Reflexão sobre \"A felicidade, desesperadamente\" PDF

Title Reflexão sobre \"A felicidade, desesperadamente\"
Course Problemas Filosóficos e Antropológicos
Institution Universidade do Vale do Rio dos Sinos
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Resumo e reflexão sobre o livro de André Comte-Sponville....


Description

REFLEXÃO SOBRE O LIVRO “A FELICIDADE, DESESPERADAMENTE”, DE ANDRÉ COMTE-SPONVILLE Em A felicidade, desesperadamente, Comte-Sponville problematiza o conceito de felicidade através dos ideais e pontos de vista de diversos pensadores, incluindo os dele próprio. É levantada a seguinte questão: para que serve a filosofia, senão para nos ajudar a ser mais felizes? Segundo o autor, “a filosofia é uma atividade que, por discursos e raciocínios, nos proporciona uma vida feliz [...]. Trata-se de pensar melhor para viver melhor ”. Dessa forma, a felicidade não é um meio, mas um fim; é possível conquista-la através da filosofia e da verdade. Filosofamos para sermos felizes, para adquirir a sabedoria e atingir a beatitude – a vida verdadeiramente feliz. Argumenta-se que só é verdadeiramente feliz quem busca a felicidade através da sabedoria. Para ser, de fato, feliz, não basta ter tudo o que se quer; essa é uma felicidade de êxtase, sem propósito, passageira. É necessário, pois, sabedoria: saber viver. Filosofamos para aprender a viver. Consequentemente, somos felizes! Todos almejam a felicidade, mesmo (e principalmente) os mais infelizes. E o que nos impede de sermos felizes? O desejo. Mas espere aí. Como assim, “o desejo impede que sejamos felizes?” Se eu quero ser feliz, posso simplesmente sê-lo! Sócrates explica que o desejo é falta. Falta de alguma coisa. Logo, se desejamos algo que nos falta, é impossível ser verdadeiramente feliz. Considere que o desejo é algo que não temos e, a partir do momento que passamos a tê-lo, esse objeto deixa de ser um desejo. Essa relação é complexa e paradoxal. Conforme Comte-Sponville, ser feliz não é ter tudo que desejamos, mas uma boa parte. Acontece que só podemos desejar aquilo que não temos e, dessa forma, nunca temos o que desejamos. Lucrécio define esse processo como um ciclo sem fim. Como alguém pode ser feliz não tendo o que deseja, mas o que desejava? Se eu desejo o que não tenho, há falta. Se eu tenho o que desejava, não existe mais falta, mas tampouco felicidade. Nesse caso, ocorre o que Schopenhauer chama de tédio: a ausência da felicidade no lugar de sua presença esperada. Assim, quando é esperada a felicidade, é impossível fugir da decepção. De acordo com Comte-Sponville, sofro “porque eu desejo o que não tenho e sofro com essa falta; tédio porque tenho o que, por conseguinte, já não desejo”. Existe, porém, um contraponto importante a essas questões. Fugindo da ideia de desejo e felicidade duradoura, buscando uma libertação desses pensamentos, chegamos, finalmente, ao prazer e à alegria. Esses sentimentos surgem quando desejamos o que não nos falta. Isso porque não desejamos apenas o que nos falta! Podemos desejar, por exemplo, um copo d’água num dia quente. Ao mesmo tempo que nosso desejo é saciado, sentimos prazer e não, de maneira alguma, tédio. Segundo o autor, “é por isso que podemos ser felizes, é por isso que às vezes o somos: porque fazemos o que desejamos, porque desejamos o que fazemos”! Essa é uma felicidade despretensiosa; em outras palavras, é o próprio ato de ser feliz, sem esperar nada mais. Pessoalmente, acredito que a felicidade seja mais complexa do que se pode colocar em palavras. Podemos perguntar à diversas pessoas “o que é a felicidade?” e receber inúmeras

respostas, cada uma completamente diferente da outra. A felicidade, desesperadamente é um texto profundo e complexo. Não é uma leitura fácil e, para completa-la, devemos nos manter abertos a aceitar ideias e concepções diferentes de felicidade do que estamos acostumados (de maneira confortável, acomodada) a pensar. É incômodo, pois, pensar que não somos felizes, e esse é um aspecto abordado na obra. Entretanto, apesar disso, é importante lembrar-se dos prazeres e alegrias – bem como daquela “boa parte” que temos do que desejamos (ou desejávamos) –, que, muitas vezes, são capazes de nos trazer a felicidade e tornar nossa vida mais agradável – ou, ao menos, tolerável....


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