Title | 9 - Drenagem Linfática Segundo Godoy |
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Author | Cristiano Pereira |
Course | Recursos Manuais em Estética I |
Institution | Universidade Federal de Goiás |
Pages | 13 |
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Drenagem Linfática segundo Godoy...
DRENAGEM LINFÁTICA Fernanda Ribeiro de Oliveira
Drenagem linfática segundo Godoy Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os fundamentos da drenagem linfática de Godoy. Descrever a técnica da drenagem linfática de Godoy. Analisar a aplicabilidade da drenagem linfática de Godoy.
Introdução A drenagem linfática segundo Godoy é uma técnica de drenagem linfática manual (DLM) criada por um casal de brasileiros — ele médico e ela terapeuta ocupacional — com base nos estudos da hidrodinâmica corporal. A técnica preconiza movimentos lineares para promover a movimentação dos fluidos e se diferencia das drenagens tradicionais principalmente por permitir a utilização de acessórios durante o procedimento, para facilitar a realização da manobra. Neste texto, você vai conhecer os fundamentos da drenagem linfática segundo Godoy, suas características e aplicabilidade.
Fundamentos da drenagem linfática de Godoy No início da década de 1990, o casal Dr. José Maria Godoy, angiologista e cirurgião vascular, e Dra. Maria de Fátima Godoy, terapeuta ocupacional, iniciaram suas investigações sobre a técnica de drenagem linfática manual (DLM) e, juntos, desenvolveram um método próprio. Hoje com várias publicações lançadas, o casal continua a estudar o tema e a difundir o seu método, tendo, inclusive, uma escola de formação de profissionais em São José do Rio Preto, São Paulo.
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Drenagem linfática segundo Godoy
A técnica de drenagem linfática de Godoy e Godoy, muitas vezes também chamada de terapia linfática manual, é baseada nos conceitos de anatomia, fisiologia e fisiopatologia do sistema linfático. Ela passou por um processo de validação bastante extenso, no qual foram feitos estudos in vitro, in vivo e clínico — ou seja, existe comprovação científica rigorosa que valida a técnica. A técnica de Godoy e Godoy se baseia no conceito de hidrodinâmica do deslocamento dos fluidos corporais. Nesse caso, dentro do sistema linfático são estudados mais profundamente o líquido intersticial e a linfa; o que evidencia a compreensão de que o sistema linfático também faz parte do sistema circulatório. O método preconiza o deslocamento correto das mãos, que devem manter uma compressão constante até chegarem aos linfonodos correspondentes, para assim evitar o refluxo. A hidrodinâmica pode ser observada por meio de exames como a linfofluoroscopia, que detecta se houve algum refluxo, caso a linfa não consiga chegar até o linfonodo correspondente através das pressões intermitentes. Para a execução dessa técnica, é preciso promover duas situações fisiológicas: Estimular a formação da linfa, estimular a passagem do fluido intersticial para o interior dos capilares. Drenar a linfa já formada.
Você lembra como a linfa se forma? A linfa é formada a par tir do momento que o fluído intersticial (líquido que fica no espaço entre as células) entra nos capilares linfáticos.
Sendo assim, é necessário estimular o tecido para que o fluido entre nos capilares linfáticos. A partir disso, é possível favorecer o deslocamento da linfa realizando manobras para direcioná-la aos vasos e linfonodos.
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A condição para que haja a circulação de fluídos dentro dos coletores linfáticos é desenvolver um diferencial de pressão nos vasos; do contrário, não haverá deslocamento nem circulação (PEREIRA, 2013). Para que isso ocorra, você deve iniciar uma pressão nas extremidades dos vasos e fazer o deslocamento em direção aos linfonodos, assim, conseguirá promover a circulação adequada. Ainda segundo Pereira (2013), para drenar o fluido do coletor, é necessário colabar o vaso, ou seja, comprimir o vaso, e isso pode ser realizado com as mãos, os dedos ou com outro acessório. Independentemente do meio que você decidir utilizar, ele deve ser movimentado no sentido dos linfonodos, mantendo o vaso colabado (levemente comprimido) durante todo o trajeto. Como exemplo da importância do direcionamento correto da linfa, você pode fazer uma comparação com o sistema venoso: quando ocorre o deslocamento do fluido das veias até uma válvula saudável, que não apresenta alteração, não há refluxo; mas, se a válvula estiver com alguma deficiência, o refluxo ocorrerá. Dessa mesma forma, quando o sentido da drenagem não é respeitado e não se realiza o movimento com direcionamento correto, haverá o refluxo, portanto, fica evidente que a linfa tem um trajeto fisiológico até chegar ao seu linfonodo correspondente. Como já mencionado, no técnica da Godoy há dois pontos que devem ser muito bem entendidos: o primeiro é que devemos “carregar” a linfa até atingir os coletores correspondentes; o segundo é que devemos estimular a formação da linfa, ou seja, precisamos estimular que ela saia do espaço intersticial e entre nos capilares, deixando de ser líquido intersticial e passando a ser linfa. Para estimular a entrada do líquido intersticial para os capilares linfáticos, é preciso estar atento à força da pressão que você irá exercer: o ideal é que se mantenha uma pressão de até no máximo de 40 mmHg.
Encontramos a unidade de medida mmHg em todas as literaturas sobre drenagem linfática, mas você sabe como medir a pressão que deve fazer na DLM? Para medi-la, utilizamos o esfigmomanômetro, aquele mesmo aparelho utilizado para medir a pressão arterial, de forma a ter uma precisão maior na hora da medição. Você pode fazer um teste em seu braço com um equipamento desses: deixe ir até 40 mmHg e verifique como é a sensação que essa pressão promove sobre a pele, dessa maneira você conseguirá adequar sua mão para realizar uma pressão parecida.
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A DLM segundo Godoy não somente contribui na circulação da linfa de maneira imediata, mas também traz benefícios a longo prazo. Nessa técnica, os coletores linfáticos têm especial importância, pois captam a linfa proveniente dos capilares e vasos linfáticos, que posteriormente será conduzida até os ductos torácicos. Veja quais são os principais coletores linfáticos, denominados por Godoy de acordo com as três principais estações linfonodais: Inguinais: recebem linfa dos membros inferiores, abdome infra umbilical, glúteos e região inferior e posterior do tronco, da cintura para baixo. Axilares: recebem linfa de membros superiores, abdome supra umbilical, mamas, região superior do tórax anterior e posterior. Cervicais: recebem linfa da cabeça e face. Os linfonodos servirão como limitação na passagem da linfa, atuando como filtros, ou seja, antes de a linfa voltar para a circulação sanguínea ela é filtrada. Godoy define que a DLM é o ato de criar um diferencial de pressão no espaço intersticial e nos vasos linfáticos, e também a ação de estimular a contração do linfangions.
Os linfangions são uma estrutura do sistema linfático que têm por função fazer a propulsão (projeção/pressão) da linfa.
Manobras realizadas na técnica de Godoy O grande diferencial da drenagem segundo Godoy em relação aos outros métodos de DLM é a aplicação de movimentos lineares e de pressão intermitente, no lugar de movimentos circulares e semicirculares. Essa manobra promove a hidrodinâmica; quando colocada a pressão correta, ela atua de modo a promover um deslocamento constante da linfa através dos vasos até
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os linfonodos. Movimentos respiratórios e compressão abdominal também auxiliam na manipulação do sistema linfático profundo. Essa técnica pode ser usada para reabilitação estética, porém, também auxilia de maneira muito eficaz sobre o linfedema. Na prática, de que maneira você vai aplicar a técnica de drenagem linfática segundo Godoy? Primeiramente, você precisa prestar atenção a estes pontos: Pressão: sempre deverá ser leve, aplicando força de no máximo 40 mmHg. Velocidade: lenta, pois o sistema linfático percorre vagarosamente. Sentido do fluxo: as manobras devem ser realizadas sem no sentido que a linfa corre. Vias alternativas: quando necessário, você deve saber identificar as vias alternativas de drenagem. Vejamos mais a respeito da prática a seguir.
Prática Na técnica de Godoy, é de extrema importância fazer a estimulação da região cervical, pois esse estímulo, mesmo que realizado de maneira isolada, pode melhorar o volume da linfa. Com essa manobra. acredita-se que possa é possível estimular os linfangions através do sistema nervoso. A sequência utilizada pela técnica de Godoy se assemelha à sequência utilizada pela técnica de Vodder: ambas iniciam a DLM pela região cervical e vão drenando as regiões de proximal a distal, seguindo uma sequência de membros superiores, abdome, membros inferiores face anterior, membros inferiores, face posterior e dorso. Os movimentos serão sempre lineares. Eles são semelhantes a um deslizamento único em todas as áreas do corpo, desde a face até o corpo. Veja nas a seguir como devem ser realizados os movimentos lineares em diferentes áreas do corpo. Os movimentos lineares da face devem ser direcionados para a cadeia linfonodal cervical, conforme mostra a Figura 1.
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Figura 1. Movimentação linear no rosto. Fonte: Adaptada de AnikaNes/Shutterstock.com.
Em membros superiores, o movimento linear deve ser realizado na direção dos linfonodos axilares, conforme você pode visualizar na Figura 2.
Figura 2. Movimentação linear nos membros superiores. Fonte: Adaptada de iLight photo/Shutterstock.com.
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Observe na Figura 3 como devem ser divididos o abdome, o tórax e o dorso em quatro partes. O trajeto que deve ser realizado com os movimentos lineares é sempre do centro do quadrante para os linfonodos mais próximos.
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(c) Figura 3. Divisão e movimentação linear no abdome (a), tórax (b) e dorso (c). Fonte: Adaptada de Kotin/Shutterstock.com, sylv1rob1/Shutterstock.com e Adam Gregor/Shutterstock. com.
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Na Figura 4a, você consegue observar a sequência que deve ser seguida (sempre sem interrupção) e na Figura 4b você identifica como a perna deve estar posicionada para a realização da técnica. Essas manobras são direcionadas para os linfonodos inguinais.
(b) (a) Figura 4. As manobras nas pernas são direcionadas para os linfonodos inguinais. Fonte: Adaptada de Szekeres Szabolcs/Shutterstock.com e karelnoppe/Shutterstock.com.
Na técnica de drenagem linfática pelo método Godoy também é possível utilizar rolete de espuma ou outros acessórios que auxiliem na aplicação da técnica, principalmente para a realização de autodrenagem. Entretanto, o uso de acessórios exige especial atenção, pois a pressão deve ser mantida da mesma forma como se a manobra estivesse sendo aplica com as mãos. Da mesma forma, a direção também deve ser mantida no sentido do fluxo dos vasos linfáticos e para a região de linfonodos.
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Veja na Figura 5 como utilizar o rolete de espuma para a drenagem de membro inferior.
Figura 5. Rolete de espuma para drenagem de membro inferior. Fonte: Escola Politécnica Cenib (2017).
Além de auxiliar no tratamento de edemas, a técnica de Godoy também atua normalizando todos os tipos de linfedema. Todas as formas de tratamento são utilizadas com o foco de promover uma reabilitação das doenças venosas, auxiliando na redução de edema, na mobilidade articular e até mesmo na diminuição da dor. Na realização da técnica para tratamentos de linfedema, a manipulação com movimentos lineares no sistema linfático superficial é complementada com exercícios respiratórios e compressão abdominal, que estimulam o sistema linfático profundo do tórax. Também é complementada com atividade muscular, que irá ajudar na drenagem da rede mais profunda das extremidades. Nos tratamentos de linfedema primário, a técnica pode ser amplamente utilizada; já nos linfedemas secundários, a técnica será adaptada de acordo com as alterações fisiopatológicas que o paciente apresentar. Vamos recapitular os principais pontos dessa técnica:
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1. A drenagem da linfa é feita sempre no trajeto dos principais coletores, no sentido do fluxo, seguindo os critérios da anatomia, fisiologia, fisiopatologia e hidrodinâmica. 2. Não são realizas manobras em círculos, como em outras técnicas de drenagem. 3. A drenagem inicia nas regiões proximais aos coletores do sistema linfático, correspondentes ao trajeto a ser drenado. 4. Os linfonodos atuam como área limite do trajeto da linfa. 5. As válvulas são de grande relevância; elas têm o papel de manter o fluxo em uma direção única, evitando o refluxo. 6. As vias derivativas de drenagem devem ser identificadas, conhecendo a fisiopatologia de cada caso. 7. Os cuidados com a velocidade e a pressão empregada são importantes para evitar lesão ao sistema linfático. A técnica de drenagem linfática de Godoy e Godoy tem grande relevância cientifica quanto aos tratamentos de edema e linfedema, por atuar sobre os estímulos fisiológicos envolvendo todo o sistema. Por esse motivo, a técnica ganhou o conceito de drenagem linfática global. Nessa técnica, também é muito importante o tratamento ser realizado de forma multidisciplinar, pois envolve a técnica de drenagem linfática, mecanismos de contenção, apoio nutricional e, em alguns casos, suporte com psicólogo.
ESCOLA POLITÉCNICA CENIB. Drenagem linfática manual (parte 2). 2017. Disponível em: . Acesso em: 26 jun. 2018.
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Leituras recomendadas DRENAGEM LINFÁTICA: aplicada ao método Godoy & Godoy. 2017. Disponível em: . Acesso em: 26 jun. 2018. SANTOS, D. A. F.; MEJIA, D. P. M. Análise comparativa das técnicas de drenagem linfática manual: método Vodder e método Godoy & Godoy. [201-?]. Disponível em: . Acesso em: 26 jun. 2018. SS DRENAGEM LINFÁTICA. Método Godoy Godoy de drenagem linfática. [2011]. Disponível em: . Acesso em: 26 jun. 2018....