Livro de Exame - Mensagens 12º PDF

Title Livro de Exame - Mensagens 12º
Author Tomás Costa
Course Português
Institution Ensino Secundário (Portugal)
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Sistematização dos conteúdosda Educação Literáriade 10.o , 11.o e 12.o anosMENSAGENSPORTUGUÊS 12.º ANOMENSAGENSEM EXAMEEDUCAÇÃO LITERÁRIA 10.º ANOPoesia trovadoresca 2 Fernão Lopes, Crónica de D. João I 4 Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira 6 Luís de Camões, Rimas 10 Luís de Camões, Os Lusíadas 12 Hi...


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MENSAGENS PORTUGUÊS 12.º ANO

MENSAGENS EM EXAME Sistematização dos conteúdos da Educação Literária de 10.o, 11.o e 12.o anos

MENSAGENS EM EXAME PREPARAÇÃO PARA O EXAME

ÍNDICE EDUCAÇÃO LITERÁRIA 10.º ANO Poesia trovadoresca Fernão Lopes, Crónica de D. João I Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira Luís de Camões, Rimas Luís de Camões, Os Lusíadas História Trágico-Marítima: «As terríveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho» (1565)

2 4 6 10 12 14

EDUCAÇÃO LITERÁRIA 11.º ANO Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição Eça de Queirós, Os Maias Antero de Quental, Sonetos Completos Cesário Verde, Cânticos do Realismo

15 17 21 24 28 29

EDUCAÇÃO LITERÁRIA 12.º ANO Fernando Pessoa Poesia do ortónimo Bernardo Soares, Livro do Desassossego Poesia dos heterónimos Mensagem

31 32 33 36

Contos Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia» Maria Judite de Carvalho, «George»

39 42

Poetas contemporâneos Miguel Torga Eugénio de Andrade Ana Luísa Amaral

43 43 43

José Saramago O Ano da Morte de Ricardo Reis Memorial do Convento

44 46

POESIA TROVADORESCA • A poesia trovadoresca situa-se na Época Medieval, tendo surgido no final do século

Contextualização histórico-literária

XII, aquando da formação das cortes senhoriais e do desenvolvimento da corte régia, o que possibilitou a produção cultural nobre, designadamente a poesia lírica e satírica, com as suas cantigas de amigo, de amor, de escárnio e maldizer. • Os poemas recebiam o nome de cantiga, pelo facto de o lirismo medieval se

associar à música: a poesia era cantada, ou entoada, e instrumentada. O espólio literário do período trovadoresco encontra-se reunido em quatro compilações: Cancioneiro da Ajuda, Cancioneiro da Vaticana, Cancioneiro da Biblioteca Nacional e Cantigas de Santa Maria de Afonso X.

AS CANTIGAS DE AMIGO: origem, sentimentos e confidentes CANTIGAS DE AMIGO Autor

Trovador

Sujeito poético

Uma donzela apaixonada

Objeto

O amigo e amado

Confidentes

A mãe, as amigas, a natureza

Sentimentos

Amor, saudade, nostalgia, alegria de viver…

Ambiente

Doméstico (a casa), rural (a fonte, o campo), a praia

Origem

Autóctone (nordeste peninsular) • As cantigas de amigo são composições poéticas nas quais o sujeito poético é uma

donzela apaixonada, saudosa, inocente e, muitas vezes, ingénua, que, dirigindo-se à mãe, às amigas ou à natureza como confidentes, exprime os seus sentimentos face à ausência do seu amado. Tema

• São designadas de amigo, pois, em geral, a palavra amigo aparece com o significado

de pretendente ou namorado. • O trovador imaginava os sentimentos de jovens donzelas apaixonadas e escrevia

como se fosse uma mulher enamorada pelo seu amigo.

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Linguagem

Simples e repetitiva; predomínio de alguns recursos expressivos como a apóstrofe, a anáfora, a personificação e a metáfora

Estrutura

Coplas ou estrofes breves, com refrão e paralelismo (perfeito, imperfeito, anafórico e semântico)

EDUCAÇÃO LITERÁRIA – 10.O ANO

AS CANTIGAS DE AMOR: a coita de amor e o elogio cortês CANTIGAS DE AMOR Autor

Trovador

Sujeito poético

Trovador

Objeto

A «senhor»

Sentimentos

Amor (coita de amor), saudade, nostalgia

Ambiente

Palaciano

Origem

Provençal • As cantigas de amor são composições poéticas em que o trovador apaixonado presta

vassalagem amorosa à mulher como ser superior, a quem chama a sua «senhor». • Nas cantigas de amor, é no ambiente aristocrático que podemos entrever a aspiração

Tema

do trovador a uma mulher inatingível, a «senhor», que, por vezes, era casada ou de condição social superior. Por isso, o trovador imaginava a dama como um suserano e coloca-se numa posição submissa de vassalagem, evidenciando a coita (sofrimento) e prometendo-lhe amor.

Linguagem

Simples e repetitiva; predomínio de alguns recursos expressivos como a apóstrofe, a anáfora, a personificação e a metáfora

Estrutura

Coplas ou estrofes breves, com refrão e paralelismo (perfeito, imperfeito, anafórico e semântico)

AS CANTIGAS DE ESCÁRNIO E AS CANTIGAS DE MALDIZER: a paródia do amor cortês e a crítica de costumes

Cantigas de escárnio

Cantigas em que o trovador troça de uma determinada pessoa indiretamente, recorrendo ao duplo sentido e à ambiguidade das palavras, à ironia, à alusão e à sugestão jocosa.

Cantigas de maldizer

Cantigas em que o trovador ridiculariza determinada pessoa de forma direta, criticando situações de adultério, amores interesseiros ou ilícitos, entre outros.

Temas

Na poesia satírica, cantigas de escárnio e maldizer, os trovadores satirizam o amor cortês e as mesuras a que ele obrigava, retratam aspetos particulares da vida da corte e especialmente da boémia jogralesca, a pobreza envergonhada de alguns nobres, a avareza de alguns ricos-homens, o fingimento da morte de amor nas cantigas de amor, entre outros temas que possibilitavam a ridicularização individual e social.

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FERNÃO LOPES, CRÓNICA DE D. JOÃO I • A palavra crónica tinha um significado diferente daquele que lhe atribuímos atual-

Crónica

mente, pois era uma narrativa historiográfica, baseada em documentos escritos e testemunhos orais, que respeitava a ordenação cronológica dos factos.

• Fernão Lopes nasceu entre 1380 e 1390, existindo escassos registos da sua biogra-

fia. Sabe-se, no entanto, que aprendeu a arte de escrever e algumas línguas, dedicouse à profissão de tabelião (escrivão público) e foi guarda-mor da Torre do Tombo, lugar onde se encontravam os documentos oficiais do Reino.

Contextualização histórico-literária

• Em 1434, D. Duarte confiou-lhe a importante missão de escrever a história dos reis

de Portugal, criando, deste modo, o cargo de cronista-mor do Reino. • A obra de Fernão Lopes situa-se, pois, na Época Medieval, período dos cronistas, e

constitui-se como um precioso documento literário e histórico, uma vez que o cronista faz um relato de factos históricos, numa prosa verdadeiramente inovadora e artística.

• Em abril de 1383, D. Fernando assinou com D. João I de Castela o Tratado de Sal-

vaterra de Magos, que impunha que apenas um filho de D. Beatriz pudesse subir ao trono português. • Em outubro desse ano, D. Fernando morreu sem mais herdeiros. Após a morte do

monarca, procedeu-se, em várias terras do reino, à aclamação de D. Beatriz e do marido. D. Leonor Teles tornou-se regente do reino em nome da filha. No entanto, a aclamação de um rei castelhano acabou por dividir o reino, tendo desencadeado grande descontentamento no povo e em parte da nobreza. D. Leonor tinha como conselheiro um conde galego, o conde João Fernandes de Andeiro, receando-se a forte influência deste na gestão do reino. • A 6 de dezembro de 1383, o Mestre de Avis, filho bastardo de D. Pedro e de D. Teresa

Lourenço, apoiado por alguns nobres, dirigiu-se ao Paço e matou o conde de Andeiro.

O que foi a crise de 1383-85?

• Após a morte do Conde de Andeiro, D. Leonor Teles viu-se obrigada a sair de Lisboa,

fugindo para Santarém, com o intuito de posteriormente pedir ajuda aos reis de Castela. Receando uma invasão do exército castelhano, o povo de Lisboa reconheceu o Mestre de Avis, D. João, como «Regedor e Defensor do Reino», e a burguesia apoiou-o financeiramente, de modo a custear as despesas da guerra. • No início de 1384, o rei castelhano invadiu Portugal para reclamar o trono, tendo por

base o que havia sido estabelecido pelo Tratado de Salvaterra de Magos, e ocupou Santarém. Em abril desse ano travou-se a batalha dos Atoleiros, da qual o rei invasor saiu derrotado. Pouco tempo depois, em maio, o rei castelhano regressou e cercou a cidade de Lisboa. No entanto, o povo não se rendeu e o cerco foi levantado quatro meses depois, devido à peste. • A 6 de abril de 1385, nas Cortes de Coimbra, o Mestre de Avis é aclamado rei

D. João I de Portugal, iniciando-se a Dinastia de Avis e afirmando-se a independência de Portugal. 4

EDUCAÇÃO LITERÁRIA – 10.O ANO

• A morte do Conde de Andeiro e o apelo do pajem do Mestre e de Álvaro Pais em defesa

do Mestre de Avis, fazendo supor que este corria perigo de vida, levam à adesão popular e a que povo e burguesia acorram ao Paço da Rainha, agindo solidariamente e com uma consciência coletiva. • O povo age solidariamente, revelando união e coesão em defesa da causa do Mestre de

Afirmação da consciência coletiva

Avis. No entanto, apesar da multidão se constituir como o grande herói coletivo e de as personagens serem anónimas, o cronista parece lançar um olhar como se estivesse próximo dos acontecimentos, levando o leitor a visualizar e a ouvir gestos, movimentos, rostos e sons. • O cronista não se limita a fazer a apologia da resistência popular aos castelhanos, mas

evidencia, sobretudo, a força da consciência popular que defende a independência nacional, de armas nas mãos, opondo-se a camadas populares, designadamente a alguns nobres que assumiam a defesa do rei castelhano. • O povo é sujeito da História, sente-se senhor da terra onde vive e que foi conquistada

pelos seus antepassados, ganhando, por isso, uma consciência coletiva na sua defesa, porque sente que a pátria é um direito inaliável.

Ator coletivo

Atores individuais

Povo

Protagonista da ação, acorrendo rapidamente em defesa do Mestre, quando ouve os brados do pajem a solicitar apoio. A arraia-miúda, coesa e solidária, age como um todo e acorre aos Paços da Rainha para acudir ao Mestre, embora o cronista nos dê a conhecer ações individuais anónimas.

D. João, Mestre de Avis

Líder carismático e determinado, que se preocupa com a defesa do reino e o bem coletivo. Mata o Conde de Andeiro, nos Paços da Rainha, fazendo supor que era ele a vítima de um ataque traidor. Fernão Lopes atribui-lhe o mérito de se oferecer para ocupar o lugar de regedor e defensor do reino, o que parece ser mais um risco do que um privilégio.

Pajem do Mestre

Defensor da causa do Mestre, informa e incita o povo, gritando pelas ruas de Lisboa que alguém quer matar o Mestre. É um «homem bom», que sabia manejar o povo de Lisboa e gozava de bom ascendente sobre a burguesia e o povo.

Álvaro Pais

Agitador do povo, clamando que alguém quer matar o Mestre nos Paços da Rainha, revelando-se determinado.

D. Leonor Teles

Rainha ambiciosa e determinada, designada como aleivosa pela relação que mantinha com o Conde de Andeiro.

Conde de Andeiro

Nobre interesseiro e traidor, amante da rainha.

D. João I de Castela

Poderoso e nobre, luta pelos interesses de Castela, revelando-se ambicioso.

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GIL VICENTE, FARSA DE INÊS PEREIRA • Gil Vicente (1465?-1536?) frequentou as cortes de D. Manuel I e de D. João III, para

as quais compôs e representou cerca de cinquenta Autos, ou seja, textos de teatro de diversos géneros (farsas, comédias, tragicomédias, autos de moralidade…). • Escritor de transição da Idade Média para o Renascimento, iniciou a sua atividade

Contextualização histórico-literária

como escritor com a apresentação do Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação, a que se seguiram várias obras que lhe possibilitaram dar consistência literária ao teatro em Portugal. • Gil Vicente viveu já na época da tipografia, pelo que o primeiro documento impresso

da atividade literária do dramaturgo data de 1516, figurando a sua obra pela primeira vez numa publicação póstuma, organizada por Luís Vicente, filho do autor, e intitulada de Copilaçam de todalas obras.

A Farsa de Inês Pereira, apresentada em 1523 ao rei D. João III, parte do argumento «mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube», porque existiam pessoas que duvidavam que Gil Vicente fosse o autor das suas obras. A peça inicia com um monólogo da protagonista, Inês Pereira, que reclama das tarefas domésticas que tem de realizar, sendo interrompida pela Mãe, que chega da missa e não se surpreende com o facto de Inês não estar a bordar. Perspicaz e experiente, a Mãe adverte a filha para o facto de ser difícil que a jovem case com fama de preguiçosa e aconselha-a a não ter pressa de se casar, mas não a convence. Este diálogo é interrompido com a chegada de Lianor Vaz, uma alcoviteira que é portadora de uma carta de Pero Marques, um homem rústico que pretende casar com Inês. As palavras da carta de Pero Marques são ridicularizadas por Inês, embora esta aceite a sua visita.

Resumo da Farsa de Inês Pereira

Pero Marques vai a casa de Inês e todas as suas palavras e atitudes revelam ingenuidade e simplicidade, sendo, por isso, recusado por Inês, que quer um homem que saiba tocar viola e que saiba bem falar. Por intermédio de dois Judeus casamenteiros, Latão e Vidal, Inês é apresentada a Brás da Mata, um fidalgo pelintra, que ostenta uma riqueza que não possui, mas que reúne os requisitos idealizados por Inês Pereira. Casam-se e, após o casamento, o Escudeiro revela-se tirano, prendendo-a em casa e não lhe permitindo que falasse com ninguém. Brás da Mata decide ir a Marrocos combater para se fazer cavaleiro e dá ordens ao seu criado para que vigie a sua mulher e a mantenha sempre fechada em casa. Porém, Inês Pereira consegue libertar-se deste matrimónio, porque o Escudeiro é morto por um mouro, quando tentava fugir do campo de batalha. Aliviada com esta notícia, Inês decide casar com o seu primeiro pretendente, Pero Marques, que tudo lhe permite, levando-a, inclusivamente, a encontrar-se com um Ermitão, antigo pretendente de Inês Pereira, com quem ela iria supostamente cometer adultério.

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EDUCAÇÃO LITERÁRIA – 10.O ANO

CARACTERIZAÇÃO E RELAÇÃO ENTRE AS PERSONAGENS INÊS PEREIRA (rapariga ambiciosa e sonhadora; pequena burguesia) Inês é ociosa, despreza a vida rústica do campo. O seu quotidiano é entediante: costura, borda e fia. É alegre, quer sair e divertir-se, mas é contrariada pela mãe. Solteira

É ambiciosa, idealista, quer casar-se com um homem que, ainda que pobre, seja «avisado» (discreto), meigo e saiba cantar e tocar viola, para fugir à vida que tem, viver alegremente e ascender socialmente. A carta que recebe de Pero Marques não lhe agrada, considerando-o disparatado e simplório. Troça de Pero Marques, quando este a visita, e rejeita-o.

Casada e viúva

Inês casa com Brás da Mata, o Escudeiro, sem saber que ele é pobre e interesseiro. Fica a viver em casa da mãe, que se retira para viver num casebre. É infeliz, pois o marido é tirano, não a deixa cantar e prende-a em casa. Fica sozinha quando o seu marido vai para Marrocos lutar contra os Mouros, sendo vigiada pelo Moço, durante a ausência do marido. Reconhece que errou ao rejeitar Pero Marques e, ao casar-se com o Escudeiro, deseja a sua morte, jurando que se casará uma segunda vez com um marido que seja submisso, para gozar a vida e vingar-se das provações sofridas enquanto casada com o Escudeiro. Não se comove com a morte do marido, pelo contrário, sente-se livre. É hipócrita ao chorar pelo marido morto e ao dizer que está triste. Reconhece que a experiência de vida ensina mais do que os mestres.

Casada em segundas núpcias

Materialista, pragmática e calculista, decide casar-se com Pero Marques. Canta e, livre, sai de casa com o consentimento do marido. Inicialmente, não reconhece o Ermitão como um apaixonado do seu passado, mas tenciona cometer adultério com ele. Abusa da ingenuidade do segundo marido e pede-lhe para a acompanhar à ermida, para ter um encontro amoroso com o ermitão.

Duvida do retrato perfeito que os Judeus casamenteiros fazem de Inês Pereira. Pobre, mas finge ser rico e desinteressado. Escudeiro Brás da Mata (fidalgo – baixa nobreza)

Galanteador, elegante, bem-falante, sabe ler e escrever, sabe cantar e tocar viola – «é discreto»; é o ideal de homem para Inês. Desonesto, ambicioso e calculista, pois pensa viver às custas de Inês. Casa-se com Inês e revela-se autoritário e agressivo. Parte para a guerra em Marrocos para ser armado cavaleiro, deixando Inês e o Moço sem dinheiro. É cobarde, sendo morto em Arzila por um pastor mouro, ao fugir do campo de batalha. Representa o papel de cavalo, supostamente nobre, elegante e valente, no sentido de que se concretizasse a máxima «mais quero asno que me leve, que cavalo que me derrube».

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GIL VICENTE, FARSA DE INÊS PEREIRA

Pretendente inicialmente rejeitado por Inês. É rico e trabalhador, tendo herdado a maior parte do gado do pai e uma fazenda de mil cruzados. Pero Marques (lavrador abastado – povo)

Apresenta-se como um homem de bem, honesto e de boas intenções. É um homem rústico, desconhecedor das regras de convivência social, ignorante e ingénuo. Cai no ridículo pela maneira como se veste e pela maneira de falar e de agir. Sofre com a rejeição e promete não se casar até que Inês o aceite. Após a morte do Escudeiro, casa-se com Inês Pereira. Concede liberdade total a Inês e é traído por ela. Representa o papel de «asno» que leva literalmente a mulher às costas para «visitar» o Ermitão.

Lianor Vaz (alcoviteira casamenteira – povo)

Mãe (mulher simples – pequena burguesia)

Conhecida da mãe de Inês, quer que Inês case com Pero Marques. Aparentemente honesta e desinteressada pelo dinheiro que poderá ganhar com o seu casamento. Sensata e boa conselheira, avisa Inês de que ela não deverá esperar o marido, mas aceitar o pretendente que lhe aparecer. Amiga, mostra-se preocupada com o futuro de Inês. Depois da morte do Escudeiro, persuade Inês a casar-se com Pero Marques É religiosa. É autoritária, não permite que Inês saia de casa e obriga-a a trabalhar. Defende o casamento de Inês com Pero Marques. Conselheira e preocupada com o futuro da filha. Não aprova a relação da filha com o Escudeiro, fruto do idealismo e da leviandade de Inês. Resignada, acaba por aceitar a opção de Inês se casar com Brás da Mata, abençoando-os e dando-lhes a sua casa. É castelhano. É solitário e triste. Pede esmola pelas ruas.

Ermitão (antigo apaixonado de Inês – clero)

Os Judeus: Latão e Vidal (alcoviteiros casamenteiros)

Moço: Fernando (criado do escudeiro – povo)

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A paixão frustrada por Inês fê-lo tornar-se ermita. Acaba por envolver-se amorosamente com Inês. Apresenta um discurso mais amoroso do que religioso, aproximando-se da blasfémia. Têm a missão de encontrar o marido ideal para Inês. Sem escrúpulos e oportunistas, visam apenas uma recompensa material. Exageram as qualidades do Escudeiro e de Inês para atingirem o seu objetivo. São desonestos, falsos, materialistas e astutos. Operam como uma única personagem, visível no seu discurso, que confere comicidade à obra: «Tu e eu não somos eu?» Contribui para a sátira presente na obra pela denúncia do verdadeiro caráter do seu amo: a pelintrice, as manias de grandeza, as privações e o sonho de atingir uma situação económica confortável através do casamento com Inês. Queixa-se da pobreza e da fome a que o Escudeiro o sujeita. É responsável por vigiar Inês, quando o seu amo parte para Marrocos, trancando-a em casa e deixando-a so...


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