Resumos – Filosofia da Religião 11.º ano PDF

Title Resumos – Filosofia da Religião 11.º ano
Author Maria Gonçalves
Course Filosofia
Institution Escola Secundária António Sérgio
Pages 20
File Size 917.3 KB
File Type PDF
Total Downloads 290
Total Views 535

Summary

Download Resumos – Filosofia da Religião 11.º ano PDF


Description

Oo

Filosofia Filosofia 11.º ano 2019-2020

FILOSOFIA DA RELIGIÃO Textos de apoio – Aprendizagens Essenciais – 11.º ano José Ferreira Borges · Marta Paiva · Orlanda Tavares

2

Dimensões da ação humana e dos valores

A filosofia da religião procede ao exame crítico de conceitos religiosos fundamentais – por exemplo, os conceitos de Deus, de fé, de milagre, etc. –, assim como de crenças religiosas fundamentais – por exemplo, as crenças de que Deus existe, de que há vida após a morte, de que a existência do mal é compatível com a existência de Deus, etc.

NCON10 ©Porto Editora

Religião, razão e fé

Ao examinar criticamente uma crença religiosa, a filosofia procura explicar tal crença e averiguar as razões que têm sido apresentadas a favor e contra essa crença, com o objetivo de determinar se há ou não uma justificação racional para considerar que essa crença é verdadeira ou falsa.

O fideísmo de Kierkegaard e Pascal O termo fideísmo encontra-se associado, num primeiro sentido, a uma perspe tiva teológica segundo a qual a razão nada nos pode ensinar acerca da verdadeira natureza das coisas. Em vez da razão, existe no ser humano uma faculdade superior e especial – a “inteligência” –, determinada pela fé e baseada na revelação, que lhe permite ter a intuição da realidade espiritual e aceder à verdade absoluta. Esta doutrina foi condenada pelo catolicismo. No seu sentido mais geral, o fideísmo é uma doutrina que sustenta a incapacidade da razão humana para atingir determinadas verdades, considerando que elas só são acessíveis através da fé. Neste sentido, o fideísmo opõe-se ao racionalismo, embora não se confunda com o irracionalismo. Admitindo a existência de verdades de fé, os fideístas defendem que tais verdades possuem um valor igual ou superior às verdades obtidas pela ciência e pela razão. Neste sentido, para os fideístas há um conflito entre razão e fé. Como tal, as verdades relativas, por exemplo, à existência e à essência de Deus só podem ser alcançadas pela fé, sendo a razão excluída deste domínio. Um dos autores que sustentou a perspetiva fideísta foi o filósofo dinamarquês Søren Kierkegaard. Kierkegaard encarava a existência humana segundo a categoria da possibilidade. Por ter de escolher e por se sentir colocado entre alternativas opostas, o ser humano apercebe-se de que a vida não tem uma finalidade e um objetivo determinados de uma vez por todas.

Søren Kierkegaard (1813-1855).

Kierkegaard valorizava o indivíduo, o existente singular e concreto, com a sua verdade subjetiva. Neste sentido, defendia que há três estádios ou formas possíveis de existência (entre os quais não se verifica uma continuidade): o estádio estético – esfera em que o indivíduo, mergulhado no instante, procura apenas o prazer imediato –, o estádio ético – esfera na qual o indivíduo procura cumprir o dever e viver de acordo com a lei – e o estádio religioso – forma de vida mais elevada, colocando o ser humano em contacto com o Eterno. No âmbito do estádio religioso, o indivíduo encontra-se perante Deus, havendo uma diferença infinita entre a natureza divina e a natureza humana (marcada pelo pecado). A fé é uma relação entre o ser humano e Deus, relação vivida na solidão.

A dimensão religiosa – Religião, razão e fé

Texto

3

Pecamos quando, perante Deus ou com a ideia de Deus, desesperados, não queremos, ou queremos ser nós próprios. O pecado é deste modo fraqueza ou desafio elevados à suprema potência; é, portanto, condensação do desespero. O acento recai aqui sobre o estar perante Deus ou ter a ideia de Deus; o que faz do pecado aquilo que os juristas chamam «desespero qualificado»; a sua natureza dialética, ética, religiosa é a ideia de Deus. (…) Demasiadas vezes se esquece que o contrário do pecado de modo algum é a virtude. Esse é antes um ponto de vista pagão, que se contenta com uma medida puramente humana, ignorando o que é o pecado e que ele está sempre perante Deus. Não, o contrário do pecado é a fé; como diz a Epístola aos Romanos (14,23): Tudo o que não provém da fé é pecado. E uma das definições capitais do cristianismo é que o contrário do pecado não é a virtude, mas sim a fé. Kierkegaard (1961), O Desespero Humano, 5.a ed., Porto, Livraria Tavares Martins, pp. 131 e 141.

O ser humano religioso assume o sofrimento e vive na fé, seguindo as ordens divinas, mesmo que isso possa ir contra as normas morais convencionais estabelecidas pela sociedade. A categoria da fé assume uma especial relevância, sendo mesmo o oposto do pecado, como nos diz Kierkegaard no texto que se segue. A vida religiosa revela-se contraditória para a razão, cujo âmbito é limitado. O cristianismo expressa esta contradição. Embora de condição divina, Cristo assumiu a condição mortal e o sofrimento dos seres humanos. Daí o paradoxo, o escândalo, o absurdo, que desafiam aquilo que é dito normal e racional. Constituindo uma certeza angustiante, a fé não pode justificar-se racionalmente. A religião, baseada na fé, não representa uma perspetiva racional acerca do mundo e da vida, sendo antes a via da salvação. Através da relação com Deus, para o qual tudo é possível, a fé ajuda o ser humano a libertar-se do fracasso e do desespero. Rembrandt, Sacrifício de Isaac, 1635.

NCON10 ©Porto Editora

No que se refere à possibilidade de provar racionalmente a Na obra Temor e Tremor, Kierkegaard procura mostrar o paradoxo da fé, com base num episódio bíblico: Deus existência de Deus, Kierkegaard nega que o ser humano seja ordena a Abraão para lhe imolar o seu filho Isaac. Abraão capaz de o fazer. Além disso, as eventuais provas seriam semobedece à ordem divina. pre inúteis, pois se Deus não existe, é impossível demonstrar a sua existência; se Deus existe, a tentativa de o demonstrar é insensata, uma vez que quando se começa a provar a sua existência, já essa existência se encontra pressuposta. Um dos autores que sustentou a perspetiva fideísta, embora um fideísmo moderado (uma vez que não considerava haver um conflito entre a razão e a fé), foi o filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662), que apresentou o chamado argumento do apostador, habitualmente conhecido como aposta de Pascal. Trata-se

4

Dimensões da ação humana e dos valores

NCON10 ©Porto Editora

de um argumento que, diferentemente daqueles que estudámos, procura não propriamente demonstrar a existência de Deus, mas mostrar as vantagens de “apostar” nessa existência.

Se admitirmos, como o faz um agnóstico, que não existem dados suficientes para provar a existência ou a não existência de Deus, estamos numa situação muito idêntica à de um apostador antes da realização do evento em que vai apostar, ou seja, teremos de calcular as nossas hipóteses. Contrariando a atitude de indecisão do agnóstico, o argumento do apostador sublinha que a coisa mais racional a fazer será procurar maximizar os ganhos possíveis e minimizar as perdas possíveis. A melhor forma de o conseguir é acreditar em Deus. Há quatro resultados possíveis: dois se acreditarmos que Deus existe e dois se acreditarmos que ele não existe: Deus existe

Deus não existe

Acreditar que Deus existe

Ganha-se a vida eterna: ganho infinito.

Perda de tempo em atos religiosos e de alguns prazeres mundanos: perda finita.

Não acreditar que Deus existe

Perde-se a possibilidade da vida eterna e corre-se o risco da condenação eterna: perda infinita.

Liberdade de gozar os prazeres da vida sem temer o castigo divino: ganho finito.

Assim, colocados perante estas opções, e se queremos maximizar os ganhos possíveis e minimizar as perdas possíveis, a atitude mais sensata será acreditar que Deus existe. Este argumento foi sujeito a, pelo menos, três críticas: • Não podemos decidir acreditar que Deus existe, tal como não podemos decidir acreditar que os peixes voam. Para acreditar em algo é necessário estar convencido de que isso é verdade. Ora o argumento do apostador não fornece quaisquer dados que levem a pessoa a ficar convencida de que Deus existe, limitando-se a dizer que é boa ideia acreditar que isso é verdade. Neste sentido, e se a crença na existência de Deus fosse contra os nossos sentimentos, Pascal sugeria que agíssemos como se já acreditássemos que Deus existe, nomeadamente através da adoção de comportamentos religiosos. Seria uma forma indireta de gerar deliberadamente a crença. • Este argumento parece pressupor algo que o fideísmo nega. Se Deus, na sua infinitude, é incompreensível para a razão humana, então não deveríamos ter condições para conhecer, de forma tão pormenorizada, as suas atitudes em relação aos crentes (que irá recompensar) e aos descrentes (que irá punir). • Este argumento é inapropriado. Apostar na existência de Deus tendo como horizonte a hipótese da obtenção da vida eterna, fingindo depois crer na sua existência, justamente por causa desse prémio, parece constituir uma atitude inapropriada relativamente à existência de Deus. Trata-se de um processo que se afigura totalmente calculista, insincero e interesseiro (e que Deus certamente não aprova).

A dimensão religiosa – Religião, razão e fé

Harmonia entre a fé e a razão A existência de uma harmonia entre a fé e a razão foi defendida por diversos autores, entre os quais São Tomás. Segundo São Tomás, a fé assemelha-se, em parte, ao conhecimento e, em parte, à opinião. Assemelha-se ao conhecimento porque implica uma adesão intelectual a determinadas proposições, uma adesão que é firme e sem hesitações. Assemelha-se à opinião porque não dispõe de indícios conclusivos acerca das proposições a que adere. Por isso, no que se refere às verdades relativas ao divino, algumas delas podem ser demonstradas pela razão (por exemplo, as verdades de que Deus existe e é o criador do mundo), ao passo que outras não o podem ser, ultrapassando a capacidade da razão humana e sendo apenas objeto de fé (por exemplo, as afirmações relativas à Trindade).

São Tomás de Aquino (1225-1274).

Uma vez que são verdades essenciais para a nossa salvação, é importante que se acredite nelas, o que é feito livremente por um ato de fé.

Texto

Embora a (…) verdade da fé cristã exceda a capacidade da razão humana, os princípios que a razão tem postos em si pela natureza não podem ser contrários àquela verdade. É certo que são veríssimos e que foram colocados na razão pela natureza, de modo que nem se pode cogitar que sejam falsos. Nem tão-pouco é permitido pensar ser falso o conteúdo da fé, já que com tanta evidência recebeu a confirmação divina. Ora, porque só o falso é contrário ao verdadeiro, o que se manifesta claramente ao verificarem-se as definições de ambos, é impossível que a supracitada verdade da fé seja contrária aos princípios conhecidos naturalmente pela razão. Além disso, na ciência do mestre está contido o que ele infunde na alma do discípulo, a não ser que o ensino seja fictício. Mas tal não se pode atribuir a Deus. Ora, o conhecimento dos princípios naturalmente evidentes é infundido em nós por Deus, pois Deus é o autor da natureza. Por conseguinte, esses princípios estão também contidos na sabedoria divina. Assim, também tudo o que é contrário a eles contraria a sabedoria divina e não pode estar em Deus. Logo, as verdades recebidas pela revelação divina não podem ser contrárias ao conhecimento natural. Tomás de Aquino (1990), Suma Contra os Gentios, vol. I, Porto Alegre, Livraria Sulina Editora, pp. 28-29.

NCON10 ©Porto Editora

As verdades que são demonstráveis pela razão também podem ser objeto de fé, não para aqueles que acedem a elas de um modo racional, mas para aqueles que não dispõem de tempo ou de formação para levar a cabo essas demonstrações. Quando os fiéis puderem ver Deus face a face, a fé deixará de ser necessária. Assim, embora a razão e a fé sejam distintas, elas são compatíveis, não se excluindo mutuamente. As verdades da fé que não são demonstráveis racionalmente têm por base a revelação divina. Além disso, a razão serve de guia à fé ao mostrar quais as afirmações que se pode considerar como tendo sido reveladas por Deus.

5

6

Dimensões da ação humana e dos valores

Teísmo

Posição filosófica que afirma a existência de Deus, mas à margem da revelação, da graça, dos dogmas, dos milagres ou da relação pessoal com o ser humano. Trata-se de um Deus concebido como ser supremo, princípio e causa do Universo, mas ao qual é negada a Providência, isto é, a intervenção no mundo posteriormente à Criação (nesse sentido, assemelha-se a um relojoeiro). É o Deus dos filósofos, da religião natural ou racional. O deísmo teve a sua máxima expressão no século do Iluminismo (século XVIII).

Panteísmo

Agnosticismo Ateísmo

O teísmo é uma doutrina que, em oposição ao ateísmo, afirma a existência de Deus, encarando-o como uma Pessoa (o que significa que a sua relação com o ser humano adquire também um carácter pessoal) e como um Deus perfeito, omnipotente, omnisciente, omnipresente, perfeitamente livre, eterno, sumamente bom, único, autoexistente, transcendente, criador e conservador do Universo (mas distinto e independente deste). Aceitando a Providência e a revelação, o teísta admite que Deus governa o mundo, considerando ser possível uma demonstração racional da sua existência.

Deísmo

Antes de avançarmos para a apresentação das provas da existência de Deus, assim como das objeções que contra elas são dirigidas, vamos referir alguns conceitos que traduzem as doutrinas filosóficas relativas à existência de Deus: o teísmo, o deísmo, o ateísmo, o agnosticismo e o panteísmo. No quadro que se segue são definidos esses conceitos.

NCON10 ©Porto Editora

Posições relativas à existência de Deus

Posição filosófica que nega a existência de Deus e, de uma forma geral, de qualquer realidade que possa considerar-se de natureza divina. O ateísmo teórico poderá servir de fundamento a atitudes e comportamentos vividos à margem de qualquer referência à esfera religiosa ou à ideia de Deus (ateísmo prático). Posição filosófica segundo a qual não é possível ao ser humano saber se Deus existe ou não, nem aceder ao conhecimento da sua essência. Limitada a capacidade cognitiva humana ao mundo dos fenómenos (conhecimento científico), a esfera metafísica (Deus, alma, imortalidade) é vista como incognoscível. O agnosticismo advoga a suspensão do juízo e da crença relativamente àquilo a que a razão e os sentidos não têm acesso, negando o valor das demonstrações racionais da existência de Deus. Posição filosófica segundo a qual Deus e o mundo são a mesma realidade. Deus e o mundo identificam-se, são apenas um. Esta perspetiva nega a existência de qualquer realidade transcendente, afirmando a imanência de tudo o que existe: Deus é tudo e tudo é Deus.

Os conceitos de agnosticismo e ateísmo são aqui tomados em sentido amplo. Numa aceção mais restrita, o ateísmo refere-se à negação da existência do Deus teísta e o agnosticismo equivale à posição de quem não afirma nem nega a existência desse Deus em concreto. Por sua vez, o conceito de teísmo é tomado, no quadro, em sentido restrito, e é esse o sentido que aqui nos interessa (em sentido amplo, o teísmo equivale à afirmação da existência de um ser ou de vários seres divinos, podendo a ideia de divino coincidir ou não com aquela que é definida pelo sentido restrito de teísmo). Salvador Dalí, Símbolo Agnóstico, 1932.

São considerados agnósticos aqueles que defendem que não é possível ao ser humano saber se Deus existe ou não, nem aceder ao conhecimento da sua essência. O agnóstico não nega a existência de Deus, mas também não a afirma.

A dimensão religiosa – Religião, razão e fé

7

A conceção teísta é defendida pelas três principais religiões monoteístas – judaísmo, cristianismo e islamismo (ou islão). Por sua vez, o panteísmo é uma perspetiva mais presente nas religiões orientais, como o budismo e o hinduísmo, ainda que tal perspetiva não seja a única no interior dessas religiões. Considerando a proximidade dos conceitos de teísmo e monoteísmo, por um lado, e de panteísmo e monismo, por outro, podemos classificar as religiões de acordo com a conceção de Deus que nelas é dominante. O autor do texto que se segue apresenta três grupos, incluindo ainda as religiões dualistas.

Texto

As religiões correntes (…) ou interpretações existenciais dominantes daí surgidas apresentam conceções que podem ser classificadas em três grupos, à luz da tipologia religiosa: religiões ou correntes monistas, monoteístas e dualistas. (…) Nem todas as religiões que defendem a fé num único deus podem ser consideradas como monoteístas, a menos que o conceito se esvazie completamente. Só se deveria falar de monoteísmo quando Deus é compreendido em termos quase pessoais, como o único cujo poder é universal. A primeira vez que esta fé surge na história das religiões é no âmbito da religião judaica. Mais tarde, é adotada pelo cristianismo e pelo islão e desenvolvida de uma forma própria em cada um deles. É necessário distinguir o conceito de monoteísmo do chamado henoteísmo, que designa uma espécie de concentração teológica e cultural numa divindade, na qual estão incluídas as outras divindades e os outros deuses de um panteão. Estes também podem ser encarados como a sua epifania. Fala-se de monismo quando um deus significa a fé numa última força objetiva ou num princípio que está na base de tudo. O divino é, então, o fundamento interior e impessoal de tudo aquilo que existe e a pluralidade do mundo aparece como o desdobramento do único fundamento do ser, o Cosmos, como corpo de Deus. (…) A terceira variante das religiões universais – as religiões dualistas – foi herdada das religiões superiores. No dualismo, «a compreensão das divisões constitutivas de existência» transforma-se no fundamento para uma interpretação religiosa universal do ser humano e da realidade do mundo. A experiência dualista é transposta já para os princípios divinos iniciais – um deus da luz, do espírito, do bem, confronta-se com um deus ou com um princípio demiúrgico das trevas, da matéria, do mal. A oposição entre o bem e o mal tem fundamentos cosmológicos e está na base da ambivalência própria da criação e do ser humano, bem como da sua oscilação entre esse bem e esse mal. Karl-Heinz Ohlig (2007), Religião: Tudo o Que é Preciso Saber, Cruz Quebrada, Casa das Letras, pp. 183-185.

NCON10 ©Porto Editora

Como exemplos de religiões monistas podemos referir, em termos gerais, o budismo e o hinduísmo. No entanto, convém relembrar que essas religiões possuem, no seu interior, muitas e diferentes ramificações. Há mesmo quem defenda ser o budismo uma religião ateia (na definição geral que apresentámos para ateísmo). No tocante ao hinduísmo, importa não esquecer a sua forte dimensão politeísta (que se harmoniza com a existência de um princípio universal e impessoal – Brahman). As religiões dualistas tendem a acreditar que o bem acabará por triunfar sobre o mal. O bem pode ser representado pelo Deus monoteísta ou pelo Deus monista.

Antes de criar o mundo As religiões monoteístas consideram que existe um Deus único, perfeito e criador de tudo o que existe. O conceito de criação, geralmente entendido como sendo criação a partir do nada (ex nihilo), suscitou aos filósofos inúmeras dificuldades, como aquela que Santo Agostinho refere na passagem que se segue e a qual muitos davam uma resposta desconcertante. «”Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra?” (…) [Há quem responda]: “Preparava a geena (o Inferno) para aqueles que perscrutam estes profundos mistérios!”» Santo Agostinho (1990), Confissões, 12.ª ed., Braga, Livraria Apostolado da Imprensa, p. 302.

8

Dimensões da ação humana e dos valores

De seguida, vamos abordar as provas da existência de Deus. O Deus em questão é o Deus teísta (no sentido estrito deste conceito). A abordag...


Similar Free PDFs