Psicologia da gravidez, parto e puerpério PDF

Title Psicologia da gravidez, parto e puerpério
Author Gabriele Rizzatto
Course Desenvolvimento Humano
Institution Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões
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Summary

Resumo construído com anotações realizadas em aula e com conteúdo de material expositivo fornecido pelo professor....


Description

Desenvolvimento Humano I

Psicologia da gravidez, parto e puerpério O Amor Materno – Contexto Histórico • •

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Podemos entender o significado da gravidez na vida de uma mulher por meio da história; Eva representa a mulher pecadora, erotizada, que induziu o homem ao pecado. Por outro lado, Maria é a representação da maternidade santificada, da pureza e da doação completa ao filho; A assistência ao parto era realizada exclusivamente por mulheres – parteiras, mães, irmãs, vizinhas – e o homem não estava incluído nesse cenário; A medicalização do parto teve início com a primeira cesárea, realizada em 1500, quando um homem – que era castrador de porcos – realizou o procedimento em sua mulher, que estava muitas horas em trabalho de parto; O instinto materno – de cuidado, proteção, amamentação, principalmente após o nascimento do filho – não está presente em todas as mulheres, e está mais relacionado a fatores culturais do que biológicos. Ex.: amas de leite do século XVI; a mãe não cuidava e não mantinha um vínculo com o filho; No século XVI, sob grande influência da religião, a sexualidade foi dissociada da maternidade. A mãe era uma figura pura, desprovida de sexualidade; A castidade e fidelidade eram princípios fundamentais. No século XVII, filhos ilegítimos eram abortados, mortos ou abandonados; No século XVIII, a mãe era a responsável pela educação dos filhos até os sete anos; A família era fundamentada no amor materno, e era a mãe quem mantinha um contato físico maior com os filhos e desenvolvia um vínculo afetivo mais forte; Devido a importância atribuída à mãe e ao vínculo mãe-filho, tentativas de aborto e recusa em amamentar eram consideradas crime; A fecundação era separada do prazer sexual. O prazer era visto como algo supérfluo e contraindicado. Acreditava-se que a mulher frígida fecundaria melhor pela passividade, pois o prazer atrapalhava a fecundação; Como não existiam métodos contraceptivos, o desejo de reduzir a prole levava ao envolvimento do homem com prostitutas (prostitutas: prazer; esposa: fecundação); Relações sexuais durante a gravidez eram consideradas desnecessárias, pois o desejo maior, que era o de engravidar, já estava satisfeito. Durante a amamentação, a relação sexual também não era praticada, pois “estragava o leite”; No final do século XIX, a melhor higiene permitiu o uso do leite de outros animais para a amamentação dos filhos, fato que “liberava” a mãe para a realização de outras atividades; No século XX, sob influência da psicanálise, a mãe passa a ser responsabilizada pelos problemas do filho (ocupa papel central na família, de devoção e sacrifício); No século XXI, o pai passa a ser mais presente e cumprir papel mais importante no processo gestação – criação filhos.

Crise e transição existencial

Gabriele Rizzatto – Medicina URI|ATM 2024

Desenvolvimento Humano I •

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Crise pode ser definida como “período temporário de desorganização no funcionamento de um sistema aberto, precipitado por circunstâncias que transitoriamente ultrapassam a capacidade do sistema de adaptar-se interna e externamente”; Existem crises previsíveis e imprevisíveis; Na mulher, alguns exemplos de crises previsíveis são: adolescência, gravidez e climatério; A gravidez pode ter diversos significados simbólicos: concretizar uma relação amorosa, desejo de transcendência e continuidade, manter vínculos desfeitos, dar um filho para a mãe, competir com irmãos, preencher um vazio de um companheiro, buscar uma extensão de si próprio, preencher lacunas na vida dos pais; Fatores hormonais e psicológicos conferem ao período da gravidez um estado psicológico peculiar; A ansiedade afeta equilíbrio hormonal – inibição da ovulação, suspensão da menstruação, pseudociese (gravidez fantasma).

Primeiro trimestre de gestação • • • • • • • • •

Percepção da gravidez pode ocorrer antes do exame clínico; Ambivalência afetiva – não existe gravidez totalmente aceita ou totalmente rejeitada; Fantasias de aborto – medo de defecar; Hipersonia – processo de regressão e identificação com o feto; Náuseas e vômitos – hormônios e aspectos psicológicos (ambivalência – simbolismo do vômito: “colocar para fora” seus medos, dúvidas e incertezas); Desejos e aversões à comida: superstições e folclore; compensar déficits nutricionais; necessidade de atenção e regressão, alterações do paladar e olfato; Aumento de apetite e aumento de peso – feto “parasita” – amamentação; Medo de ter um filho com deficiência; Oscilações de humor – maior sensibilidade e irritabilidade.

Segundo trimestre de gestação • • •



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Mais estável emocionalmente; Percepção dos movimentos fetais – personificação do filho – interpretação dos movimentos; Impacto no homem: formação de uma situação triangular adulta (quando sente os movimentos fetais a situação se torna algo mais real e palpável para ele). Pode ocorrer vivência regressiva de rivalidade fraterna (pai acha que vai perder a atenção da mulher com o nascimento do filho); Alterações no desejo e desempenho sexual – algumas mulheres se sentem mais maduras e femininas – sexualidade adulta. Outras sentem desinteresse – cisão entre maternidade e sexualidade, fato que causa muitos conflitos conjugais, medo de prejudicar o feto, depressão materna, fatores culturais; Mudanças corporais – orgulho do corpo grávido ou deformação do corpo? Medo de prejudicar a relação conjugal/medo da irreversibilidade; Introversão e passividade – necessidade de afeto, cuidado e proteção. As que mais recebem mais conseguem dar após ao bebê;

Gabriele Rizzatto – Medicina URI|ATM 2024

Desenvolvimento Humano I •

Disponibilidade emocional do pai – para dar suporte e ajudar a mulher / maternalizar a mãe (marido não consegue manter relações sexuais) / amamentação.

Terceiro semestre de gestação • • •

Proximidade do parto e mudanças na rotina/aumento de ansiedade; Medo de morrer no parto, medo do alargamento vaginal, dilacerar os órgãos genitais, de não ter leite, de ficar prisioneira do bebê; Importância do acompanhamento pré-natal e grupo de gestantes (não somente para a gestante, mas também para a família da gestante).

O parto • • • • • • • • • • • • • •

Período curto, mas de muitas vivências e expectativas; Medo de não reconhecer o trabalho de parto, quando procurar o médico; Temor à dor, à perda de controle; Medo da morte, de ser dilacerada; Situação de vulnerabilidade; Medo dos procedimentos e do ambiente hospitalar; O desempenho no parto está ligado ao pré-natal e a história de vida; Medo – imprevisibilidade; Excesso de tecnicismo – orientação à gestante (respiração e relaxamento); Não valorização de apenas um tipo de parto, escutar as fantasias; Recursos médicos – analgesia, monitoramento fetal; Observar desejo do casal – pai acompanhar; Acolhida do feto de modo afetivo; Importância do médico – relação de confiança.

Puerpério • • • • • •



Período de maior fragilidade psíquica; Relação mãe-bebê ainda pouco estruturada, predomínio de comunicação não-verbal intensamente mobilizadora; Ansiedade e sintomas depressivos são comuns; Necessidade de amparo e proteção – não confundir com depressão patológica; 70% a 90% puérperas – estado depressivo brando e transitório; Lutos: • Perda do corpo gravídico; • Não retorno imediato ao corpo original; • Separação do bebê; • Bebê idealizado x bebê real; • Necessidades próprias relegadas pelas necessidades do bebê; Depressão pós-parto: perturbação do sono e apetite; decréscimo de energia; sentimentos de desvalia ou culpa; pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida; sentimentos de inadequação e rejeição ao bebê;

Gabriele Rizzatto – Medicina URI|ATM 2024

Desenvolvimento Humano I • • •

Amamentação: medo de ficar eternamente ligada ao bebê, preocupação com a estética das mamas; Puerpério do companheiro: ativo ou excluído; reorganização e redirecionamento da sexualidade; Foco no bebê – a mulher precisa ser cuidada.

Gabriele Rizzatto – Medicina URI|ATM 2024...


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