Resenha Crítica - Que horas ela volta (filme) PDF

Title Resenha Crítica - Que horas ela volta (filme)
Author Maria Beatriz Omena Soares Medeiros
Course Sociologia
Institution Ensino Médio Regular (Brasil)
Pages 2
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Summary

Resenha crítica sobre o filme brasileiro "Que horas ela volta?" de Anna Muylaert, 2015, solicitado na disciplina de Sociologia. Corrigida pelo professor....


Description

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SOCIOLOGIA RESENHA CRÍTICA

FILME: Que horas ela volta? (Anna Muylaert, 2015) O filme brasileiro “Que horas ela volta?” dirigido por Anna Muylaert em 2015 mostra a vivência de uma empregada doméstica (Val) que trabalha/mora na casa de seus patrões de classe média alta. Ademais, o que se passa no filme não é uma situação somente fictícia, é a realidade de muitos cidadãos e famílias brasileiras. O texto “Ralé Brasileira, quem é e como vive” de Jessé Souza e “Invisibilidade Pública”, relatando o “Caso da Vara”, de Fernando Braga da Costa, dão explicações de como essa situação cotidiana, que faz pessoas passarem por um dia a dia humilhante seguindo uma “Violência Simbólica”, ou seja, uma violência que não aparece como tal, devido à naturalização da desigualdade social, visto que ela é reproduzida por meios modernos, que muito se distingue do chicote do senhor de escravos, o que se pode perceber com a frase de Val no filme que certas coisas “já se nasce sabendo”, coisas essas que separam o lugar do rico e do pobre, assim constatando essa naturalização da desigualdade e a “Violência Simbólica”. O texto “Ralé Brasileira, quem é e como vive” também trata de como há uma eternização de privilégios econômicos que é reproduzida somente para poucos, da questão da “Meritocracia” que reina na sociedade e que segundo ela, todos têm as mesmas capacidades e disposições, ou seja, a miséria acaba sendo mero acaso do destino, além de a escola ser tida como um remédio para todos os males da desigualdade, todavia ela já produz os indivíduos nascidos para o sucesso e os nascidos para o fracasso, devido à competição social (característica inata da meritocracia) já está pré-decidida, bem como ter pré-condições sociais, emocionais, morais e culturais. No filme, tanto a filha da empregada, Jéssica, quanto o filho da patroa, Fabinho, vão tentar vaga numas das universidades paulistas mais concorridas. Fabinho, ao perder na primeira fase, tem a oportunidade de fazer uma viagem internacional de 6 meses para poder estudar tranquilo fora e esquecer a decepção de ter perdido, enquanto Jéssica é obrigada a deixar seu filho pequeno na sua cidade no Nordeste para poder vim a São Paulo estudar e tentar a vaga na Universidade. Essa sociedade tem os privilégios como algo justo, merecedor, porém

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o texto deixa claro que a classe alta tem a apropriação desses privilégios devido à herança de sangue de capital econômico, enquanto a classe baixa é desprovida das pré-condições que permitem essa apropriação. É a herança material, transferida por bens, porém mais importante ainda é a herança imaterial, como o estilo de vida, que permitem isso. No caso da classe privilegiada é o que permite casamentos vantajosos, amizades duradouras e acesso a relações sociais privilegiadas, situações que são mostradas ao longo do filme com a personagem Bárbara, a patroa, a qual possui acesso a tais coisas. Essa “Ralé” estrutural, ainda no livro, sofre um abandono social e político que é consentido por toda a sociedade. Para mais, isso ocasiona uma reprodução de indivíduos, ou de uma classe inteira, despreparados para o mercado de trabalho capitalista altamente competitivo, visto que eles já nascem despreparados para a competição social, diferente de outras classes. Dessa forma, se dá a exploração, já que são obrigados a servirem de mera energia muscular, a baixo preço. É o caso das empregadas domésticas, que o filme relata na personagem Val. Outrossim, no livro “Invisibilidade Pública” de Fernando Braga da Costa , pode-se fazer uma associação da época da escravidão e dos tempos atuais (filme), observando o “caso da vara”. No livro, o caso é passado numa cidade patriarcal e escravocrata, onde tudo é pedido a uma escrava que não pode ficar em falta com sua tarefa. Val, a empregada, no filme, segue exatamente isso, além de dormir num pequeno quarto bem nos fundos da casa dos patrões, o que se pode associar com a senzala e a casa grande. Entretanto, nos tempos atuais e filme, o castigo não é mais espancar, e sim humilhar, a humilhação crônica quebra o sentimento de ter direitos, além dessas mensagens de rebaixamento causarem nos humilhados um sentimento de prevenção, de pressentimento, que sempre irão achar que passarão por essas situações. Val e sua filha, Jéssica, que vem morar com ela na casa, passam por essas situações diversas vezes, um exemplo é quando a patroa Bárbara manda esvaziar e limpar a piscina, só porque Jéssica entrou nela. Além do mais, a invisibilidade desses indivíduos é retratada quando Val está servindo as comidas aos convidados na festa de aniversário de Bárbara....


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