Capitulo 4 - Defeitos e imperfeições em sólidos cristalinos PDF

Title Capitulo 4 - Defeitos e imperfeições em sólidos cristalinos
Course Materiais de construção mecânica
Institution Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia
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Resumo sobre os defeitos e imperfeições em sólidos cristalinos referente a disciplina de materiais de construção mecânica. Disciplina do 5º semestre....


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DEFEITOS E IMPERFEIÇÕES EM SÓLIDOS CRISTALINOS

4.1 Introdução •

Todos os materiais possuem defeitos ou imperfeições, sendo que muitas propriedades dos materiais estão associadas a desvios na estrutura cristalina.



Algumas características específicas podem ser moldadas pela introdução controlada de defeitos cristalinos. o O introdução seletiva de defeitos permite o desenvolvimento de novos materiais com a combinação de propriedades desejadas. o Nem todo defeito influencia negativamente o material!



Defeito cristalino: é uma imperfeição ou “erro” no arranjo periódico regular dos átomos em um cristal. Podem envolver uma irregularidade na posição dos átomos ou no tipo dos átomos.



O tipo e o número de defeitos variam de acordo com o material, com o ambiente e com as condições nas quais o cristal é processado.

→ Exemplo: processo de dopagem em semicondutores A dopagem consiste na adição de impurezas em semicondutores para alterar a condutividade. O processo é realizado de forma controlada e em dadas regiões do material.

→ Exemplo: processo de encruamento Processo de deformação mecânica nos materiais, causando a formação de imperfeições, as quais geram um aumento na sua resistência mecânica.

DEFEITOS PONTUAIS •

Estão associados com 1 ou 2 posições atômicas.



Tipos: o Vacâncias ou vazios o Átomos intersticiais o Átomo substitucional pequeno

o Átomo substitucional grande o Defeito de Frenkel o Defeito de Schottky

4.2 Lacunas e auto-intersticiais → Vacâncias, lacunas ou vazios ▪

É o defeito pontual mais simples



Está relacionado com a ausência de um átomo, ou seja, um sítio que normalmente deveria estar ocupado, encontra-se com um átomo faltando



Todos os sólidos cristalinos possuem lacunas. Inclusive, a presença dessas lacunas aumenta a entropia (aleatoriedade) do cristal.



São formados durante a solidificação do cristal ou devido às vibrações atômicas (os átomos deslocam-se de suas posições normais)



𝑁𝑣 = 𝑁 exp(−𝑄𝑣/𝐾𝑇) Nv – número de vacâncias N – número total de sítios atômicos Qv – energia requerida para a formação de uma vacância K – constante de Boltzman (1,38x1023 J/átomo.K = 8,62x10-5 eV/átomo.K)



Nota-se que o número de vacâncias aumenta exponencialmente com a temperatura.



Para a maioria dos metais, a fração de vacâncias Nv/N é da ordem de 10-4 para temperaturas imediatamente inferiores à temperatura de fusão. Logo, pode-se dizer que 1 sítio da rede cristalina em cada 10000 sítios estará vazio.

→ Átomos intersticiais ou auto-intersticial ▪

Envolve um átomo extra no interstício do próprio cristal



Em metais, um auto-interticial produz grandes distorções na rede cristalina pois, em geral, o átomo é maior do que o espaço do interstício.



A formação desse defeito não é muito provável e ele só existe em concentrações muito reduzidas (concentrações bem menores do que no caso das lacunas)

→ Defeito de Frenkel ▪

Ocorre em sólidos iônicos



Ocorre quando um íon sai de sua posição normal e vai para um interstício

→ Defeito de Schottky ▪

Ocorre em compostos que devem manter o balanço de cargas



Envolve a falta de um ânion e/ou de um cátion

❖ Vazios e Schottky favorecem a difusão (espaços em aberto). ❖ Estruturas de empacotamento fechado possuem menor número de intersticiais e Frenkel do que de vazios e Schottky, já que é necessário uma energia adicional para forçar os átomos para novas posições.

4.3 Impurezas em sólidos → Impurezas ou átomos estranhos sempre estão presentes nos materiais, e alguns deles irão existir como defeitos cristalinos pontuais. → A presença de impurezas promove a formação de defeitos pontuais. → Impurezas podem ser adicionadas intencionalmente a fim de: o Aumentar a resistência mecânica o Aumentar a resistência à corrosão

o Aumentar a condutividade elétrica → Ligas: átomos de impurezas são intencionalmente adicionados para conferir características específicas ao material. o A formação de ligas é usada em metais para aumentar sua resistência mecânica e sua resistência à corrosão → Solução sólida: é formada devido a adição de átomos de impurezas em um metal → Em relação às ligas, os termos soluto e solvente são bastante empregados: o Solvente: composto que está presente em maior quantidade. Os átomos de solvente são chamados de átomos hospedeiros. o Soluto: composto que está presente em menor concentração. → A solubilidade depende de fatores como: o Temperatura o Tipo de impureza o Concentração da impureza

SOLUÇÕES SÓLIDAS → Uma solução sólida é formada quando, à medida que os átomos do soluto (átomos de impureza) são adicionados ao material hospedeiro, a estrutura cristalina é mantida. → Uma solução sólida é homogênea em termos de composição: os átomos de impurezas estão distribuídos aleatoriamente e uniformemente no interior do sólido. → 2 tipos de defeitos pontuais devido à presença de impurezas são encontrados em soluções sólidas: o Soluções sólidas substitucionais ▪

Os átomos de impureza (átomos de soluto) tomam o lugar dos átomos hospedeiros (átomos de solvente).



Exemplo de solução sólida substitucional: cobre e níquel



Algumas características dos átomos de soluto e de solvente determinam o grau em que o soluto se dissolve no solvente: •

Tamanho atômico: a diferença entre os raios atômicos deve ser de no máximo 15%. Caso contrário, pode haver distorções na rede e formação de nova fase.



Estrutura cristalina: as estruturas cristalinas para os metais de ambos os tipos de átomos devem ser as mesmas.



Eletronegatividade: devem possuir eletronegatividades próximas.



Valências: um metal tem maior probabilidade de dissolver um outro metal de maior valência, ou seja, a valência dos átomos de soluto deve ser a mesma ou maior do que a do hospedeiro.

o Soluções sólidas intersticiais •

Os átomos de impureza (átomos de soluto) preenchem os espaços vazios/interstícios que existem entre os átomos hospedeiros (átomos de solvente).



Para materiais metálicos com elevados fatores de empacotamento, as posições intersticiais são relativamente pequenas.



Exemplo de solução sólida intersticial: carbono e ferro.



O diâmetro do átomo de impureza deve ser bem menor do que o diâmetro dos átomos hospedeiros. o Mesmo cos átomos de impureza sendo muito pequenos, eles geralmente são maiores do que os sítios intersticiais, provocando deformações na estrutura cristalina.

4.4 Discordâncias – Defeitos lineares •

Uma dimensão.



Esse tipo de defeito provoca a distorção da rede cristalina em torno de uma linha e caracteriza-se por envolver um plano extra de átomos.



As discordâncias estão associadas com a cristalização e deformação (origem térmica, mecânica e supersaturação de defeitos pontuais).



A capacidade de um material se deformar plasticamente está relacionado com a habilidade das discordâncias se movimentarem.



Podem ser observadas em materiais cristalinos mediante o uso de técnicas de microscopia eletrônica.



A quantidade e o movimento das discordâncias podem ser controlados pelo grau de deformação e/ou tratamentos térmicos.



O aumento de temperatura causa um aumento na velocidade de deslocamento das discordâncias, favorecendo o aniquilamento mútuo das mesmas e a formação de discordâncias únicas.



Impurezas tendem a se concentrar em torno das discordâncias, formando uma atmosfera de impurezas.



Discordâncias geram vacâncias.



Discordâncias influenciam no processo de difusão.



Discordâncias contribuem pra deformação plástica.

❖ Discordância em aresta (cunha) o Envolve um semi-plano extra de átomos o Envolve zonas de tração e compressão o Os átomos acima da linha de discordância são pressionados uns contra os outros, enquanto os átomos abaixo são puxados um para longe do outro → curvatura do plano de átomos o A magnitude da distorção diminui com a distância de afastamento da linha da discordância. Em posições afastadas da linha de discordância, o retículo cristalino permanece inalterado

❖ Discordância em espiral (hélice) o Formada devido a aplicação de uma tensão cisalhante o A região anterior superior do cristal é deslocada uma distância atômica para a direita em relação à fração inferior.

❖ Discordância mista o Não é nem uma discordância puramente aresta e nem uma discordância puramente espiral. o A distorção da rede cristalina produzida é mista, possuindo caráter espiral e caráter aresta.

❖ Vetor de Burgers (b) o Fornece a magnitude e a direção de distorção da rede o Corresponde à distância de deslocamento dos átomos ao redor da discordância o A natureza da discordância (aresta, espiral ou mista) é definida pelas orientações relativas da linha de discordância e pelo vetor de Burgers. o Discordância de aresta: b é perpendicular à direção da linha da discordância o Discordância espiral: b é paralelo à direção da linha da discordância o Discordância mista: b não é nem paralelo nem perpendicular o Na presença de discordância, o circuito não se fecha, sendo necessário o vetor de Burgers (que caracteriza a discordância) para fechar o sistema. o Para materiais metálicos, o vetor de Burgers aponta na direção cristalográfica compacta e terá magnitude igual ao espaçamento interatômico. o Apesar de uma discordância possa mudar de direção e de natureza, o vetor de Burgers é o mesmo em todos os pontos ao longo de sua linha.

4.5 Defeitos interfaciais (defeitos planos) •

Separam as regiões dos materiais que possuem diferentes estruturas cristalinas e/ou orientações cristalográficas.



Duas dimensões.



Uma energia interfacial está associada a cada um dos defeitos interfaciais. Ela depende do tipo de contorno e varia de acordo com o tipo de material.

❖ Superfícies externas o Defeito mais óbvio o Os átomos da superfície não estão ligados ao número máximo de vizinhos mais próximas, estando em um estado de energia maior do que quando comparado aos átomos no interior. o As ligações desses átomos na superfície que não estão completas dão origem a uma energia de superfície (J/m2 ou erg/cm2). o Para diminuir essa energia, os materiais tendem a diminuir a área total da superfície.

❖ Contornos de grão o Separa 2 pequenos grãos ou cristais que possuem diferentes orientações cristalográficas em materiais policristalinos. o Os átomos estão ligadas de maneira menos regular ao longo de um contorno de grão. Logo, existe uma energia interfacial semelhante à energia de superfície. o A magnitude dessa energia depende do grau de desorientação, sendo maior para contornos de grande ângulo. o Os contornos de grão são quimicamente mais reativos do que os grãos devido à energia de contorno. o Em geral, os átomos de impureza se segregam ao longo desses contornos devido aos seus maiores estados de energia.

o A energia interfacial total é menor em materiais com grãos grandes do que em materiais com grãos mais finos (existe uma menor área de contorno total em materiais com grãos grandes). o Apesar do arranjo desordenado dos átomos e da falta de uma ligação regular ao longo dos contornos de grãos, um material policristalino ainda é muito forte.

→ OBS – Grão - A forma de um grão varia de acordo com os grãos vizinhos. - O tamanho do grão depende da composição química e da velocidade de cristalização. - A passagem de uma discordância através do contorno de grão requer energia já que o contorno atua como um obstáculo à passagem da discordância.

❖ Contornos de macla (cristais gêmeos) o É um tipo especial de contorno de grão o Os átomos de um dos lados do contorno estão localizados em posições de imagem em espelho dos átomos no outro lado do contorno. ▪

A região do material entre esses contornos é chamada de macla e o plano cristalográfico de simetria entre as regiões deformada e não-deformada é chamada plano de maclação.

o São resultantes de deslocamentos atômicos produzidos a partir de forças mecânicas de cisalhamentos ou durante tratamentos térmicos. o A maclagem ocorre em um plano cristalográfico definido e em uma direção específica, a depender da estrutura cristalina.

❖ Outros defeitos interfaciais o Falhas de empilhamento: são encontradas em metais CFC quando existe uma interrupção na sequência de empilhamento dos planos compactos (ABCABCABC...). o Contornos de fase: existem em materiais com múltiplas fases, através dos quais há uma mudança repentinas nas características físicas e/ou químicas.

4.6 Defeitos volumétricos •

Introduzidos no processamento do material e/ou na fabricação do componente. o Inclusões: impurezas estranhas. o Precipitados: aglomerado de partículas cuja composição difere da matriz. o Fases: formam-se devido a presença de impurezas ou elementos de liga (ocorre quando o limite de solubilidade é ultrapassado). o Porosidade: origina-se devido a presença ou formação de gases.

METALOGRAFIA •

O controle de qualidade de um processo metalúrgico é dividido em: o Dimensional: controlar as dimensões físicas → metrologia o Estrutural: composição, propriedade, estrutura, aplicação → físico, químico, metalográfico.



O ensaio metalográfico procura relacionar a estrutura interna do material com suas propriedades físicas, químicas, mecânicas, com o processo de fabricação, com o desempenho de suas funções, etc.



Ensaio macrográfico (macrografia): examina-se a olho nu ou com pouca ampliação, o aspecto de uma superfície após ser polida e atacada por

um reagente adequado. Pode ser observado a homogeneidade do material, falhas, impurezas. •

Ensaio micrográfico (micrografia): estudo de produtos metalúrgicos com auxílio de um microscópio. Pode ser observado as fases, granulação do material, teor de carbono.



Metalografia – etapas do preparo da amostra: o Escolha da seção do material metálico para produção do corpo de prova o Corte das amostras o Eliminação da rebarba o Identificação o Embutimento o Lixamento o Polimento o Lavagem com água o Ataque químico

4.9 Microscopia •

O exame microscópio é importante para a caracterização dos materiais pois relaciona a microestrutura do mesmo e suas propriedades. Como exemplo, tem-se: o Determinar o tipo de fratura. o Prever as propriedades mecânicas de ligas. o Verificar se uma liga foi submetida a um tratamento térmico adequado. o Projetar ligas com novas combinações de propriedades.

❖ Microscopia ótica ▪

O microscópio ótico é usado para estudar a microestrutura. Sistemas óticos e de iluminação são seus elementos básicos.



Para materiais opacos, apenas a superfície do material está sujeita a observação (microscópio ótico usado na modalidade de

reflexão). Os contrastes na imagem resultam das diferenças de refletividade de várias regiões da microestrutura. ▪

É preciso preparar a estrutura de forma cuidadosa e meticulosa para poder identificar todos os detalhes da microestrutura. A superfície da amostra deve ser lixada e polida até atingir um acabamento liso e espelhado.



A microestrutura é revelada com a aplicação de um tratamento de superfície que usa um reagente químico apropriado. Esse procedimento é chamado de ataque químico. Lixar a superfície → polir a superfície → atacar químicamente



A reatividade química dos grãos depende da orientação cristalográfica.



As características do ataque químico e a textura da superfície resultante variam de grão para grão devido a diferença na orientação cristalográfica.



Quando a microestrutura de uma liga com 2 fases é examinada, é preciso selecionar um agente de ataque químico capaz de produzir uma textura diferente para cada fase, a fim de distingui- las.



Pequenos sulcos são formados ao longo dos contornos dos grãos, como consequência do processo de ataque químico. ▪

Sabe-se que os átomos nas regiões dos contornos de grãos são quimicamente mais reativos, dissolvendo-se mais rápido do que aqueles no interior dos grãos.



Os sulcos podem ser identificados por um microscópio pois refletem a luz em ângulos diferentes daqueles apresentados pelos grãos.



Os sulcos de superfície são produzidos devido o ataque químico.

❖ Microscopia eletrônica ▪

Alguns elementos estruturais são muito finos ou muito pequenos, não sendo possível observá-los través de um microscópio ótico.



O microscópio eletrônico é capaz de ampliações muito maiores. Esse fato é uma consequência dos curtos comprimentos de onda dos feixes de elétrons.



A imagem da estrutura é obtida através da utilização de feixes de elétrons ao invés de radiação luminosa.



Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET)



A imagem vista com um microscópio eletrônico de transmissão é formada por um feixe de elétrons que passa através da amostra.



Os contrastes observados na imagem são produzidos devido a diferença na dispersão do feixe de elétrons. Essa dispersão ocorre devido aos elementos da microestrutura ou defeitos.



Materiais sólidos são altamente absorventes de feixe de elétrons. Logo, é preciso preparar a amostra na forma de uma película muito fina, a fim de assegurar a transmissão do feixe incidente através da amostra.



É usada no estudo de discordâncias.



Ampliações que se aproximam a 1 milhão de vezes são possíveis.



Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)



A superfície da amostra a ser examinada é rastreada com um feixe de elétrons. O feixe de elétrons é refletido e coletado.



A imagem obtida representa as características na superfície da amostra.



São possíveis ampliações que variam entre 10 e 50000 vezes.



A superfície não precisa ter sido polida ou submetida a ataque químico. Porém, ela deve ser condutora de eletricidade. •

Um revestimento metálico muito fino deve ser aplicado sobre a superfície de materiais nãocondutores.

❖ Microscopia com sonda de varredura (MSV) ▪

O microscópio com sonda de varredura (MSV) não usa nem a luz nem feixe de elétrons para formar a imagem.



O microscópio gera um mapa topográfico, em escala atômica, que representa as propriedades da superfície e as características da amostra que está sendo examinada.



É possível resoluções muito melhores do que quando comparado a qualquer outra técnica de microscopia, já que é possível realizar o exame na escala manométrica (ampliações de até 109 vezes).



São geradas imagens ampliadas tridimensionais.



Alguns MSV podem ser operados em diversos ambientes (vácuo, ar, líquido).



Esse tipo de microscópio emprega uma minúscula sonda, cuja é colocad...


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