Estrelas além do tempo - Resenha crítica PDF

Title Estrelas além do tempo - Resenha crítica
Author NAYANE VAZ
Course Laboratório de Física B
Institution Universidade Federal de Lavras
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Summary

Resenha crítica do filme estrelas além do tempo detalhado e comentado...


Description

SÍNTESE CIENTÍFICA ESTRELAS ALÉM DO TEMPO

LAVRAS AGOSTO/2017

ESTRELAS ALÉM DO TEMPO

CONTEXTO HISTÓRICO DO LIVRO Trata de um momento específico da Guerra Fria, a corrida espacial que se deu entre Estados Unidos e a antiga União Soviética (1922 – 1991). Em especial, a primeira vez que um astronauta pode orbitar a Terra, em 1962, feito que significou muito para os Estados Unidos e para os progressos em relação a descoberta do espaço. O que muitos desconheciam até a divulgação do longa metragem, é que na NASA tinha uma equipe composta inteiramente por mulheres negras que faziam parte do programa espacial. O livro começa mostrando o contexto de um país em meados da década de 40 que girava principalmente em torno da preocupação com sistema militar e avanço tecnológico, e por esta razão retrata as políticas da época que investiram pesado em novas tecnologias e recursos bélicos e principalmente neste caso, o poder aéreo que era responsabilidade da NACA (Comitê Nacional para Aconselhamento sobre Aeronáutica), agência anterior a NASA. A preocupação se manteve até o período conhecido como “corrida espacial”, onde EUA e URSS ficavam em uma disputa constante para domínio de tecnologias espacias para demonstrar poder e superioridade sobre seu inimigo.Esse investimento possibilitou que fossem abertas diversas vagas em diferentes ramos do governo. Mas mesmo assim as vagas oferecidas não supriam a necessidade de mão de obra qualificada pela demanda de um período que era de extrema importância, sempre se tinha que ser superior a união soviética, e foi aí que as portas se abriram e deram oportunidade para o trabalho negro salariado, e principalmente, de mulheres negras dentro de órgãos do governo. Esta executavam o ofício de “computadores humanos”, mulheres negras que eram contratadas para fazerem os cálculos e análises de trajetórias Com isso se tem a possibilidade da história sobre incríveis mulheres ser contada. A partir de um momento de oportunidade pelo momento vivenciado pelo país , criaram várias outras e se tornaram únicas e tão importantes na história. PERSONAGENS PRINCIPAIS E SUA RELAÇÃO COM A FÍSICA E HISTÓRIA

Até 1964, os Estados Unidos eram um país oficialmente segregado, sendo que negros e brancos ocupavam espaços específicos destinados a cada um deles. E, como medida para amenizar a desigualdade racial, o governo estabeleceu uma parceria com a Agência Espacial para que ela empregasse mulheres negras com salários e posições de trabalho inferiores a dos brancos. Três dessas mulheres foram diversas missões no espaço: as cientistas Katherine Johnson, Dorothy Vaughn e Mary Jackson. Dorothy Vaughan era membro da associação de pais e professores de Moton e fundadora do conselho de comitê da NAACP(Associação Nacional para o Avanço de Pessoas de cor) de Farmville, como matemática e professora ela se esforçava muito para transferir os seus conhecimentos para seus alunos em uma escola que não tinha muita estrutura.Dorothy encara de forma perfeita uma mulher ativista. No início do livro, deitada no chão da rodovia, já demonstra proatividade ao consertar o carro que leva diariamente as três amigas até o trabalho. Ela se torna supervisora informal dos “computadores negros” e aguarda uma promoção para supervisora permanente, que não acontece. Certo dia, levando os últimos relatórios até sua chefe, descobre que um computador da IBM será implementado, realizando inúmeros cálculos em fração de segundos, substituindo computadores humanos, inclusive a sua equipe. Após dias de tentativas, os engenheiros da IBM ainda enfrentam problemas para ligar a máquina e vão embora, Dorothy que é curiosa, entra na sala e lê o manual do equipamento. Lidera uma reunião com sua equipe expondo o poder de processamento que enfrentariam em breve. Como solução para superar este desafio, deveriam se atualizar profissionalmente com os estudos em programação. Alguns dias depois, é flagrada na sala do computador pelos engenheiros. A indignação deles por sua presença é logo interrompida pelo som da impressora, com o resultado dos primeiros cálculos do equipamento. Para o computador alcançar o desempenho desejado, a equipe de programadores necessita ser ampliada. O talento de Dorothy então é reconhecido, ela recebe o convite temporário para mudar para a nova área e diz que só aceita se levar sua equipe inteira. Katherine Johnson Nascida em West Virginia, formou-se em matemática e francês na Universidade de West Virginia. Desde muito nova, os professores de Johnson já

notavam sua aptidão para trabalhar com cálculos, e inclusive incentivaram seus pais a investir na educação da menina, pois viam nela um grande potencial. Em 1953, a cientista começou a trabalhar na NACA (Comitê Nacional para Aconselhamento sobre Aeronáutica), comitê que antecedeu a criação da NASA. Johnson é a única personagem das três cientistas que está viva atualmente, com 98 anos. No ano de 2015, ela foi premiada pelo do presidente Barack Obama com a Mary Jackson cresceu na Virginia e tinha uma tremenda habilidade para trabalhar com números. Formada em matemática e física pelo Hampton Institute, ela lecionou em Maryland antes de entrar para o programa da NACA ao lado de Dorothy Vaugham. Jackson trabalhou na agência durante 34 anos e se tornou a primeira engenheira negra a integrar a equipe na NASA. Para conseguir o título de engenheira, Mary Jackson precisava cursar uma matéria oferecida pela Universidade da Virgínia, instituição que não atendia negros naquela época. Dessa forma, Jackson precisou de uma licença especial, concedida por um juiz para poder assistir às aulas no local. O roteiro de Melfi e Allison Schroeder é construído sobre os fatos relatados por Margot, colocando as personagens entre seus dramas pessoais e seus papéis naquela sociedade, não apenas como mulheres negras mas também como mães e filhas, usando a minúcia da descrição da autora como elementos para enriquecer o contexto. É fato que o longa é bem mais leve que o livro, que tem uma intenção séria de dar visibilidade não apenas às mulheres – negras e brancas – que trabalharam no centro de pesquisas da NASA, em Langley (estado de Virginia), mas à toda a comunidade negra que, em meio à segregação racial, fazia sua resistência dando fomento e oportunidade de estudos aos jovens e interessados.

Katherine em sua chegada ao novo ambiente de trabalho, chega ser confundida com uma faxineira. Para ir ao banheiro precisa fazer uma caminhada de 1,6km até a zona oeste, onde havia banheiro para negros. Ela faz suas – literalmente – corridas até o seu centro para não atrapalhar o trabalho, já que só em chegar perto do banheiro branco ela já era bombardeada com olhares reprovativos. Tudo soa

bastante cômico pela montagem do longa, que só mascara uma realidade absurda – realidade esta escancarada pela personagem num surto de raiva, momento importantíssimo para a obra, realizado com grande poder por Taraji P. Henson, totalmente desglamourizada. Até o vestuário era ferramenta desse apartheid para ela: saia abaixo dos joelhos, saltos e colar de pérolas. “Deus sabe que vocês [brancos] não pagam negros o suficiente para comprarmos pérolas”. A burocracia é feita exclusivamente para impedir o avanço de pessoas negras. O seu par de trabalho Paul Glenn esconde dados “sigilosos” aos quais ela não poderia ter acesso, mas sem eles seu trabalho poderia ser comprometido. Inúmeras vezes corre com pilhas de cadernos até o banheiro para não perder um segundo e completar suas tarefas. Até que um dia seu chefe “Al Harrison” questiona porque algumas vezes por dia ela estava fora da sua mesa. Katherine que acabara de tomar chuva ô confronta e mostra a realidade da segregação vivida por negros, com banheiros e chaleiras que atrapalham seu desempenho. Sempre unidas antes e após o expediente de trabalho, essas mulheres enfrentam sozinhas em suas competências os preconceitos que impedem as suas evoluções. Solicitada pelo departamento comandado por Al Harrison (Kevin Costner) para fazer os cálculos que devem assegurar o sucesso da decolagem do foguete que lançará John Glenn às alturas, Katherine é diariamente hostilizada pelos colegas, todos homens e brancos. Já em seu setor, Dorothy tem todos os seus pedidos de promoção sabotados pelo intermédio de Vivian (Kirsten Dunst), enquanto Mary não consegue desempenhar a função de engenheira por ser impedida de ingressar uma universidade. Mesmo com todas essas circunstâncias, elas não desistiram de provar as singularidades que possuem, visualizando os obstáculos não como limites, mas como incentivos para continuarem perseverando. Temos com isso aquele modelo de narrativa cinematográfica que encanta desde os tempos do tramp de Charlie Chaplin, no qual a vontade para ganhar um lugar ao sol é maior do que as adversidades.

COMPUTADORES, POSSIBILIDADES, EVOLUÇÃO

A idéia de computadores vem muito além da simples visão que podemos ter hoje, vem de antes de ser sobre máquinas propriamente ditas, e o livro nos mostra quando computadores ainda eram humanos. A importância de cálculos precisos fica muito evidente no livro, e a necessidade de fazer isso com rapidez foi a obsessão dos gênios da humanidade por um tempo, com isso um computador não humano e com capacidade de consertar falhas. Uma nave espacial é colocada em órbita por meio de sistemas de propulsão. Assim, propulsão significa empurrar um objeto para frente, ou para cima. Um sistema de propulsão, por força de ação e reação, produz um jato de exaustão para baixo, gerando um impulso que empurra o veículo espacial para cima. A propulsão para viagens espaciais é gerada por foguetes, também denominados veículos lançadores. Essa propulsão possibilita que o veículo espacial altere sua posição, velocidade e orientação no espaço. Podemos afirmar que um foguete é um engenho de reação. Um engenho de reação é um equipamento que lança massa para fora em uma direção para acelerar o veículo na direção oposta. Ele é o “motor” que impulsiona o veículo espacial em sua trajetória pelo ar e pelo espaço. Para ser lançado ao espaço, o sistema navefoguete requer uma força que seja maior que seu peso. Essa força é gerada por foguetes. Além de levantar o veículo espacial, o foguete deve levantar a si próprio e seu combustível. Para isso, o foguete expele em sua parte traseira gases de combustão que impulsionam o veículo espacial. Esse combustível é queimado e exaurido pelo bocal ejetor, o veículo se torna mais leve e requer menos força para se manter acelerado. No foguete, quando os gases do combustível queimado são exauridos em um jato forte através de um bocal comprimido, o engenho é impulsionado na direção oposta.Veja esse vídeo que faz algumas comparações entre o motor do carro e o do foguete. Para todas essas atividades esperadas, no funcionamento ideal do foguete, acontecer precisa-se ser precisos nas contas matemáticas, desenhos geométricos e geometria no geral. No entanto, na época citada no livro, dentro da NASA eram usados os famosos “computadores humanos” que já foram citados anteriormente, porém nem todas as contas vindas desses computadores humanos eram totalmente confiavéis e precisavam de várias revisões

até serem colocados em prática. Então, depois do surgimento da calculadora computacional, muito trabalho foi poupado, o que fez com que a tecnologia crescesse mais rápido.

PRECONCEITO RETRATADO

O livro enfatiza um problema mundial, o preconceito. Preconceito é um juízo préconcebido, que se manifesta numa atitude discriminatória perante pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento.É uma ideia formada antecipadamente e que não tem fundamento crítico ou lógico. O preconceito é resultado da ignorância das pessoas que se prendem às suas ideias pré-concebidas, desprezando outros pontos de vista, por exemplo. Na maioria dos casos, as atitudes preconceituosas podem ser manifestadas com raiva e hostilidade. Como dito, o preconceito pode ser fruto de uma personalidade intolerante, porque são geralmente autoritários e acreditam nas normas do respeito máximo à suas ideias pré-concebidas, e desprezando qualquer outra ideia que ultrapasse a realidade que consideram como "normal". Em Estrelas Além do Tempo, a segregação racial é explícita. Lugares demarcados separam os negros dos brancos, placas indicando lugares como banheiros, bebedouros, escolas e até hospitais destinados aos negros formalizam uma separação que a partir de 1964 foi extinguida pela lei. Além disso, o título em inglês Hidden Figures (“personalidades escondidas”, em português) traduz com eficácia a ideia do filme que enfatiza como as cientistas foram colocadas nos bastidores e então esquecidas. O estudo divulgado em 2014 aponta que a porcentagem de estudantes negros no ensino superior corresponde a 45,5%, o que surpreende em relação ao número divulgado na pesquisa anterior, em 2004, na qual negros e pardos representavam apenas 16,4% do total. Apesar do crescimento expressivo, quando a porcentagem

de estudantes negros nas universidades é feita em relação ao número total de jovens negros do país, na faixa etária de 18 a 24 anos, ela é de apenas 10,8%. Isto mostra que ainda há uma grande discrepância e muitos negros não estão nas universidades. Outro ponto relevante para analisar a presença negra na carreira acadêmica são os números divulgados pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O CNPq é um órgão público que tem o objetivo de incentivar o desenvolvimento científico e a pesquisa no país, grande parte de seus investimentos se dá por meio de bolsas de estudo. Devido à grande procura por esses números, a partir de 2013, a plataforma de buscas de pesquisadores brasileiros, conhecida como Lattes, incluiu o item etnia. Segundo dados divulgados em janeiro de 2015, existem 91.103 bolsistas em território nacional e 12.780 no exterior. No Brasil, a parcela de bolsistas brancos corresponde a 58% do total, os bolsistas afrodescendentes somam 24,8% . Os indígenas correspondem a 0,3% e ainda há um percentual de pessoas que não declararam nenhuma etnia. No exterior, a porcentagem de bolsistas negros é de 18,8% (16,4% pardos e 2,4% negros), enquanto brancos representam 64,8%. Entre as mulheres, as brancas representam 59% do total de bolsistas, sendo que o percentual de negras é de 26,8%. Dados divulgados na revista Scientific American mostram que, nos Estados Unidos, somente 2% das pessoas que trabalham na áreas de ciência e engenharia são mulheres negras. Observa-se que há uma grande disparidade, uma vez que 51% são homens brancos e 18% são mulheres brancas. Apesar de as estatísticas parecerem desanimadoras, a lição que o livro traz é de inspiração. Para que cada vez mais mulheres, sejam elas negras ou não, possam ver na representatividade, um caminho para ocupar os espaços da ciência e de ramos nos quais ainda somos minorias O filme também visa muito a relação entre cultura e ciência, cultura significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os

costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro.

TECNOLOGIAS E INFLUÊNCIA NA ÉPOCA

O período citado no livro envolve desde a década de 40 até a metade da década de 60, um dos momentos mais importantes para o avanço tecnológico, se não o mais importante. Isso porque é referente a época da guerra fria e corrida espacial, onde a busca de novas tecnologias era constante principalmente pela necessidade de se opor e ser superior ao seu adversário. Essa disputa na época era vista como qual sistema de produção era o melhor, socialista ou capitalista, e por isso se tornou tão marcante e tão intensa, ainda mais quando se trata de novas tecnologias. De grandes e incríveis avanços como o IBM 7090, citado no livro,que por sua falha relacionada com o fato de que sistemas programáveis tem grandes chances de cair em alguma exceção.Isso acontece porque o computador irá executar exatamente o que lhe foi designado e, quando deparado com algo diferente, não saberá calcular. Motivo pelo começo da busca da IA (inteligência artificial) para burlar estas falhas de sistema. Outros avanços vieram a partir da busca dos melhores materiais para se fazer

sondas, satélites e foguetes. Parece que não está muito relacionada com o nosso dia a dia, mas coisas que nem se imaginam originaram-se deste período, como: Termômetros auriculares, comida de bebê, grooving em pistas de aeroporto, lentes de óculos resistentes a arranhões, estruturas com cobertura de tecido entre outras. Algumas demoram mais para se chegar até um mercado aberto, pelo preço e custo dos materiais, mas a importância desta época é inegável no contexto tecnológico....


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