Análise Filipa Leal - Trabalho que pode auxiliar no estudo de literatura portuguesa contemporânea. PDF

Title Análise Filipa Leal - Trabalho que pode auxiliar no estudo de literatura portuguesa contemporânea.
Author Mariana do Nascimento Pedroso
Course Literatura Portuguesa e Brasileira
Institution Ensino Médio Regular (Brasil)
Pages 4
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Trabalho que pode auxiliar no estudo de literatura portuguesa contemporânea....


Description

Filipa Leal Autora contemporânea, nascida no Porto em 1979. Formou-se em jornalismo na Universidade de Westminster, em Londres, e tornou-se mestre em Estudos Portugueses e Brasileiros na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Sua primeira publicação foi em 2003, com o livro “lua-polaroid” tratando de uma ficção. Já em 2004, teve sua estreia na poesia com o livro “Talvez os Lírios Compreendam”. Desde então, teve muitas publicações como: “A cidade Liquida e outras texturas”, “A inexistência de Eva”, “O problema de ser norte”, “Adília Lopes, Lopes”, entre outros. Comparação entre os livros “Adília Lopes Lopes” e “O problema de ser norte” de autoria de Filipa Leal. A autora portuguesa contemporânea, Filipa Leal apresenta nos dois livros uma diferença evidente de vozes. Em um, o tom cômico e corriqueiro é predominante. No outro, ela apresenta uma arte poética dividida em três partes, onde a questão da poesia quanto ao seu espaço está presente em todos os poemas, que são mais longos. O Livro “Adília Lopes Lopes” foi publicado em 2014 é composto por quarenta e uma poesias curtas que parecem seguir uma sequencia temática, como um diário. Filipa começa o livro explicando ao leitor que de fato não é Adília Lopes, afinal, nem mesmo Adília Lopes é Adília uma vez que o nome é o pseudônimo de Maria José Viana. “1. É verdade que não sou Adília Lopes, Mas em rigor Nem a Adília Lopes É a Adília Lopes” (p. 15). Neste livro então, ela nos conta através das poesias à saga de conhecer Adília Lopes, tanto na questão física quanto a escritora no que diz respeito as obras, afinal ela faria uma tese de mestrado usando o material escrito por Adília. No constante contar sobre essa saga, ela faz pequenas citações sobre o dia-a-dia, como uma amiga que ela encontra, um amigo de um amigo que ela também encontra e em algumas poesias ela cita a sua separação, tal qual os sentimentos que a cerca, dando a entender que são fatos ocorridos no mesmo período. A questão da separação insere na obra da Adília, para Filipa, o conforto que precisava, pois na sequencia da separação, que acontece nas poesias sete, oito e dez, ela diz do seu contato com Adília Lopes “como se fosse a primeira vez”, afinal, agora ela estava solteira e sentindo-se só: “11. Depois fui ler Adília Lopes Como se fosse a primeira vez.”

(p.25) O livro acontece em um instante, essa impressão é causada pelas poesias breves, que narram momentos, e é o acontecimento desses momentos, após a separação que surge o cômico, pois Filipa passa a narrar situações atabalhoadas e pequenas incursões sobre os sentimentos que as cercam, fazendo com que o leitor, não tenha condolência com o fato de ela estar triste com a separação, mas que ria das situações que ela passou para (não) conhecer Adília Lopes. “16. E um dia atravessei Lisboa a chuva Para conhecer Adília Lopes. Cheguei quinze minutos atrasada Ao anfiteatro um da universidade Católica E não estava lá ninguém. Ainda chorei por alguns segundos, Até encontrar o Segurança. A Adília Lopes esteve aqui?, perguntei-lhe, Quem é Adília Lopes.” (p.30) Ao finalizar o livro, após todas as situações atrapalhadas que passou em meio a separação e o não conhecimento presencial de Adília Lopes, ela escreve um verso afirmando ser a própria Adília, pode-se entender que esse jogo com o leitor – de começar o livro dizendo que não é Adília e finalizar dizendo que é – tenha uma ligação com o estudo de Filipa com as obras de Adília, afirmando então, que todas podem ser Adília. Em contraponto, o livro “O problema de ser norte” publicado em 2008 contendo vinte e seis poemas e dividido em três partes, apresenta uma voz que busca encontrar o seu lugar no mundo e em meio a poesia. A questão da escrita percorre o livro. Na primeira parte, o eu lírico encontra-se perdido no que diz respeito ao mundo das palavras, da escrita, perdido quanto ao seu lugar, isso fica evidentes nas poesias “O problema de ser norte”, “A bela adormecida” e “Digo-te por isso”: “Digo-te por isso Digo-te por isso que não me obrigues a luz. Que escrever não é fácil, que viver não é fácil quando começamos a frase a meio. Que lavo a cara ao chegar tão tarde e mesmo assim o dia não se despega, e mesmo assim tu não estás, ninguém está. Que não tenho espaço na minha secretária,

na minha vida, na minha cama para tanto espaço. Que já me disseram urbana, e nem por isso me disseram decadente, e que eu gostei. Que já me disseram muitas vezes disfarçadamente triste, e que por isso, por ser triste, por sermos todos tristes, não mo deviam dizer. Digo-te por isso que não era minha intenção dizer-te mais uns versos tristes e sem luz, e por isso, só por isso, não era minha intenção dizer-te nada.” (p.27) Quanto a segunda parte do livro, o medo e a morte são questões constantes em relação ao mundo. Filipa insere isso dando lugares para os sentimentos, falando de ruas, de cidades, de aldeias, mas ainda sim, entregando a impressão de ainda estar perdida quanto ao seu lugar referente a escrita: “O Mapa Um dia perguntou-me: Estudaste os teus mapas? Conheces os caminhos? olhei-a desconfiada e, cheia de medo de me perder, desenhei-me em quadrado, desfiz-me em quilômetros.” (p.34) Já na terceira parte do livro e então o fim deste, a autora insere a questão do pensamento que não finaliza, o que pode-se entender como a sua ideia sobre a poesia, ela não tem fim. Em tudo pode-se enxergar poesia, até mesmo na não finalização do pensamento, afinal, ali estaria a solução: “O fim do pensamento No fim do pensamento estaria a solução, pensava. Pensava tanto que até no que era isso do fim do pensamento costumava pensar. E ele não terminava: nenhum, nem o anterior a esse que refletia sobre si próprio. Então escrevia poemas como filósofo de trazer por casa: procurava a moral, mas não a moral dos homens. Ela procurava a moral da história, da sua história. Um dia entendeu tudo. Esse esforço, essa espiral difícil. É que no fim do pensamento só estaria a solução se o fim do pensamento fosse o fim do pensamento”

(p.43) Ao analisar as duas obras, fica claro a versatilidade da autora quanto a mudança de vozes de uma obra para a outra, onde uma é direcionada ao cômico apesar da tristeza da separação e a outra nos leva ao reflexivo no toante da poesia....


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