NOrdeste - Gilberto Freyre - resumo do livro PDF

Title NOrdeste - Gilberto Freyre - resumo do livro
Course Geografia
Institution Centro Universitário Internacional
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Resumo do livro, Nordeste - de Gilberto Freyre....


Description

Nordeste – Gilberto Freyre Resumo O livro é dividido em seis capítulos - A cana e a terra; a cana e a água; a cana e a mata; a cana e os animais; a cana e o homem ( divididas em duas partes). Como destaca Manoel Coreia de Andrade, é um livro “eminentemente geográfico”. Dada a sua preocupação em um olhar holístico e a utilização da diversidade de fontes utilizadas. Sobretudo, a evidente preocupação ecológica em partes ligadas ao trato com a cultura agrícola e o trato com a terra. Mais do que isso, Gilberto Freyre demonstra preocupação quanto às classificações regionais do nordeste. Até então, ele observa um olhar genérico a respeito das características do nordeste da parte de outros autores que o precedem nessa descrição, que limitaram-se aos aspectos da seca ao oeste do litoral do território. O recorte espacial que Freyre trabalha é da Bahia até o maranhão, Procurando estabelecer uma ligação entre a terra, a produção e os modos de vivência encontrados na paisagem. Não obstante, vincula o desenvolvimento da colônia portuguesa aos tratos com a terra ( sobretudo, a cana de açúcar - diretamente ligada ao tipo de solo aqui encontrado). Ele é metodológico ao se colocar em um campo de análise específico ( o antropológico) mesmo perpassando ao campo da geografia. Como disse Manoel Correia de Andrade no Prefácio da primeira edição, é um livro essencialmente “geográfico”. Nesse sentido, Freyre situa seu trabalho da seguinte forma: “ Mas não nos interessa aqui, senão indiretamente, a análise do massapê, e das terras argilosas e gordas de hùmus do Nordeste do Brasil. Nos interessa só o que essa terra excepcional representou para a civilização do Brasil. Para o estabelecimento da civilização moderna mais sedentária que o português fundou nos trópicos: a do açúcar no Nordeste do Brasil”. ( página 46). Assim, leva em conta, quanto a população formadora destas bandas, o negro, o Português e o Indígena. O resultado desse “Cruzamento” regional ele define como “cabra”. Quanto à relação entre a terra e o homem, ele estabelece características peculiares no comportamento do homem na terra do massapê, agreste e sertão. A relação comercial, bem como a proximidade das instalações da família real, possibilitaram o desenvolvimento de uma cultura que Freyre considera como típica da região produtiva da cana de açúcar. Categorizando o homem das terras de massapê como sendo detentores de “boas maneiras e dos gestos suaves” - sendo tanto resultado da formação e estruturação de pessoas e o trato da terra desde o período colonial, quanto as recorrentes relações com estrangeiros “homens de negócio” e técnicos, que eram absorvido pela sociedade local por meio de enlaces matrimoniais no século XIX. Sobre a cana e a terra, Freyre preocupa-se em destacar uma lógica organizacional presente no espaço colonial, A organização dos Engenhos do século XVI se davam então, em uma lógica espacial. O que Freyre chamou de “triângulo rural”, constituía-se do Engenho; a casa e a Capela. Gilberto Freyre se preocupa em nomear os rios que foram de grande importância para o desenvolvimento da economia do açúcar e, consequentemente da civilização brasileira.

“Mesmo assim, conservando curvas e à vontades, que elemento da natureza regional agiu mais poderosamente no sentido de regularização da vida econômica social dos colonos do Nordeste que esses rios pequenos do extremo Nordeste e da Bahia? Rios do tipo do Beberibe, do Jaboatão, do Uma, do Serinhaém, do Tabaí, do Tibirí, do Ipojuca, do Pacatuba, do Itapuá. Junto deles e dos riachos das terras de massapê se instalaram confiantes os primeiros engenhos”. ( página 57). Bem como a variedade de peixes e frutos do mar existentes; lagostas, pitus, Lagostins, Cioba, piraúna, e tantos outros. Estabelece uma relação entre o rios e o cotidiano regional. A religiosidade, a Misticidade a nomeação dos lugares e como relacionavam-se com a origem dos colonizadores, seus objetivos, cargos, devoções à santos e até mesmo a utilização de nomes indígenas na nomeação de engenho e posteriormente Usinas açucareiras. Bem como, descreve as características de Jangadeiros de seu tempo- Suas crenças, habilidades e imaginário Freyre faz uma vasta pesquisa considerando pareceres médicos registros de engenhos antigos, notícias de Jornais impressos para estabelecer uma ligação entre os rios e riachos com o cotidiano no Nordeste. Cotidiano que é levado em conta desde a relação produtiva desenvolvida de açúcar até as aventuras de conquistas amorosas. Não deixa de descrever o resultado do rio no seu tempo da seguinte forma: “Só o mal-assombrado povoa ainda de sombras românticas as águas imundas dos rios do Nordeste prostituídos pelo açúcar. Mal-assombrado de estudante assassinado que o cadáver aparece boiando por cima das águas, ainda de fraque e flor na botoeiroa. Mal-assombrado de menino louro afogado que o siri não roem e o anjinho aparece inteiro. Mal-assombrado de moça morena que se atirou no rio doida de paixão e os seus cabelos se tornaram verdes como o das iaras. Pouca gente acredita que o passado dos rios do Nordeste tenha sido tão bonito e tão ligado à nossa vida sentimental. Mas foi.” ( página 70). Sobre a cana e a mata, Leva em conta o desenvolvimento do desmatamento estabelecido na “zona da mata” para o estabelecimento da monocultura da cana de açúcar. Também descreve as paisagens encontradas na região, ilustrando a dimensão das modificações humanas no ambiente – partindo do século XVI – com a inserção de plantas não típicas e o cultivo sistematizado da cana de açúcar pelo engenhos ( plantation) até o XX. Nesse processo, o constante e o desmatamento desenfreado, quase que eliminou arvores nativas como : a baraúna, o pau-d'arco, o amarelo, o pau-ferro, o angelim, a sucupira e o visgueiro. Gilberto Freyre aponta a utilização pouco seleta dessas madeiras, em sua maioria sendo descartadas pelo processo de queimadas ( voltado ao desmatamento em grandes áreas em um processo mais rápido ) e o machado ( trabalhando em locais pontuais na mata virgem). Observa a fácil adaptação da cana de açúcar na introdução das terras do Brasil. Nesse sentido, a valia que a devastação do terra se deu não pelas características da planta, mas sim, devido ao sistema utilizado no plantio ( o plantation – grifo nosso – nesse capitulo ele não utiliza o termo plantation). Aponta também a diferença entre a utilização do solo por civilização desenvolvida localmente e pelo trato da terra. O Modo de exploração utilizado no Nordeste da Zona da mata, não permitiu uma preocupação com o ecossistema existente. A colônia agrícola longe do glamour

do trono não tinha uma relação de reciprocidade da terra para com o homem e o homem com a terra. Tal coisa não existe na relação do colonizador português e as terras ultramar, que tinham um caráter imediatista e consequentemente, uma visão de não voltada à preservação do patrimônio. “Essa distância entre o colono branco e a mata, entre o dono branco e a mata, entre o dono de terra e a floresta, explica o nosso quase nenhum amor pela árvore ou pela planta da região, quando se trata de arborizar as ruas das cidades”. ( página 81). Em meio a isso, o conhecimento das plantas, arvores, animais fica legada aos negros e aos índios. É no quilombo e nas aldeias que preservou-se o conhecimento de cura das plantas. Passada mais pela tradição oral desses povos do que qualquer compêndio médico, o poder das plantas dessa terra também foram reportados á corte, mas pouco exploradas – comparadas a dimensão do império açucareiro. Freyre esboça a preocupação da utilização de plantas e animais não nativos para o equilíbrio do ecossistema e aponta que “ é uma lição dos ecologistas, e não simples grito de alarme dos sociólogos românticos”. Usando o exemplo do Eucalipto e suas propriedades, ele contextualiza o quão sutil podem ser as modificações dessas mudanças que parecem inofensivas. Ao passo que também faz observações sobre as práticas de arborização das cidades, também se aproxima da fitogeografia para desenvolver a discussão. “Os que se têm ocupado da fitogeografia do Nordeste estão cansados de destacar a importância da vegetação, como garantia de condições de umidade. Mas vegetação adequada, é claro; e não do tipo do eucalipto australiano, quase doentiamente especializado em sorver o melhor suco da terra”. ( página 83). O sistema latifundiário não termina com o império, ou com a modernização da indústria. A Indústria açucareira é a herdeira direta do sistema de latifúndio da “zona da Mata”. “ O sistema de latifúndio moderno é o da usina: sua ânsia, a de “emendar” os campos de plantação da cana, uns com os outros, formando um só campo, formando cada usina um império”. Mas não um império formado na continuidade, como o império alexandrino, seus herdeiros mais ajudaram a definhar o decrepito do que estabelecer novo vigor. Sobre a cana e os animais, Freyre analisa anúncios de jornais e registros pessoais de engenhos para ver o tratamento para com os cavalos no período escravista no Brasil. Nesse sentido, descreve o cavalo do senhor de engenho da seguinte forma: “A verdade, entretanto, é que aqui, como em outras áreas da América de colonização agrária, o cavalo, de que o agricultor fez sempre o seu aminal de maior estimação, e expressão mais viva de sua autoridade, do seu domínio quase militar sobre as terras e os moradores, tratandoo senhor de engenho brasileiro como a nenhum outro animal, preocupando-se com a sua alimentação e com a sua higiene, com a sua ração de mel-de-furo e com o seu banho de rio, não foi o animal mais útil à lavoura, ao sistema econômicos baseado sobre a monocultura latifundiária e escravocrata”.( página 101) Antagonizando-se a opulência do cavalo, o boi protagonizou para a civilização açucareira do Brasil um papel de importância na questão produtiva. Para tanto, elenca algumas características

de uma ordem de importância de propriedades listado do século XVII; Terra, água, matas. Negros e Bois. A presença do boi teve marca no imaginário e no misticismo local – nesse caso, analisa o bumba meu boi por meio de versos relacionados ao tema. No entanto, a criação de bois não foram intensificadas nas propriedades canavieiras, sendo repelidas à outras sub-regiões do Nordeste (...)”a monocultura da cana repeliu o gado para os sertões como se enxotasse animais danados. Repeliu o gado do mesmo modo que as matas, que os pássaros, que as plantas, que os indígenas mais agrestes. Só se conservaram nos engenhos os cavalos, os bois, as plantas, as caboclas e a mata a serviço imediato do açúcar e dos aristocratas do açúcar”( página 107) A não articulação entre a pecuária e a agricultura não diversificada, resultou em uma necessidade compras de produtos de outras regiões do Brasil e de outros locais, em como do exterior, elementos que deveriam ser encontrados com facilidade: queijo, banha, sebo, manteiga, sebo, charque até couros e peles. Entre os animais que viviam na região elenca: pacas, tatus, capivaras, cuias, tamanduás, gatosdo-mato e tantos outros que a gora só são conhecidos como “bichos” generalizando suas características e formas de utilização ou de habitar. De tal modo que nem mesmo para a culinária da cozinha da casa grande havia espaço para os “bichos do mato”. (contrariamente amplamente consumidos entre os menos abastados, negros e índios). Nesse sentido, aponta a proximidade do elemento colonizador com os animais trazidos da Europa. O misticismo, o simbolismo, em grande medida relacionavam-se com eles perpassando para alguns elementos locais com as camadas menos abastadas.

também,

Freyre desenvolve o raciocínio sobre o homem no nordeste dividindo em duas partes. Nesse caso, já apresenta uma tipificação das pessoas que viviam no Nordeste colonial – tipicamente rural: “Para esse tipo concorreram diferentes figuras, hoje quase desconhecidas na sua pureza, do antigo sistema agrário e patriarcal: o cabra de engenho, o moleque da bagaceira, o capanga, ( de ordinário caboclo ou mulato), o mulato vadio caçador de passarinho, o malungo, o pajem, o branco pobre, o “amarelo” livre, a mãe preta, a mucama, o negro velho, o curandeiro, o caboclo conhecedor da mata e dos seus bichos, a ama de leite tapuia ou negra, a “cabra-mulher”. ( página 119). Nesse sentido, relaciona diretamente a produção açucareira com a formação do povo ligado diretamente ou indiretamente com messa produção monocultora. A aristocracia, os humildes, os códigos morais, o aristocrata e o homem do povo. A monocultura interferiu na formação da civilização colonial- nesse caso, de todas as classes sociais.

Também reflete sobre a culinária e os “hábitos de cozinha” da população açucareira; da casa grande e dos mucambos. “Esses doces eram muito apreciados, particularmente o de goiaba, no tempo de Mansfeld o doce mais característico da sobremesa das casas grandes do Nordeste”. Para tanto, se aproxima de relatos de famílias ligadas a à produção açucareira, registros do acervo nacional e estadual dos estados do Nordeste – bem como, jornais do período e o Arquivo Histórico colonial, em Lisboa. Gilberto Freyre não fica penas nos hábitos coloniais do senhor de engenho, também estabelece uma relação aos hábitos do negro para o êxito da construção de uma civilização açucareira no Brasil. "O negro tornou-se parte do grande complexo brasileiro de cana-de-açúcar. A civilização do açúcar não se teria feito sem ele – diga-se mais uma vez. Diga-se sempre”, destaca. Mesmo com a endogamia evidente, a mestiçagem também ocorria em paralelo. No século XIX, como resultado dessa miscigenação, tornaram-se cada vez mais frequentes movimentos sociais em que a comunidade negra ou mestiça eram presente. Nesse caso, menciona a Balaiada, Cabanada, a revolta dos Tapuias em que: (...) “ viu-se que a gente mestiça era parte considerável da população do Recife: mais que ao traseiro da cidade; essa mancha de gente de cor, de negros e mulatos livres, se estendia por becos e camboas da cidade: formava batalhões diversos e não apenas o dos Henriques, radicionalmente fiéis aos senhores brancos”. ( página 132). Nesse sentido, demonstra a participação e articulação de negros em forças armadas ( milícias) destacadas, sobretudo, a partir da guerra contra os holandeses. Sobretudo, em ambientes urbanos. Não obstante, Freyre destaca a necessidade de estudo sobre os diferentes modos de escravidão obtidos na América. Desde a américa do Norte, América central e a América do Sul – Sobretudo Brasil. Já observa uma grade diferença nos processos de emancipação e de luta contra a escravidão. A maneira de lidar com o escravo, bem como, a mestiçagem presente no território brasileiro carretou numa trilha de mestiçagem que fatalmente levaria a criação de uma nova classe social. O mestiço teve papel fundamental no fim da escravidão e na articulação de políticas voltadas a população Não só isso, aventura-se a destacar uma diferenciação entre o “perfil antropológico e psicológico” entre o litoral e da “mata” em comparação ao do sertão. Bem como, também traça um perfil do negro, traçando características físicas e ponto de origem. Ao mesmo tempo que rebate a discussão sobre a diferença entre a agricultura africana e a utilização no sistema escravista brasileiro. Refletindo sobre o trato do negro com a terra no período colonial. Concluindo que o negro constitui um formador da civilização açucareira, de tal modo que, sem ele não existiria a civilização do açúcar e tão pouco, seu desenvolvimento. Na segunda parte, Aponta um dado interessante à região canavieira do nordeste. Embora tenha sido uma regão tipicamente ligada a agricultura, os moldes implantados aqui ( o plantation) foram em “alguns pontos”, desastroso para o desenvolvimento alimentar local. “Principalmente a monocultura, causa de tantas fomes em uma região agrária onde chegou a se assistir a este

absurdo: as senhoras trocarem joias de ouro por punhados de farinha”. Embora ele não use o termo “Plantation” ele destaca os estragos da monocultura açucareira na região. Muito embora, não fique unicamente atrelado aos pontos negativos do sistema colonial voltado ao lucro “imediato” tão destacado por ele ao longo do texto. Nesse sentido, atrela a construção de um “estereotipo” do negro e do mestiço mais a uma condição social, resultante dos modos de exploração e flagelamento do elemento colonizador egro e sua descendência, bem como, sua produção cultural e imaginário que lhe cerca. Nesse sentido, aponta várias críticas, ao longo do texto, aos autores que o precederam e desconsideraram o flagelamento social da “gente de cor”. Mesmo com o estabelecimento do trabalho assalariado, a exploração feroz não cessa, desumanamente, se intensifica. Sobre isso, destaca: “No Nordeste da cana-de-açúcar essas condições são particularmente desfavoráveis. Até farina de mandioca falta, com frequência, ao trabalhador de engenho, em certas zonas da região mais atingidas pelos efeitos da monocultura. E aqui, como em outras áreas, o trabalhador livre vem sendo mais desprestigiado em suas condições de saúde do que outrora o trabalhador escravo, na maioria dos engenhos patriarcais, quando, de modo geral sua alimentação já era superior à dos brancos e pardos pobres, sem assistência patriarcal”( página 176)...


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