Resenha Educação inclusiva: de quem e de quais práticas estamos falando PDF

Title Resenha Educação inclusiva: de quem e de quais práticas estamos falando
Course Psic Aplic Aos Port De Necessidades Especiais
Institution Universidade Federal do Ceará
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Resenha Educação inclusiva: de quem e de quais práticas estamos falando...


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MACHADO, A. M. Educação inclusiva: de quem e de quais práticas estamos falando? In: BAPTISTA, C. R. (org.). Inclusão e escolarização. Múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006.

O texto relata as experiências e reflexões da psicóloga do Serviço de Psicologia Escolar no Instituto de Psicologia da USP, Adriana Machado. Ela conta um pouco sobre as atividades do seu cotidiano fazendo importantes levantamos referente a essas práticas. Seu trabalho visa melhorar o atendimento das crianças e adolescentes portadores de necessidades especiais nas escolas, a partir de discursões e problematizações sobre alguns casos vivenciados na instituição. No texto, ela relata histórias de crianças no contexto escolar e traz problematizações sobre cada um dos casos, mostrando os problemas que ocorrem frequentemente nas escolas. Em relação aos portadores de necessidades especiais, muitos pensam que a inclusão que tanto tem sido falada atualmente, se trata de incluir essas crianças e adolescentes nas escolas regulares. A autora vem mostrar que essa visão de inclusão muitas vezes segrega e exclui e não responsabiliza o coletivo. Inclusão seria fazer com que todos se deixem tocar, todos se responsabilizem por essas pessoas e passem a conviver com a diferença. Nas escolas, de acordo com a autora, as desigualdades existem e são de diferentes formas, mas muitas vezes são mascaradas e passam despercebidas. Um exemplo muito comum que ela traz é sobre os passeios promovidos por escolas públicas que são pagos, e mesmo que o valor para a escola seja considerado “simbólico” alguns pais não tem condição de pagar para os seus filhos e recusam que outras pessoas paguem para eles. Essa realidade faz com que esses alunos que não podem ir para o passeio por falta de dinheiro acreditem que não têm o mesmo direito à educação que aqueles que podem pagar. Muitas vezes, a forma com que essa situação chega para essas crianças não recebe atenção dos profissionais da escola, o que mantém o problema. Outro problema relatado pela autora se refere aos profissionais que trabalham na escola, principalmente os professores, que têm sofrimentos relacionados à sua atuação no trabalho, vivem sob tensão e não estão satisfeitos. Por conta disso, como forma de compensar o sofrimento que passam, se aproveitam de falsos direitos, entre

eles o de faltar as aulas. Mesmo não estando doentes, nem com algum problema que justifiquem uma ausência, optam por não comparecer à aula, visto que tem direito a uma porcentagem de faltas. Em relação aos encaminhamentos que a escola faz de algum aluno considerado problemático de alguma forma ou que traz alguma preocupação para a escola, o texto aborda que muitos dos psicólogos que recebem essas crianças encaminhadas, fazem um trabalho desconsiderando o ambiente em que a mesma está inserida e não consideram nem mesmo a escola que encaminhou o aluno. Esses psicólogos entendem o problema como algo apenas do sujeito, ou seja, que o ambiente não interfere nas formas de subjetivação ou no sintoma. Os últimos casos relatados são sobre a valorização da disciplina como critério para se conseguir o diploma, resultando em uma desvalorização da aprendizagem em si e sobre a culpabilização que a escola dá aos pais de alunos que tem algum tipo de problema, deixando esses pais ainda mais impotentes e fragilizados. Essa culpabilização tem grandes efeitos nos modos de subjetivação. Após retratar os casos desses problemas frequentes no contexto escolar, a autora traz algumas considerações sobre eles. Para ela, a entrada de uma pessoa portadora de necessidade especial em uma escola regular é uma maravilhosa oportunidade para repensar o modelo educacional vigente. Deve-se aproveitar essa oportunidade para pensar em estratégias para melhor receber essas crianças e romper com a desigualdade e segregação. Algo importante a ressaltar é que para pensar essas estratégias é de grande importante incluir os portadores de necessidades especais nessa reflexão, ou seja, devem-se construir conjuntamente essas estratégias, mas infelizmente isso muitas vezes não é feito. Dessa forma, a escola se torna apenas um espaço reprodutor de desigualdade e exclusão. Os professores e outros profissionais da escola quando se deparam com crianças deficientes se sentem incomodados e incapazes de trabalhar com elas e se sentem paralisados. Entretanto, a presença dessas crianças no ambiente escolar é completamente necessária justamente para promover questionamentos e mudanças e, também, proporcionar um fortalecimento desses profissionais, fazendo com que eles acreditem que são potentes para intervir nesse contexto. Os professores relatam que há uma grande dificuldade de atuar em conjunto com outros profissionais para pensar novas formas de educação. Essa atuação conjunta

é completamente necessária nesse contexto para que todos fiquem envolvidos e conheçam o trabalho um dos outros. O aluno deficiente não deve ser “problema” do professor, ele deve ser da responsabilidade de toda a escola, e ainda mais, de toda a sociedade. Uma reflexão muito importante que a autora traz no texto é em relação a ação da Psicologia nesse contexto de inclusão na educação e os encontros entre os profissionais da saúde e os da educação. Ela diz que os psicólogos, muitas vezes compactuam com a exclusão, pois fazem as avaliações com base em um critério de normalidade pré-estabelecido por manuais, sem valorizar a singularidade de cada criança. Por fim, o texto mostra que as crianças com transtornam melhoram consideravelmente quando vão para escola, pois lá essas se desenvolvem e se humanizam. Nesse ambiente elas se tornam sujeitos de direito e lá é o lugar delas....


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