Title | Apontamentos de Teorias do Jornalismo |
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Author | Ines Teixeira |
Course | Teorias do Jornalismo |
Institution | Universidade Lusófona de Humanidades e Technologias |
Pages | 6 |
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Apontamentos de aula de Teorias do Jornalismo...
Teorias: Teoria do Espelho: 1850
Marca a passagem do jornalismo tradicional para o jornalismo moderno; A teoria foi baseada na ideologia positivista, presente no campo jornalístico e nos países ocidentais; Explicação: As notícias são como são porque assim a realidade as determina;
Contexto: mudanças na imprensa dos EUA na segunda metade do século XIX. Ideia Central: “As notícias são como são porque o jornalismo reflete a realidade”. Trata-se de uma das primeiras tentativas de compreender as razões pelas quais as notícias são como são. Ela é constituída de acordo com os conceitos do Positivismo, movimento filosófico do século XIX desenvolvido pelo filósofo francês Auguste Comte. Este pensamento demonstra o jornalista como um comunicador desinteressado que não reproduz nenhum tipo de ideologia ou opinião pessoal na reportagem, apenas conta os factos como são da forma mais objetiva e imparcial possível. Parte da concepção de que o jornalismo reflete a realidade, e que as notícias são um espelho do que acontece na sociedade. Vê o jornalista como um narrador desinteressado, cuja missão é apresentar um relato honesto e objetivo sem opinião. Teoria científica da comunicação que procura qualificar o jornalismo como puramente objetivo, sendo, portanto, um espelho da realidade. O principal propósito é expressar a reflexão exata da realidade e todos os seus elementos buscando a verdade acima de qualquer coisa. A Teoria do Espelho afirma que as notícias são como são porque a realidade assim as determina. Ela rejeita qualquer componente narrativo jornalístico que não seja a completa descrição dos fatos como aconteceram e acentua a neutralidade do jornalista em aprofundar os assuntos.
Opiniões e alterações do tipo podem distorcer a realidade de acordo com interesses pessoais ou coletivos e transformar a notícia em uma ferramenta tendenciosa. 5 fatores-chave: 1. Transformação do jornalismo numa atividade comercial; 2. A progressiva profissionalização dos jornalistas; 3. Regime democrático (possibilita debate sobre o papel dos media e a responsabilidade do jornalista); 4. O aparecimento das agências noticiosas:
França, 1835: Havas;
Alemanha, 1849: Wolff;
Inglaterra, 1851: Reuter;
Estados Unidos: 1848 e 1880 (Associated Press e United Press).
Agências noticiosas: reforçam convicção de que factos e opiniões devem ser separados, (influência do Positivismo; defesa do concreto, do verificável) F também uma decisão comercial.
A invenção da máquina fotográfica (crença na técnica como instrumento capaz de captar e reproduzir a realidade, tal como esta é); F influenciada pelos mitos e pela ideologia da profissão (jornalista = ser solitário que procura a verdade contra tudo e contra todos, herói imortalizado mais tarde por Hollywood).
Para lá do Espelho: No início do século XX: Ideologia da objetividade reforça Teoria do Espelho. Metodologia de combate às dLvidas que pairavam sobre os próprios factos (motivadas pelos novos profissionais de Relações PLblicas e pela Propaganda durante a I Guerra Mundial) Michael Schudson
Teoria Gatekeeper:
Conhecida como Teoria da Ação Pessoal ou Teoria do Gatekeeper; Gatekeeper: literalmente significa “aquele que guarda o portão”; Num artigo de 1947, o psicólogo social Kurt Lewin introduziu pela 1a vez o conceito de gatekeeper nas Ciências Sociais, aplicando-o às decisões domésticas Gatekeeper: a pessoa que toma uma decisão numa sequência de decisões David Manning White (1950) aplica pela primeira vez o termo gatekeeper ao jornalismo A informação para se tornar notícia depende de gatekeepers (os jornalistas que tomam decisões sobre o material que chega à redação)
Consequncias:
O jornalista é um decisor (e não um refletor da realidade: rejeição da Teoria do Espelho); Produção de notícias = processo de escolhas; F o jornalista que decide abrir ou não esses “portões”; Abrindo = matéria avança para o patamar seguinte ; Não abrindo = morte daquela informação).
Acontecimento-crit rio vs est!ria (David Manning White (Texto 6, p. 143): Acontecimento-critério: acontecimento Tsico que dá origem às notícias nos média Estória: acontecimento-critério estruturado por quadros de experiências, atitudes e expectativas dos jornalistas (notícia) Após acompanhar o trabalho de “Mr. Gates” ao longo de uma semana, David Manning White concluiu: A comunicação das «notícias» é subjetiva, “tem por base o conjunto de experiências, atitudes e expectativas do gatekeeper” (p. 151) Gatekeeper? “Talvez nenhuma outra função jornalística tenha sido tão claramente desafiada pela Web” Helder Bastos
Fim do monop!lio enquanto gatekeeper: jornalista passa a ser um gatekeeper entre o universo de gatekeepers com acesso à Internet.
Multiplicação de fontes online de acesso livre muda o papel de gatekeeper.
Gatekeeper: outros conceitos Jornalistas como sense-makers: validam junto dos leitores a informação de qualidade. Gatewatching e produsers: possibilidade de produzir informação num modelo opensource, em que os utilizadores podem acrescentar e modificar os conteLdos sob monitorização dos jornalistas.
Teoria Organizacional:
O primeiro estudo sobre esta tentativa de explicação da atividade jornalística data dos anos 50 (tal como a Teoria do Gatekeeper). Nasce com o artigo “Controlo social da redação: uma análise funcional”, de Warren Breed (publicado na revista Forças Sociais em 1955).
Numa democracia plena, afirma Breed, os Lnicos fatores que “controlariam” as notícias seriam: – A natureza do acontecimento. – A capacidade do jornalista para o descrever. No entanto, é o proprietário do meio de comunicação social que determina:
A Política Editorial que o rege (e que influencia, segundo Breed, as notícias políticas). Mas não são só nestas que se nota a influência da Política Editorial...
Ex.: Publicações de referência e sensacionalistas abordam de forma diferente a informação Logo, a aplicação da Teoria Organizacional vai mais longe que o noticiário politico. Ao focar o papel dos proprietários dos media, Breed sublinha a importZncia dos constrangimentos organizacionais sobre a atividade profissional do jornalista
(O que significa isso em contraponto 6s Teorias do Espelho e do Gatekeeper?)
Visão pessoal, psicológica, do jornalista solitário (Teoria ultrapassada do Gatekeeper) é ... Tal como a idílica visão jornalista = espelho (Teoria do Espelho)
O Estatuto Editorial apresenta as linhas gerais da Política Editorial, reforçada regularmente pelo editorial, artigos de opinião e manchetes.... Porqu? A aceita78o da Pol9tica Editorial n8o “natural” nem automática por 3 raz>es principais: 1. Normas de Ftica Jornalística 2. Diferenças entre PE do proprietário e pensamento político dos jornalistas 3. Impossibilidade de o proprietário impor a PE aos jornalistas Contudo, Breed considera que:
O jornalista é socializado na política editorial da organização (recompensas vs punições), mesmo que não existam regras escritas Jornalista novo: vai interiorizando direitos e obrigações; normas e valores Aprende a antever aquilo que se espera dele No estudo conduzido por Breed, os jornalistas diziam aprender “por osmose”
Problema:
“A fonte de recompensas do jornalista não se localiza entre os leitores, que são manifestamente os seus clientes, mas entre os seus colegas e superiores” Warren Breed
Cultura organizacional sobrepõe-se à cultura profissional (esta Lltima transversal a qualquer empresa, inerente à profissão de jornalista). Breed identifica seis fatores que promovem o conformismo com a política editorial.
Fatores que geram conformismo:
1. Autoridade institucional e sanções (p. 157); 2. Sentimentos de obrigação e de estima para com os superiores (Lnico que varia) (p. 158); 3. Aspirações de mobilidade (p. 158); 4. Ausência de grupos de lealdade em conflito (p. 158); 5. O prazer da atividade (p.158);
6. A notícia como valor (p. 159): Para vencer a hora de fecho “a harmonia entre os jornalistas e a direcção consolida-se no interesse comum pela notícia”; Nelson Traquina (Texto 1 - p. 82); Pergunta: Qual é a pior consequência da existência de controlo social nas redações? Resposta: Negação de informações importantes aos cidadãos E/ou informar de forma deturpada.
5 fatores dentro da área de influência do jornalista que ajudam a iludir o controlo da empresa (pp. 162, 163)
Fatores que iludem controlo: 1. 2. 3. 4.
1. Normas da política editorial pouco claras Liberdade inerente à atividade jornalística Criação da “prova forjada” Casos de maior autonomia (fontes privilegiadas e jornalismo de investigação) 5. Lugar do jornalista na cadeia hierárquica
Como se adapta o jornalista? 1. Limando as arestas da Política Editorial 2. Reprimindo o conflito que sente 3. “Vingando-se” noutros contextos (onde consiga escrever o que realmente pensa)...