Resenha- Dom Casmurro PDF

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Resenha sobre o livro Dom Casmurro - Machado de Assis...

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“Dom Casmurro” e a degradação psicológica inarrável de Bentinho Evelyn de Aquino Bacharelado em Humanidades/UFBA Produzida pelo escritor brasileiro Machado de Assis, a obra intitulada por “Dom Casmurro” é um dos romances mais lidos e criticados da literatura. Lançado em 1900 pela livraria Garnier e contendo 256 páginas narradas por Bento Santiago, bem como um dos personagens principais que, com o tempo, se torna o “casmurro”, o livro conta uma retrospectiva de sua vida devido ao final fatídico em que acabara sozinho em seu casarão. A obra adaptada para a tv, teatro e música expõe a história de um jovem apaixonado pela sua vizinha, Capitu, e o desejo de sua mãe, dona Glória, que havia feito uma promessa para Deus de que o seu filho se tornaria padre, se Ele assim lhe concedesse. A trama conta também com a participação de José Dias, Tio Cosme, prima Justina, Escobar – a quem Bentinho se torna melhor amigo no seminário – e Sancha, amiga de Capitu. Machado separa o livro em 148 capítulos que abrangem os anos entre a metade e o final de século XIX na Rua de Montacavalos, onde viviam os personagens. Dom Casmurro se tornou uma das principais obras não só pelo seu enredo polêmico e passivo de debates ainda na contemporaneidade, como o uso da intertextualidade trazida através das grandes referências as quais o autor utiliza por meio da peça “Otelo”, de Shakespeare, ou ainda, os imperadores romanos que tem em comum o tema traição em suas histórias. O capítulo III nomeado por “A denúncia” se inicia com a descoberta da ida para o seminário, onde Bentinho recorre a Capitolina, mas acaba tendo que abandonar a sua paixão – que promete esperá-lo para se casarem. Ao decorrer, é narrado alguns momentos em que o personagem viveu no seminário, entre eles com o agregado José Dias, a quem ficou a responsabilidade de tirar Bentinho de lá. Tudo começa quando Bentinho se mostra inseguro ao ver o amadurecimento de Capitu e apenas imaginar qualquer chance de quebra da promessa feita por parte de sua amada, o que determina a saída imediata do seminário. Mais tarde, após concluir a Faculdade de Direito, o personagem retorna para casa e cumpre com o juramento: o casamento

acontece. A amizade com Escobar – que se casa com Sancha – vai além do seminário e eles se tornam vizinhos, criando uma convivência ainda mais próxima e intensa. Contudo, o grande marco do livro se dá pela desconfiança de Bentinho em relação a aparência do filho que, segundo ele, se parecia com o seu melhor amigo, e a partir disso resolve se afastar da esposa e da criança, nutrindo a dúvida que o destruiu: Capitu me traiu? Após inúmeras brigas e desentendimentos, o casal decide se separar e Capitu se muda para o exterior com Ezequiel. Tomado pelas questões acerca da “traição” do seu amor de infância, Bentinho cede lugar ao Dom Casmurro. Apesar da problemática através da suposta traição de Capitolina, Machado de Assis traz no livro, de forma muito passível, as nossas próprias referências. Assim como na vida, só temos um ponto de vista (o nosso), e o fato de Bentinho acreditar fielmente que ele foi traído e tomar isso como uma verdade absoluta, não dá margem para Capitu se explicar, porque ele já tinha a verdade dele. Levando em consideração que Casmurro não é confiável, pois somente o lado dele é visto na história, podemos compará-lo facilmente a um homem comum que trata a mulher como posse – e fica paranoico quando ela não age de acordo com suas expectativas. Durante todo o livro ele constrói a personalidade de Capitu como dissimulada, apontando indícios da falta de caráter dela, enquanto se narrava como bom moço e inocente, ganhando a confiança do leitor. Se nos propormos a ler Dom Casmurro de modo com que observemos a degradação psicológica do personagem principal, passaremos a enxergar Bentinho com outros olhos e, muito provavelmente, como um narrador-personagem mimado, ciumento, machista e com o poder de persuasão muito grande, visto que ele era advogado. Quantos Bentinhos paranoicos, possessivos e violentos nós conhecemos? Por fim, acredito que a abordagem sobre a fragilidade masculina possa ser um dos temas centrais da obra. Apesar de conter questionamentos atuais, o livro possui palavras rebuscadas que tornam a leitura cansativa. Entretanto, foi bem organizado e escrito de modo interessante que irá agradar não apenas os amantes de literatura, como também o público que se interessar por conhecer o verdadeiro significado de ambiguidade através de Machado de Assis....