2 e 3. Exame do Estado Mental PDF

Title 2 e 3. Exame do Estado Mental
Course Psiquiatria I
Institution Universidade da Região de Joinville
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Summary

Resumo sobre o exame do estado mental....


Description

Psiquiatria

Exame do Estado Mental O exame do estado mental é a parte da entrevista psiquiátrica que se dedica à elucidação de sinais e sintomas patológicos importantes para a formulação diagnóstica. As informações são coletadas na entrevista psiquiátrica, através da observação do médico, relatos do médico, paciente, familiares e outros informantes. Entrevista inicial – aspectos para o paciente: 1. Aparência 2.

Comportamento

3.

Atitude frente ao examinador

4.

Comunicação com examinador

5.

Sentimentos despertados

O exame não deve ser realizado apenas pelos psiquiatras. Pode fazer parte do exame médico do paciente, independente da sua morbidade. É essencial não só para o diagnóstico de possíveis transtornos psiquiátricos, como também pode oferecer indícios importantes de transtornos neurológicos, metabólicos, intoxicações, efeitos de drogas sobre o funcionamento mental e o comportamento. Alterações em síndromes cerebrais orgânicas: 1. CONSCIÊNCIA: é a atividade integradora dos fenômenos psíquicos, que possibilita que se tome conhecimento da realidade num dado instante. Quando não há alterações na consciência = lucidez. a. Obnubilação: é um nível de funcionamento inferior a lucidez e superior a sonolência, em que o paciente ainda se apresenta desperto (embriaguez) b. Sonolência: nível mais intenso que a obnubilação, assemelha-se a sonolência normal. Paciente estava dormindo, desperta com estímulo, coopera com a entrevista e volta a dormir (sob efeito de calmantes) c. Estupor/torpor: paciente não desperta ou desperta brevemente com estímulos dolorosos intensos d. Coma: paciente é incapaz de despertar sob quaisquer estímulos externos 2. ATENÇÃO: processo mediante o qual concentramos nossa atividade psíquica sobre os estímulos que a solicitam, sejam externos ou internos. Quando o paciente não apresente alterações na atenção = sem alterações ou normoprosexia a. Tenacidade: capacidade de manter a atenção dirigida a um mesmo estímulo i. Normotenaz: quando o paciente consegue se ater pelo tempo necessário a um assunto proposto pelo entrevistador ii. Hipotenaz: quando o paciente troca de um assunto a outro, começa a responder uma pergunta e logo troca de assunto, não se fixando em nada iii. Hipertenaz: paciente que se mantém sempre fixo no mesmo assunto b. Vigilância: capacidade de atentar a novos estímulos, ou seja, de trocar estímulos quando necessário. No estado normal, diz normovigilância. i. Hipervigilância: sensibilidade exagerada a novos estímulos ii. Hipovigilância: sensibilidade diminuída

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3. SENSOPERCEPÇÃO: é a função mental através da qual o individuo toma conhecimento do ambiente e do seu próprio corpo. Os sentidos, as sensações viscerais e o sentido de movimento chegam à consciência através desta função. a. Suspeitar de alguma anormalidade a partir da conduta do paciente. Ex: paciente inquieto, olha constantemente para os lados, interrompe o entrevistador... b. Alterações: ilusões (erros de percepção em que ocorre deformação de um objeto), alucinações (ocorre a formação de uma percepção sem que haja qualquer estímulo sensorial que a justifique) ou pseudo-alucinações c. Classificação das alucinações: i. Auditivas: esquizofrenia, transtornos afetivos, quadros tóxicos, epilepsia etc. ii. Alucinações intrapsíquicas: paciente percebe as vozes ou sons no interior de sua cabeça iii. Visuais: mais relacionadas a quadro orgânicos, como intoxicações e abstinência de substâncias iv. Alucinações táteis: mais frequentes em estados relacionados ao uso de substâncias v. Alucinações olfativas e gustativas: muitas vezes associados a depressão vi. Alucinações cinestésicas: relacionadas ao movimento de parte do corpo e sensação de modificação no tamanho e forma do corpo vii. Alucinações cenestésicas: dizem respeito à sensibilidade interna, das vísceras e órgãos do corpo viii. Pseudo-alucinações: o paciente percebe um objeto inexistente, como nas alucinações, mas tem consciência da irrealidade da sua percepção 4. ORIENTAÇÃO: capacidade que tem o individuo de situar-se em relação a si e ao mundo no tempo e no espaço a. Orientação autopsíquica: diz respeito a orientação sobre a própria pessoa. Paciente que sabe quem é, de onde procede, e sente como corresponde a ele seu passado e sua vida interior atual b. Orientação alopsíquica: determina o conhecimento do paciente do local onde se encontra, do que há na sua volta, bem como do tempo em que vive, hora, dia, mês e ano – ou seja, compreende a orientação espacial e temporal. 5. MEMÓRIA: capacidade de adquirir, reter e utilizar secundariamente uma experiência a. Amnésia e hipomnésia: prejuízos na memória, tanto total quanto parciais. Dividemse em: amnésia retrógrada, anterógrada ou retroanterógrada. i. Retrógrada ou de evocação: perda de memória de fatos que precederam determinado evento. Abarca um período de tempo de segundos a minutos antecedendo o ocorrido, mas pode estender-se a anos. Pode ser reversível ou irreversível. ii. Anterógrada ou de fixação: incapacidade de memorizar fatos que ocorreram após um evento determinado. iii. Retro-anterógrada:

quando

ocorrem

os

dois

prejuízos

de

memória.

Geralmente inicia com amnésia anterógrada, aparecendo prejuízos na memória remota com progressão da doença.

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b. Hiperamnésia: consiste no aumento simples de memória. Não é necessariamente um processo patológico. c. Confabulação: é o fenômeno em que lacunas de memória, causadas por processos orgânicos, são preenchidas com elementos imaginativos d. Pseudologia fantástica: fenômeno presente em pacientes histéricos, que criam lembranças e. Deja vu e jamais vu: sensação de já ter vivido determinada situação nova e sensação de jamais ter vivido algo na realidade já experimentado. Podem ser fenômenos normais. f.

Recordação obsidente: lembrança reiterada e insistente de uma palavra, melodia, etc.

Alterações em síndromes psicóticas e nos transtornos de humor: 6. INTELIGÊNCIA: refere-se à totalidade das habilidades cognitivas do indivíduo. Pode ser desenvolvido pela estimulação ambiental. Consideram-se diferentes inteligências, correspondendo as habilidades ou áreas da congnição, como: inteligência verbal, visuoespacial, aritmética, criativa, musical, etc. a. Um prejuízo na inteligência pode ser considerado tanto um dos sintomas com um diagnóstico. No CID 10, as categorias F70-79 referem-se aos retardos mentais (deficit decorrente de interrupção no desenvolvimento) e as categorias F00-03 às demências (deficit decorrente de declínio cognitivo). b. Pode ser observada ao longo da entrevista ou através de testes ao fim da avaliação, se for necessário c. No EEM anotar como: i. “Aparentemente na média clínica”: quando não verificamos prejuízo na inteligência durante a entrevista; ii. “Aparentemente inferior à média clínica” = ao fazer a entrevista, acredita-se que o paciente possui uma visível diminuição na inteligência; iii. “Aparentemente superior à média clínica” = superdotados 7. AFETIVIDADE: é a capacidade de experimentar emoções e sentimentos frente a determinadas situações. O exame é o mais difícil de ser realizado, pois a interpretação é subjetiva. a. Afeto: vivência subjetivo imediata, provocada por uma experiência identificável pelo indivíduo como causadora daquela sensação b. Humor: vivência subjetiva, só que mais constante. Um estado emocional de longa duração, não dependente de estímulos imediatos. i. Depressão: sentimento de tristeza profunda que se acompanha de lentidão e inibição de todos os processos psíquicos. Paciente fala lentamente, chora, transmite tristeza, desânimo e apatia. Quando acompanha ideias pessimistas sobre o futuro, de impossibilidade de melhora, chamamos de melancolia. ii. Euforia: oposto da depressão. Uma elevação do estado de ânimo do paciente, que está demasiado otimista, motivado, exaltado, comunicativo, com fala acelerada, faz muitas brincadeiras. Por outro lado, pode apresentar raiva, irritabilidade e agressividade.

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iii. Ansiedade: sentimento de apreensão provocado pela antecipação de um perigo não localizável. Um temor inexplicável de algo que não se pode definir. Paciente está tenso, inquieto, agitado. Angústia é o sentimento de ansiedade acompanhado de sintomas físicos, como sudorese e taquicardia. Já o pânico é o grau mais acentuado de ansiedade. É agudo e episódico, com temor extremo e descarga autonômica. iv. Anedonia: incapacidade

de sentir prazer. Ocorre na depressão e

esquizofrenia. v. Disforia: designa uma sensação de desagrado, um estado de ânimo depressivo, acompanhado de mal-humor, amargura, irritabilidade desgosto, agressividade. Ocorre na depressão, esquizofrenia e demência. vi. Frieza efetiva: ocorre uma ausência de sentimentos. Trata-se de um embotamento dos aspectos morais da afetividade. vii. Embotamento afetivo: perda progressiva da capacidade de modular o afeto, com diminuição da expressão dos sentimentos. Paciente apresenta isolamento, fala monótona, face sem expressão. Característico de pacientes esquizofrênico. No grau máximo, chamamos de rigidez afetiva. viii. Indiferença afetiva: ocorre quando o entrevistador tem a sensação subjetiva de que o paciente não experimenta o afeto que relata. A descrição do paciente é afetada, dramática, se diz a pessoa mais infeliz, mas o observador não “sente” assim. Paciente possui o sofrimento, não está fingindo, só não manifesta. ix. Despersonalização e desrealização: condição na qual o paciente sente-se completamente

diferente

de

seu

estado

normal.

Ações

parecem

automáticas, age como se fosse um observador de seus próprios atos. x. Despersonalização: ocorre quando a sensação de mudança e irrealidade diz respeito ao próprio indivíduo, e desrealização quando se referem ao mundo exterior. xi. Eutimia: designa o afeto normal. 8. PENSAMENTO: processo que permite ao psiquismo assimilar, formular e manejar ideias, articulando-as em sequência, com um propósito, de modo a conduzir à formação de novas ideias (raciocínio). Além da observação do relato espontâneo do paciente, algumas perguntas para avaliação do pensamento podem ser úteis: “A sua mente está funcionando bem? Que pensamentos costumam vir à sua cabeça?” a. Produção i. Pensamento lógico: respeita as noções de causa, tempo e espaço, destinando-se a compreensão da realidade ii. Pensamento mágico: não respeita as leis de tempo e espaço, as ideias construindo-se pelas vontades e necessidade internas do indivíduo. Paciente apresenta alucinações, delírios, ideação suicida ou homicida. b. Curso: análise da integridade do fio associativo, ou seja, conexão existente entre ideias sucessivas que levam a uma conclusão. Num discurso normal, em que o fluxo do pensamento é coerente, compreensível, diz-se que o fio associativo está preservado.

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i. Inibição do pensamento: lentificação dos processos psíquicos, levando a um pensamento lentificado (obvio?), aumento do tempo entre pergunta e resposta e pobreza no conteúdo do pensamento. Comum no paciente deprimido. ii. Aceleração do pensament: processos psíquicos estão excitados, as ideias sucedendo-se com mais rapidez do que o normal, mas o raciocínio é concluído. Ocorre na mania/euforia. iii. Fuga de ideias: consiste na aceleração do pensamento levada ao extremo. As associações são tão rápidas que o raciocínio fica incompleto. iv. Desagregação: quando as ideias se sucedem sem conexão uma com a outra;

sem

aceleração.

O

discurso

do

paciente

é

estranho

e

incompreensível. Típico da esquizofrenia. v. Interceptação ou bloqueio: paciente interrompe subitamente o que estava pensando e fica algum tempo em silêncio, retomando o discurso logo após. c. Conteúdo: examina a natureza das ideias, do que elas se compôes e identifica a presença ou ausência de: delírios, obsessões, fobias e ideações suicida e homicida. i. Delírios: trata-se de um juízo patológico falso, sem nada que permite compreender o juízo. Características: serem incompreensíveis, convicção extraordinária que o paciente tem que são verdadeiros, convicção que não pode ser influenciada pela realidade/experiência, impossibilidade de conteúdo (controverso), tendência

à difusão, levando ao afastamento

progressivo da realidade. 1. Ideias delirantes persecutórias: paciente julga ser perseguido por alguém que deseja fazer-lhe mal fisicamente. Querem feri-lo, matá-lo, torturá-lo. É o tipo de delírio mais comum. Ocorre na esquizofrenia paranoide, episódio maníaco de THB, uso de drogas, etc. 2. Ideias delirantes de prejuízo: paciente julga estar sendo perseguido por alguém que quer lhe fazer algum mal, desde que não seja físico; querem seus bens, suas qualidades pessoais, difamá-lo, etc. 3. Ideias delirantes de referência: paciente acredita que acontecimentos externos referem-se a ele. Ex: um programa de televisão refere-se diretamente a ele; um grupo que ri na esquina está zombando dele. 4. Ideias delirantes de influência: crença de que forças externas ao paciente o estão controlando. Seus pensamentos e suas ações são provocados por algo de fora, e não por ele próprio. 5. Ideias delirantes de influência ativa: paciente julga-se capaz de influenciar o meio externo. 6. Ideias delirantes niilistas: paciente afirma não ter algum órgão, ou que algum órgão não funciona, que está morto, etc. 7. Ideias delirantes de ruína: paciente acredita estar num estado de extrema pobreza, quando isso não corresponde à realidade. 8. Ideias delirantes de grandeza: paciente acredita ser especial, superior às demais pessoas, diz possuir muitos bens, ser muito rico, famoso, ter dons, etc. Ocorre nos quadros maníacos e paranoides.

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9. Ideias delirantes religiosas: que envolvem entidades sagradas, como Deus ou o diabo, santos, demônios, etc. 10. Erotomania ou delírio erótico: crença do paciente de que é amado por uma pessoa, geralmente famosa, como um ator ou político, por exemplo. 11. Obsessões: pensamentos que surgem repentinamente na consciência contra a vontade da pessoa, que não compreende seu significado e não consegue afastá-las. Paciente sente grande ansiedade e desconforto, podendo levar a atos compulsivos. 12. Fobias: medo irracional de determinada situação ou coisa que irrompe subitamente na consciência, levando a ansiedade. Paciente sabe que não há lógica naquele medo, mas não consegue não sentir o medo. 9. CONDUTA: refere-se aos comportamentos apresentados pelo paciente. No EEM, pode-se descrever livremente as ações ou valer-se de termos semiológicos. Ex: ‘andando pelas ruas sem rumo’ ou ‘dromomania’. Observar atitudes do paciente durante a entrevista e o que relata do seu comportamento nas mais diversas situações. Incluir também relatos de familiares. ALTERAÇÕES NA CONDUTA: a. Atos impulsivos: quando o paciente age ‘sem pensar’. No impulso não há intervalo entre a vontade e a ação. b. Atos compulsivos: ações que paciente é compelido a realizar para aliviar um desconforto causado por pensamentos obsessivos. c. Inapetência/hiperfagia: falta de apetite e a ingestão exagerada de comida. d. Enurese/encoprese: ? e. Ecopraxia: repetição automática dos movimentos de outras pessoas. f.

Colecionismo: acúmulo patológico de objetos.

g. PICA: ingestão de substâncias que habitualmente não se prestam a isso, substâncias não nutritivas. Ex: terra, reboco de parede, cabelo, etc. h. Insônia/hipersonia: falta e excesso de sono. i.

Negativismo: recusa pelo paciente a executar o que lhe é solicitado.

j.

Obediência automática: paciente executa prontamente qualquer ordem que lhe é dada.

k. Tiques: movimentos espasmódicos, involuntários, que ocorrem rapidamente, envolvendo grupos musculares, geralmente acima do pescoço. Ex: estalar a língua, piscar os olhos, virar a cabeça, etc. 10. LINGUAGEM: é o sistema se sinais pelo qual aquele que se comunica serve como instrumento. Garante a compreensão, informação e comunicação entre as pessoas. ALTERAÇÕES DE INTERESSE PSIQUIÁTRICO: a. Bradilalia: redução da velocidade da expressão, paciente fala lentamente (depressão) b. Taquilalia: aceleração na velocidade de expressão da fala. Ocorre nos quadros maníacos e em intoxicações por estimulantes.

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c. Mutismo: inibição da fala, não ligada a causas orgânicas (depressão grave, esquizofrenia). d. Solilóquio: quando o paciente fala sozinho. e. Coprolalia: uso habitual de palavras grosserias e obscenas. Pode ocorrer na mania, em transtornos de conduta e na Síndrome de Tourette. f.

Ecolalia: repetição da última (ou últimas) palavras que o paciente escutou. Exemplo: esquizofrenia e déficit intelectual...


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