Análise do Anfiteatro Flávio - Coliseu de Roma PDF

Title Análise do Anfiteatro Flávio - Coliseu de Roma
Course História Da Arquitetura Urbanismo
Institution Universidade Federal do Ceará
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Summary

Análise da edificação Anfiteatro Flávio, mais conhecido como Coliseu, na cidade de Roma. Trata do contexto histórico do Império Romano e da construção das arenas, além de analisar os aspectos arquitetônicos do edifício....


Description

U DE ROMA ANFITEATRO FLÁVIO

Fábio Montenegro, Wesley Anjos e Mirella Raposo

CONTEXTO histórico O Império Romano tinha o controle de territórios em todas as partes da Europa, da África do Norte à Ásia menor. Sua expansão não acontecia apenas territorialmente, mas também culturalmente, ao impor seus ideias aos povos conquistados, efetivando seu domínio. Assim, conseguiam alterar o modo de vida até mesmo em cidades antigas. Por conta disso, o império se caracterizava, segundo Mumford, como “produto de um único centro urbano de poder em expansão”. Fosse em seus edifícios, fosse em seus costumes, todas as cidades, principalmente as coloniais, de alguma maneira se espelhavam em Roma, que naquela época pôde experimentar uma nova forma de cidade completamente aberta. Entretanto, diferente da cidade-mãe desordenada e dispersa, as cidades que eram dominadas por estratégia militar construíam uma muralha em formato retangular e traçados urbanos axiais, antes mesmo da construção de qualquer edifício. Em uma das duas ruas principais dessa malha, eram implantados os Fóruns. Já os outros equipamentos e elementos eram implantados nas demais partes da cidade como grandes marcas romanas. Eram estes: teatros, arenas, termas e calçadas com arcadas. Com essas estratégias de dominação, os romanos evitavam conflitos e fortaleciam o sentido de unidade do império. As contribuições dos romanos ao urbanismo, segundo o autor, se deram principalmente na área de engenharia, marcada por um exibicionismo exagerado. Roma apresen-

tou uma nova escala de cidade, onde foram erguidas grandes estruturas públicas para controlar a grande quantidade de pessoas que havia reunido e para disfarçar seus problemas demonstrando a grandeza de seu império. Um de seus grandes problemas, além de barulho, doenças e miséria, era o mau-cheiro, e por conta disso sua maior obra de engenharia foi a cloaca máxima, que constituía-se em uma grande fossa sanitária que armazenava os dejetos dos habitantes da cidade. As obras de esgotos, encanamentos de água e vias pavimentadas não eram desconhecidas em cidades mais antigas, mas em Roma elas tinham maiores proporções e eram elaboradas soluções técnicas para atender a grande massa urbana. Entretanto, eram realizadas com um primitivo planejamento social, tornando sua aplicação ineficiente. Por conta disso, seu declínio foi fundamentado em sua própria irresponsabilidade. Roma sofria com os congestionamentos de suas vias, que eram mal planejadas na questão da proporção entre ruas e edifícios, assim como a relação entre a densidade de tráfego e sua capacidade de alojamento. Haviam bairros mais saudáveis, onde moravam os patrícios, com casas arejadas, espaçosas, sanitárias, e equipadas com banheiros e privadas aquecidas no inverno. Já os habitantes mais pobres da cidade moravam muitas vezes em bairros adensados, geralmente em edifícios de apartamentos, o que nunca tinha sido visto antes, com pequenos cômodos pensados por proprietários aproveitadores que cobravam valores cada vez mais altos pelo aluguel. Anos depois, essa situação viria a se tornar insustentável.

Representação ilustrativa de um fórum romano

Com tantos habitantes, a sede do império era formada por diferentes tribos estrangeiras e, para celebrar essa união. Os Forúns, além de mercados, eram constituídos de um local para a realização de assembléias, como também para disputas atléticas e gladiatórias. Assim, tal qual a cidade-mãe, as cidades menores possuíam seus próprios fóruns. Mais tarde, outro elemento arquitetônico substituiria a função de reunião de grandes massas: os anfiteatros. Eles funcionavam para acalmar a população e suas atividades iam de desde espetáculos esportivos até as mais sangrentas lutas entre homens e animais, sendo essa última a que mais caracterizava a degeneração da sociedade romana.

A primeira grande arena, a Circus Flaminius, foi desenvolvida a partir de uma pista de corridas com arquibancadas situada em colinas vizinhas. Entretanto, Júlio César construiu a maior de todas as arenas, chamada de Circus Maximus, com capacidade para acomodar dezenas de milhares de espectadores. Essa arena era maior até que o Coliseu, que viria a ser iniciado por Vespasiano e se tornaria um modelo para outras arenas que seriam construídas nas outras cidades menores. Representação ilustrativa do Coliseu (vista aérea)

Outro edifício que tinha função de descarregar as tensões eram as Termas, um local de encontro, implantado em diversas cidades do império, onde a população podia desfrutar de diferentes tipos de banhos e massagens. Todas essas facilidades levaram Roma a uma aparelhagem destinada a assegurar a continuação de sua existência, criando uma população acomodada em relação ao Estado. Assim, com a política do Pão e Circo, o império consolidou todos os seus erros, o que levaria ao seu declínio. Partindo disso, Mumford faz uma crítica à produção de uma cidade com a perda da escala humana nos dias atuais. Já naquela época, era possível ver os mesmo problemas causados pelo grande adensamento de áreas urbanas em cidades sem prévia análise de expansão. Roma poderia ter se desenvolvido enquanto uma cidade autônoma e difundido sua economia com as cidade vizinhas, de maneira a fortalecer relações políticas e promover o intercâmbio econômico.

JUSTIFICATIVA Posto o contexto histórico apresentado e o conhecimento prévio da grande influência que o Império Romano teve sobre a formação de todas as culturas ocidentais, a escolha do período histórica e da obra têm como objetivo entender a influência dos aspectos arquitetônicos utilizados pelos romanos que reincidem até hoje, assim como, de um ponto de vista crítico, compreender a utilização de recursos e elementos dentro da arquitetura que agem como ferramentas com propósitos ideológicos - por exemplo, grandes recipientes humanos utilizados como forma de apaziguar grandes populações. Diante disso, decidimos estudar o Coliseu, que além de sua magnitude construtiva, possuía uma função que relacionava-se diretamente aos ideiais imperialistas da cultura romana - um local de lutas, dominação e exaltação da força.

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O C flávio LISEU anfiteatr O Anfiteatro de Flávio, conhecido como Coliseu, começou a ser construído no ano de 70 d.C. sob ordem de Vespasiano, no início do Principado. A obra fica localizada na cidade de Roma, onde anteriormente fora construído um lago nos jardins do palácio de Nero. Vespasiano retomou o espaço para a construção de uma obra pública – que viria a se tornar uma das maiores obras arquitetônicas da Antiguidade. Sua construção foi financiada pela venda de riquezas roubadas de templos judaicos saqueados durante as guerras, e sua execução foi feita por cerca de doze mil escravos (MOREIRA, s.d.). Somente em 82 d.C. houve a conclusão da obra, completada por Domiciano, filho de Vespasiano. Dentro do coliseu, os indivíduos identificados como bárbaros (criminosos e gladiadores) travavam lutas até a morte enquanto eram assistidos pelos cidadãos nas arquibancadas. Seu destino era decidido pelo imperador. O “espetáculo” era exibido todos os dias e em diferentes locais do Império Romano, visto que os anfiteatros estavam presentes de modo institucionalizado em diversas cidades. Segundo Gunderson (apud Garraffoni, 2004), os anfiteatros funcionavam como um local de transmissão da ideologia romana. Montava-se e instituía-se um aparato ideológido do Estado para reproduzir à população os elementos básicos que sustentavam a estrutura social romana – ou seja, crime e punição, o Império em oposição à barbárie, domínio da natureza, dominação, exaltação da violência e dos ideiais de masculinidade, desprezo pela morte. Além disso, também fortaleciam a figura do Imperador como indivíduo virtuoso ao exercer o papel de juíz (GARRAFFONI, 2004). A disposição da plateia também foi destacada por Gunderson como uma estratégia que reforçava a estrutura de poder do Império Romano: cada nível era destinado a uma classe social, de acordo com seu prestí -

Foto das ruínas do Coliseu (interior)

gio, evidenciando uma estratificação: nos locais mais altos, logo, com menos visibilidade, ficavam as mulheres e os plebeus. No meio,ficavam as camadas intermediárias da sociedade, enquanto os assentos mais próximos ao palco se destinavam aos aristocratas e aos senadores. Garraffoni (2004), em seu artigo, faz uma síntese do pensamento de alguns historiadores modernos sobre a arquitetura do Coliseu e o formato dos anfiteatros de um modo geral. Ela os divide entre aspectos externos e internos: por fora, apresentam-se como estruturas imponentes, grandiosas, simbolizando a civilização e o domínio romano. Por dentro, reafirmava a estratificação social e o poder romano, ao punir e submeter os criminosos e bárbaros às suas regras.

Sendo assim, os anfiteatros funcionaram durante bastante tempo como ferramentas de legitimação do Império e dos ideiais romanos: eles refletiam a dominação de Roma sobre outros povos, banalizavam a barbárie e identificavam o imperador como uma autoridade. De todos construídos, o Anfiteatro Flávio foi o maior destaque das arenas da Antiguidade. Após a abolição das contendas de gladiadores, em 404 d.C., a obra começou a cair em desuso e teve seus materiais removidos e transportados para outras construções. Séculos após seu esvaziamento, o Papa Bento XIV declarou o monumento como sagrado por causa dos cristãos torturados na arena (Mansel, 1979).

Mulheres e Plebeus (Adicionado por Domiciano, segundo filho de Vespasiano) Mulheres e Plebeus (Obra de Tito)

Categorias intermediárias (Obra de Tito) Equites* Senadores

Equites*: Ordem equestre romana (ordo equester), a mais baixa das duas classes aristocráticas da Roma Antiga, estando abaixo da ordem senatorial (ordo senatarius).

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