Resenha Colônia de povoamento e colônia de exploração PDF

Title Resenha Colônia de povoamento e colônia de exploração
Course História da América - Da colônia à Independência
Institution Universidade Federal de Pernambuco
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Summary

Resenha sobre o capítulo “Colônia de povoamento e colônia de exploração. Reflexões e questionamentos sobre um mito”, presente na obra “Cultura política e leituras do passado – Historiografia e ensino de história” de Mary Anne Junqueira....


Description

Mary Anne Junqueira, professora dos cursos de História e Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, inicia seu capítulo “Colônia de povoamento e colônia de exploração. Reflexões e questionamentos sobre um mito”, presente na obra “Cultura política e leituras do passado – Historiografia e ensino de história”, apresentando uma constatação sobre uma prática muito comum em diferentes meios da sociedade, que é a difusão quase que irresponsável de mitos históricos consolidados pelo senso comum. O mito histórico que a autora aqui apresenta refere-se a uma explicação de um suposto “ atraso e subdesenvolvimento” não somente do Brasil, mas como também dos demais países da América Latina baseando-se na justificativa de que a América Latina foi fruto de uma colonização de exploração ao passo de que outros países como os Estados Unidos sofreram uma colonização de povoamento por parte de povos fugidos de perseguições religiosas que aconteciam na Europa durante o século XVII. Existe ainda a propagação de um determinismo climático determinante para a definição da dicotomia exploração-povoamento por parte dos colonizadores, onde no Norte e no Centro seria utilizado a colonização de povoamento, baseada na pequena e média propriedade agrícola com produção voltada para o mercado interno, enquanto que no Sul as colônias seriam de exploração baseada na prática do plantation. Seguindo no capítulo, Mary Anne Junqueira, apesar de ressaltar a dificuldade das origens da dicotomia apresentada, tenta identificar na historiografia brasileira a utilização do termo, e encontra na Formação do Brasil contemporâneo, de Caio Prado Júnior, um importante expoente dessa dicotomia, baseada no determinismo climático já apresentado anteriormente. Para Caio Prado Júnior, não era somente a distinção entre a forma de colonização Ibérica e anglo-saxã que justificava o emprego de determinada forma de colonização, mas sim o tipo de colonização que se desenvolveu nas áreas tropicais e nas temperadas da América. Assim, Prado incluía as colônias do Sul dos Estados Unidos como pertencendo ao sistema de plantation, aproximando-as da colonização Ibérica. Aproximando-as, mas também diferenciando-as do restante da América Latina no que diz respeito a modernização acelerada que tomou conta até mesmo da região escravocrata norte-americana após a Independência do país em 1776. Já

quanto

a

utilização

de

termos

como

“desenvolvimento

e

subdesenvolvimento”, “arcaico e moderno”, “centro e periferia”, pode-se atribuir aos autores desenvolvimentistas e aos dependentistas, em especial Celso Furtado, que

embora não siga a mesma linha de Caio Prado Júnior, do determinismo climático, para Furtado, não havia distinções radicais entre as colonizações no Novo Mundo. Para ele, as “colônias de povoamento” privilegiam o mercado interno em detrimento do externo, permitindo o surgimento de pequenos proprietários e outros grupos menos dependentes da metrópole. Mary Anne Junqueira faz também uma crítica a explicação de base estrutural e econômica, classificando-a como generalizante e reducionista, em que autores que se utilizam dessas justificativas afirmam que os Estados Unidos, como um todo foram uma colônia de povoamento. E lança uma pergunta aos leitores: a de se perguntar por qual motivo uma enorme extensão de terra do Novo Mundo, desde o Brasil, passando pelas ilhas caribenhas de colonização Inglesa, e chegando até a colônia Norte-Americana de Maryland foi colonizada a partir do sistema de plantation. A própria autora sugere que assim ocorreu, porque esse era o projeto mais lucrativo para a colonização destas mesmas áreas, os ingleses somente repetiram o que tinha sido bem-sucedido entre os Ibéricos nos séculos anteriores. Concluindo o capítulo, a autora entende que as proposições apresentadas por Caio Prado Júnior e Celso Furtado só “revestiram de cientificidade” uma forma que a sociedade já tinha de ver em relação ao Brasil; São proposições que caíram sobre um imaginário no qual sobressaem as imagens positivas dos países considerados desenvolvidos, ao mesmo tempo que nossa própria imagem é subestimada. Mary Anne sugere que a formulação “colônia de povoamento e colônia de exploração” encontrou um terreno fértil devido ao fato de já nos colocarmos em uma situação de subordinação em relação ao centro desenvolvido, antes a Europa e agora os Estados Unidos, colocando estes como modelos a serem alcançados....


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