, através dessa obsessão por si mesma que instala uma guerra psicológica na vida da personagem, esse lugar de perfeição. Sobre isso Freud destaca a posição dos pais na constituição do narcisismo primário dos filhos. Freud fala que o amor dos pais aos filhos é o narcisismo dos pais renascido e transformado em amor objetal. O

Narcisismo primário representaria de certa forma, uma espécie de onipotência que se cria no encontro entre o narcisismo nascente do bebê e o narcisismo renascente dos pais. Situação essa evidenciada a partir das projeções, já supracitadas, que sua mãe despejava sobre Nina. Durante o filme, algumas passagens ilustram essas situações narcísicas, onde a busca pela beleza, o corpo ideal e a exímia atuação na performance instala uma ruptura com o real, onde não existe espaço para limitações físicas e psicológicas que pudessem impedir Nina de alcançar o júbilo idealizado, fazendo a personagem construir, através de delírios de perseguição, auto-mutilação, anorexia, e tramas psicóticas uma realidade assustadora que, através do seu flagelo, sucumbirá na perfeição do ato e, como Narciso, na sua própria destruição e extinção. Há uma clara cisão na personalidade de Nina. Infantilizada, ela não teve a capacidade de estruturar e fortalecer o seu ego, pois sua mãe não permitiu que ela crescesse e tivesse autonomia. Quando Nina entra em contato com os personagens da peça, fica claro que o cisne branco é ela e o cisne negro representa o inconsciente dela, portanto o entrave entre os dois, representa a luta que ela mesma vive internamente. A conquista do papel traz uma sobrecarga emocional e psíquica para a personagem que, por nunca ter tido seu lugar desejo aceito pela mãe, passa não saber governar seus problemas e começa a sentir constantes pressões por parte do seu treinador, na busca pela perfeição e sincronização dos dois lados opostos que possuía o seu papel na peça. A partir do filme, é possível perceber alguns sintomas da estrutura psicótica manifestas no comportamento da personagem principal, tais como constantes alucinações de que o seu sangue estava vazando dos limites do seu corpo, ideias de ter arrancado sua pele, delírio de perseguição, e sensações relacionadas ao corpo, como por exemplo que o corpo estaria se desfazendo/ quebrando. Além disso, há os fatores ligados a sexualidades, pois começou a desejar ter uma relação homoafetiva com uma das bailarinas da companhia, a qual todos admiravam por ser considerada perfeita (um ideal de eu que ela desejava). Posteriormente, esse mesmo objeto de amor, a bailarina perfeita, começou sofrer transformações aos olhos de Nina, e agora era encarada como sua perseguidora e que desejar ocupar o lugar que pertence a Nina por direito (o de rainha dos Cisnes). Talvez uma hipótese a ser levantada é a possibilidade de o Cisne Negro representar o id, a parte inconsciente, interessada apenas na satisfação e no prazer. O Cisne Branco seria o superego, a fala da mãe que ficou presa à sua imagem....


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