Resenha - Filme Amistad PDF

Title Resenha - Filme Amistad
Author Marta Neumann Couto
Course Direito
Institution Universidade Metodista de São Paulo
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Summary

resumo do filme amstad...


Description

História do Direito, Narrativa e Reflexão - Professor José Vilmar da Silva

Resenha do filme: Amistad Baseado em história verídica, tudo se inicia com uma turbulenta jornada marítima numa embarcação que é identificada como "La Amistad". O filme trata de um navio negreiro que no século XIX, em 1839, sofre um enorme revés ao ver os prisioneiros se rebelarem e trucidarem grande parte da tripulação.Isso se deve ao fato de muitos negros, dezenas de africanos, infelizmente, serem sequestrados de seus lares na África para servirem de escravos. A bordo do navio, se libertam das correntes e assumem o comando. Matam a maior parte da tripulação e obrigam os sobreviventes a leva-los de volta à África. Os negros sonhavam retornar à África, mas, os líderes da rebelião, desconhecendo os caminhos marítimos pelos quais conseguiriam voltar para casa, mantêm dois prisioneiros que devem levá-los de volta a África. São traídos e aportam na América do Norte, já que, desordenadamente, navegaram até a costa de Connecticut. Na costa americana o navio espanhol é capturado pela guarda-costeira, contendo 53 escravos negros amotinados a bordo. Ao chegar em território americano, aprisionados, são levados a um grande julgamento, acusados de assassinos, ocasião em que se cria uma enorme polêmica entre os abolicionistas e os conservadores, num período onde as divergências internas do país, entre o norte abolicionista e o sul escravista, caracterizavam o prenúncio da Guerra de Secessão. Os sobreviventes da tripulação pleiteiam a posse da "mercadoria" humana transportada no Amistad, são contestados pela rainha da Espanha, que também quer se apropriar do conteúdo daembarcação (com base no fato de que o navio era de bandeira espanhola); além deles, também os oficiais norte-americanos que apreenderam o barco e controlaram o motim desejam a posse dos cativos para vendê-los. Contra eles se levantam abnegados defensores da liberdade humana, lutando contra a espoliação e a exploração características da escravidão. Capitaneados por Theodore Joadson e defendidos no tribunal pelo jovem e impetuoso advogado Roger Baldwin, os escravos liderados por Cinquédesafiam as leis e impingem um recomeço para a história republicana norte-americana. Contam, para isso, com o auxílio inestimável do ex-presidente John QuincyAddams. A sorte deles depende do jovem advogado que os representa. Porém, como se trata de uma época de reeleição, o destino dos 53 escravos se torna uma questão política ainda mais complicada pelas disputas constantes entre o Sul (escravocrata) e o Norte (menos conservador e aberto ao abolicionismo). Inicialmente, os africanos são julgados pelo assassinato da tripulação, mas o caso toma vulto e o presidente americano Martin Van Buren, que sonha ser reeleito, tenta a condenação dos escravos, pois agradaria aos estados do sul e também fortaleceria os laços com a Espanha, pois a jovem Rainha Isabella II alega que tanto os escravos quanto o navio são seus e devem ser devolvidos.

Mas os abolicionistas vencem e, no entanto, ogoverno apela e a causa chega a Suprema Corte Americana. Este quadro faz o ex-presidente John Quincy Adams, um abolicionista não-assumido, sair da sua aposentadoria voluntária para defender os africanos. Aliás, cena esta que fica muito marcada no filme, pois se destaca pela busca da Justiça, algo que marca profundamente, creio, a maior parte dos seres humanos. Como o navio Amistad é interceptado e sua "carga", os negros comprados na Fortaleza de Lomboko, Serra Leoa, aprisionada até o julgamento, a questão é: A quem pertencem os negros do Amistad? A partir daí, toda a trama do filme se desenrola mostrando, vez por outra, características dos povos africanos, toda forma de tortura e humilhação por que passavam os negros durante sua penosa viagem nos navios negreiros e o julgamento do caso pela Corte Norte Americana. Cenas chocantes que deprimem o público que assiste a trama. A discriminação racial nos Estados Unidos, questão muito próxima da nossa realidade, em meados do século XIX, era ainda mais acirrada. Os negros eram, em sua maioria, ainda escravos. Um ou outro já possuía certa liberdade e, poderíamos dizer até, certo espaço para a formação de uma comunidade negra organizada. Essa organização começa a surgir a partir de 1866, logo que a escravidão é abolida, com a criação da 13a emenda da Constituição Norte Americana. Já havia, por exemplo, um grupo de alfabetizados no idioma inglês. No filme aparece uma redação que se ocupa de duas edições do mesmo jornal, ou seja, uma para brancos que noticia o fato como "O massacre no mar" e outra para negros, com a manchete "Luta pela liberdade no mar". E apesar de racistas, os Estados Unidos não concordavam com o tráfico de escravos. Cria-se neste episódio, portanto, um tremendo impasse. Mesmo que de forma implícita, fica claroque a questão econômica é o pilar daquela Corte americana. Isto também diz respeito ao posicionamento da Espanha, que reclamava a posse dos escravos, pois o Amistad se tratava de um navio espanhol que naquela época expandia seu mercado consumidor, tendo os negros trabalhadores como principal alvo dos seus negócios. A questão da escravidão no filme, relacionava-se com a guerra civil americana entre o norte e o sul, no tocante aos lucros altíssimos auferidos com a mão de obra escrava pelos grandes escravocratas sulistas. Durante o julgamento, o advogado de acusação acaba questionando a legitimidade da escravidão. Ele coloca que os africanos, assim como os europeus e americanos sempre utilizaram desta arma contra os mais fracos e em benefício próprio em guerras ou como pagamento de dívidas. E isso não era nada inédito. Ao contrário, em toda história ouviu-se falar em trabalho forçado, servidão, etc., o que não justifica nem autoriza moralmente um ato tão cruel como este, ou seja, além de escravizar um grupo apenas pela cor, desrespeitavam a ética, já que invadiam países livres para contrabandearem seres humanos, logrando a todos uma vida prisioneira e dolorosa, totalmente contradizem com os mínimos valores humanos. É inadmissível legitimar a escravidão de um povo, muito menos por práticas econômicas que os resumissem a simples e barata mercadoria. No entanto, não deve ser apenas umas palavras de ordem, mas sim um profundo aprendizado, necessário a cultura dospovos de todas as raças. Amistad, diante de tantas mortes, pode se considerar como tendo um final triste, mas não terminou ainda... Muiámamuiê...era um canto que os negros entoavam tanto nas derrotas quanto nas vitórias... muiámamuiê!

O contexto histórico O filme mostra o processo de julgamento de negros nos Estados Unidos, 22 anos antes do início da Guerra Civil, num contexto marcado pelo expansionismo em direção ao Oeste e pelo acirramento das divergências do norte protecionista, industrial e abolicionista, com o sul livre-cambista, agro-exportador e escravista. Na passagem do século XVIII para o XIX, os Estados Unidos recémindependentes formavam uma pequena nação, que se estendia entre a costa do Atlântico e o Mississipi. Após a independência, o expansionismo para o Oeste foi justificado pelo princípio do "Destino Manifesto", que defendia serem os colonos norte-americanos predestinados por Deus a conquistar os territórios situados entre os oceanos Atlântico e Pacífico. A crescente densidade demográfica, a construção de uma vasta rede ferroviária iniciada em 1829 e a descoberta de ouro na Califórnia em 1848, também representou um estímulo para conquista do Oeste. A ação diplomática dos Estados Unidos foi marcada por um grande êxito nas primeiras décadas do século XIX, quando através de negociações bem sucedidas os Estados Unidos adquirem os territórios da Lousiana (França), Flórida (Espanha), além doOregon (Inglaterra) e até o Alasca da Rússia, após a Guerra de Secessão. Em 1845, colonos norte-americanos proclamaram a independência do Texas em relação ao México, iniciando-se a Guerra do México, na qual a ex-colônia espanhola perdia definitivamente o Texas, além dos territórios do Novo México, Califórnia, Utah, Arizona, Nevada e parte do Colorado. Destaca-se ainda a incorporação de terras indígenas, através de um verdadeiro genocídio físico e cultural dos nativos. O intenso crescimento do país, acompanhado de uma grande corrente de imigrantes europeus atraídos pela facilidade de adquirir terras, torna ainda mais flagrante, o antagonismo entre o norte e o sul. No norte, o capital acumulado durante o período colonial, criou condições favoráveis para o desenvolvimento industrial, cuja mão-de-obra e mercado encontravam-se no trabalho assalariado. A abundância de energia hidráulica, as riquezas minerais e a facilidade dos transportes contribuíram muito para o progresso da região, que defendia uma política econômica protecionista. Já o sul, de clima seco e quente, permaneceu estagnado com uma economia agro-exportadora de algodão e tabaco baseada no latifúndio escravista. Industrialmente dependente, o sul era ferrenho defensor do livre-cambio, mais um contraponto com o norte protecionista. Essas divergências tornam-se praticamente irreconciliáveis com a eleição do abolicionista moderado Abraham Lincoln em 1860, resultando no separatismo sulista,iniciando-se assim em 1861 a maior guerra civil do século XIX, a Guerra de Secessão, também conhecida como "Guerra Civil dos Estados Unidos", que se estendeu até 1865 deixando um saldo de 600 mil mortos....


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