Resenha cinderelas PDF

Title Resenha cinderelas
Author Leila Maria
Course Abordagem cinematográfica de temas contemporâneos Básica
Institution Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
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Summary

Resenha sobre um documentário brasileiro que retrata o turismo sexual....


Description

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Centro de Artes, Humanidades e Letras. Curso: Licenciatura em História. Disciplina: Antropologia, Gênero e Sexualidade. Docente: Profª. Ângela Figueiredo. Discente: Leila Maria de Jesus Pereira. Data: 28 de abril de 2015. Resenha do documentário: Cinderelas, lobos e um príncipe encantado. Joel Zito Araújo. Brasil: Casa de Criação Cinema, 2008. 1 DVD (105 min.). O documentário Cinderelas, Lobos e Um Príncipe Encantado produzido pelo diretor Joel Zito Araújo problemas sociais no Brasil como turismo sexual, exploração de crianças e adolescentes e as condições materiais que configuram esses problemas. No vídeo é apresentado que o turismo sexual atinge mulheres e crianças negras, nordestinas e pobres. Diante dessa problemática, analisaremos dimensões percebidas no documentário no decorrer desses texto. O vídeo aborda o sonho de brasileiras, nordestinas, pobres e, sobretudo negras de se tornarem “Cinderelas” ao buscarem sair de seus estados de extrema pobreza, sem perspectivas de melhoria de vida para migrar do Brasil à Europa a fim de possuir uma vida mais digna lá e se casar com um europeu que lhe valorize. Nesse contexto podemos observar a realidade financeira na qual vários/as brasileiros/as vivem, com dificuldade de se manter minimamente, no que se refere a mulher negra, essa realidade é ainda mais agravante, pois, sem formação escolar ou apoio familiar, às mesmas restam três caminhos: o de trabalhadora doméstica, sendo subordinada no ambiente de trabalho que nem ao menos é considerado como um, o da prostituição, que implica uma série de riscos de saúde e de vida além de se constituir na venda do seu corpo, e o do casamento com alguém que a mantenha, esse terceiro caminho longe de ser uma boa opção, se caracteriza como um sonhos para elas, pois acredito, ser a forma menos agressiva (à princípio) de transpor sua realidade. Outro aspecto que identifico como importante no filme é a exibição do corpo negro. O filme inicia com uma mulher negra num espetáculo de dança enquanto europeus a admiram, essa primeira cena já exemplifica bem a utilidade dada pelos brancos ao corpo negro, utilidade essa de objeto para vislumbre, um corpo estranho, exótico, apresentado como algo curioso, a ser desbravado em momentos de diversão. Essa temática no documentário é

relacionada pelo diretor com a história de Sarah Baartman que no século XIX era exposta como aberração na Europa, podendo-se fazer um link assim, com as exibições das mulheres negras hoje, demonstrando que historicamente existe a colonização e apropriação do corpo negro, não se findando essas práticas dois séculos depois da história da “Vênus Hotentote”. O documentário aborda também o turismo sexual que atrai centenas de estrangeiros para o Brasil, que vêm em busca de satisfação sexual, com as mulheres brasileiras, consideradas umas das mais bonitas do mundo. Em relatos de turistas mostrados no vídeo podemos perceber a naturalidade que significa para eles o turismo sexual em nosso país, transpassando a imagem de libertinagem sexual, descaso público e disparidade social que os mesmos têm do Brasil. Ao entrevistar prostitutas brasileiras, o diretor nos mostra também a realidade desse lado do turismo sexual, essas mulheres são novamente negras, pobres e nordestinas, e contam porque começaram a se prostituir, sua preferência por clientes estrangeiros e os motivos para isso. A maioria entrou no ramo da prostituição por terem uma infância e adolescência repleta de violência doméstica - tanto sobre elas quanto sobre suas mães -, dificuldade financeira sem perspectiva de melhoria da mesma, além de descredibilização delas por parte da família, esses motivos fizeram com que elas saíssem de casa para buscar nas capitais chances de mudar de vida, não encontrando essas chances, acabaram se enveredando para a prostituição. Nota-se no decorrer das entrevistas que todas as prostitutas preferem trabalhar com estrangeiros, e quando questionadas do porque, expõem que os brasileiros, são agressivos e não respeitam as mesmas, apontando principalmente os homens negros, como esses agentes, enquanto os estrangeiros – lê-se aqui também brancos – as tratam bem, elogiam e admiram, as levam para passear, compram presentes e não se queixam do preço determinado por elas; nesse trecho, podemos observar a imagem preconceituosa feita sobre o homem negro, como um animal, bruto e insensível, incapaz de tratar bem uma prostituta. Um outro porque delas preferirem estrangeiros muito apresentado é o colocado como tema principal do documentário, o sonho de se casar com um príncipe que as levem para a Europa e lhes dê uma vida digna, nesse ponto é narrado as paixões que várias prostitutas constroem com alguns clientes que as tratam bem e também as desilusões tidas pelas mesmas ao ver que tudo não passou de um período curto enquanto o cliente estava no Brasil, e até mesmo a desilusão de ir para a Europa e lá ter que continuar a se prostituir. Ainda sobre o turismo sexual, o vídeo retrata a violência sexual contra crianças e adolescentes, em realidade de pobreza extrema essas crianças se põem na prostituição por quantias irrisórias, e estrangeiros se aproveitam para ter relações sexuais com crianças de até

6 anos por muito pouco. Nos relatos é exposta a falta de conscientização de que esse problema é um problema público, no qual o Estado tem total responsabilidade e é culpado por isso. Por fim, o documentário relata a experiência de brasileiras que conseguiram alcançar essa fantasia tão desejada, pois, tiveram a oportunidade de ir para a Europa e lá se manter se apresentando em casas de show ou se casando com europeus com os quais passam a constituir uma família. Os relatos são se superação e satisfação por terem deixado para trás uma vida tão sofrida no Brasil, para conquistarem dignidade no exterior. Entretanto, é possível observar também, que apesar de felizes e se sentindo melhor que mulheres que sofrem na prostituição, essas mulheres negras também não possuem o direito de escolher os rumos que serão dados a sua própria vida, pois, se não estão no lugar que lhes é determinado como animal exótico ou objeto sexual estão no lugar de “mãe preta”, como uma boa mãe do lar. É notável que essas mulheres além de não escolherem os seus caminhos a seguir, são postas em papéis sociais onde sempre estão servir aqueles que lhe rodeiam, seja no palco, na cama ou na cozinha....


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