Resenha filme Metropolis PDF

Title Resenha filme Metropolis
Author Anna Giulia Azevedo de Paiva
Course Formação Histórica Do Mundo Contemporâneo
Institution Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
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Aluna: Anna Giulia Azevedo de Paiva Professor: Michel Gherman – Hist. Econômica, social e política geral

Rio de Janeiro 2019

O longa metragem “Metropolis”, de 1927, é uma das obras primas do cineasta Fritz Lang, e sua esposa Thea von Harbou, roteirista. Na época, foi o filme de orçamento mais alto feito e é um dos clássicos do expressionismo alemão, por isso, distorce a realidade e descreve emoções subjetivas de máquinas, como por exemplo, na simbólica cena em que a máquina da fábrica se transforma em um deus e devora os operários. Metropolis é uma grande cidade fundada e governada pelo autocrata Joh Fredersen, sendo dividida em “andares”, camadas, sendo estas baseadas na divisão de classes sociais, comum ao capitalismo pós Revolução Industrial. Os trabalhadores operários ficam situados na camada mais baixa, abaixo da superfície da Terra, onde se vestem de maneira padronizada e se portam como submissos do sistema, sempre olhando para o chão, nunca para cima, e tendo que trabalhar incansavelmente nas industrias, realizando tarefas repetitivas. Podemos fazer uma comparação com o cômico filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, de 1936, que mostra a vida dos operários com o início da produção em massa após a primeira Revolução Industrial, sempre como um rebanho. Apesar de os filmes terem vieses distintos, ambos tratam sobre a desumanização da classe trabalhadora e expõem sua passividade. Em sua superfície, com grandes e exuberantes prédios, estão os pensadores, que só é capaz de existir e continuar existindo se sustentada pelo andar mais baixo, com a eficiência dos trabalhadores e das máquinas. Pode-se observar a questão presente no capitalismo: a grande cidade só se mantém e se fortalece graças às maquinas e aos operários, porém não existiriam as máquinas e a exploração dos operários sem a necessidade de se manter uma cidade. Para o autor Karl Marx, o trabalhador perde a capacidade de se perceber no processo produtivo. Logo, esse trabalhador que produz em massa um determinado produto, não se questiona por que não pode obtê-lo em seu valor de troca, o que configura o fetiche da mercadoria. O produto parece ganhar vida própria e passa a ser considerado como algo de fora, tornando o trabalhador que o produziu um “alienado” em relação ao produto. Esse fetiche se torna nítido no filme “Metropolis”, onde os operários executavam todo o

trabalho imposto para a manutenção dos privilégios das camadas mais altas da cidade, sem ter conhecimento do nível de sua produção. “A mercadoria é misteriosa simplesmente por encobrir as características

sociais

do

próprio

trabalho

dos

homens,

apresentando-as como características materiais e propriedades sociais inerentes aos produtos do trabalho; por ocultar, portanto, a relação social entre os trabalhos individuais dos produtores e o trabalho social total, ao refleti-la como relação social existente, à margem deles, entre os produtos do deu próprio trabalho”. (Marx, 1994, p. 81)

O período da Revolução Industrial foi marcado por uma luta quase imaterial entre os trabalhadores e os ideólogos industriais. Com resquícios da relação antiga da manufatura, os trabalhadores acreditavam que o lazer era mais importante que o trabalho. Isso se dava, pois, esses trabalhadores viviam apenas da subsistência e aproveitavam seus dias livres para fazerem o que bem entenderem. Por isso, a relação que eles tinham com o tempo poderia ser variável entre um dia intenso de trabalho e vários dias de lazer consequentes. Os ideólogos precisavam criar uma disciplina do tempo, fazendo com que os trabalhadores pudessem produzir mais, visando ao lucro e ao desenvolvimento. Logo, para a nova lógica industrial, o tempo deveria ser cada vez mais restrito. Isso acontece no filme, com os relógios marcando horários diferentes – um mostrando as 10 horas de trabalho que deveriam ser cumpridas e o outro mostrando o horário real – deixando os trabalhadores cabisbaixos. Por serem obrigados a trabalharem 10 horas por dia, surgem planos de revolta dos trabalhadores, que estão cansados dessa vida de exploração. Fredersen, ao ver Maria – uma espécie de líder sindical -, pregando paz aos operários e afirmando que um dia um salvador viria da camada mais alta da sociedade e iria mediar a relação dos funcionários com o patrão, enxergou o ato como um desafio e perigo ao seu poder, criando uma falsa Maria como um robô com o objetivo de manipular a massa operária e causar discórdia, acabando com a confiança que sentem por Maria, para garantir a continuidade de seu governo, riqueza e poder. A cena da falsa Maria dançando para os trabalhadores é uma forma de distraí-los do foco de sua luta. Incitando a revolta dos trabalhadores, o poder público tinha “motivos” para usar a violência

e acabar com os planos dos trabalhadores. A união da classe operária seria um perigo para Fredersen, assim como foi para o capitalismo no mundo real. Segundo Hobsbawm, a consciência de classe e sua união política desenvolveu um movimento de massa, conhecido hoje como o socialismo, um perigo para os capitalistas e seu poder. Inicialmente podemos imaginar “Metropolis” como uma mensagem contra a industrialização, o capitalismo e a exploração dos trabalhadores, a favor do comunismo, mas a premissa do filme, simploriamente, é a união do patrão e do proletário. O final do filme mostra a figura do salvador mediando a relação patrão-empregado, sendo talvez uma oportunidade de melhora de vida dos trabalhadores, mas também representando a permanência do poder dos mais ricos. Uma forma de cegar os operários e manter a opressão, com um falso salvador que existe apenas para continuar representando os interesses da burguesia e seu status quo....


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