Fichamento do texto Caipira PDF

Title Fichamento do texto Caipira
Course Língua Portuguesa Leitura e Interpretação de Texto
Institution Universidade Cesumar
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Summary

Fichamento do texto CAIPIRA, de Luis Roberto de Francisco, onde explora-se a língua indígena, nativa do nosso país, bem como o processo histórico de desbravamento do interior paulista....


Description

Fichamento do texto “A gente caipira e a vida caipira”. FRANCISCO, Luis Roberto de. Mediante ao senso popular, caipira é a pessoa “inferior”, “homem da roça”, o analfabeto, ignorante, preguiçoso, pouco dado ao trabalho, com uma “cultura que passou do tempo”, ou ainda, quem tem afeição por música sertaneja, aquele que não fala a língua portuguesa corretamente, que possui o “R” retroflexo. Entretanto, as afirmações não são verídicas. A terminologia “caipira” é utilizada para designar algo rural, ultrapassado que não faz parte do nosso mundo, utilizada como marca para inferioridade. Os meios de comunicação ainda persistem em manter atrelados aos personagens “caipiras” aqueles que nos fazem rir, caracterizados de forma simples, o homem ou a mulher “fora de moda”. Um exemplo clássico é o personagem Mazzaropi. Usa-se também tal terminologia para as festas onde a indumentária é colorida, que tenha panos com estampa xadrez, chapéu de palha, fogueira e etc. Século XX, o grande escritor Monteiro Lobato se utilizou das características atribuídas ao “caipira”, pelo senso comum, para montar as características dos seus personagens, de forma inapropriada, entre eles, o famoso Jeca Tatu. As imagens que o autor nos passa permaneceram no universo do preconceito. A injustiça histórica e moral que se apoderou do sertanejo tornou-se objeto de marginalização social, uma vez que os habitantes da cidade grande começaram a imaginar que os caipiras, especialmente aqueles que vivem no interior paulista “são um povo inferior, desatualizados, anti-higiênicos, analfabetos e ignorantes”. Segundo Lobato, o caipira é alguém que precisa ser resgatado do submundo para participar do universo da vida urbana, abandonando seus velhos costumes. Cornélio Pires, escritor tieteense, escreveu o livro “Conversas ao pé do fogo”, três anos após a publicação do livro “Urupês”, de Lobato. Com a obra de Cornélio, a crítica daqueles que viam o sertanejo como inferior surge. Ainda, para Cornélio, Lobato enxergou o roceiro sem propriedade, mal alimentado, em condições de vida inapropriadas, conceituo-o como “caipira”, desconsiderando os outros tipos de caipiras: “branco”, “preto”, “caboclo” e o “mulato”. Pires ressalta que também há caipiras na cidade. Infelizmente, Pires tomou a parte pelo todo, ou seja, criou estereótipos para identificação, homogeneizando aqueles tipos com os quais convivia. Numa ótica genealógica, na constituição do povo brasileiro, ainda no regime das Capitanias Hereditárias, os vicentinos, depois chamados de paulistas, foram o grupo estabelecido no trecho sul da colônia portuguesa, na Capitania de São Vicente e na de Santo Amaro, tendo como núcleo administrativos São Vicente e Itanhaém, respectivamente. Tal região era caracterizada por um litoral estreito e pouco fértil, oferecendo pouca oportunidade de exploração de terra. Nesse contexto, e numa atitude de sobrevivência, venceram a Barreira da Serra do Mar, chegando ao planalto e sertão em busca de metais, hoje o nosso interior. Os habitantes originais das duas capitanias se dividiram em grupos diferenciados, os de serra abaixo (litoral) e os de serra acima (interior), falando línguas da língua tupi-guarani, mais tarde, língua geral. Ao longo do tempo, e das transformações socioculturais próprias, houve um entrelaçamento étnico. As pessoas geradas serra acima era mameluca, mistura dos índios e europeus.

Darcy Ribeiro, grande nome da sociologia brasileira, desenvolveu o conceito de “cunhadismo”, analisando a forma de como os europeus eram (e se faziam) ser aceitos entre os indígenas. Consistia em lhe dar [ao europeu] uma moça índia como esposa. Assim que ele assumisse, estabelecia, automaticamente, mil laços que o aparentavam com todos os membros do grupo. Dessa e de várias outras formas, os europeus foram aprendendo a cultura deles, bem como a sua língua. A existência improvisada dos bandeirantes, independente e violenta, é permeada por valores que, afinal, criam regras e limites próprios. Passando um século de presença europeia, o mundo paulista vivia quase à parte da Europa e do restante da América Portuguesa. As palavras do rei pouco se faziam sentir e as leis escritas eram quase insignificantes. Comunicavam-se através de uma linguagem própria, que caracterizava um bilinguismo paulista. É um mundo difícil, novo, pobre e rural. Um dos traços marcantes do cotidiano caipira é o nomadismo, herança indígena. Desse trânsito constante e obstinado dos caipiras – bandeirantes, monçeiros e, posteriormente, tropeiros - decorre-se um assentamento marcado pela provisoriedade, nas construções ou nas formas de vida e de alimentação, mascando assim o nascimento das vilas e povoados. As roças de feijão, milho, mandioca, abóbora são a estrutura da culinária paulista. Deles derivam-se a farinha socada no pilão, a canjica grossa, usada em todas as classes socias, o cuscuz, o bolo e a farinha de milho. O paulista estabeleceu-se numa economia de subsistência, baseada unicamente na exploração da terra, na caça e na coleta, aproveitando do ciclo da natureza. Os rios Tietê e Paraíba eram os grandes elos de ligação dos povoados e vilas da época. O grande orientador da fé do povo caipira é a festa do Divino Espirito Santo, uma vez que seu sentido é algo particular, é o momento de agradecer a Deus pelo sucesso da colheita e pedir luz para quem vive na escuridão e na incerteza do desconhecido. A religião, advinda da Europa, se misturou com a dos mamelucos. Para eles, não bastava apenas rezar como os europeus, aí a incorporação de danças e de folias nas procissões. Transformando em capital todo o capital que desenvolveram, muitos paulistas investiram na fabricação da cana de açúcar, no solo fértil do interior de São Paulo, em meados do século XVIII. Nisso, milhares de escravos são trazidos para as terras paulistas, valiosa mão de obra. Século XX, nas primeiras décadas, acontece o Êxodo Rural, fato histórico significativo, que decorre em função da constituição industrial. É nesse momento também que os imigrantes italianos, que de primeiro trabalhavam nas plantações de café, se envolveram com o ambiente urbano. Com a então urbanização, começa a obrigatoriedade do ensino público e os citadinos, por força da educação formal, inicia-se o processo de aprendizagem do português “correto”, que vem a divergir com o falar caipira. As linhas férreas, por sua vez, levam o desenvolvimento, os novos hábitos e atitudes aos quatro cantos do estado paulista. Porém, várias cidades não abandonaram seus antigos costumes, muitos enraizados na cultura religiosa, bem como nas festas também. Por fim, o termo caipira sempre foi usado com o tom pejorativo. Mas, ao passar dos anos, ficou claro que a cidade grande, no caso São Paulo, também é interior, também é caipira, pois mantém hábitos tradicionais, é uma metrópole caipira, uma colcha de retalhos. Judith Gandra considera que “ser caipira é ter esse sotaque engraçado de Itu (...)”. Por sua vez, José

Arlindo Mendes, Ribeirão Grandense, sugere que caipira “é aquele sujeito que não está nem aí pro que está acontecendo, tem a vida dele pacata, a arte dele, não atrapalha a vida de ninguém, gosta de uma boa comida caipira, de uma viola caipira, um bom fandango caipira e assim por diante”.

Plano de Aula – “Minha cidade caipira” 

Tema específico – Festa de São João em Laranjal Paulista

A cidade de Laranjal Paulista está situada no estado de São Paulo. Sua história está ligada com o grupo de tropeiros que, no século XVII, rumavam a Sorocaba, também cidade do interior paulista. Em um determinado tempo, eles pousaram à beira do que chamavam de “ribeirão dos laranjais”, e por onde passavam ao longo do caminho, afirmavam que o local tinha terras férteis, atraindo assim os primeiros pequenos agricultores. Em 1884, chegava Delfino de Melo, adquirindo uma gleba de terra que, posteriormente, construiu uma casa de pensão para abrigar os trabalhadores da Ferrovia Sorocabana. Com isso, o local despertou o interesse das famílias da região para desenvolver outras atividades comerciais, dando início ao núcleo urbano. Ao passar dos anos, em 1896, criou-se o distrito de Laranjal, pertencendo ao munícipio de Tietê, cidade próxima. Em 10 de outubro de 1917, por força de uma lei estadual, o distrito se elevou a categoria de cidade, recebendo então o nome de Laranjal Paulista. Uma das marcas mais notáveis da cidade, dentro do campo turístico, é a Festa de São João Batista, padroeiro da cidade. A festa pagã é celebrada concomitante com a festa religiosa, com a novena, que se inicia no dia 15 de junho e tem seu cume no dia 24 do mesmo mês, a data que para a igreja católica, se recorda o nascimento do santo. Neste dia, realiza-se uma alvorada festiva, por volta das 5 horas da manhã, com queima de fogos de artifício e músicas entoadas pela tradicional Lira São João, anunciando o grande dia. É realizada também, mais tarde, uma missa solene, geralmente campal, e logo em seguida tem a procissão pelas principais ruas das cidades, reunindo estandartes dos padroeiros das comunidades de toda a cidade, encerrando-se com uma grande queima de fogos de artifício. Na parte profana da festa, barracas são montadas ao redor do Largo São João, que abriga a majestosa igreja matriz dedicada ao mesmo. As barracas são diversas, entre elas das entidades do município que vendem bebida, comidas tradicionais e artesanatos, afim de arrecadar fundos. Na barraca da comissão de festas da igreja, sempre há shows de bandas contratadas pela mesma, para entreter o público. No dia 24 de junho, logo pela manhã, tem-se início às atividades que remetem à origem da festa: leilão de lenha, leitoa ensebada, pau de sebo, leilão de gado e demais prendas, bem como o tradicional cururu. A primeira festa da cidade, tanto religiosa quanto profana, aconteceu no ano de 1884. Para que os alunos entendam que a tradicional festa é de cunho “caipira”, se faz necessário voltar para a história, lá na sua origem, identificando a cultura do povo que deu o pontapé para que a tradição se perdurasse até dos dias de hoje, traçando com eles todo o caminho que a festa percorreu, bem como os diversos costumes que estão inseridos nela e que fazem parte do dia a dia da cidade também. Material : Livro dos 100 anos da Paróquia São João Batista e o Acervo do Museu Paroquial “São João do Laranjal”. Avaliação: O aluno será avaliado, individualmente, através de uma redação, onde deverá expor tudo o que aprendeu em sala de aula....


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