Resenha do livro Sociedade de Indivíduos do Norbet Elias PDF

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Sobre perspectivas universais para a sociologia....

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SOCIOLOGIA RESENHA Elias, Norbet. Sociedade dos Indivíduos. A relação entre o indivíduo e sociedade foi analisada por vários autores da sociologia, é um dos temas base dessa disciplina. Como o indivíduo age e se relaciona com a sociedade? e por outro lado, como a sociedade influencia e age sobre o indivíduo?. São perguntas elementares que nós sociólogos nos fazemos até hoje. Sob a perspectiva de Norbet Elias, as sociedades caminham por uma espécie de estapas de desenvolvimento. Isso não significa necessariamente que ocorra num sentido evolucionista. Na verdade, é semelhante à concepção durkheimiana quando traça um paralelo entre as sociedades tribais e as sociedades complexas. Isto é, Elias defende a idéia de que em sociedades chamadas de tribais o "pensamento individual" é quase inexistente, o indivíduo nesse contexto está imerso à noção de "nós" (um eu coletivo integrado ao todo) e neste sentido é incapaz de formular reflexões sobre si. Lançando luz da chamada sociologia dos processos, Elias pensa a história da humanidade buscando matrizes universais, pontos em comum em que seja possível dizer o que pertence a tal cultura e o que pertence à essência humana. Neste percurso intelectual Elias se desvia tanto das explicações consoantes aos aspectos materiais históricos de Marx como das culturas locais e do evolucionismo biológico em voga no século XVIII. O autor em questão defende sim etapas de evolução, processos de transformações sociais evolutivas, mas defende que esta evolução é muito mais fruto do acaso do que do planejamento. Sobre a relação sociedade e indivíduo no texto de Elias, uma idéia se sobressai, a de que os modelos de pensamento coletivos se tranformam com muito mais lentidão que as técnicas. O entendimento do "eu" e de "nós" está em constante transformação, sendo que há um caminhar em direção ao fortalecimento da personalidade do "eu", já que a idéia de noção coletiva - o "nós" - vem sendo fragmentada pelas instituições e pelo trabalho. Em Durkheim, a maior divisão social do trabalho gera indivíduos muito mais dependentes uns dos outros, no entanto, devido as complexificações dos processos sociais envolvidos, estes mesmos indivíduos se encontram ao mesmo tempo mais separados uns dos outros. A noção de nós enfraquece. Este autor entende a relação indivíduo e sociedade a partir de noções como o fato social, que são eventos ou comportamentos pré-estabelicidos pelo todo onde os sujeitos são submetidos a padrões.

Em Marx o indivíduo pouco existe, tal noção é substituída pela de classes sociais. As classes sociais movimentam as dinâmicas em sociedade numa constante luta por hegemonia. A sociedade de classes tem origem no materialismo histórico que, resumidamente, diz que a vida em sociedade sofre mutações a partir da transformação dos modos de produção. Isto é, são as maneira de produzir a vida material que definem, por exemplo, que tipo de trabalho e que valor este trabalho terá para os indivíduos. Ao mesmo tempo, Marx apresenta a idéia de uma dialética entre indivíduo e sociedade que consiste numa via de mão dupla onde ambos interpelam um sobre o outro. Para Marx o sistema de pensamento vigente ( a ideologia dominante) é sempre a da classe social dominante e, portanto, o indivíduo está inserido numa grande trama complexa de interesses onde o acaso - noção defendida por Elias - não é significante....