O processo de industrialização: do capitalismo originário ao atrasado PDF

Title O processo de industrialização: do capitalismo originário ao atrasado
Author Daniele Jacob
Course Introdução Ao Ensino De História  
Institution Universidade Federal de São João Del Rei
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Summary

RESENHA: página 173 a 235 do texto “O processo de industrialização: do capitalismo originário ao atrasado. ” ...


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RESENHA: página 173 a 235 do texto “O processo de industrialização: do capitalismo originário ao atrasado. ” Carlos Alonso Barbosa de Oliveira é o autor do texto estudado, o qual o título se denomina ‘’Processo de industrialização: do capitalismo originário ao atrasado’’. Ele retrata, em especial, no capitulo cinco do texto “O capitalismo atrasado”, as dificuldades encontradas para a construção de modelos rígidos de desenvolvimento capazes de dar conta dos complexos fatores econômicos, históricos e sociais presentes em diferentes países. A consideração dos distintos momentos da história do capitalismo é essencial para o delineamento de uma teoria de formação econômica que dê conta das complexidades do desenvolvimento industrial capitalista. O texto foi publicado em 2003 pela Fundação Editora da Unesp. Com a industrialização iniciava-se uma nova era histórica, a etapa concorrencial do capitalismo, que cobre aproximadamente o período de 1830 a 1890. Nessa fase, a grande indústria implantava-se em vários países, e denominamos industrializações atrasadas os processos de constituição do capitalismo que se completam na vigência do capitalismo concorrencial. O sistema concorrencial do capitalismo supõe a existência de aparelho industrial integrado, no interior do qual sejam diferenciados os departamentos-produtores de meios de produção e de meios de consumo, as relações entre o capital e o trabalho são reguladas pela concorrência, pois, por meio de seus mecanismos, é fixada a taxa de salário. Por outro lado, a efetividade da livre concorrência torna-se visível pelas quedas de preços das mercadorias, as quais são reflexo dos constantes aumentos da produtividade do trabalho nas esferas da produção e da circulação. A capacidade do capital industrial de liderar o processo de expansão econômica cria as condições para sua hegemonia, pois sua ação garante os aumentos da produção de mercadorias e de mais-valia, o que atende aos interesses do capital bancário e comercial. E a livre concorrência é condição para a plena realização da posição hegemônica do capital industrial. Podemos associar teoricamente essa estrutura concorrencial do capitalismo ao Estado liberal. Assim, a relação de aparente exterioridade entre a instância econômica e a instância política, característica do capitalismo

concorrencial, somente pode ser explicada pela capacidade desse capitalismo em reproduzir-se sem necessidade de apoios externos. Na Inglaterra, após a Revolução Industrial, faziam se presentes as condições para que os mecanismos da concorrência operassem plenamente: o aparelho industrial já era integrado, o sistema bancário desenvolvido, um grande número de empresas atuava nos diversos ramos, a tecnologia era simples, o processo de proletarização era avançado, e já se conformara uma classe operária livre. Mas, apesar de a própria estrutura econômica estar madura para a realização da posição hegemônica do capital industrial, a existência de entraves institucionais à livre concorrência bloqueava esse movimento, e, na luta política que se desenvolvia, a burguesia industrial assumia a defesa do liberalismo econômico. Por conseguinte, podemos concluir que o capitalismo concorrencial se trata da concorrência entre capitalistas, que tem como consequência uma grande variação dos preços finais das mercadorias, salários, afetando diretamente a vida dos consumidores, além disso, a capacidade de expansão de um Estado ou um empresa, cria sua hegemonia, segundo Marx o capitalista que produz sem se importar com a demanda, vai se deparar com outro capitalista que faz o mesmo e com um produto semelhante, isso leva a uma concorrência de mercado. Na verdade, o livre cambismo não se limitava a lutar contra os entraves ao livre comércio, pois defendia não somente o livre trânsito de mercadorias, mas também a liberação dos fluxos de capitais e dos movimentos da força de trabalho em âmbito internacional, para o autor tratava-se de estabelecer uma nova ordem internacional, na qual as relações econômicas entre as diferentes nações fossem reguladas pela livre concorrência. Em outras palavras, assim como no âmbito interno da economia inglesa a livre concorrência regulava as relações entre os agentes econômicos, em âmbito internacional a livre mobilidade do trabalho e do capital (fluxos de capital dinheiro e de mercadorias que conformam os elementos materiais do capital constante e do capital variável) criava as condições para que a livre concorrência regulasse também as relações econômicas entre as diferentes nações. Entretanto, o estabelecimento de nova ordem internacional baseada no livre-câmbio não dependia exclusivamente da Inglaterra, pois as outras nações não eram passivas nesse processo. Assim, o capitalismo inglês deveria articular, sob sua hegemonia, diferentes interesses nacionais, para que se conformasse o mercado mundial capitalista do século XIX, esta nova ordem econômica que correspondia a um novo padrão comercial, financeiro e monetário internacional.

Sintetizando, a nova ordem que se conformava implicou profundas transformações em âmbito mundial. Os Estados Unidos e demais países da Europa abandonavam em maior ou menor grau suas políticas mercantilistas, e na América Latina eram rompidos os laços coloniais, formando-se novas nações. Novos domínios britânicos surgiram em áreas livres, e antigas civilizações foram destruídas. Na verdade, ampliava-se o campo da concorrência em âmbito mundial, e o livre fluxo de mercadorias, de capital e de força de trabalho ligava os cinco continentes, numa articulação na qual o capitalismo inglês assumia posição hegemônica. Diante do que foi dito pelo autor, podemos concluir que nem todos os países se industrializam no século XIX, o que indica que a dinâmica do capitalismo concorrencial imperante em âmbito mundial por si só não garante a plena constituição do capitalismo nos diferentes países. Na verdade, a plena difusão do capitalismo dependia também das condições locais, e podemos afirmar que, na etapa concorrencial do capitalismo, foram impulsionados processos de industrialização nos países onde existiam condições internas propícias. Trata-se, portanto, de analisar como as condições internas dos Estados Unidos, da França e Alemanha permitiram que nesses países o capitalismo se constituísse plenamente. Em suma, a relativa simplicidade das técnicas permitia sua difusão da Inglaterra por meio de trabalhadores que emigravam, e o passado manufatureiro dos países atrasados gestara operários especializados capazes de absorver a tecnologia da produção industrial. Assim, da mesma maneira que as inovações tecnológicas na Inglaterra eram mais ou menos rapidamente incorporadas pela maioria dos produtores, também os Estados Unidos, a França e Alemanha eram capazes de absorver a tecnologia mais avançada da época. Portanto, é esta dimensão do capitalismo concorrencial - a impossibilidade do controle monopólico da tecnologia - que explica, em última instância, por que os países atrasados puderam criar uma estrutura produtiva tecnologicamente semelhante àquela da Inglaterra. E a questão era problemática não pela inadequação da poupança prévia, mas sim porque a construção ferroviária, as obras de infraestrutura, a instalação da indústria de meios de produção etc. exigiam vultosos volumes de capitais centralizados, que evidentemente tornavam problemático o financiamento desse bloco de investimentos. Como vimos, na Inglaterra, os investimentos do ciclo ferroviário constituíram simples desdobramentos dos antigos capitais em função, processo que evidentemente não poderia repetir-se nos países atrasados, nos quais as atividades dominantes ainda eram pré-industriais e o

capital ainda limitava sua ação ao âmbito do comércio, do uso, da manufatura e da agricultura. A importação de capital estrangeiro assume também relativa importância na oferta de capitais centralizados para os países atrasados. No período inicial da construção ferroviária, capitais e técnicos de companhias inglesas dirigiram-se para a França e Alemanha, onde construíram linhas ferroviárias. Nos Estados Unidos, nas primeiras décadas do século XIX, o capital inglês destinou-se principalmente a empréstimos oficiais aos Estados, constituindo dívidas que, posteriormente, em grande parte, não foram honradas. O grau de desenvolvimento dos bancos de investimento variava de país a país, embora essa instituição financeira tenha sido fundamental no processo de industrialização dos Estados Unidos, da França e Alemanha. Nos Estados Unidos, foi decisivo na construção ferroviária e, por esse movimento, ganha importância marcante na estrutura econômica americana. Durante o processo de industrialização, não foram estabelecidas expressivas relações diretas entre a indústria e os bancos de investimento. Entretanto, estes últimos alcançam tal poderio econômico durante as décadas iniciais da construção ferroviária que, após 1870, ao estreitarem suas relações com a indústria, puderam funcionar como poderosa alavanca para a mistificação da economia americana. Assim, os bancos de investimento, a importação de capitais, a formação de sociedades por ações e o apoio creditício do governo foram os instrumentos utilizados pelos países atrasados para impulsionar a industrialização. Como já fizemos referência, na Alemanha, o maior atraso relativo exigiu a mobilização de todos esses instrumentos para que o próprio capital industrial pudesse ser implantado. Nos Estados Unidos e na França, esses mecanismos foram acionados para apoiar os investimentos em estradas de ferro, obras de infraestrutura etc, mas a centralização do capital dinheiro para o investimento industrial, até certo ponto, pôde ser realizada sem o apoio direto desse instrumental. O importante é salientar que, pelo crédito, pela importação de capitais, pela formação de sociedades por ações e mesmo pelas empresas familiares formadas com capitais previamente acumulados, os países atrasados puderam realizar o bloco de inversões da industrialização. Esse movimento implicou verdadeira revolução, pois, ao findar o processo de industrialização, a estrutura econômica dos Estados Unidos, da França e Alemanha era qualitativamente semelhante àquela da Inglaterra. Ou seja, contavam com um aparelho produtivo integrado, com um sistema bancário avançado, com moderno sistema de transportes, além de terem construído a infraestrutura básica.

Por sua vez, o aparelho industrial que foi implantado contava com os mesmos ramos produtivos que a Inglaterra. Nos Estados Unidos, a vigorosa expansão da agricultura mercantil, pela colonização do Oeste por pequenas propriedades ou pelas plantações escravistas, potenciava o crescimento da indústria. Essa agricultura mercantil, ao mesmo tempo que ampliava mercados para a indústria nacional, garantia a exportação de primários e possibilitava a importação de meios de produção, o que acelerava a implantação da indústria. Na verdade, a agricultura mercantil de exportação funcionava como um setor cujo crescimento era determinado, em última instância, pelo mercado internacional, ou seja, sua dinâmica, até certo ponto, era independente da acumulação do capital industrial nacional. Assim, a acumulação industrial nos Estados Unidos podia contar com um vigoroso mercado cuja expansão não dependia diretamente de sua ação. Na verdade, a agricultura de exportação, da mesma maneira que a mineração do ouro na Califórnia, funcionava como um mercado externo para a produção industrial. Sistematizando as conclusões a respeito dessa primeira onda de industrializações atrasadas, podemos afirmar que a dinâmica do capitalismo concorrencial tendia a reproduzir a estrutura do capitalismo britânico nos países onde se manifestavam certos requisitos prévios. Dessa forma, nos países de capitalismo atrasado, os níveis alcançados pela mercantilização da produção, pela divisão social do trabalho, pela prévia acumulação de capitais pelo desenvolvimento manufatureiro etc. faziam que o estabelecimento de relações

com

o

dinâmico

mercado

mundial

acelerasse

seus

processos

de

industrialização. Fica claro, diante de todos os fatos apresentados por Carlos Alonso Barbosa de Oliveira, que os mecanismos da Livre concorrência permitiram o conjunto de forças que movem a economia britânica fosse distribuído pelo mercado mundial, aos países de capitalismo atrasado. A expansão das atividades exportadoras desses países acelerava o processo de mercantilização e de acumulação de capitais, criando as condições para a importação de meios de produção, de capitais e de trabalhadores especializados da Inglaterra, o capitalismo concorrencial possibilitou que a incorporação dos vários ramos da produção industrial, em condições de concorrer com o capitalismo inglês....


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