Conto da princesa kaguya e nishitani PDF

Title Conto da princesa kaguya e nishitani
Course FILOSOFIA
Institution Universidade Estadual de Londrina
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O CONTO DA PRINCESA KAGUYA E O AUTODESPERTAR DO EU VERDADEIRO NA FILOSOFIA DE KEIJI NISHITANI

Disciplina: Fil D Psic:Pscic Ont E Pens Orient (6FIL909) Discente: Amanda Keiko Yokoyama Docente: Profº Drº Eder Soares Santos

Londrina - PR

2019

1. STUDIO GHIBLI Cofundador do Studio Ghibli1, Isao Takahata (1935-2018) foi cineasta, diretor e roteirista. Dentre as animações dirigidas por ele, as mais conhecidas são: 火垂るの墓 hotaru no haka, Cemitério de vagalumes (1988) e かぐや姫の物語 Kaguyahime no monogatari, o conto da princesa Kaguya (2013). Faremos um recorte e trataremos apenas a respeito da animação do Conto da princesa Kaguya. 2. O CONTO DA PRINCESA KAGUYA E O CONTO DO CORTADOR DE BAMBU A animação do Conto da princesa Kaguya foi lançada em 2013, e faz referência a um conto japonês muito antigo, estima-se que seu surgimento se deu em meados do séc. IX ou X 2, e diferente da animação o conto leva outro nome, 竹 取 物 語 taketori monogatari3, traduzido como o conto do cortador de bambu. Os contos naquela época eram transmitidos de forma oral e não através da escrita, e devido a isso, não há registros de seu autor. E apesar da animação fazer referência ao conto do cortador de bambu, ambos trazem perspectivas diferentes de uma mesma história, no entanto trata-se de um conto dramático. 3. ANIMAÇÃO DO CONTO DA PRINCESA KAGUYA Em um dia comum de trabalho, o cortador de bambu Sanuki Nomiyatsuko, viu uma luz saindo do talo de um bambu; maravilhado aproximou-se, e então o broto floresceu, e, de dentro da flor surgiu uma criança tão pequena que cabia na palma de suas mãos. Naquele momento, ao segurá-la em suas mãos, julgou ter sido abençoado pelos céus, chamando-a de Princesa. Chegando em sua humilde casa, o cortador de bambu mostrou a pequena criança para sua esposa Ona, e no mesmo instante em que ela a teve em suas mãos a criança imediatamente transformou-se em um bebê, e nesse dia em diante o cortador de bambu e sua esposa decidem adotar esse bebê milagroso como se fosse sua filha. No entanto, o casal e as crianças da vila percebem que esse bebê cresce muito mais rápido do que qualquer outro, devido ao seu crescimento acelerado as crianças de sua vila a comparam com um broto de bambu, apelidando o bebê de “Pequeno bambu”.

1 Em 1985 Hayao Miyazaki, Isao Takahata e Toshiko Suzuki fundaram o Studio Ghibli. (NOVAES, Viktor D.P. Aspectos autorais nas animações de Hayao Miyazaki. pg.52). 2 Período Heian (794-1185). 3 Na origem, todavia, são chamados de monogatari, que se traduz como texto narrativo de caráter exclusivamente ficcional. (VOLOBUEF, K.; MARQUES, P. S.; RAMOS, M. C. T. A montanha de vidro e o feminino: do poder ao desvanecimento. 2018).

Um dia, em uma brincadeira com as crianças, elas começam a cantarolar uma cantiga folclórica da época chamada わらべ唄 warabe uta, a canção das crianças, e da qual, o pequeno bambu mesmo sendo a primeira vez que teria escutado a cantiga, já sabia a letra dela inteira. Neste mesmo dia, Sanuki retornou ao bosque de bambu e desta vez encontrou ouro e muita riqueza no lugar onde encontrou a pequena criança, fazendo o cortador de bambu acreditar que os céus estariam enviando um sinal para que o pequeno broto tenha uma vida melhor, então passou alguns dias até que, Sanuki levasse toda sua família para a capital, incluindo pequeno broto, que vai sem relutar. Ao chegar na capital a família passa a morar em uma mansão, e é reconhecida como nobre, o pequeno broto passa a ser chamada de Princesa por suas novas criadas. Logo, a Pequeno broto quer brinca e explorar os corredores de sua nova casa, porém, este momento de felicidade dura pouco, pois a Princesa logo conhece Lady Sagami, sua professora que lhe ensinará regras de etiquetas, de como uma nobre princesa deve se comportar. E em poucos dias a Princesa atinge a idade de maturidade, devido ao seu crescimento acelerado. Ao saber desta notícia, seu pai muito contente, começa a organizar uma grande festa de celebração, e por sua filha ainda não ter um nome, sai a procura do sacerdote real, Inbe no Akita para nomeá-la, escolhendo o a nome de Kaguya, pelo significa de luz brilhante, que de acordo com Inbe, combina com a Princesa. Em seguida, Lady Sagami prepara Kaguya para seu ritual de maturidade, esta preparação exige a retirada das sobrancelhas e o escurecimento dos dentes. Kaguya resiste e não concorda com essas modificações em seu corpo, mas logo se rende, para não decepcionar seu pai. Então, após a realização dos rituais do cabelo e de suas vestimentas, foi convidado um grande número de pessoas para o banquete, que celebraria a atribuição do nome da Princesa, essa celebração durou três dias e três noites. Mas, em um determinado momento da festa o pai de Kaguya foi questionado por seguir a tradição à risca, e não apresentar Kaguya pessoalmente para os convidados, que agressivamente passam a insultá-lo e dizer que Kaguya não passaria de uma farsa. A princesa ao ouvir estes insultos direcionados ao seu pai, foge da mansão com raiva, indo em direção a pequena vila onde morava, chegando lá, encontra a vila desabitada, ao perceber que todas as pessoas e amigos foram para outro local, Kaguya desmaia e

acorda novamente, agora na mansão, se dando conta de que tudo havia sido apenas um sonho. Daquele dia em diante Kaguya parecia ser uma pessoa diferente, dedicando-se comportar como uma nobre princesa. A medida que os boatos de sua grande beleza haviam sido espalhados por toda a capital, uma multidão de homens se reuniam em frente a mansão, na esperança de ver a Princesa, surgindo vários pretendentes, e dentre todos estes homens, apenas cincos pretendentes da mais alta classe são escolhidos por seu pai. Contudo a princesa recusa a escolha de um deles, mas todos os cincos insistem em conquistá-la, declarando poemas de amor, comparando Kaguya com um tesouro mítico do Japão. Pela insistência dos rapazes e de seu pai, a Princesa dá a cada um deles uma missão impossível, de presenteá-la com o tesouro mítico comparado, assim, aquele que cumprir com excelência a tarefa, terá sua mão. Passados três anos, quatro de seus pretendentes diz ter cumprindo a sua missão, trazendo o tesouro desejado, mas todos os itens não passam de farsas, o último pretendente, faleceu buscando o item pedido pela princesa, o que a deixa muito abalada. Com todos estes eventos, falava-se ainda mais da Princesa Kaguya, que até mesmo sua majestade, o Imperador, se interessou. Indo até a sua cidade para visitá-la pessoalmente. Ao observar Kaguya escondido, se encantou com sua beleza e a abraçou, assustada a princesa desapareceu de seus braços e o rejeitou. No instante em que o Imperador abraçou a princesa, ela sem perceber rezou para que a lua viesse a salvar, recordando que era uma residente da Lua. A princesa sentiu raiva por ter que pertencer a alguém, ignorou seus pais e enganou a si mesma, e agora no momento em que precisará partir, relembrou o motivo pela qual retornou a Terra e a justificação por ter o conhecimento da canção das crianças, Kaguya diz que nasceu para viver de verdade, com os bichos e pássaros, assim como na canção. Quando ainda residente da Lua vestiu o manto da lua, e perdeu todas as memórias deste mundo, toda a tristeza e pesar foram embora, mas quando cantava a canção das crianças, lágrimas escorriam de seus olhos e por algum motivo, aquela magia tomou conta do coração de Kaguya, e a causa de ter desejado muito a sua volta para a Terra , quebrando as regras da Lua, e por isso foi reenviada novamente para cá. Logo seus pais começaram a organizar uma tropa para proteger a princesa. Finalmente o dia 15 de agosto chegou, Buda desce dos céus para buscar Kaguya, e novamente a princesa veste o manto da lua, esquecendo de suas memórias na terra,

deixando todas as tristezas e impurezas do mundo, e retorna à cidade da Lua, deixando seus pais na terra. 4. A CANÇÃO DAS CRIANÇAS Gira, gira, gira Roda de água, gira Gire e chame o senhor Sol Gire e chame o senhor Sol Pássaros, insetos, bestas Grama, árvores, flores Traga a primavera e o verão, outono e inverno Traga a primavera e o verão, outono e inverno Gira, gira, gira Roda de água, gira Gire e chame o senhor Sol Gire e chame o senhor Sol Pássaros, insetos, bestas Grama, árvores, flores Flor, frutifique e morra Nasça, cresça e morra Ainda assim o vento sopra, a chuva cai A roda de água gira Vidas vêm e vão no seu tempo Vidas vêm e vão no seu tempo Vá girando, venha girando, girando Ó tempo distante Venha girando, chame meu coração Venha girando, chame meu coração Pássaros, insetos, bestas Grama, árvores, flores Me ensinem como sentir Se eu ouvir que você anseia por mim, eu retornarei para você. 4 5. ESCOLA DE KYOTO E KEIJI NISHITANI A reabertura dos portos japoneses após quase três séculos de reclusão5 com o ocidente, possibilitou novamente um intercâmbio cultural, econômico, social, tecnológico e filosófico entre os dois eixos. Mas a forma repentina de como o Japão foi lançado a esfera política mundial e o contato abrupto com uma nova cultura, engendrou uma crise de identidade cultural e espiritual da população japonesa. Esta crise foi a 4 Tradução da canção das crianças. Disponível em:< https://www.letras.mus.br/kaguya-hime-nomonogatari/warabe-uta/traducao.html >. Acesso em: 01 de julho de 2019. 5 1854.

causa do surgimento da Escola de Kyoto, fundada em 1932 pelo professor Kitaro Nishida (1870-1945), dentre seus discípulos que obtiveram destaque estão: Tanabe Hajime (1885-1962) e Nishitani Keiji (1900-1990). Este grupo de pensadores japoneses contribuíram para a construção de uma reflexão acerca da tradição filosófica ocidental antiga e moderna, sob a perspectiva oriental japonesa, estabelecendo um diálogo entre estes dois pensamentos, que de acordo com James Heisig (2007, p.377), conforme citado por Faustino Teixeira (2009): Inspirando-se na filosofia antiga e moderna ocidental, bem como em sua própria herança budista, e aliando as exigências do pensamento crítico à busca da sabedoria religiosa, eles enriqueceram a história intelectual do mundo com uma perspectiva japonesa renovada e reacenderam a questão da dimensão espiritual da filosofia. (TEIXEIRA, F. L. C. 2009).

Desta forma, a filosofia da Escola de Kyoto tornou-se referência ao estudar assuntos como o Nada e o Vazio, a partir do viés zen budista, incluindo conceitos como sunyata (vacuidade) e o nada absoluto, como possibilidade de revelação do si mesmo e na qual surge a identidade da negação absoluta com a afirmação absoluta, isto é, o ser é juntamente com o vazio, isso significa uma relação de interdependência total entre todas as coisas e fenômenos. Keiji Nishitani é um dos principais representantes desta corrente filosófica japonesa, e pretende fazer uma busca pelo modo de ser mais originário, ou seja, uma investigação onde configura-se a identidade do Eu verdadeiro, a partir da superação da niilidade, por meio da religião zen budista. A princípio faz críticas a tradição filosófica ocidental, em que o modo de ser do sujeito moderno, o cogito apresentado por Descartes determina uma relação de superioridade com os objetos do mundo, ou seja, demonstra “[...] uma visão subjetiva da realidade de modo puramente interpretativo na qual a consciência assegura e considera a realidade através de seu conjunto de faculdades” (PRAZERES, A. S. F. Pg. 242). Este estado é caracterizado por Nishitani como modo de ser egocêntrico, também chamado de eu espectador “[...] um eu que em seu modo de ser detém o apego e o controle às coisas, ou seja, é o modo de ser que caracteriza o sujeito clássico como aquele que faz de si mesmo o centro.” (PRAZERES, A. S. F. Pg. 241), e, portanto, impossibilita o conhecimento das coisas tal como elas são. Sendo assim, esta busca pelo Eu, a princípio toma como base o que Nishitani define como campo da realidade da qual deriva o Eu da consciência, e onde há a separação de dois “Eus”, o espectador e observador, a diferença entre eles seriam:

enquanto este eu espectador, é definido na relação de separação entre o sujeito e objeto, o Eu observador, tem a separação do Eu para observar seu próprio “Eu” como objeto, ou como o Eu em si, devido a isso, não tem certeza de sua realidade. Portanto este Eu da consciência em nenhum momento possibilita o conhecimento da realidade das coisas tais como elas são em si mesmas, logo, devemos nos distanciar dela, e realizar a “conversão” juntamente com a religião zen budista, caracterizada como a ocasião em que o Eu não institui mais a “separação entre eu-dentro e o mundo fora” (CARLOS; Jose. Escola de Kyoto, p.111). Isto é, o caminho que o homem deve seguir para a compreensão da vacuidade como elemento que determina a possibilidade de conhecer o Eu em si mesmado, é dado em três etapas. 6. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A ANIMAÇÃO DO CONTO DA PRINCESA KAGUYA E SUA RELAÇÃO COM NISHITANI O filme faz uma retratação da nobreza e a sociedade tradicional japonesa daquela época, além de ficar evidente o modo como funcionava o sistema hierárquico japonês, e a posição da figura feminina nesta conjuntura. O conto apresenta vários elementos culturais e históricos do Japão, retratando a forte influência que o budismo teve durante todo aquele período. É notável a influência do zen budismo desde o início da história com o nascimento da protagonista até o final, quando o próprio Buda vem buscá-la na Terra, e assim como o conto, a filosofia japonesa também tem como base a religião zen budista. No início da história, observamos que a princesa sempre foi muito bem acolhida e vivia feliz e livre no campo, desta que com os “pássaros, insetos, bestas, grama, árvores e flores [...]”6. Levando a vida de forma humilde com seus pais adotivos e sempre demonstrou-se grata a tudo que eles faziam por ela, de tal modo que, magoá-los não seria uma opção, e isso fica evidente quando, sem questionar a decisão de seu pai, Kaguya deixa o campo e seus amigos para morar na capital com sua família. Desta forma, sua nova posição social, exige um estilo de vida diferente e por consequência disto, uma professora é contratada para moldar seu comportamento e ensiná-la a se portar como uma dama da alta classe. Então, até este momento, nota-se que durante a infância, Kaguya cresce de forma acelerada, e quando passa a residir na capital, para de crescer depois de atingir a idade de maturidade, já que este novo estilo de vida não lhe agrada, pois é cheio de limitações e obrigatoriedades, deixando a personagem frustrada. E assim como na filosofia de Nishitani, essa frustração que a protagonista vivência, por 6 Canção das crianças.

mudar de casa, e mais tarde, pelos convidados de sua festa questionar sobre sua identidade e seu título de princesa para seu pai, é o passo inicial para o encontro do Eu em si mesmado, de Nishitani. Em seguida questionamos a vida em sua totalidade, porque a morte é iminente a todos nós, neste momento a nossa própria existência e o Eu é colocado em dúvida, perdendo seu próprio sentido e finalidade. Fazendo um paralelo com a animação, quando Kaguya recebe a notícia da morte de um de seus pretendentes, da qual veio a óbito buscando cumprir a missão que lhe foi dado pela própria princesa, ao passo que a mesma questiona sobre sua própria identidade quando relembra da canção da criança, cantada no início da história, e que mais tarde, logo após a visita do Imperador, relembra que é um ser residente da Lua. Por fim, se seguirmos com essa dúvida, o “Eu” vira um grande ponto de interrogação. No final do conto, Kaguya lembra do manto da Lua, e quando o momento em que a veste o eu verdadeiro aparece livre de qualquer apego ao mundo, pois no instante em que a veste, sua memória é apagada, e todos os apegos deste mundo é esquecido. A realização do abandono do Ego, dada a morte do eu em si mesmado. O diálogo final entre Kaguya e Buda, no momento em que as entidades vem busca-la para retornar à cidade da Lua Kaguya:- Por favor, espere! Uma vez que vestir esse manto... eu esquecerei tudo sobre este lugar. Me dê mais um tempo. (...) Entidade:- Venha conosco. Para a pureza da cidade da Lua... deixe para trás as lamentações e sujeiras deste mundo. Kaguya: - Não há sujeira aqui! Há alegria e lamentação... Todos que vivem aqui sentem cada um em todas as suas diferentes formas! Há pássaros, insetos, bestas...grama, árvores, flores... e sentimentos. Logo após essas palavras a entidade coloca o manto sobre a princesa que entra em estado de transe, e vai com Buda para a cidade da Lua. Neste momento de busca do sentido do ser mais originário; ocorre um colapso da consciência e da autoconsciência, e nos deparamos com o grande abismo do niilismo, dando abertura a niilidade. E entende-se esta niilidade japonesa como Literalmente um nada oco, que esvazia nossa significação com relação a uma fundamentação. Quando tudo parece ter se convertido em nada, a niilidade tem se feito presente trazendo consigo a negação absoluta da existência real. Ou, em outras palavras, o nada que está na base de tudo que é emerge juntamente com a falta de significado com a qual nos deparamos. (PRAZERES, A. S. F. Pg. 243).

Então este “eu” é consumado pela sua nulidade e se põem em dúvida sobre si mesmo e todas as coisas que se ligam a ele, porém sua existência não é aniquilada, mas

a dúvida torna-se a grande dúvida, lugar onde surge o eu da nulidade juntamente com o modo de vida religioso, então: É na manifestação da grande dúvida que o “Eu” posiciona-se como o lócus do nada, ou no momento em que o Eu percebesse como um ser perecível, e ao mesmo tempo, percebe-se como um Eu que existe, enquanto ser do nada. Nesse processo, o reconhecimento de si como portador do nada, promove a grande transformação nesse ser, que entende a grande dúvida também como a “grande morte”. O Eu deixa de ser “Eu”, ser em si, para ser nada, e ao mesmo tempo, nesse reconhecimento afirma-se como Eu. (MORAIS; Symon Pereira. P. 60).

Este nada deve ser radicalizado e concebido como um nada absoluto (sunyata), onde tudo é negado porque faz com que as coisas se esvaziem, manifestando apenas o vazio. Deste modo, ocorre o abandono do Ego, dada a morte do eu em si mesmado, para revelação do rosto original, onde o eu vai de encontro com este nada absoluto. Assim, Nishitani propõe a superação desta niilidade gerada pela grande dúvida, através da morte deste eu si mesmado, causando o abandono do ego; fazendo surgir o rosto original, onde o eu é juntamente com o nada absoluto, ou seja, por meio do autodespertar, o ser percebe-se também como nada, resultando em um eu verdadeiramente em si, onde não há a separação entre o eu e o outro. (...) a nova subjetividade proposta por Nishitani busca a superação do pensamento ocidental promovendo a mudança da maneira como o homem vê o mundo, propondo um olhar afastado do egocentrismo e baseado na vacuidade, no qual não existe separação entre eu e o outro. Ou seja, a partir da experiência existencial da niilidade damos um salto do modo de ser egocêntrico do sujeito para nosso modo de ser elemental pautado no nada. (PRAZERES, A. S. F. Pg. 247)

BIBLIOGRAFIA LOPARIC, Zeljko (Org.). A escola de Kyoto e o perigo da técnica. São Paulo: DWW Editorial, 2009. MORAIS, Symon Pereira. Sobre o niilismo e a vacuidade. Londrina: UEL, 2014 f. Dissertação (Pós-graduação em Filosofia) – Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2014. NOVAES, Viktor Danko Perkusich. Aspectos autorais nas animações de Hayao Miyazaki. 2018. 220 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação Mestrado em Comunicação) - Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo. PEREIRA, Ronan Alves; SEKINO, Kyoko. Os tanka em Taketori Monogatari: proposta de tradução. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Licenciatura LetrasJaponês) - Universidade de Brasília. PRAZERES, A. S. F. A doutrina do não-ego: A crítica de Nishitani Keiji à filosofia do sujeito. Ítaca (UFRJ), v. 20, p. 238, 2012. QUINTEIRO, Thaisy dos Santos. O conto da princesa Kaguya e o silenciamento das vozes femininas. Disponível em: < https://valkirias.com.br/o-conto-da-princesa-kaguyae-o-silenciamento-das-vozes-femininas/.>. Publicado: 20/05/2019. REDYSON, Deyve. Budismo: Da Índia para Mundo. O Buddha, o Dharma e a Sangha. Rever (PUCSP), v. 14, p. 257-278, 2014. VOLOBUEF, K.; MARQUES, P. S; RAMOS, M. C. T. A montanha de vi...


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