MOSCOVICI, S - Representações Sociais PDF

Title MOSCOVICI, S - Representações Sociais
Author Sapolândia Games
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Summary

Editado em ingl ês por Gerard Duveen Traduzido do inglês por Pedrinho A. Guareschi © Serge Moscovici and Gerard Duv een 2000 Título original inglês: Social Representations – Explorations in Social Psychology Publicado pela primeira vez em 2000 por Polity Press em associação com Blackwell Publishers ...


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MOSCOVICI, S - Representações Sociais Sapolândia Games

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Moscovici (2003) Vit ória Rezende

Represent ações Sociais da Ciência: O que Dizem as Mulheres Pesquisadoras da Universidade Est adu… Elisa Yoshie Ichikawa A Represent ação Social Da Profissão De Cont ador Na Perspect iva Dos Profissionais Da Cont abilidade Elisa Yoshie Ichikawa

Editado em ingl ês por Gerard Duveen Traduzido do inglês por Pedrinho A. Guareschi © Serge Moscovici and Gerard Duv een 2000 Título original inglês: Social Representations – Explorations in Social Psychology Publicado pela primeira vez em 2000 por Polity Press em associação com Blackwell Publishers Ltd. Direitos de publicação em lingua portugues a: 2003, Edi tora Vozes Ltda. Rua Frei Luís, 100 25689-900 Petrópolis, RJ Internet: http://www.vozes.com.br Brasil Todos os direitos reservados. Nenhuma parte des ta obra poderá ser reproduzi da ou transmiti da por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escri ta da Editora. Editoração e org literária: Sheila Ferreira Neiva ISBN 85.326.2896-6 (edição brasileira) ISBN O-7456-2226-7 (edição inglesa) Moscovici, Serge Representações sociais: investi gações em psicologia social / Serge Moscovici: editado em inglês por Gerard Duveen: traduzido do inglês por Pedrinho A. Guareschi. -5ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. Título original: Social repres entations: explorations in social psychology Bibliografia 1. Interação social 2. Interacionismo simbólico 3. Psicologia social I. Duveen, Gerard. II. Título. III Título: Investigações em psicologia social. O3-3O44 CDD-3O2. 1

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) índices para catálogo sistemático: 1. Representações sociais: Psicologia social: Sociologia 3O2. 1 Este livro foi composto e impresso pel a Editoras Vozes Ltda.

atenção este material foi scaneado e revisado superficialme nte, pode conter algum erro de transcrição.

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SUMÁRIO

Introdução - O poder das idéias, 7 1. O fenômeno das representações sociais, 29 2. Sociedade e teoria em psicologia social, 111 3. A história e a atualidade das representações sociais, 167 4. O conceito de themata, 215 5. Caso Dreyfus, Proust e a psicologia social, 251 6. Consciência social e sua história, 283 7. Idéias e seu desenvolvimento - Um diálogo entre Serge Moscovici e Ivan Marková, 305 Referências bibliográficas, 389

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INTRODUÇÃO O poder das idéias

1. Uma psicologia social do conhecimento Imagine-se olhando para um mapa da Europa, sem nenhuma indicação nele, com exceção da cidade de Viena, perto do centro, e ao norte dela, a cidade de Berlim. Onde você localizaria as cidades de Praga e Budapeste? Para a maioria das pessoas que nasceram depois da II Guerra Mundial, ambas as cidades pertencem à divisão do Leste da Europa, enquanto Viena pertence ao Oeste e, co nseqüentemente, tanto Praga como Budapeste deveriam se localizar a Leste de Viena. Mas olhe agora para o mapa da Europa e veja a localização real dessas duas cidades. Budapeste, com certeza, está afastada, ao Leste, bem abaixo de Viena, ao longo do Danúbio. Mas Praga está, na verdade, a Oeste de Viena. Esse pequeno exemplo ilustra algo do fenômeno das representações sociais. Nossa imagem da geografia da Europa foi reconstruída em termos da divisão política da Guerra Fria, em que as definições ideológicas de Leste e Oeste substituíram as geográficas. Podemos também observar, nesse exemplo, como padrões de comunicação, nos anos do pós-guerra, influenciaram esse processo e fixaram uma imagem específica da Europa. E verdade que no Oeste houve certo medo e ansiedade do Leste, que antecederam a II Grande Guerra e que persistem mesmo até hoje, uma década depois da queda do Muro de Berlim e do fim da Guerra Fria. Mas essa representação, duma Europa dividida nos anos do pós-guerra, teve sua influência mais forte no eclipse da velha imagem da Mitteleuropa, de uma Europa Central, abarca ndo as áreas centrais do Império Austro-Húngaro, e estendendo-se ao norte, em direção a Berlim. Foi essa Europa Central, desmembrada pela Guerra Fria, que reposicionou também ideologicamente Praga ao leste da Viena ocidental . Hoje, a idéia da Mitteleuropa está sendo nova7

mente discutida, mas talvez o sentido da outridade leste marcou a imagem de Praga tão nitidamente, que poderemos necessitar de muito tempo antes que esses novos padrões de comunicação reposicionem a cidade novamente a oeste de Viena. Esse exemplo, além de ilustrar o papel e a influência da comunicação no processo da representação social, ilustra também a maneira como as representações se tomam senso comum. Elas entram para o mundo comum e cotidiano em que nós habitamos e discutimos com nossos amigos e colegas e circulam na mídia que lemos e olhamos. Em síntese, as representações sustentadas pelas influências sociais da comunicação constituem as realidades de nossas vidas cotidianas e servem como o principal meio para estabelecer as associações com as quais nós nos ligamos uns aos o utros. Por mais de quatro décadas Serge Moscovici, juntamente com seus colegas, fez avançar e desenvolver o estudo das representações sociais. Esta coleção reúne alguns dos ensaios principais, ex traídos de um corpo bem maior de trabalho, que apareceu nesses anos. Alguns desses ensaios apareceram anteriormente em inglês, enquanto outros são traduzidos aqui para o inglês pela primeira vez. Juntos, eles ilustram a maneira como Moscovici elaborou e defendeu a teoria das representações sociais, enquanto na entrevista conclusiva com Ivana Marková, ele apresenta os elementos principais da história de seu itinerário intelectual. No coração deste projeto esteve a idéia de construção duma psicologia social do conhecimento e é dentro do contexto deste projeto mais vasto que seu trabalho sobre representações sociais deve ser visto. Com que, então, uma psicologia social do conhecimento pode se parecer? Que espaço ela procurará explorar e quais serão as características-chave desse espaço? O próprio Moscovici apresenta este tema da seguinte maneira: Há numerosas ciências que estudam a maneira como as pessoas tratam, distribuem e representam o conhecimento. Mas o e studo de como, e por que, as pessoas partilham o conhecimento e desse modo constituem sua realidade comum, de como eles transformam idéias em prática - numa palavra, o poder das idéias - é o problema especifico da psicologia social (Moscovici, 1990a: 169).

Por conseguinte, da perspectiva da psicologia social, o conhecimento nunca é uma simples descrição ou uma cópia do estado de coisas. Ao contrário, o conhecimento é sempre produzido atra8

vés da interação e comunicação e sua expressão está sempre ligada aos interesses humanos que estão nele implicados. O conhecimento emerge do mundo onde as pessoas se encontram e interagem, do mundo onde os interesses humanos, necessidades e desejos encontram expressão, satisfação ou frustração. Em síntese, o conhecimento surge das paixões humanas e, como tal, nunca é desinteressado; ao contrario, ele é sempre produto dum grupo especifico de pessoas que se encontram em circunstâncias especificas, nas quais elas estão engajadas em projetos definidos (cf. Bauer & Gaskell, 1999). Uma psicologia social do conhecimento está interessada nos processos através dos quais o conhecimento é gerado, transformado e projetado no mundo social.

2. A La recherche des concepts perdus (À procura dos conceitos perdidos) Moscovici introduziu o conceito de representação social em seu estudo pioneiro das maneiras como a psicanálise penetrou o pensamento popular na França. Contudo, o trabalho em que esse estudo é relatado, la Psicanalyse: Son image et son public, primeiramente publicado na França em 1961 (com uma segunda edição, bastante revisada, em 1976), permanece sem tradução para o inglês, uma circunstância que contribuiu para a problemática recepção da teoria das representações sociais no mundo anglo-saxão. É claro que uma tradução inglesa desse texto não iria, por si mesma, resolver todas as diferenças entre as idéias de Moscovici e os padrões dominantes do pensamento sociopsicológico na Inglaterra e nos EE.UU., mas teria, ao menos, ajudado a reduzir o número de maus entendimentos do trabalho de Moscovici, e adicionado uma penumbra de confusão às discussões destas idéias em inglês. Mais que isso, porém, a falta duma tradução significa que a cultura anglo-saxã, predominantemente monolingüe, não teve acesso a um texto, em que temas centrais e idéias sobre a teoria das representações sociais são apresentados e elaborados, no contexto vital dum estudo especifico de pesquisa. Quando estas idéias são colocadas em ação na estrutura dum projeto de pesquisa, na ordenação e no processo de tomar inteligível a massa de dados empíricos que emergem, elas assumem também um sentido concreto, que é apenas fracamente visível nos textos teóricos mais abstratos, ou programáticos. 9

Mas se o trabalho de Moscovici foi obscurecido no mundo anglo-saxão, o próprio conceito de representação social teve uma história p roblemática den tro da psicologia social. Na verdade, Moscovici intitula o capitulo inicial de La Psychanalyse Representação social: um conceito perdido , e introduz seu trabalho nesses termos: As representações sociais são entidades quase tangíveis. Elas circulam, se entrecruzam e se cristalizam continuamente, através duma palavra, dum gesto, ou duma reunião, em nosso mundo cotidiano- Elas impregnam a maioria de nossas relações estabelecidas, os objetos que nós produzimos ou consumimos e as comunicações que estabelecemos. Nós sabemos que elas co rrespondem, dum lado, à substância simbólica que entra na sua elaboração e, por outro lado, à prática especifica que produz essa substância, do mesmo modo como a ciência ou o mito correspondem a uma prática científica ou mítica. Mas se a realidade das representações é fácil de ser compreendida, o conceito não o é. Há muitas boas razões pelas quais isso é assim. Na sua maioria, elas são históricas e é por isso que nós devemos encarregar os historiadores da tarefa de descobri-las. As razões não-históricas podem todas ser reduzidas a uma única: sua po sição mista , no cruzamento entre uma série de conceitos sociológicos e uma série de conceitos psicológicos. É nessa encruzilhada que nós temos de nos situar. O caminho, certamente, pode representar algo pedante quanto a isso, mas nós não podemos ver outra maneira de libertar tal conceito de seu glo rioso passado, de revitalizá-lo e de compreender sua especificidade (1961/1976: 40-41).

O ponto de partida fundamental para essa jornada intelect ual, contudo, foi a insistência de Moscovici no reconhecimento da existência de representações sociais como uma forma característica de conhecimento em nossa era, ou, como ele coloca, uma insistência em considerar como um fenômeno, o que era antes considerado como um conceito (capitulo 1). Na verdade, desenvolver uma teoria das representações sociais implica que o segundo passo da jornada deve ser começar a teorizar esse fenômeno. Mas, antes de nos voltarmos para esse segundo passo, gostaria de parar, por um momento, no primeiro passo e perguntar o que significa considerar como um fenômeno 10

o que era antes visto como um conceito, pois o que pode parecer como um pequeno aperçu (apanhado), de fato, contém alguns tropos especificamente moscovicianos. Antes de tudo, há certa coragem nessa idéia, em não ter receio de afirmar uma generalização conclusiva, uma generalização que tem ta mbém o efeito de separar radicalmente a concepção de Moscovici, com respeito aos objetivos e ao escopo da psicologia social, das formas predominantes dessa disciplina. Mais precisamente, Moscovici se filia aqui à corrente de pensamento sociopsicológico que foi sempre uma corrente minoritária, ou marginal, dentro duma disciplina dominada, em nosso século, primeiro pelo comportamentalismo e, mais recentemente, por um cognitivismo não menos reducionista e, durante todo esse tempo, por um individualismo extremo. Mas, em suas origens, a psicologia social se construiu ao redor dum conjunto diferente de preocupações. Se Wilhelm Wundt é lembrado hoje principalmente como o fundador da psicologia experimental, ele é também, cada vez mais, reconhecido pela contribuição que sua Völkerpsychologie trouxe ao estabelecimento da psicologia social (Danziger, 1990; Farr, 1996; Jahoda, 1992). Apesar de todas as suas falhas, a teoria de Wundt, contudo, situou claramente a psicologia social na mesma encruzilhada, entre os conceitos sociológicos e psicológicos indicados por Mosco vici. Longe de abrir uma linha produtiva de pesquisa e teoria, o trabalho de Wundt foi logo eclipsado pelas crescentes correntes de pensamento psicológico que rejeitaram toda a associação com o social , como se ele fosse comprometer o status científico da psicologia. O que Danziger (1979) chamou de o repúdio positivista de Wundt serviu para garantir a exclusão do social do campo de ação da psicologia social emergente. Ao menos, esse foi o caso que Farr (1996) chamou de sua forma psicológica , mas, como ele também mostra, uma forma sociológica também persistiu, brotando principalmente do trabalho de Mead, no qual a Völkerpsychologic de Wundt teve uma grande influência (e devemos dizer que uma preocupação com o social é também característica da psicologia de Vygotsky; ver capítulos 3 e 6). Na verdade, Farr chegou a sugerir que a separação radical, feita por Durkheim (1891/1974), de representações individuais e coletivas , contribuiu para a institucionalização duma crise na psicologia soc ial, que perdura até hoje. Durante o século vinte, sempre que formas sociais de psicologia surgiram, nós testemunhamos o mesmo drama de exclusão, que marcou a recepção do trabalho de Wundt. 11

Uma compulsão em repetir mascara um tipo de neurose ideológica, que foi mobilizada sempre que o social ameaçou invadir o psicológico. Ou, para passar duma metáfora freudiana para uma antropológica, o social representou, consistentemente, uma ameaça de poluição à pureza da psicologia científica. Por que se mostrou tão difícil estabelecer uma psicologia social que incluísse tanto o social como o psicológico? Embora Moscovici sugerisse, na citação acima, que isso era uma questão para historiadores, ele mesmo contribuiu, de algum modo, para esclarecer esse enigma, como muitos dos textos aqui coletados testemunham (ver capítulos 1, 2, 3 e 7). Num ensaio histórico importante, The Invention of Society, Moscovici (1988/1993) oferece mais um conjunto de considerações que discutem a questão complementar de por que as explicações psicológicas foram vistas como ilegítimas, na teoria sociológica. Durkheim formulou suas idéias explicitamente em seu aforismo de que sempre que um fenômeno social é diretamente explicado por um fenômeno psicológico, podemos estar seguros que a explicação é falsa (1895/1982: 129). Mas, como mostra Moscovici, esse preceito contra a explicação psicológica não apenas percorre, como um fio unificador, através do trabalho dos escritores clássicos da teoria social moderna, mas é também sub-repticiamente contradito por esses mesmos textos. Pois, ao construir explicações sociais para fenômenos sociais, estes sociólogos (Weber e Simmel são os exemplos analisados por Moscovici, junto com Durkheim), necessitam também introduzir alguma referência aos processos psicológicos para fornecer coerência e integridade a suas análises. Em síntese, nesse trabalho Moscovici é capaz de demonstrar, através de sua própria análise destes textos fundantes da sociologia moderna, que o referencial explanatório exigido para tornar os fenômenos sociais inteligíveis deve incluir conceitos psicológicos, bem como sociológicos. A questão, contudo, de por que foi tão difícil conseguir um referencial teórico estável, abrangendo tanto o psicológico como o social, permanece obscura. Para dizer a verdade, a hostilidade da parte dos psicólogos ao sociologismo foi tanta quanto a dos sociólogos ao psicologismo . Ao dizer que a psicologia social, como uma categoria mista, representa uma forma de poluição, ficamos apenas nas palavras, enquanto nós não compreendermos por que o social e o psicológico são considerados como categorias exclusivas. 12

Esse é o centro do enigma histórico que retém seu poder especifico até hoje. Embora fosse ingênuo pretender oferecer uma explicação clara de sua origem, nós podemos vislumbrar algo de sua história na oposição entre razão e cultura que, como discute Gellner (1992), foi tão influente desde a formulação do racionalismo de Descartes. Contra o relativismo da cultura, Descartes proclamou a certeza que brota da razão. O argumento em favor do cogito introduziu um ceticismo sobre as influências da cultura e do social que foi difícil de superar. Na verdade, se Gellner está corre to ao constatar nesse argumento uma oposição entre cultura e razão, então toda a ciência da cultura será uma ciência da não-razão. A partir daqui, é um curto passo chegar-se a uma ciência desprovida de razão, o que parece ser a reputação dada a toda tentativa de combinar os conceitos sociológicos com os psicológicos numa ciência mista . Mas foi justamente tal ciência desprovida de razão , que Moscovici procurou ressuscitar, através dum retorno ao conceito de representação, como central a uma psicologia social do conhecimento.

3. Durkheim, o ancestral ambíguo Ao procurar estabelecer uma ciência mista , centrada no conceito de representação, Moscovici reconheceu uma dívida duradoura ao trabalho de Durkheim. Como vimos acima, contudo, a formulação feita por Durkheim do conceito de representações co letivas mostrou-se uma herança ambígua para a psicologia social. O esforço para estabelecer a sociologia como uma ciência autônoma levou Durkheim a defender uma separação radical entre representações individuais e coletivas e a sugerir que as primeiras deveriam ser o campo da psicologia, enquanto as últimas formariam o objeto da sociologia (interessante notar que em alguns de seus escritos sobre esse tema Durkheim flertou com a idéia de chamar a esta ciência de psicologia social , mas preferiu sociologia , a fim de eliminar toda possível confusão com a psicologia (cf. Durkheim, 1895/1982). Não é apenas Farr quem mostrou as dificuldades que a formulação de Durkheim trouxe para a psicologia social. Numa discussão anterior, sobre a relação entre o trabalho de Durkheim e a teoria das representações sociais, Irwin Deutscher (1984) tam13

bém escreveu sobre a complexidade de tomar Durkheim como um ancestral para uma teoria sociopsicológica. O próprio Moscovici sugeriu que, ao preferir o termo social , queria enfatizar a qualidade dinâmica das representações contra o caráter mais fixo, ou estático, que elas tinham na teoria de Durkheim (ver capítulo 1, onde Moscovici ilustra a maneira como Durkheim usou os termos social e coletivo de maneira intercambiável). Ao comentar este ponto, depois na sua entrevista a Marková, no capitulo 7, Moscovici se refere à impossibilidade de manter qualquer distinção clara entre o social e o coletivo . Esses dois termos não se referem a ordens distintas na organização da sociedade humana, mas também não é o caso de que os termos representação social e representação coletiva apenas colocam uma distinção, sem estabelecer uma diferença. Em outras palavras, a psicologia social de Moscovici não pode simplesmente ser reduzida a uma variante da sociologia durkheimiana. Como devemos, então, entender a relação das representações sociais com o conceito de Durkheim? A partir duma perspectiva sociopsicológica, podemos ser tentados a pensar que a resolução dessa ambigüidade pode ser buscada através dum esclarecimento dos termos individual e coletivo , como empregados na argumentação de Durkheim. Não é absolutamente claro, contudo, que tal esforço possa conseguir, com sucesso, algum espaço teórico para a psicologia social, particularmente porque, como mostra Farr (1998), a questão se tornou problemática,...


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