Práticas Laboratoriais de Neuropsicofisiologia PDF

Title Práticas Laboratoriais de Neuropsicofisiologia
Course Práticas Laboratoriais de Neuropsicofisiologia
Institution Universidade do Porto
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Resumo das aulas práticas de laboratório de Neuropsicologia...


Description

______________________ Práticas Laboratoriais de Neuropsicofisiologia

Noções elementares 

O que são “práticas laboratoriais de neuropsicofisiologia”? É no âmbito da Neuropsicofisiologia que os conhecimentos biológicos se cruzam

com os psicológicos. A maior parte destes trabalhos são realizados em laboratório. - Investigação laboratorial – o ritmo cardíaco e a transpiração são duas variáveis fisiológicas, saindo do laboratório é difícil controlar estas variáveis, daí a maior parte da

3º ano, 1º semestre

investigação ser feita em meio laboratorial, onde o controlo das variáveis é mais rigoroso; - Aplicações clínicas – é possível usar sinais fisiológicos para fazer inferências sobre possíveis estados mentais. Por exemplo, é difícil ensinar relaxamento e muitas vezes as pessoas ao tentarem relaxar ficam ainda mais nervosas. Mas se ligarmos as pessoas a um polígrafo é mais fácil de ensinar um relaxamento porque a pessoa vai ver de imediato a aplicação e resultados do que está a fazer. O neuromarketing é outro exemplo de aplicação: colocam-se eléctrodos na pessoa enquanto ela vê anúncios publicitários ou passeia pelo shopping, o que permite estudar a actividade cerebral sempre que algo lhe desperta a atenção. 

O que é um "índice psicofisiológico"? - Noção de sinal fisiológico que permite o estudo de processos psicológicos.

Quando é que o sinal fisiológico adquire o estatuto de índice neuropsicofisiológico? Quando pode ser usado para indiciar estados mentais – emocionais, psicológicos, etc, é usado como um indicador de estados mentais. Nem sempre é necessário equipamento para detectar estados mentais (como vergonha, detectável através do rubor). 

O que é um "índice (psico)neurofisiológico"? Os neurónios têm actividade neurofisiológica, têm uma parte eléctrica que ao ser

analisada e medida em laboratório indicia a ocorrência de estados mentais. Índices Neuropsicofisiológicos Classificação conforme o sinal: - Pertencentes ao SNC EEG; ERP; BEAM; Imagiológicas - Pertencentes ao SNS ou Sensório-motor EMG e Registo do Ritmo Respiratório - Pertencentes ao SNA ECG; PPG; EDG; Temperatura Cutânea; Actividade Pupilar Funções dos Índices Neuropsicofisiológicos Função descritiva: - da resposta; - do sistema;

3º ano, 1º semestre

- do estímulo.

Função explicativa: tentar explicar porque é que as diferenças existem, será que o sujeito A estava a ver algo diferente do sujeito B? Será que um deles é mais empático? Noções elementares - Lei dos Valores Iniciais (LVI) - “A resposta psicofisiológica particular a uma dada situação-estímulo depende do nível de pré-estimulação do sistema em estudo” (Wilder, 1957, 1967, 1976) 

Corolários:

- Quanto maior for o nível inicial, menor será o aumento da resposta psicofisiológica à situação-estímulo (e vice-versa). - Quanto maior for o nível inicial, maior será o decréscimo produzido por estímulos capazes de causar decréscimo (e v-v). - Exemplos da aplicação experimental da lei: podemos obter resultados diferentes daqueles que esperamos devido a diferentes valores iniciais – numa determinada experiência os homens podem aparecer como sendo mais reactivos se não formos rigorosos nas condições experimentais (as mulheres podem vir de uma corrida e os seus valores iniciais já serem altos, daí a variação depois ser mais pequena, por exemplo).

Quando

trabalhamos

com

sinais fisiológicos é

fundamental

que

todos os grupos em

comparação

partam

condições

de

iniciais

equivalentes, senão



com os resultados

finais, que podem

ser

inicialmente

opostos

ao

interferência

esperado.

3º ano, 1º semestre

Lei dos Valores Iniciais (LVI) Restrições: - A LVI tem maior valor preditivo para índices cardiovasculares (RC, Pressão/Volume Sanguíneo) e respiratórios (RR) do que para índices dérmicos (CEP e Temperatura Cutânea). - O valor preditivo da LVI depende das condições experimentais, das situações-estímulo e da reactividade individual. Predomínio do SNS: pessoas sempre em estado de alerta, mais nervosas e dinâmicas, irrequietas. Predomínio do SNP: pessoas muito tranquilas, nada as afecta. Noção de Balanço Autónomo (Ā) - Refere-se ao grau de domínio que o SNS/SNP exerce em cada indivíduo, propondo a análise do comportamento no contexto desse balanço; - Representa-se por um valor (Ā) empiricamente derivado de funções autónomas (CEP, RC, RR, PS, ...); - Ā elevado indica predominância do SNP enquanto que Ā baixo indica predominância do SNS; - Os valores Ā individuais mantêm-se relativamente constantes ao longo do tempo; - O Ā interactua com os valores iniciais na intensidade e direcção das respostas. Um

balanço

autónomo

muito

alto

ou

baixo

traduz-se

em

diferenças

comportamentais. Não basta conhecer o balanço autónomo dos indivíduos, temos que conhecer o balanço autónomo. Se fizermos experiências com grupos grandes não há grandes disparidades porque há sempre parassimpaticotómios que anulam o efeito de simpaticotómicos. Com grupos pequenos temos que fazer previamente o balanço autónomo de cada um. Distribuição do Ā na população normal - O Ā está relacionado com estilos temperamentais. -

Baixos

Ā

reflectem

padrões

de

actividade

psicofisiológica comuns em pessoas com tendências de personalidade

de

tipo

neurótico

e

desordens

psicossomáticas.

estre

Noção da relação cardíaco-somática - A desaceleração cardíaca parece estar associada com a inibição de actividades somáticas irrelevantes para a tarefa; - Reflecte a actuação de um mecanismo neurofisiológico que ajusta a actividade cardíaca às necessidades metabólicas; Corolário: - As respostas cardíacas facilitam a preparação de respostas comportamentais e o respectivo desempenho. Restrições: - A relação cardíaco-somática é mais evidente em paradigmas experimentais em que o sujeito é passivo; - Quando a situação-estímulo implica o envolvimento emocional activo do sujeito a resposta cardíaca é mais mobilizada do que as somáticas. Conceito de activação (Arousal) - Refere-se ao grau/intensidade da actividade fisiológica e psicológica; - Envolve a actividade da FR, TC, SNA – sistema nervoso autónomo e sistema endócrino e vários sistemas de neurotransmissão (acetilcolina – transmissor com importância na atenção, serotonina, noradrenalina e dopamina): 

Expressa-se nos sinais fisiológicos (RC, PS, CEP…), e neurofisiológicos (EEG);



Expressa-se no funcionamento mental (atenção, velocidade de processamento, sensibilidade sensorial, nível de vigília, “consciência”,…);



Expressa-se no comportamento (TR, movimento,…).

O nosso sistema nervoso está sempre a funcionar e o nível de activação vai variando, temos flutuações no nível de activação do sistema nervoso. O nosso próprio comportamento também se vai manifestando em função desse nível de activação. Tem que haver um nível de ajustamento entre o nível de activação e a actividade que está a ser desempenhada. Como podemos estudar o nível de activação e o desempenho das pessoas? Vejamos o exemplo do efeito da activação na condução. Numa travagem repentina mede-se o tempo de reacção de um grupo que tomou estimulantes, um grupo que tomou sedativos e um grupo que tomou placebos. É de esperar que as pessoas que tomaram estimulantes reajam mais rapidamente, mas também cometam mais erros, ao passo que as pessoas que tomaram sedativos respondam lentamente. Exemplo da aplicação da noção de activação:

3º ano, 1º semestre

- O

desempenho comportamental melhora com o

aumento da activação psicofisiológica até um "ponto óptimo" para a tarefa; - A partir desse ponto, aumentos da activação produzem um decréscimo do desempenho. Níveis de activação baixos são maus para o desempenho, mas níveis demasiado altos também são maus. Atinge-se um ponto de activação óptimo para o qual o desempenho baixa se a activação aumenta. Há uma relação entre nível de activação e desempenho, mas esta relação não é linear. Notas: A lei dos valores iniciais não é tão importante para amostras grandes, porque há sempre algumas pessoas com valores elevados e outras com valores baixos, que se anulam). As pessoas simpaticotónicas têm um balanço autónomo baixo. Os valores inicias combinam-se com o balanço autónomo. Relação entre funcionamento cardíaco e somático: - Experiência de atenção focalizada: o ritmo cardíaco diminui porque não é preciso actividade orgânica corporal (não nos vamos mexer). Não há uma relação linear entre o nível de activação fisiológica e o desempenho. - Neurofeedback: ajuda a pessoa a encontrar o seu nível de activação óptimo. Conceito de activação (Arousal) Restrições: - Não existe apenas uma, mas várias formas de activação: Central, Autonómica, Somática e Comportamental. - A interdependência entre formas de activação não é linear, e.g., o ↑ do RC pode ser acompanhado por < activação cortical e a ↓ do RC pode ser acompanhada por ↑ da CEP (condutância eléctrica da pele) – coloca-se dois eléctrodos na pele e mede-se a corrente que passa de um para o outro. A corrente passa mais facilmente quando a pele está mais transpirada (e o investigador pode medir esta quantidade de suor). Isto acontece, por exemplo, em provas de atenção, em que se pode fazer então inferências de tempos de reacção simples. Quando tende a aumentar o nível de activação do sistema nervoso central tende a

aumentar

o

nível

de

activação

do

sistema

nervoso

periférico.

Mas

esta

interdependência não é linear. Há casos em que o ritmo cardíaco aumenta e há diminuição da activação cortical (SNS), por exemplo, como quando apanhamos um susto.

3º ano, 1º semestre

Exemplo do fenómeno de activação diferencial:

O

mesmo

grupo

efectuou quatro tarefas

de

participantes

diferentes

e

registou-se o ritmo cardíaco e da condutividade da pele em cada um dos momentos. Atenção visual (responder afirmativamente sempre que aparecer uma bola verde, por exemplo). Escuta empática (auscultadores e ouve-se uma história com a qual o participante se identifica). Raciocínio: problemas de aritmética. Evitamento da dor: 3 a 5 segundos de se ouvir o bip há um choque. O ritmo cardíaco é regulado pelo sistema nervoso autonómico. O sistema nervoso simpático aumenta e o ritmo cardíaco parassimpático diminui. Cenário 1: sistema nervoso parassimpático superou o simpático: ritmo cardíaco diminui. Nota: todos os nervos que enervam as glândulas sudoríparas são simpáticos. O nível de activação do sistema nervoso simpático sobe. Conceito de Habituação - Fenómeno que se traduz no decréscimo progressivo da reactividade psicofisiológica a um dado estímulo consequente à apresentação repetida desse mesmo estímulo; - Corolário: a apresentação de um estímulo novidade ou inesperado leva a um aumento da reactividade; - A habituação possui um valor adaptativo e revela a capacidade de auto-organização do sistema. A habituação é resistente a estímulos nocivos: não nos habituamos a meter a mão no fogo, por exemplo. Os recursos orgânicos e meios usados para percepcionar um estímulo baixam com as sucessivas administrações desse estímulo. A neuropsicofisiologia permite quantificar a habituação. O declive da recta permite avaliar a habituação do sujeito para aquele estímulo.

3º ano, 1º semestre

Ao fim de algumas vezes os efeitos positivos deixam de se verificar. Aprendizagem por condicionamento

A a

experiência

capacidade

de

do pequeno Albert mostra aprendizagem

associação: qualquer

objecto

desencadeava

resposta no menino.

uma

Exemplo

do

por branco

fenómeno da habituação

Reactividade fisiológica

a

diferentes

choques intensidades

de em

gatos (Thompson, 1966) Um conjunto de gatos recebeu choques de diferentes intensidades. Quando são administrados choques de 45 volts não há qualquer habituação – a habituação é resistentes a estímulos que possam ser nocivos à saúde. O nosso organismo mobiliza cada vez menos recursos para processar estímulos habituais. Restrições: - A Habituação é menos pronunciada face a estímulos intensos, importantes, raros ou complexos - se o estímulo for importante é necessário que sejam mobilizados recursos e se for novo é necessário conhecê-lo.

3º ano, 1º semestre

- Quando a magnitude das respostas simpáticas ao estímulo é elevada, o nível de activação pós-resposta pode baixar a níveis inferiores aos observados antes da ocorrência

do

estímulo (Rebound).

Noção

de

Reflexo de Orientação

-

ao

reflexo

Refere-se

neurofisiológico

que

conduz

à

focalização da atenção em estímulos novos e/ou de intensidade baixa-moderada, potencialmente importantes, facilitando a percepção e resposta ao estímulo. - Modelo de comparação neuronal (Sokolov): 

O RO resulta de um processo de comparação cortical entre a representação neuronal do estímulo novo e a representação neuronal, mantida em memória, dos estímulos anteriores; se existe desigualdade, o RO é desencadeado.



Corolário: a habituação elimina o RO. O reflexo de orientação é acompanhado por outras alterações fisiológicas, e

neuropsicológicas, para além de motoras. A habituação diminui o reflexo de orientação. Reflexo de orientação: Ritmo Este

cardíaco padrão

(aumenta em

quatro

para

a

fases

estabilização): evidencia

o

reflexo

de

orientação, e que se está a prestar atenção ao estímulo. Noção de Reflexo de Defesa (nome técnico para o “susto”) - Refere-se ao reflexo fisiológico a estímulos de intensidade elevada, potencialmente nociva, protegendo o sujeito contra os efeitos nocivos do estímulo. 

O RD apresenta maior resistência à Habituação;



O RD tem associado o aumento inicial do RC.

- Hipótese da atracção-rejeição (Lacey e Lacey; Graham e Clifton, 1966): 

RC é principal índice diferenciador do RO e RD (desaceleração cardíaca = atitude atencional de aceitação Vs aceleração cardíaca = atitude atencional de rejeição). O reflexo de sobressalto refere-se à componente motora.

3º ano, 1º semestre

: reflexo de habituação. : preparação para o reflexo de defesa/ de emergência. Atitude de evitamento de um estímulo, tentamos bloqueá-lo. A diminuição do ritmo cardíaco acontece quando se está muito muito atento a um estímulo ao tentar-se captá-lo. Exemplo do Reflexo de Defesa

Caracterização

diferencial

do

RO e RD

Reflexo

de

orientação: Reflexo

de

defesa:

Especificidade Individual de Resposta (EIR) 

Cada indivíduo apresenta um padrão de resposta psicofisiológica característico à maior parte das situações-estímulo, i.e., é possível encontrar uma certa constância nas respostas de um indivíduo numa variedade de situaçõesestímulo. Por outras palavras, cada pessoa tem uma forma individual de responder a determinado estímulo (ex. Balanço autónomo).

Especificidade Estímulo-Resposta (EER) 

Para uma mesma situação, o padrão de actividade psicofisiológica individual é similar, i.e., espera-se um padrão consistente de respostas psicofisiológicas a determinada situação-estímulo, podendo variar em situações diferentes. Em outras palavras, perante o mesmo estímulo temos uma resposta idêntica, independentemente do nosso peso, nacionalidade, altura, etc. (Por exemplo, a

3º ano, 1º semestre

nossa resposta a uma queimadura, a um choque eléctrico, a uma picada, é a mesma). Para estímulos indutores de emoções primárias, as respostas são universais. Corolários da EER (e exemplos do valor preditivo):

 o

Quando confrontados com a mesma situação-estímulo, não são de esperadas diferenças entre as respostas psicofisiológicas de diferentes indivíduos

o

Com a mudança da situação-estímulo, são de esperar mudanças nos padrões de resposta psicofisiológica

o

Não são de esperar diferenças entre indivíduos nos diferentes padrões de resposta psicofisiológica caracteristicamente elicitados por diferentes situações estímulo

(i.e.,

diferentes

respostas

emocionais

a

diferentes

estímulos

emocionogéneos tendem a ser similares entre indivíduos) Por exemplo, uma cobra desencadeia medo mas se a virmos num aquário o medo pode ser controlado pois está contextualizado.

Legenda: a branco temos o grupo de controlo (estudantes) sendo que um deles foi exposto à visualização de filmes que envolviam consumo de droga e outro à visualização de filmes que envolviam a prática de crimes. A preto temos um grupo que visualizou filmes que envolviam droga consumida por delinquentes enquanto o outro visualizou filmes que envolviam a prática de crimes por delinquentes. Ao analisarmos este gráfico podemos observar que há uma grande diferença entre a primeira e a segunda coluna. Mudando o estímulo nos sujeitos do grupo controlo a

muda-se

resposta

emocional.

3º ano, 1º semestre

Bases neurofisiológicas: Índices periféricos 

ECG e PPG o

Circuito Pulmonar Vs Sistémico Normalmente falamos em sistema cardio-vascular mas na verdade temos 2 circuitos, pulmonar e sistémico. No caso do ECG e PPG apenas o circuito sistémico é relevante.

o

Importância do Circuito Sistémico para a PTG.

o

Células intervenientes na função cardíaca:  Geradores de ritmos/impulsos eléctricos (nódulos) Há células de natureza nervosa que se juntam formando núcleos e têm a capacidade de gerar descarga eléctrica, ou seja, criam o ritmo cardíaco.  De condução  De contracção (do tipo muscular)

  O que regula o ciclo cardíaco é o Sistema Nervoso Periférico. É este que faz com que o ciclo acelere ou desacelere. Existem vários factores que podem influenciar o ritmo cardíaco. Por exemplo, quando está calor podemos ficar com taquicardias e quando está frio o ritmo cardíaco fica mais lento (influência da temperatura). O hipotálamo recebe informação dessas condições respiração,

orgânicas etc.)

e

(temperatura, ordena a activação do

3º ano, 1º semestre

sistema nervoso simpático (neurónios do SNS fazem sinapse com neurónios do nódulo SA – sino-auricular – e produzem descargas que vão ser encaminhadas para as aurículas fazendo-as contrair com a ajuda das fibras), ou do sistema nervoso parassimpático (o SNP vai inibir as descargas do núcleo SA, impedindo a contracção das aurículas). O feixe de Hiss é responsável, embora não de forma exclusiva, pela contracção dos ventrículos.



Os pot...


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