Resenha, Paulo Freire - Resumo Pedagogia do oprimido PDF

Title Resenha, Paulo Freire - Resumo Pedagogia do oprimido
Course Fundamentos filosóficos e sócio-históricos da educação
Institution Universidade Federal de Goiás
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O trabalho resume o livro pedagogia do oprimido....


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Universidade Federal de Goiás Instituto de Ciências Biológicas Curso: Ciências Biológicas – Licenciatura Disciplina: Fundamentos Sócio Históricos da Educação Profª Maíra Soares Ferreira Aluna: Ludmila Siqueira Moura Resenha - Resumo: do livro “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire Prefácio e Primeiras palavras O referido livro “Pedagogia do Oprimido” escrito por Paulo Freire em 1968 enquanto se encontrava exilado no Chile, diz respeito à importância do diálogo como meio de libertação em todas as classes sociais, principalmente aquelas cujo posicionamento histórico impossibilitou a conscientização humanística. Esta situação se concretiza a partir do momento que o poder da classe dominante oprime a classe menos favorecida, tornando-a submissa, dominada e reprimida. A sociedade se baseia em princípios de hierarquia entre as classes, e cada um opera com heteronomia. Assim, a alternativa para nos colocarmos como sujeitos históricos é a reflexão crítica como parte do processo de conscientização do eu, visto que esta situação instaura no homem a capacidade de ação sobre o seu lugar no mundo. O homem deixa de viver sobre um “regime de dominação de consciências”. O uso da palavra liberta o homem no momento que ele toma consciência de seu verdadeiro significado, levando ainda em consideração que tais palavras são e fazem parte do eu histórico. Por isso o autor se mostra contrário da sectarização, pois torna o indivíduo acrítico, arrogante, antidialogal e anticomunicativo. Usar da palavra é intrínseco ao homem, mas fazer dela propriedade de sua existência é emancipatório e radicalizador. O diálogo é uma forma de eternizar as palavras, a comunicar-se a partir disso é simples quando se percebe que o mundo é comum a todos. As dúvidas são recorrentes ao cotidiano social mesmo para aqueles que se dizem seguros de quem são. A fragilidade do existir reside na preocupação em como ser e para que fins, no entanto a localização histórico do homem nesse processo justifica atitudes de rebelião cometidos por jovens que buscam a liberdade que até então não a conheciam. Suas perguntas levam a outras respostas. Justificativa da Pedagogia do Oprimido Um aspecto interessante na escrita do autor refere ao processo de humanização e desumanização do homem. A dicotomia entre eles somente valoriza e reafirma a hierarquia social e mantem opressor e oprimido com sede de mais. O opressor precisa se manter no poder

para que as relações com os oprimidos sejam sempre ditadoras, enquanto que oprimido se encontram preso no sistema em busca de sua valorização. A desumanização não é algo concreto, é causada por fatos consecutivos que levam os sujeitos a violenta opressão e desvalorização. Ao explorar a necessidade de superação do oprimido quanto este busca sua liberdade, tornando-se humanizado segundo Paulo Freire, o oprimido (agora liberto) fica incumbido do poder e pode passar a usá-lo contra aqueles que um dia ele próprio representou, os oprimidos. Tal situação se faz verdade em nossa sociedade, seja dentro de escolas, no trabalho ou em casa. Quando somos oprimidos vamos em busca de formas de alcançar a liberdade, e quando conseguimos não podemos alimentar o círculo vicioso da hierarquia humana onde o mais poderoso cumpri seu papel de opressor sem se remeter e refletir sobre o passado que vivera como oprimido. A concepção bancária de educação O caráter narrador-dissertativo do professor torna o aluno apenas ouvinte passivoobservador. O autor diz que “a tônica da educação é a narração”, o professor então seria o sujeito real do processo de ensino e sua tarefa é transmitir conteúdos aos alunos que o apreende de forma fixa, mecânica e preocupados com a memorização, visto que o aprendizado será medido por algum tipo de avaliação. Apesar da referência feita por Freire a respeito da educação bancária, me permiti indagar do por que, apesar das variadas reflexões sobre o processo ensino-aprendizado, ainda hoje esse é o método de trabalho dos atuais educadores. Na educação bancária não há mudanças ou subsídios para estimular a criatividade do educando, e nem o professor se permite refletir sobre sua prática, considerando o fato que neste sistema o educador é oprimido em sua posição de trabalho, mas oprime seus educandos. Nesse sistema a alienação e ignorância predominam, além da autoridade do professor que o coloca em lugar de soberania. Tal situação é mantida com a finalidade de manter a dominação sobre os oprimidos. Para romper as barreiras da educação bancária o educador deve buscar se humanizar para humanizar os educandos. A concepção da educação bancária aliena os oprimidos e os opressores. Estes estão no mundo, mas não fazem parte dele. A função do educador é manter o controle sobre o aluno para garantir que será dominado em suas funções no mundo, será autoridade com autoritarismo, que controla o pensar e ação dos educandos, bloqueando sua criatividade. Sociedades que usam da dominação para buscar a paz, instigam nos oprimidos a busca da liberdade pela rebeldia.

Segundo Freire o objetivo de seu trabalho não é dizer que esperamos que as elites dominadoras renunciem sua prática repressora, e sim, chamar a atenção dos humanistas. Se queremos a libertação não podemos deixar que a ação libertadora se sirva das mesmas armas da dominação. E portanto, para resolver o problema da educação seria necessário torna-la problematizadora, evidenciando a comunicação, usando a palavra como prática libertadora. Nesse sentido a educação problematizadora tem caráter reflexivo, e é contrária a prática de dominação. Propõe um tipo de reflexão sobre o homem e sua relação com o mundo Para vencer a verticalidade da educação bancária, Freire propõe que seja necessário que o educador enquanto educa seja educado, e ambos se tornam sujeitos dessa prática, visto que ninguém educa ninguém, o que torna essa relação autêntica. A educação se faz em sua práxis, pois “para ser tem que estar sendo...”. O homem precisa estar no mundo para ser e faze-lo como prática. Aprender a questionar é uma forma do educador concretizar sua prática e do educando de se fazer no mundo. Tabela de diferença entre a educação Bancária e Problematizadora:

Educação Bancária

Educação Problematizadora

Mistifica a realidade

Desmistifica a realidade

Dominação

Libertação

Elimina o caráter histórico

Enfatiza o caráter histórico

Reacionária

Revolucionária

Percepção fatalista

Situação como problema

A dialogicidade – essência da educação como prática de liberdade Educação como prática de liberdade pode ser conquista pelo diálogo. A palavra é prática e portanto uma palavra não autêntica foge do intuito da educação libertadora, porque é direito de todos os homens o uso da palavra, não privilégio de alguns, seria como negar ao homem a possibilidade de transformar o mundo. A proposta de Freire é bastante ousada visto que busca humanizar a educação, transforma-la a partir da busca da reflexão, diálogo e amor ao próximo, da recriação do conhecimento. E diz que “amor é um ato de coragem, nunca de medo, o amor é compromisso como os homens”. Há homens que se fecham para a opinião dos outros, por se sentirem superiores e são incapazes de compreender que a sua verdade não é universal e que não são autossuficientes. Para alterar essa situação é necessário ter fé no homem, porque aqueles que a tem possuem a

chance ter um diálogo real e crítico, com o poder de transformar e de fazer situações concretas, renascendo as esperanças na sua superação. Nessa relação há confiança entre as partes, pois a “confiança implica no testemunho que um sujeito dá aos outros de suas reais intenções”. Em nossa sociedade “falar em democracia e silenciar o povo é uma farsa. Falar em humanismo e negar os homens é uma mentira”. O educador já deve começar a refletir sobre suas perguntas a partir do conteúdo programático, problematizando seus conhecimentos. O conteúdo é para o educando, adaptado para as suas experiências e necessidades, afim de libertar o povo, não conquista-lo. Assim, a missão do humanista é tornarem consciente os oprimidos de sua situação. Sendo os homens não apenas seres que vivem no mundo, mas existem e possuem uma missão histórica. A teoria da ação antidialógica Neste capítulo o autor retoma as discussões anteriores, reafirmando a necessidade de libertação dos oprimidos e da posição dominadora imposta pelos opressores, que temem perder seu poder e por isso não desenvolve um diálogo entre ambas as partes. Propõe a ação humanística como prática libertadora, a partir do diálogo, que é capaz de transformar e criar o mundo com reflexão. O diálogo é uma exigência para se iniciar uma revolução. Um diálogo poli lateral, comunicativo, vivido na prática pela ação e reflexão dos sujeitos. Assumindo as principais características da ação antiadialógica a conquista, a divisão, a manipulação e a invasão cultural. A conquista antidialógica do dominador será ter em suas mãos os oprimidos. Estes serão manipulados e permaneceram incapazes de qualquer tipo de contradição, porque para o silêncio e a aceitação que foram conquistados. Do modo que se sujeitam a situações diárias desumanas, porque esta é a condição que lhe cabe para a sobrevivência, pois é foi fruto da conquista de seu trabalho. Tal comportamento só reafirma o poder de dominação dos opressores, que dominam pela ilusão de liberdade das massas. A divisão para a manipulação das massas também é uma forma de opressão, massa unificada significa poder, e portanto, ameaça a dominação. Por isso, qualquer ação que possa unificar a massa é combatida a toda força. A divisão é uma forma de garantir o enfraquecimento das massas, e métodos de manipulação cultural são positivos iludir e silenciar as massas. A manipulação é também uma ação antiadialógica, consequência da conquista. Para que as massas sejam manipuladas precisam acreditar na classe dominadora, e do seu interesse em “fazer-lhes o bem”. Aqui lhes restam duas opções, ou são manipulados ou se organizam

para obter a liberdade. No entanto, a para a segunda opção não lhes restam apoio vindo das forças dominadoras, este apoio deverá vir de uma liderança revolucionária. Para combater ação revolucionária a classe dominadora usa de qualquer meio coercivo para proibir que as massas pensem, inclusive a força física. A invasão cultural é uma forma de coibir a criatividade, impondo ao dominados sua cultura modeladora. Essa imposição já se instala dentro dos lares, na relação pais-filhos, onde os pais estabelecem com os filhos relações opressoras dominadoras, estes se sujeitam como meros bonecos e assim os fazem durante toda a sua vida; Na escola, no trabalho e em seu futuro lar se apoiará ema uma ação antidialógica. Quando os oprimidos se deparam com uma realidade questionadora e problematizadora, onde as primeiras perguntas lhes são feitas, há evidentemente o medo da liberdade, porque para compreender sua situação seria necessário desmistificar suas próprias verdades. Ao contrário de tais preceitos a teoria dialógica tem como característica a colaboração, a união, a organização e a síntese cultural. Assim na colaboração, os sujeitos se encontraria e a partir da colaboração um com o outro transformariam o mundo, o que não necessita de um sujeito que domine, pois não há a quem se dominar. Sendo assim, a liderança revolucionária se compromete em libertar os oprimidos pela conscientização do eu, com a problematização de sua realidade, sem impor uma verdade e sim, os tornando livre para escolher a própria liberdade questionando-a. A união proposta pela prática libertadora é a adesão dos oprimidos as ações que expressam consciência da verdadeira transformação no mundo. A organização das massas populares é uma ação dialógica, que busca a unidade em um esforço de libertação, de conhecimento do momento histórico em que se dá ação, e de um testemunho ousado e amoroso. A ação cultural pela ação dialógica leva em consideração os meios com os quais se determina sua ação. Visto que sua ação pode ser dominadora ou transformadora; a serviço da dominação ou da libertação; invasão ou superação da realidade. A síntese cultural seria, portanto, na solução dessas dualidades, incorporando a ação reivindicatória e problematizandoa ao mesmo tempo. Resenha crítica Devo afirmar que concordo com a colocação do autor, no que diz respeito ao fato dos indivíduos se sujeitaram aos seus superiores (relação de heteronomia). Não é simplesmente por aceitação, é o modo como a situação é imposta e manipulada a ponto de, ao mesmos aparentemente, não restar outra alternativa. Quando em nosso sistema democrático capitalista,

como o nosso, um indivíduo sem escolaridade e de baixa renda, que precisa de um salário para sustentar a família busca um emprego para o qual a sua capacitação lhe permite conseguir, não lhe resta muitas alternativas a não ser trabalhar, em quaisquer que sejam as condições, para garantir no mínimo a subsistência de sua família. Freire chama de “dominação de consciência”, me indago no momento sobre em que tipo de relação a dominação está presente? Dentro dos lares? Na escola? No trabalho? A resposta plausível é sim, tendo a vista a atual sociedade descrente de valores brasileira. A solução para a “quebra de correntes” e libertação efetiva seria a conscientização histórica e social na qual cada indivíduo está sujeito, sua emancipação. Para tal objetivo o uso da palavra seria libertador. Este livro, usa da palavra como forma de libertação dos oprimidos, ao ler o livro sou capaz de refletir sobre ele e sobre as palavras nele inseridas; Sou capaz de pensar nos meios que usam da palavra como meio de comunicação, e quais as influências desses meios para a construção do pensamento. Um termo propício para esta análise diz que “Gentileza gera gentileza”, segundo o dicionário Aurélio designa “delicadeza, amabilidade, cortesia”. Nesse caso é confiar que o oprimido ao se libertar usará de todo aprendizado e dor advindos da repressão sofrida para humanizar a si próprio e aos outros oprimidos. Está afirmação de alguma maneira me remete ao nosso sistema político, visto que sempre questionei o por que candidatos vindos do povo, quando alcançavam o poder se esqueciam de sua origem ao aderirem atitudes que os prejudicassem? Minha resposta sempre foi clara, poder. O poder cega as pessoas, afirmação que escuto desde minha infância, no entanto, nunca tive subsídios para refletir sobre tal situação. Me indago agora se todos os sujeitos desse processo tinham consciência de sua atuação histórica, se eu como sujeito entendo que vivo na situação de oprimido e que caso futuramente alcance alguma posição de destaque não posso comandar pela opressão? Tais indagações permitiriam segundo Freire a humanização de ambas as partes, opressores e oprimidos. A educação bancária é limitante no ensino, pois teria como objetivo a alienação e a falta de diálogo para a dominação, somente o educador é sujeito do processo educativo. Enquanto, que na educação problematizadora a relação aluno-professor seria reflexiva e dialógica, não havia diferenças entre os sujeitos e ambos atuariam na problematização do conhecimento. Estas práticas são objeto de estudos de muitas disciplinas nos cursos de licenciatura, no entanto o que se vê na prática educativa não condiz com os ensinamentos teóricos aprendidos. Os professores continuam agir de maneira a manter o domínio sobre os alunos, os processos de avaliação e os métodos de fixação de conteúdo são um exemplo disso.

O que nos leva a questionar o quão eficaz são os cursos de formação de professores, pergunta que aqui não cabe resposta. Dessa forma, agindo de maneira reflexiva é que nos libertamos de nosso estado oprimido, nos posicionando de maneira histórica. Quanto mais indagações são feitas mais tomamos consciência de quem somos e porque somos, o que nos leva a novas perguntas e novas respostas. Tal processo seria como uma reciclagem do conhecimento, uma maneira de entender o mundo, vê-lo em sua real dimensão, problematiza-lo e por isso aderir a novas práticas que serão também moldadas ao longo do tempo e que dependerão dos sujeitos que a colocarão em prática. Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005. Acessado em 18/05/14...


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