MOCAMBIQUE PAISAGENS E REGIOES NATURAIS PDF

Title MOCAMBIQUE PAISAGENS E REGIOES NATURAIS
Author Jacinto Jose
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MOÇAMBIQUE Paisagens e Regiões Naturais 1999 5 Ficha Técnica Titulo: Moçambique Paisagens e Regiões Naturais Edição: do Autor © do Autor Autor: Aniceto dos Muchangos Arte final: Castigo Khan e Adélia Panda Tiragem: 5000 exemplares República de Moçambique, 01048/FBM/93 Impressão: Tipografia Globo, Ld...


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MOÇAMBIQUE Paisagens e Regiões Naturais 1999

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Ficha Técnica Titulo: Moçambique Paisagens e Regiões Naturais Edição: do Autor © do Autor Autor: Aniceto dos Muchangos Arte final: Castigo Khan e Adélia Panda Tiragem: 5000 exemplares República de Moçambique, 01048/FBM/93 Impressão: Tipografia Globo, Lda. Ano: 1999

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Introdução Uma das principais tarefas da Geografia Física consiste na análise da origem, da estrutura e da dinâmica dos complexos naturais, sua repartição territorial bem como as possibilidades da sua utilização social. Os complexos naturais como parte da geoesfera, são categorias das ciências naturais cujo desenvolvimento rege-se por processos naturais de acordo com leis físicas, químicas e biológicas da Natureza. Os processos geológicos levam à uma formação de uma determinada estrutura geológica. Processos geomorfológicos criaram as actuais formas de relevo. A partir da interacção do clima, solos e a morfologia resultam as condições para o desenvolvimento dos seres vivos. Neste cenário integra-se o homem, como componente da natureza, que por um lado, é um ser vivo, realizando muitas das suas funções e manifestações vitais, segundo leis naturais e por outro lado, ele subtrai da Natureza para sua produção todas matérias-primas, reagindo desse modo contra a natureza. Efectivamente, o Homem sofre simultaneamente influência dos factores biológicos e sociais. O seu alto nível de desenvolvimento está ligado a factores sociais, sendo por isso primeiramente um ser social. Mas a maior parte dos componentes naturais só se tornaram recursos após a intervenção do homem, tal como na transformação dos recursos minerais em matérias-primas e fontes de energia; dos produtos animais e vegetais em alimentos e matérias-primas para o fabrico de numerosos objectos úteis; dos solos como base para a produção agrária e florestal ou como suporte para a construção de vias de comunicação, casas e instalações para a produção. Em todos territórios ocorrem elementos estruturais ou componentes das regiões tais como o relevo, o clima, a água, o solo, a vegetação e a fauna que em conjunto, sob influência de determinados factores, imprimem uma marca própria aos territórios e condicionam as formas de utilização dos recursos naturais tais como o relevo, o 7

clima, a água, o solo, a vegetação e a fauna que em conjunto, sob influência de determinados a factores, imprimem uma marca própria aos territórios e condicionam as formas de utilização dos recursos naturais. Com o desenvolvimento da sociedade humana aumenta consideravelmente a necessidade de utilizar a Natureza e seus recursos e tal só se logra com maior eficácia, conhecendo a estrutura dos componentes geográficos na sua expressão territorial. A Natureza é a fonte de recursos naturais, fonte da saúde, da recreação dos homens. Alguns recursos naturais tal como o ar para a respiração e a energia solar como fonte do calor, satisfazem as necessidades do homem, independentemente da sua influência. Neste processo, as paisagens e regiões naturais transformaram-se grandemente em paisagens culturais sob acção do homem, que é ditada pelas condições de produção e pelas necessidades sociais e do desenvolvimento da ciência e da técnica. Assim, não é difícil compreender que a natureza e o trabalho constituem as condições universais e necessárias para a existência do Homem. O solo com as matérias-primas, a água e o ar, bem como os seres vivos são as bases naturais da vida e da produção social. A utilização da natureza, como fenómeno territorial é também parte integrante do objecto da Geografia Física. Por isso o estudo dos componentes físico-geográficos, deve contribuir para esclarecer as condições actuais do território e fornecer dados para a utilização, preservação, e melhoramento da Natureza e Meio Ambiente. Por outro lado, o conhecimento dos componentes da natureza e das leis do seu desenvolvimento são de grande importância para explicar a origem, a evolução e a repartição dos vários fenómenos e processos a nível global, regional e local. Por isso, para a apresentação das paisagens e regiões naturais de Moçambique, procedeu-se, em primeiro lugar, à análise sumária dos componentes naturais do relevo, clima, água, solo, vegetação e fauna, isoladamente, para em seguida se descreverem as principais unidades regionais e paisagísticas, na sua complexidade. 8

I. COMPONENTES NATURAIS 1. Enquadramento Geral do Território 1.1. Localização A Republica de Moçambique fica situada no Hemisfério Meridional entre os paralelos 10º 27' Sul e 26º 52' Sul. Ela pertence também ao Hemisfério Oriental entre os meridianos de 30º 12' Este e 40º 51' Este. O seu território enquadra-se no fuso horário 2 (dois), possuindo assim duas horas de avanço relativamente ao Tempo Médio Universal, tal como uma parte dos países da Europa Setentrional e Oriental. Em África, os seguintes países utilizam a mesma legal: Egipto, Sudão, Zaire, Zâmbia, Zimbabwe, Botswana, Suazilândia, Lesotho e África do Sul (Fig. 1). Devido a esta situação astronómica, é mínima a diferença da duração entre o dia e a noite ao longo do ano o que explica uma constância relativamente grande nas suas condições térmicas. Pela sua posição muito encostada a leste do semi-meridiano de 30º Este, a hora legal é um pouco mais avançada que a hora local, o que é mais notório na parte Norte de Moçambique. Relativamente à distribuição dos oceanos e continentes, a República de Moçambique fica situada, na costa Sudoeste do continente africano, defronte da Ilha de Madagáscar, da qual

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Figura 1

Fig. 1. Enquadramento de Moçambique nos fusos horários.

se separa através do canal de Moçambique. As fronteiras continentais separam-na dos seguintes países: Tanzânia ao Norte, Malawi, Zâmbia, Zimbabwe, África do Sul e Suazilândia a Oeste e África do Sul ao Sul. Pela sua extensão em latitude e pela configuração dos seus limites, que dividem elementos da paisagem geográfica, tais como rios, lagos, montanhas e o oceano, a República de Moçambique é considerada na literatura geográfica internacional, como fazendo parte 10

das 3 grandes regiões naturais, de África, nomeadamente a África Oriental, África central e África Austral (Fig. 2).

Figura 2

Fig. 2 As regiões naturais de África 2. Dimensões A superfície continental de Moçambique é de 786.380 km2. Esta área corresponde a cerca de 2,6% da superfície do continente africano que é de aproximadamente 30 milhões de km2. A plataforma continental, cujo limite se fixa a 200 milhas da linha da costa possui uma extensão de 120.000 km2 ou seja 0,24% dos aproximadamente 30 milhões de km2 da superfície do Oceano Índico. 11

Na área soberana de Moçambique há ainda a acrescenta cerca de 13000 km2 das águas interiores que incluem os lagos, albufeiras e rios.

Superfície Terra-firme Águas interiores Superfície marinha Total geral

(km2) 786.380 13.000 120.000 919.380

% do total 85,5 1,4 13,0 100

Tab 1. Valores absolutos e relativos da superfície do território

O comprimento máximo, medido em linha recta desde a foz do rio Rovuma no Norte, até ao rio Maputo ao Sul, é aproximadamente 1.800 km; linha da costa, por seu lado, estima-se em cerca de 2.515 km de comprimento. A largura máxima, medida desde a Ponta Janga, na península de Mossuril a Este, até a intercepção do paralelo de 15º com o rio Aruângua a Oeste, é estimada em 963 km. A largura mínima de 47,5 km regista-se entre o farol da Catembe a Este e o marco Sivayana a Oeste.

A altitude máxima de 2.436 m no monte Binga, na cadeia do Chimanimani em Manica é inferior cerca de três vezes e meia em relação ao ponto mais elevado do Globo, no Monte Everest (8.840 m) e duas vezes e meia relativamente ao Pico Uhuru (5.895 m), mais elevado de África. A maior profundidade continental regista-se no Lago Niassa e é de 706 m abaixo do nível médio das águas do mar. No Canal de Moçambique a maior profundidade regista-se a sudeste de Maputo na 12

Fractura de Moçambique com cerca de 5.000 m ou seja menos da metade da maior profundidade oceânica Mindanau (11.033 m).

FIGURA 3

Fig. 3 Limites extremos de Moçambique 1.3. A divisão político – territorial Na Republica de Moçambique as condições naturais e económicas a população, os povoamentos e a produção distribuem-se no território muito diferenciadamente. De acordo com a Constituição da República de Moçambique, as unidades politico – administrativas regionais designam-se por províncias, distritos, postos administrativos e localidades. 13

Estas unidades territoriais representam parcelas de divisão administrativa estatal cujo desenvolvimento se baseia nos objectivos estatais. Simultaneamente, como unidades territoriais políticas administrativas, elas representam regiões económicas, embora sejam de categorias diferentes. Os fundamentos para actual divisão administrativa são, os interesses nacionais e a função do estado tendo em conta as particularidades das unidades regionais, a composição étnica da população, os órgãos administrativos, número e densidade da população e os aspectos ligados a defesa da soberania e integridade nacionais. Incluindo a cidade de Maputo, província-capital, a República de Moçambique subdivide-se em 11 províncias (Tab.2). Cabo Delgado é a província mais setentrional do país. Tem uma superfície calculada em 82.625 km2, que representam cerca de 10,3% da superfície total do país. A sua capital é a cidade portuária de Pemba. Os seus limites são: ao Norte a fronteira estatal separando-a da Tanzânia; a Oeste a província de Niassa; a Sul a província de Nampula e a Este o Oceano Índico. Niassa, é em termos de superfície, a maior província moçambicana. A sua superfície de 129.056 km2 que inclui a parte nacional do Lago Niassa, representa cerca de 16,3% da superfície do país. A capital é a cidade de Lichinga que se situa no planalto do mesmo nome, na parte ocidental da província. A fronteira estatal limita a província ao Norte, da Tanzânia e a Oeste do Malawi; a Este confina com Cabo Delgado e a sul, com a Província de Nampula. Nampula é a província costeira mais oriental do país, pois possui na ponta Janga o ponto mais deslocado em longitude Este. A sua superfície é de 81.606 km2 que representam cerca de 10,2% do total nacional. A capital provincial é a cidade de Nampula, situado no planalto do mesmo nome entre montes residuais. Tem a forma triangular sendo o limite Norte, Cabo Delgado e Niassa e a Sul a província da Zambézia. A Este o limite é realizado pelo oceano Índico. 14

Zambézia é, com uma superfície de 105.008 km2 uma das maiores províncias do país contribuindo com uma percentagem de cerca de 13,1% do total. A sua capital é a cidade portuária de Quelimane. O limite Norte separa-as da província de Nampula e Niassa; o rio Zambeze ao Sul estabelece o limite com o Malawi e numa pequena secção o limite com a província de Tete. Tete é a província mais Ocidental do país. Possui uma superfície de 100.724 km2, ou seja, cerca de 12,6% da área total do país. A capital provincial é Tete, situada nas margens do rio Zambeze. Possui fronteiras estatais com o Malawi, a Zâmbia e o Zimbabwe a Este, Norte e Oeste respectivamente. A Este separa-se da Zambézia e o limite meridional é estabelecido com as províncias de Manica e de Sofala. Manica, ocupa no centro do país uma superfície de 61.661 2 km , equivalente a cerca de 7,7% da superfície total do país. A sua capital é a cidade de Chimoio, situada no planalto do mesmo nome. Confina a norte com a província de Tete e a Este com a província de Sofala. O limite Ocidental é feito através da fronteira estatal com o Zimbabwe. A Sul o rio Save separa-a das províncias de Inhambane e Gaza. Sofala é uma província costeira com uma superfície de 68.018 2 km que correspondem a cerca de 8,5% da área do país.

A sua capital e cidade portuária da beira, a segunda maior cidade de Moçambique. Ao norte o rio Zambeze separa-a das províncias de Tete e Zambézia; a oeste da província de Manica e a sul o rio Save estabelecer separação com a província de Inhambane. Inhambane é igualmente uma província costeira com uma área de 68.615 km2 que representam cerca de 8,6% da superfície total do país. A capital do provincial é a cidade portuária de Inhambane, situada na orla da baia do mesmo nome. Ao norte o rio Save delimita-a das províncias de Sofala e Manica e a Oeste o limite é a província de Gaza. 15

Gaza ocupa uma área de 75.709 km2, que corresponde a cerca de 9,5% da superfície total do país, a sua capital é a cidade de Xai-Xai, situada na margem esquerda do rio Limpopo. Os seus limites são os seguintes: a Norte, a província de Manica através do rio Save, a Leste a província de Inhambane; a Sul a província de Maputo. A ocidente possui fronteiras estatais com o Zimbabwe e África do Sul. Maputo é a menor província do país, costeira e a mais meridional. Possui uma área de 25.756 km2. A sua capital é a cidade da Matola, situada a Oeste da cidade de Maputo. A norte confina com a província de Gaza; a Oeste faz fronteira com Suazilândia e África do Sul; a Sul novamente com África do Sul. A Cidade de Maputo, com estatuto de província, é a capital da República de Moçambique. É também a maior e mais importante cidade do país. Possui uma área estimada em 602 km2 e situa-se na margem Norte da baia do mesmo nome.

Província Cabo Delgado Niassa Nampula Zambézia Tete Manica Sofala Inhambane Gaza Maputo Cidade de Maputo

Superfície (km2) 82.625 129.056 81.606 105.008 100.724 61.661 68.018 68.615 75.709 25.756 602

Tab2. Divisão da Província e suas capitais 16

Capital Pemba Lichinga Nampula Quelimane Tete Chimoio Beira Maxixe Xai-Xai Matola Maputo

Mapa da Divisão Administrativa de Moçambique

Por razões de ordem económica, Moçambique pertence igualmente ao grupo de países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, conhecida pela sigla SADC, onde, para além dos países limítrofes como Tanzania, Malawi, Zâmbia, Zimbabwe e Suazilândia fazem parte também o Botswana, Lesotho, Namíbia e Angola (Fig. 5). É por isso, que no enquadramento e descrição do território moçambicano, se torna muitas vezes indispensável fazer recursos a menção de aspectos geográficos comuns aos países vizinhos, em particular os que se referem ao desenvolvimento paleogeográfico, à tectónica, ao relevo, à hidrografia, à flora e à fauna. Também é compreensível, num outro sentido, que na localização de Moçambique se recorra a referência a aspectos económicos, históricos e sociais e culturais aos países vizinhos, dentre eles os linguísticos, religiosos, artísticos e estéticos.

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Fig. 5 Países da SADC

Fig. 5 Os países da SADC

2. Relevo 2.1. Paleogeomorfologia A actual estrutura físico-geográfica de Moçambique resulta de um longo processo de desenvolvimento histórico da Terra, que teve inicio no Precâmbrico e se prolonga ate hoje. Este processo foi caracterizado por uma serie de fases sucessivas e alternadas de orogenias, erosão e de alterações climáticas e pedobiogénicas. Sob o ponto de vista cronológico distinguem-se em Moçambique, essencialmente três fases principais na formação do relevo: Precâmbrico, Karroo e Pós-karro. No contexto geológico da África Austral, a história do desenvolvimento do relevo de Moçambique, é bastante longa e teve o seu inicio há mais de, pelo menos, 3.500 milhões de anos. A sua estrutura resultou da conjugação e processos exógenos e endógenos em que se registou uma série de fases de deformação, 18

destruição e consolidação da crusta que constituíram as bases para a formação de bacias epicratónicas. Estes processos produziram as unidades tectónicas subdivididas normalmente em cratões arcaicos consolidados há mais de 2.500 milhões de anos, zonas de dobramento que produziram as grandes regiões cratónicas e zonas de abatimento, cujos sedimentos apresentam em alguns casos, deformações subsidiárias. Posteriormente, as regiões de consolidação foram parcialmente activadas, por fenómenos endógenos, independentemente da existência de depósitos sedimentares epicratónicos. As principais fases de transformações tectogénicas de formação de montanhas, nível geral, concentraram-se no

Precâmbrico. O dobramento permo-triássico, registado posteriormente, limitou-se essencialmente a uma estreita faixa no extremo Sul de África, resultante de uma deformação soco crustal denominado Panafricano. Para além dos processos endogénicos do magmatismo, metamorfismo e tecnogénese que levaram a estabilização e activação da crusta terrestre ou ainda a sua regeneração, a complexidade dos fenómenos geológicos do Precâmbrico da África Austral, foi ainda marcada pelos fenómenos exógenos tais como meteorização, a denudação e sedimentação. No território moçambicano, com as orogenias iniciadas no Precâmbrico, teve lugar o primeiro cenário geológico-tectónico, no qual se formou o esqueleto das principais montanhas do país, nomeadamente os complexos rochosos do chamado Cratão Rodesiano, no Precâmbrico Inferior e o Cinturão Moçambicano, “Moçambique Belt”, no Precâmbrico Superior (Fig. 6). 19

Estes processos rochosos constituem o principal embasamento de cerca de 2/3 do território Moçambicano, sendo a sua principal área de dispersão, as regiões setentrionais e centrais do país. Os vestígios mais importantes ocorrem no norte de país, destacando-se o complexo de rochas mais antigo de Moçambique localizado no Sistema de Manica, que é a parte do Cratão Rodesiano. Este complexo de rochas antigas que também se distribui por alguns retalhos nas províncias de Cabo Delgado e Sofala, é constituído por grauvaques, serpentinitos, mármores, xistos epidoritos, ortoanfibolitos e quartzitos ferruginosos. Em muitos locais estas rochas predominantemente metamórficas encontram-se intrudidas por granitos, gabros e doleritos. O complexo granito-gnéissico do sistema de Manica é o mais rico em intrusões básicas, mas estas, também são notáveis no complexo de rochas cristalinas situado a nordeste da Província de

Tete. Aqui coexistem intrusões de carácter básico com as de carácter intermédio, produzindo topograficamente maciços de dimensões variáveis. A consolidação definitiva da crusta terrestre na África Austral teve lugar na transição do Precâmbrico Superior para o Câmbrico, em que grandes regiões foram intensamente deformadas. Importante para reconstituição das condições físico-geográficas do passado e ao mesmo tempo relevante para o estudo das condições geográficas actuais, foi a fase geomorfológica denominada «Catanguese», registada a cerca de 450 – 680 milhões de anos. Nesta fase as principais elevações montanhosas ganharam a sua actual configuração, muito embora tenham sofrido ao longo dos tempos processos significativos de transformação. Em consequência dessas transformações, são visíveis nas regiões elevadas, os peneplanos, pediplanos, insebelberge, pães-de-açúcar e muitas outras formas típicas da geomorfologia das regiões tropicais (Fig. 6). 20

As fases da intensa actividade erosiva que arrasaram os enrugamentos precâmbricos, registaram segundo King (1951) durante os ciclos de erosão «Africano» e «Quedas de Vitória» durante os quais se constituíram os altiplanaltos e os planaltos médios respectivamente. O Cinturão Moçambicano, que noutras regiões do continente Africano se conhece por Damariano e Catanguiano representam regiões cratónicas regeneradas térmicas e deformativamente durante a tectogénese panafricana. Este cinturacao tectono-metamórfico estende ao longo da faixa oriental africana, e nas províncias geológicas de Niassa, Moçambique e Medio Zambeze. De acordo com as suas marcas mais expressivas, ele subdivide-se em dois episódios: Episódio do Lúrio (1.300 – 700 milhões de anos) e o Episódio Moçambicano com o seu auge por volta de 550 milhões de anos. Em território moçambicano, ainda não foram identificas rochas do Paleozóico Inferior e Médio, períodos durante os quais se supõe que Moçambique, tal como grande parte da

África Austral, integrava ainda o Supercontinente Gondwana, que só se desmembrou no Cretácico. A posição estratigr...


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