O Processo Grupal de Enrique Pichon-Rivière PDF

Title O Processo Grupal de Enrique Pichon-Rivière
Course Dinamica De Grupo E Relacoes Humanas Ii
Institution Universidade Federal do Amazonas
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Summary

Num primeiro momento segundo Pichon, a Psiquiatria e seus estudiosos tentavam englobar as mais diversas doenças mentais até então conhecidas em um contexto universal e único, ou seja, que todas estão interligadas e tinham uma única origem. ...


Description

Resenha O Processo Grupal de Enrique Pichon-Rivière Num primeiro momento segundo Pichon, a Psiquiatria e seus estudiosos tentavam englobar as mais diversas doenças mentais até então conhecidas em um contexto universal e único, ou seja, que todas estão interligadas e tinham uma única origem. Um dos exemplos citados no texto é da psicose maníacodepressivo, que na concepção mecanicista, as formas endógenas e exógenas das patologias não andam em conjunto, ou seja, não são relacionadas, o que contrariamente anda na contramão das concepções de Freud, pois para ele, as duas vinculam e formam o sujeito. Faz-se uso da tal lógico dialética e da noção do conflito, onde o endógeno e o exógeno não se subdividem, mas sim, unem-se, havendo assim uma continuidade genética que se renova e passa por diversas sínteses. É sabido que o sujeito ao longo da vida, passa por diversas transformações, sendo assim, não é linear, mas sim uma enorme contradição em um único sujeito. Pichon introduz o termo vínculo, que seria uma estrutura complexa na qual recebe tal configuração “transmissor-receptor, uma mensagem, um canal, sinais, símbolos e ruído. Ele diz que um grupo é formado por um conjunto mínimo de pessoas, estes, são ligados pelo tempo e espaço, criando uma articulação representativa interna, dispondo de forma explícita e implícita. Um sujeito sadio percebe um determinado objeto e o molda, também sofrendo a modificação, fazendo assim, parte do chamado interjogo dialético, entre o mundo interno e externo. Em dado momento, Pichon estabelece a seguinte visão, de o nosso meio social possui uma interferência palpável no homem como ser constituinte de uma sociedade. Tal pensamento faz relação com a teoria do vínculo, pois como o meio que de certa forma nos molda, nos priva de estabelecer uma conexão não fragmentada com o objeto, dessa forma por exemplo, mudanças políticas ou econômicas causam incertezas, influenciado diretamente o contexto social, já que o sujeito o ver como imponente, causando intolerância a possíveis frustações.

Me distancio um pouco dos outros pontos descritos por Pichon e me atento a teoria que ele intitula com “enfermidade única”, surgindo assim o pressuposto em relação as depressões, estas teriam um núcleo existencial melancólico, evidenciando uma depressão básica e por consequência implicaria em um possível quadro de a adoecimento, assim surgindo a teoria da enfermidade única. O autor enumera as configurações estruturadas patológicas, que seriam: Policausalidade; Pluralidade fenomênica; Continuidade genética e funcional; mobilidade das estruturas; Papel, vínculo e porta-voz; e a Situação triangular. Todas terão influências diretas no quadro patológico do paciente. Segundo a perspectiva de Pichon, a proposta de tarefa que a psicologia social faz uso é um fator imprescindível para um posicionamento referente a patologia e qual a linha de ação deverá ser tomada. A pré-tarefa de grosso modo é subjetivo, o pensar, sentir e atuar, fazendo uso de técnicas para resistir a mudança. Tarefa é um instrumento conceitual que nos permite fomentar e realizar um diagnóstico psicossocial. O ponto crucial é desenvolver formas para que o indivíduo tanto individualmente quanto coletivamente desenvolva tarefas que o leve a superar obstáculos. O importante é estabelecer os três itens, para elaborar o homem como ser efetivo na situação e criarmos um meio de intervenção. Conforme seus estudos, Pichon afirma que o doente mental é o porta-voz da ansiedade e dos conflitos de uma sociedade, mais precisamente do seu grupo familiar. No livro O Processo Grupal, ele nos propõe pensarmos no que seria a práxis e a psiquiatria para esse contexto como um todo. Ele diz que não há uma práxis voltada a saúde mental, mas a formas encontradas para modificar a estrutura socioeconômica da qual o doente faz parte. Afirma que a psicoterapia usaria a dialética para conduzir uma situação em forma de espiral que seria continua, criando assim instrumentos operacionais para fazer uso da “operação-esclarecimento”. Diz também que a psiquiatria é um tanto autoritária e que não faz uso da dialética, o que causa uma estereotipo do sujeito. Nos estudos depressivos de Pichon, conhecemos o Tofranil e seu uso instrumental e situacional, que é utilizado durante o tratamento psicoterápico individual ou grupal, o uso da droga tende a mobilizar questões que prejudicam o avanço do tratamento patológico, o sentimento de culpa sofre uma

diminuição considerável, entre outros pontos levantados e estudados por H. Azima (1950), no início do tratamento, o paciente se acha praticamente recuperado. Na psicoterapia grupal ou familiar, pode-se dizer que a loucura é a forma na qual expressamos a nossa capacidade para suportar e elaborar o sofrimento para uma determinada situação. O indivíduo de certa forma se torna a expressão do grupo do qual faz parte, o chamada porta-voz ou depositário da ansiedade grupal. Refere-se ao grupo familiar um dos pontos crucias para o tratamento, a chamada psicoterapia coletiva. Já foi explanado por alto essa ideia durante esse texto, já que a experiência individual é bastante relevante, pode-se dizer que somos um total produto de nossas experiências, somos repletos de incertezas e desilusões, a todo momento somos levados a nos adaptar, dessa forma a família como o grupo familiar primário possui três pontos imprescindíveis: do ponto de vista psicológico ou psicossocial; do ponto de vista da dinâmica de grupo ou ponto de vista sociodinâmico e por último, do ponto de vista institucional, os problemas típicos são os da estrutura da família nas diversas classes sociais. Sendo a família um grupo social dito como básico, a doença mental não é individual, mas sim produto do grupo familiar e para iniciar um analise da patologia leva-se em consideração quatro pontos, o diagnóstico, o prognóstico, tratamento e por fim, a profilaxia. Pichon enfatiza que na psicoterapia, os terapeutas não mencionam a cura, mas possuem um objetivo de diminuir ansiedades psicóticas primárias, inclusive menciona que para receber alta, o paciente deve “mostrar” ao terapeuta um comportamento “normal”, como comer e dormir, não acompanhando mudanças mais subjetivas. Para Pichon, o vínculo se constitui durante o desenvolvimento infantil, podendo ser classificado entre bom e mau, chama-se de vínculo uma estrutura complexa que inclui o objeto, o sujeito, sua interação e o momento de comunicação e aprendizagem, ou seja, que estão em constante movimento. Ao falar de vínculo, Pichon nos possibilita falar da interação dialética na relação entre o mundo interno (interação com o eu) e externo (com o mundo), o sujeito e objeto, ambos estão em constante modificações, assim, vivendo um processo de aprendizagem.

O processo corretor que enfatiza a terapia em um grupo familiar, ajudado ao encontrar a imagem que o paciente internaliza, melhor dizendo, a forma na qual ele fantasia o grupo do qual faz parte. Sendo assim, é realizado um questionário, que irá confrontar o interno com o externo, normalmente o paciente cria uma imagem distorcida. Pichon faz duras críticas ao ensino na psiquiatria, para ele os temas estudados nessa linha da medicina, deixa os graduandos um tanto quanto angustiados. Para ele a criação de um grupo, seria a solução para ensinar psiquiatria. Alude também que a psiquiatria hoje é “verificada” em um contexto social, e o principal material de trabalho são os vínculos interpessoais e a dinâmica de grupo. Fez-se presente em seu livro, a técnica dos grupos operativos. Mas para chegar a esse ponto, Pichon nos norteia da importância do psicólogo social, que muitas das vezes é desvalorizado e em outros casos é supervalorizado. Ele ainda assinala que o psicólogo deve evitar ser influenciado e ser comprometido na investigação, e deve estar ciente que poderá alterar seu terreno de investigação. As atividades e propósitos dos grupos sociais, estão centradas na mobilização de estruturas estereotipadas, nas dificuldades de aprendizagem e as comunicações como um todo, como a ansiedade. É conhecido a tal “Experiência de Rosário”, que fora uma experiência comunitária desenvolvida com mais cinco psicanalista, também foi chamada de “laboratório social”. Contextualizou através disso, o trabalho de grupos operativos e o modelo que mais adiante desenvolverá na escola, a aula teórica, seguida do trabalho de grupo operativo, passando posteriormente ser chamada de Escola de Psicologia Social, podendo ser cursada por cinco anos, por qualquer pessoa. Criando a chamada “Uma teoria da doença”, Pichon define conduta como estrutura, um sistema dialético e uma interação que nos levar a pôr cara a cara, mente-corpo, indivíduo-sociedade e organismo-meio, há uma modificação mútua, o mundo interno do sujeito. Faz-se conhecido quatro princípios, que seriam:

Princípio de Policausalidade Em seu livro encontramos o seguinte trecho “No campo específico da conduta desviada, podemos dizer que gênese das neuroses e psicoses, deparamos com uma pluralidade causal, uma equação etiológica composta por vários elementos que vão se articulando sucessivamente e evolutivamente, o que foi chamado por Freud de séries complementares. ” (Pág. 199-200) Freud nos expõe elementos genéticos (hereditários) e o fenótipo (elementos resultantes do contexto social manifestados em um código biológico). Há uma continua adaptação ao longo da vida, surgindo diversos conflitos que podem ser resolvidos de forma integradora, a saúde, ou fazendo uso de mecanismos de defesa, estereotipados, fazendo com que os indivíduos estacam seus processos de aprendizagem. Princípio de pluralidade fenomênica Há três dimensões denominadas de fenomênicas, a mente, corpo e o mundo externo. Um ser humano é chamado de totalidade-totalizante, quando a patologia aparece, ela se estabelece em uma das funções, com diversos sintomas, assim o sujeito modificar o mundo no qual vive, fazendo uso das referências, sua mente realizando operações entre o mecanismo de projeção e interprojeção. Princípio da continuidade genética e funcional A doença mental possui uma gênese e uma sequência que se estabelece desde os primórdios do desenvolvimento. Existindo inclusive um núcleo patogenético central de natureza depressiva do qual tidas as formas clínicas resultariam como tentativa de desligamento. Princípio da mobilidade das estruturas As formas de interação do sujeito são maleáveis, modificam a todo instante, levando em consideração com o processo de interação com ambiente.

Por fim, irei citar um dos principais conceitos desenvolvidos por Pichon, o chamado ECRO, que significa “Esquema Conceitual Referencial e Operativo, afirmando que cada indivíduo possui um ECRO individual, este é constituído pelos nossos valores, crenças, medos e fantasias. Quando há uma “reunião” com diversas pessoas, levamos o nosso ECRO que irá interagir com o ECRO dos outros, porém deve-se lembrar que em alguns momentos a dificuldade de interação estará presente. Texto: Experiência com grupos: os fundamentos da psicoterapia de grupo – W.R.Bion Bion nos norteia em seu texto a respeito da dinâmica de grupo, logo nas primeiras linhas de sua dissertação ele menciona que na obra de Melanie Klein somos levados a compreender que o bebê logo que inicia sua vida no mundo exterior, já possui um contato digamos que inato como seio, o que consequentemente gera uma rápida extensão da consciência primitiva com o seu grupo social. O homem ao realizar contato com um determinado grupo, abre mão da chamada regressão maciça, que são típicos nas primeiras fases da vida mental. Esperando assim, estabelecer um contato emocional com o grupo e quando não atende as exigências dessa tarefa e é dado início a regressão, assim o homem acaba perdendo sua distintividade individual. Ele ainda cita que muitas vezes somos levados a “interpretar” o pensamento do outro para comigo ou qualquer outro participante do grupo. Bion nos apresenta um exemplo do chamado “Grupo de trabalho” no qual faz-se uso da faceta mental em um determinado grupo. Ele relata que se espera de uma sessão terapêutica de grupo, a resolução da problemática que os levaram a solicitar ajuda. Não irei relatar a dinâmica que Bion fez uso, mas ele chegou a uma conclusão após o desenrolar da atividade, dizendo que as doenças poderiam ser curadas, a partir do momento em que o grupo fosse conduzido a experimentar unicamente emoções agradáveis. É necessário pensar que as relações manifestadas em uma situação grupal são repletas de emoções, que muitas vezes ficam a margem da “sensibilidade” do indivíduo e ele não se atenta a ela. Um grupo não é marcado unicamente pelo objetivo para realizar a tarefa que se propuseram a realizar, mas olhamos além, ele também poderá expressar seu desejo em outra atividade, para satisfazer seus impulsos. Para Bion, não como um indivíduo deixar de ser membro de um grupo, pois a psicologia individual para ele não existe, mas é enfático em estabelecer uma

psicologia de par. Ele nos leva a conhecer a participação consciente e responsável dos indivíduos com o trabalho em grupo versus a mentalidade adotada de grupo, fazendo uso das suposições básicas de dependência, acasalamento e luta-fuga), nos levando a tal liderança implícita que de certa forma irá salvar a ansiedade grupal. Dualidade seria um ótimo termo para descrever a dinâmica de grupo, já que duas forças opostas, levando a ter forças contrárias, o esforço para manter o grupo o outro, quando a resistência para efetivar o processo de desenvolvimento, o levando a se submeter a suposições básicas....


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