O que é filosofia e para que serve - Maura Iglésias PDF

Title O que é filosofia e para que serve - Maura Iglésias
Author Emily Emiliano
Course Introdução à filosofia
Institution Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Pages 4
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Summary

Resumo do Texto da Maura Iglésias chamado "O que é filosofia e para que serve"...


Description

“O que é filosofia e para que serve” – Maura Iglésias Tem coisas que compõem a nossa vida é que a gente não lida com elas em matéria de serventia e de instrumentalização. A filosofia não te oferece algo, assim como a amizade, como a beleza, o amor... Diferente dos objetos. A filosofia é inútil da perspectiva instrumental, utilitarista, isto é: filosofia é inútil quando utilizada apenas como um istrumento para a obtenção de um fim fora dela, que não é ela mesma. A filosofia é desejada por ela mesma! Ela não traz nada pra gente fora dela. Ela pode nos ajudar. Ela é o próprio questionar-se. Mas questionar-se trazendo respostas e sabendo que elas não esgotam a possibilidade de perguntar. A filosofia parece suspender o sentido dado às coisas através das perguntas, dos questionamentos. Tela cubista - extrai coisas do seu sentido original (vanguardas europeias questionam o próprio estatuto da arte). Ex: pintores cubistas cortavam jornal pra colocar em suas telas; jornal de hoje enrola o peixe de amanhã. A pergunta “o que é isso?”é tipicamente filosófica, é uma pergunta socrática, é ilimitada, pode se debruçar sobre qualquer coisa. FILOSOFIA  philos = amigo, amante; sophia = sabedoria A filosofia é isso que se pergunta sobre o “ser” das coisas. Que “ser”? Esse “ser” conjugado na pergunta “o que é isso?” Filosofia no nosso cotidiano: filosofia de vida (modo de vida, ideais), filosofia de jogo (sistematização, estratégia), sabedoria de vida da vovó (experiência prática, empírica), filosofia de uma empresa  todas dizem respeito a uma compreensão um pouco mais ampla (concepção geral) e mais teórica; essas filosofias assemelham-se à filosofia acadêmica na medida em que envolvem o saber e diferem-se pois têm o objetivo de obter resultados e estão muito atrelados à prática. A filosofia acadêmica, diferente das filosofias propostas acima, diz respeito a um saber mais estrito, isto é, um tipo de especulação (abstração; não se compromete com nenhuma execução específica, experimenta uma liberdade através do pensamento abstrato). Ela tem uma ligação com um tipo de saber que se percebe como sendo mais relevante, relativo a coisas mais fundamentais e menos diretamente úteis que um simples saber empírico, ou que um saber ligado a produções de coisas indispensáveis à sobrevivência. A disciplina filosófica se coloca como quem pode se questionar sobre tudo e oq quer q seja (até sobre si própria) e montar argumentações conceituais muito bem embasadas pra dar explicações (respostas) às perguntas que ela mesmo coloca. A filosofia, principalmente, coloca perguntas. Mas também trouxe muitas respostas ao longo da história. Filosofia é uma palavra de origem grega que designa um tipo de especulação que se originou e atingiu o seu apogeu entre os antigos gregos e que teve continuidade com os povos culturalmente dominados pelos gregos, ou seja, os povos ocidentais. E, no entanto, podemos fazer filosofia em qualquer parte do mundo, como se estivéssemos fazendo um tipo de especulação à moda grega. A filosofia busca sua identidade por meio da sua auteridade (aquilo que ela não é). Assim, o “ser” da filosofia traz consigo o não ser sofística e o não ser poesia. Filosofia ≠ Poesia (épica e trágica). Filosofia ≠ Sofística (retórica).

Essas diferenças estabelecem-se pois a filosofia se preocupa com o conteúdo e a poesia e a sofística se preocupam com a forma. Antes dos filósofos, os poetas também se perguntavam sobre a origem das coisas, mas a partir de uma perspectiva divina (Omero – poeta épico). O poeta alegava que era uma ponte com o divino. Logo, a poesia épica já trazia uma teoria sobre a verdade das coisas. Quando os sábios começaram a dar explicações filosóficas sobre fenômenos naturais, eles romperam com o sagrado. Quando o mito fala, é como se Deus falasse, mas quando homens começam a falar, suas palavras são desprovidas da força do sagrado na medida em que a explicação filosófica é apenas a explicação de um homem. Assim, sem o endosso divino, elas não podem se impor sem uma prova. E a filosofia, diferentemente das ciências exatas, não conseguia produzir suas provas. Em decorrência, a resposta de um filósofo apenas convidava outro a apresentar sua resposta à questão. Isso parece ter provocado uma reação em cadeia, e o questionamento filosófico caminhou rapidamente, como continua até hoje, pois não tem fim. A filosofia surge a partir de um desejo de encontrar a arché (origem, príncipio primeiro) das coisas. Segundo Aristóteles, o saber filosófico apresenta algumas características: 1. É um saber “de todas as coisas”, universal (nada está fora do campo da filosofia); 2. É um saber pelo saber (é um saber livre, que não se constitui para resolver uma dificuldade de ordem prática); 3. É um saber pelas causas, isto é, um saber que envolve o exercício da razão, que, por sua vez, envolve a crítica. Assim, o saber filosófico é um saber crítico.

2 pontos que explicam a origem da filosofia: 1. Origem histórica / Cronológica / Coletiva – Tales de Mileto (séc. VI a.C.) “Tudo é água.” – Tales de Mileto (VI a.C.) Tudo – múltiplo (é o físico, o corpo) É – ser? Água – um (é a metafísica, a alma)  somos resumidos por um único conceito abstrato Nietzsche diz que, quando Tales diz que tudo é água, diferentemente dos poetas, ele não apela pro divino/sobrenatural. Logo, ele não tá fazendo mais religião/mito e, nesse sentido, ele se aproxima das ciências exatas (que também estão se desenvolvendo nesse período). Mas ele também se distancia delas pois não tem que provar empiricamente a sua teoria (tudo é água). A filosofia não é um discurso que apela pro sobrenatural divino (poetas) e nem um discurso que pretende provar empiricamente o que diz. Ela se afirma como um discurso puramente especulativo e abstrato. Nietzsche diz que a afirmação de Tales de Mileto é filosofia pois nela já havia o embrião do que iria ser a metafísica (Platão). A ideia de que o físico (que é múltiplo) é compreendido por um único conceito inteligível, abstrato (água). Assim, a água, nessa frase, é um conceito inteligível, um conceito metafísico, e não a água propriamente dita. Nietzsche diz que não importa que ele diz que é água. Importa que ele diz que o múltiplo é um (ideia de que há uma unidade por trás do múltiplo, por trás de tudo).

Meta – para além; metafísica -> para além do físico, isto é, o transcendente. 2.

Origem individual / instantânea (aconteceu com Tales e pode acontecer com qualquer um no séc XXI, diferente da origem histórica, que ocorreu no séc VI a.C.) Tanto Platão como Aristóteles reconhecem que se perguntar sobre as coisas é algo próprio do filosofar e daquele que se abre pra experiência filósofica. Thauma (termo grego)  espanto, admiração, perplexidade, maravilhamento, aterrorizante  espanto que gera pergunta Muitas vezes, lidamos com a pergunta num plano de decisão, de serventia, de instrumentalização. A pergunta filosófica NÃO é assim! O tipo de pergunta filosófica é de outra ordem, é aquela pergunta que não vai trazer, necessariamente, um resultado concreto, prático, objetivo. Pelo contrário. No geral, o questionamento filosófico não tem resultado dessa ordem, não pode ser instrumentalizado. Mas o fato de que ele aconteça pode significar a origem da filosofia para o indivíduo.

De acordo com o texto, a filosofia não se coloca para a maior parte das pessoas por não ser necessária, pela falta de interesse, etc. Mas, quando acontece, ela se dá a partir do espanto (thauma). Esse espanto, por sua vez, ocasiona um sentimento como se a pessoa estivesse perdendo o chão, o paradigma, o parâmetro, o fundamento, o apoio. Da perspectiva filosófica tudo pode ser tirado do lugar, inclusive o chão. - Sofista: o sábio, especialista na retórica, persuasão. Só se preocupa com a forma, não com o conteúdo. Se preocupa em convencer o ouvinte (advogados, professores, marketing, políticos...). Esgota e possui o saber. - Filósofo: não se coloca como sábio, se coloca como aquele que, apesar de amar o saber, não o possui. Para o filósofo, o saber não é um objeto, no sentido de objeto de posse, mas sim no sentido de objeto de estudo. O filósofo cultiva uma relação com o saber – ninguém possui quem ama. Depois que se torna amante da sabedoria, o filósofo torna-se amante do próprio espanto, que é a experiência que o joga na atividade da busca pelo saber. O filósofo é alguém que sabe manter viva a capacidade de se espantar. Para ele, nada é óbvio e tudo é, realmente, de pasmar! Nada escapa ao seu questionamento. Segundo o texto, todas as atividades, em maior ou menor grau, sendo consideradas ciências exatas ou humanas, teriam sua definição previamente estabelecida para que, a partir daí, essa atividade fosse realizada na prática. Com a filosofia não é assim. A pergunta “o que é a química?”não é uma questão química. A pergunta “o que é filosofia?” é uma questão filosófica que abre espaço para inúmeras respostas, ou nenhuma resposta. Essa pergunta está em aberto e pressupõe o exercício da filosofia. Ao perguntarem a 10 filósofos sobre o que é a filosofia, 3 ficarão em silêncio, 3 darão respostas pela tangente e os outros 4 darão resposta totalmente desencontradas. Algum, provavelmente dirá que a filosofia é a ciência com a qual ou sem a qual o mundo permanece igual  filosofia inútil. E, entre os 10 filósofos, 1 certamente se insurgirá contra o seu colega engraçadinho e dirá que a filosofia é justamente a ciência com a qual não é possível ao mundo permanecer tal e qual. Ambos têm razão (filosofia é inútil a

partir da perspectiva utilitarista). Talvez, uma das características da questão filosófica seja o fato de suas respostas, ou tentativas de resposta, jamais esgotarem a questão. A filosofia não nos traz uma resposta, mas é como um motor que impulsiona todas as outras ciências a chegarem aos seus incríveis resultados. Sem a filosofia na Grécia antiga, a sociedade Ocidental não teria se desenvolvido dessa maneira. PS: Filosofia da identidade = desqualifica a diferença Platão diz que a verdade das cadeiras não está na diferença entre elas, mas na sua identidade, naquilo que é igual (ou seja, serve pra sentar). Ele diz que devemos olhar menos pras diferenças e olhar mais pra aquilo que é homogêneo, único, idêntico. Assim, a verdade, pra Platão, está ligada à identidade das coisas....


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