Rápido e Devagar - Kahneman - Resumo Capítulo 35 - Resumo PDF

Title Rápido e Devagar - Kahneman - Resumo Capítulo 35 - Resumo
Course Economia Comportamental
Institution Universidade Estadual Paulista
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Rápido e Devagar - Kahneman - Resumo Capítulo 35 - Resumo...


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Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar – Daniel Kahneman (Prêmio Nobel de Economia de 2002) Capítulo 35 – Dois Eus – Resumo Introdução / Apresentação do Capítulo Kahneman aproveita o início da parte 5 de seu livro, com início no capítulo 35 (Dois Eus), para apresentar a terminologia por ele adotada no desenvolvimento de seus argumentos, e diferenciá-los daqueles utilizados por Jeremy Bentham em Introdução aos princípios da moral e da legislação. Aprofundando a discussão a respeito dos termos utilizados no trabalho de Kahneman, declara-se que Bentham não encontrara palavra melhor que utilidade para se referir às experiências de dor e prazer dos seres humanos. Deste modo, com a finalidade de se distinguir da interpretação que Bentham faz do Termo, Kahneman opta por utilizar um conceito chamado Utilidade Experimentada (experienced utility). Kahneman, ainda, preza por delimitar a palavra utilidade em mais um sentido diferente que, segundo o próprio autor, é utilizado pelos economistas com a significação de “desejabilidade”, e que Kahneman gostaria de chamá-la de Utilidade de Decisão (Decision Utility).

Utilidade Experimentada Kahneman relembra um problema por ele elaborado na época em que trabalhava com Amos na teoria da perspectiva. Este problema dizia respeito às possíveis discrepâncias entre a utilidade experimentada e a utilidade de decisão. “Um tomador de decisão que pague diferentes quantias para atingir o mesmo ganho de utilidade experimentada (ou ser poupado da mesma perda) está cometendo um erro. Você talvez ache essa observação óbvia, mas em teoria da decisão, a única base para julgar que uma decisão está errada é a inconsistência com outras preferências” (Kahneman, 2011).

Experiência e Memória A questão central do tópico versa a respeito das formas de mensuração da utilidade esperada. Menciona-se, por exemplo, que o economista britânico Francis Edgeworth se preocupava com esta temática ainda no século XIX, propondo a criação de um “hedonímetro”, instrumento que, de acordo com Kahneman, é “[..] imaginário análogo aos dispositivos utilizados nas estações meteorológicas, que mediria o nível de prazer ou dor que um indivíduo experimenta a um dado momento.” (Kahneman, 2011). Sugere-se, ainda, que a utilidade experimentada poderia variar da mesma forma como a pressão atmosférica ou a temperatura ambiente variam - ao longo do tempo. Em seguida, são mencionados experimentos - realizados no início dos anos 1990 - em que dois pacientes passam por um doloroso procedimento de colonoscopia,. Obs: atualmente estes exames são administrados com anestesia e medicação amnésica. Entretanto, tais

substâncias não eram usadas na época do estudo. Dessa forma, pedia-se aos pacientes para que indicassem o nível de dor que experimentavam no momento (em uma escala de zero a dez), a cada sessenta segundos. Requisitava-se, ademais, que os participantes classificassem a “quantidade total de dor” que haviam experimentado ao longo do processo. Tendo dito isto, parte-se para a aferição dos resultados: ●



“Regra do Pico-fim (peak-end-rule): a classificação retrospectiva global foi bem prevista pela média do nível de dor relatado no pior momento da experiência e em seu fim.” (Kahneman, 2011) Negligência com a duração (duration neglect): a duração do procedimento não exerceu o menor efeito nas avaliações de dor total

Temos, portanto, dois modos de mensuração da utilidade experimentada: o total do hedonímetro e a avaliação retrospectiva - que são diferentes (kahneman, 2011). “[...] as descobertas deste experimento e de outros mostram que as avaliações retrospectivas são insensíveis à duração e dão peso a dois momentos singulares, o pico e o fim, muito maior que a outros. Então qual deve ter importância? o que o médico deve fazer? A escolha tem implicações para a prática médica.” (Kahneman, 2011). Nesse sentido, o autor continua: “Se o objetivo é reduzir a lembrança de dor dos pacientes, baixar o pico de intensidade de dor poderia ser mais importante do que diminuir a duração do procedimento. Pelo mesmo raciocínio, o alívio gradual pode ser preferível ao alívio abrupto se os pacientes conservam uma melhor lembrança quando a dor no fim do procedimento é relativamente branda.” (Kahneman, 2011). “Se o objetivo é reduzir a quantidade de dor realmente experimentada, conduzir o procedimento com rapidez talvez seja apropriado mesmo que fazer isso aumente o pico de intensidade de dor e deixe os pacientes com uma péssima lembrança.” (Kahneman, 2011). Este dilema acima evidencia o conflito entre os Dois Eus. o Eu experiencial (experiencing self) e o Eu Recordativo (Remembering Self)

Que Eu deve ser levado em consideração? Este tópico tem por objetivo demonstrar o poder da tomada de decisão do Eu recordativo. Por este motivo, Daniel Kahneman nos apresenta a mais um experimento conduzido por ele e por seus colegas, chamado de “Situação da mão gelada” ou cold-pressor, ou vasoconstritor. O que se pôde observar foi que o eu recordativo, através de regra do pico-fim preferiu escolher uma experiência de maior duração, porém com diminuição gradual do pico da dor. Tais resultados assemelham-se aos observados no efeito chamado “menos-é-mais”, uma

vez que “o mesmo traço operante do sistema 1 explica as três situações: o Sistema 1 representa conjuntos por médias, normas e protótipos, não por somas.” (Kahneman, 2011)

Biologia Versus Racionalidade “Se a utilidade da decisão não corresponde à utilidade experimentada, então alguma coisa está errada com a decisão.” (Kahneman, 2011). “Decisões que não produzem a melhor experiência possível e prognósticos errôneos de futuras sensações - ambas são más notícias para os adeptos da racionalidade da escolha. O estudo da mão gelada mostrou que não podemos confiar totalmente que nossas preferências vão refletir os nossos interesses, mesmo que estejam baseadas na experiência pessoal, e mesmo que a lembrança dessa experiência tenha sido impressa nos últimos 15 minutos! Gostos e decisões são moldados pelas lembranças, e as lembranças podem estar erradas. A evidência representa um profundo desafio à ideia de que os humanos têm preferências consistentes e sabem como maximizá-las, um dos fundamentos do modelo do agente racional. Há uma inconsistência incorporada ao design de nossas mentes. Temos fortes preferências acerca da duração de nossas experiências de dor e prazer. Queremos que a dor seja breve e que o prazer dure. Mas nossa memória, uma função do Sistema 1, evoluiu para representar o momento mais intenso de um episódio de dor ou prazer (o pico) e as sensações quando o episódio estava em seu final. Uma memória que negligencie a duração não terá utilidade para nossa preferência por longos prazeres e sofrimentos curtos.” (Kahneman, 2011).

Frases resumo do capítulo: “Você está pensando em seu casamento fracassado inteiramente da perspectiva do eu recordativo. Um divórcio é como uma sinfonia com um som de arranhões no fim - o fato de que terminou mal não significa que foi todo ruim.” (Kahneman, 2011). “Esse é um mau caso de negligência com a duração. Você está dando à parte boa e à ruim de sua experiência um peso igual, embora a parte boa tenha durado dez vezes mais que a outra.” (Kahneman, 2011)....


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