Síntese Paulo Freire - Resumo Pedagogia da autonomia PDF

Title Síntese Paulo Freire - Resumo Pedagogia da autonomia
Author Beatriz Cardoso dos Santos
Course Teorias da educação I
Institution Universidade Federal de Goiás
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Summary

Resumo do capítulo 9 do livro Pedagogia da Autonomia de Freire. ...


Description

Universidade Federal de Goiás Instituto de Ciências Biológicas Estágio Curricular Obrigatório I

A pedagogia da autonomia foi o último livro escrito pelo educador Paulo Freire. Apresenta saberes necessários à uma prática educativa libertadora, pautada na ética e objetivando construir a autonomia dos educandos, valorizando sua cultura, os saberes prévios e a individualidade dos mesmos enquanto sujeitos. Ao longo do livro, Freire discorre sobre diversos saberes que, para ele,

 orém no presente artigo será abordado apenas os são cruciais a uma prática educativa certa, p últimos tópicos do capítulo 3 do livro, que são: ensinar exige saber escutar, ensinar exige saber que a educação é ideológica, ensinar exige disponibilidade para o diálogo, e, por último, ensinar exige querer bem aos educandos. ●

Ensinar exige saber escutar Neste tópico, Paulo Freire destaca a importância de saber escutar para o exercício pleno da

docência. Ele argumenta que não é possível aprender a escutar o outro falando a ele ou com ele de forma autoritária ou impositiva, como se fôssemos os portadores da verdade. Ao contrário, é escutando criticamente o outro que se aprende a falar com ele. Ainda que a nossa fala seja contra posições ou concepções do outro, é preciso tê-lo como um sujeito que escuta e não mero objeto de nosso discurso. Nesse processo de escutar, o educador pode aprender a difícil lição de que é crucial adequar seu discurso ao aluno. Mais adiante, o autor chama atenção, como fez diversas vezes ao longo do livro, para burocratização da mente e a asfixia da liberdade. A burocratização da mente, é um estado refinado de estranheza, o  nde predomina o conformismo e a acomodação diante de situações consideradas como imutáveis. Nesta concepção fatalista, resultado de uma domesticação alienante, predomina a máxima de que as coisas não mudam e nunca mudarão. A asfixia da liberdade, por sua vez, se dá a partir de uma padronização de maneiras de ser, as quais estamos constantemente sendo avaliados, que nos retira a verdadeira liberdade de nos mover, criar e arriscar, tudo isso vem sendo feito em nome da democracia, da liberdade e da eficácia. Nesse sentido, essas concepções fatalistas implicam na morte dos sonhos em ter um amanhã diferente, implica na desconsideração pela formação integral do ser humano, que é reduzida a puro treino. Isso deságua em um falar autoritário, de cima para baixo, onde as pessoas não se escutam. Nesta mesma lógica autoritária e hierárquica, estão os sistemas de avaliação, argumenta Paulo Freire. Esses sistemas, embora tenham um discurso democrático, são totalmente verticais e domesticadores, pois treinam os estudantes para realizarem provas, somente. Mas vale ressaltar que Freire não se coloca contra a avaliação, e sim contra o método silenciador com que ela às vezes se realiza.

No processo de falar e escutar é preciso também saber o momento em que se deve ficar calado. O silêncio é fundamental para a comunicação, pois torna possível ouvir o outro de forma plena, escutar suas indagações, dúvidas e críticas. ●

Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica Conhecer as ideologias é outro saber que Freire julga crucial à prática educativa, pois a

ideologia está estritamente ligada com a verdade das coisas, ocultando ou revelando-a. Para Freire, a ideologia tem uma capacidade de nos docilizar diante dos desmandos do neoliberalismo, fazendo passar a globalização por algo natural e não como uma produção histórica. As ideologias tem o poder de distorcer o discurso crítico, de promover a miopia para que os oprimidos aceitem facilmente discursos e ações maquiados como uma coisa, quando na verdade é outra. Portanto, além de distorcer a verdade, as ideologias são supressoras da natureza crítica necessária para ver as fontes verdadeiras de opressão. A dominação opressora se baseia na educação para reproduzir suas ideologias na sociedade, por isso a educação é necessária para a manutenção do status quo opressor e se configura como campo de disputa. Para promover essa desideologização subjetiva de quem foi educado por seu opressor, é preciso conscientizar as classes populares. Essa desideologização é oposta à necessidade de reproduzir a dominação. Para superar essa opressão, o autor acredita ser necessário uma solidariedade unificadora entre as pessoas. ●

Ensinar exige disponibilidade para o diálogo O diálogo/dialogicidade é uma das categorias centrais de um projeto pedagógico crítico, mas

propositivo e esperançoso em relação ao futuro. Freire vê no diálogo um papel central para uma educação libertadora, para ele é preciso que os professores saibam se abrir à realidade dos educandos e isso só é possível através do diálogo. Essa abertura de que ele fala não é só para entender o que se passa com o educando, mas para assumir o papel de ajudá-los a superar tais dificuldades através do aprendizado. Nessa perspectiva, o diálogo é a força que impulsiona o pensar crítico-problematizador em relação à condição humana no mundo. Através do diálogo podemos dizer o mundo segundo nosso modo de ver. Além disso, o diálogo implica na práxis social, que é o compromisso entre a palavra dita e nossa ação desumanizadora. Essa possibilidade abre caminho para pensar a vida em sociedade, discutir sobre nossa educação, a linguagem que praticamos e a possibilidade de agirmos de outro modo de ser, que transforme o mundo que nos cerca. ●

Ensinar exige querer bem aos educandos

Por fim, no último tópico, o autor fala de algo que para ele é crucial em uma prática educativa: querer bem aos educandos. Este querer bem de que ele fala, não se trata de ser obrigado a querer bem a todos os alunos de forma heterogênea, e sim de afetividade, de estar aberto e não ter medo de se expressá-la. É preciso descartar a falsa dicotomia entre seriedade docente e afetividade, pois ser severo, frio e distante não faz de nenhum professor "o melhor". O que não pode ocorrer é uma interferência da afetividade no cumprimento ético do dever de professor e exercício de sua autoridade. A dicotomia entre seriedade docente e alegria também é falsa, segundo Paulo Freire, pois a alegria não é inimiga da rigorosidade. Essa alegria de que ele fala, não se trata de um achado, mas faz parte do processo de busca. Processo de busca este onde se inclui ensinar e aprender aliado a alegria e boniteza. Essa afetividade e alegria que surge durante a atividade docente é que explica, para Freire, a devoção com que grande parte dos professores permanecem na atividade docente, apesar da imoralidade dos salários. Mas isso, de nenhum modo significa que os docentes devem se apegar a amorosidade da profissão e deixar de lutar politicamente pelos seus direitos, pois a prática educativa não é só um ou só outro, é ao mesmo tempo afetividade, capacidade científica e domínio técnico a serviço da mudança. Outra coisa para a qual Freire chama atenção é o sujeito da educação, não importa a faixa etária, o sujeito da educação é sempre gente, e por ser gente, está formando-se, mudando, crescendo, reorientando-se, melhorando e traz consigo inquietações, traumas, tristezas etc., por isso a prática docente exige muita responsabilidade ética, por lidar com gente e consequentemente sonhos, utopias e esperanças. Exige também amorosidade e afetividade em relação a problemática dos educandos. Por ser gente é humano, e por ser humano é inacabado, então é de se esperar que transgrida a ética, que nem sempre se porte da maneira mais adequada e respeitosa. Para lidar com isso é preciso, primeiro que o professor tenha entendimento do inacabamento humano e de que a mudança sempre é possível, caso contrário de nada adiantaria a educação e o ensino, pois se aprendemos e educamos é por que não nascemos prontos e determinados. Referências FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. STRECK, Danilo R. REDIN,Euclides et al. Dicionário Paulo Freire . Editora autêntica, 2008....


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