Resumo de Necrose e Apoptose PDF

Title Resumo de Necrose e Apoptose
Course Patologia Geral
Institution Universidade do Estado de Minas Gerais
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Resumo de Necrose e Apoptose...


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PATOLOGIA GERAL- AULA 3 MORTE CELULAR: NECROSE E APOPTOSE Como já foi falado na aula anterior, dentro das lesões celulares existem aquelas que podem ser revertidas (como as degenerações) e aquelas que são irreversíveis. Na aula de hoje vamos tratar do segundo tipo, e o que determina se a lesão chegará nesse ponto é justamente a intensidade e a natureza do agente agressor. Nem sempre é possível medir ou observar o morfologicamente o “ponto de não retorno”, ou seja, o ponto em que a lesão deixou de ser reversível para ser irreversível. Às vezes, nem mesmo existe lesão reversível antes da morte, quando ela ocorre muito rapidamente. Já que tanto necrose quanto apoptose são mortes celulares, como diferenciá-las? Quando a morte ocorre em um organismo vivo e é precedida de autólise, ela é chamada de necrose. A autólise é um processo em que as próprias enzimas da célula do lisossoma digere os componentes celulares. Por outro lado, se a célula sofre condensação e fragmentação de suas estruturas sem perder a membrana, para posteriormente ser fagocitada por macrófagos, ela sofreu apoptose. A apoptose nem sempre é patológica, enquanto a necrose é. Existe também um termo chamado de necroapoptose, que é a morte celular programada independente de caspase. Vamos focar em cada uma agora então. Necrose Na necrose, a agressão chega a ser intensa o suficiente para fazer os lisossomas não conterem mais as suas enzimas em seu interior. Assim, eles liberam suas hidrolases, que são ativadas pela alta concentração de cálcio e começam a digerir o conteúdo celular. É esse mecanismo que gerará as alterações macro e microscópicas. 

Alterações microscópicas

As alterações macroscópicas serão faladas em cada tipo de necrose, porque é isso que determina a classificação. Ao MO, as alterações só aparecem depois de um tempo, o que significa que se o indivíduo teve morte somática muito rapidamente após a necrose ela não será observada. O que mais se observa nas necroses é: 1) Picnose nuclear: contração excessiva da cromatina, que promove maior basofilia, homogeneidade e diminuição do núcleo. O que provoca isso é o abaixamento do pH. 2) Cariorrexe: fragmentação do núcleo com sua dispersão no citoplasma. 3) Cariolise: digestão da cromatina, que é observada em células sem núcleo.

4) O citoplasma torna-se mais acidófilo (pela digestão das proteínas) e com o tempo fica mais granuloso e forma massas amorfas de limites imprecisos.  Causas e tipos de necrose Os agentes agressores produzem necrose por: 1) Redução de energia, ou por problemas vasculares ou por problemas na bioquímica da produção de ATP. 2) Produção de ROS 3) Ação direta sobre enzimas, inibindo processos vitais 4) Agressão à MP, levando à perda de eletrólitos. Os mecanismos que promovem essas alterações são os seguintes: a) Isquemia: o tecido para de receber suprimento de oxigênio e sua mitocôndria torna-se incapaz de produzir ATP. As consequências são: desequilíbrio eletrolítico, pelo problema no funcionamento da bomba de sódio e potássio, o que gera bolhas, tumefação da célula; aumento da glicólise e do ácido lático, o que diminui o pH e faz a cromatina se condensar; desagregação de ribossomos, o que promove menor síntese proteica e acúmulo de lipídeos. b) Ions cálcio: O cálcio em excesso na célula ativa as hidrolases, promovendo: com as endonucleases lesão nuclear, com as proteases e as fosfolipases lesão de membrana. Além disso, ocorre também diminuição do ATP por ativação de ATPase. c) Radicais de CCl3-: promovem a peroxidação lipídica, o que lesa a membrana e promove influxo de Ca, que gera o que já falamos. d) ROS: quando existe intensa formação de ROS, que as enzimas não conseguem eliminar, podem ocorrer lesões, como a peroxidação lipídica, a lesão no DNA e a alteração na produção de proteínas. Esses mecanismos nos levaram a classificar as necroses com os seguintes tipos: 



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Necrose de coagulação: causada principalmente por anóxia, decorrente de isquemia. Macroscopicamente, a região do órgão fica esbranquiçada (nos casos de órgãos de circulação terminal) ou vermelha (nos órgãos de dupla circulação, onde há extravasamento pelo vaso não isquêmico). No início, é possível identificar as formas do tecido (sem perda de morfologia). Quando há branqueamento, a área ao redor fica hemorrágica, para tentar compensar. A evolução é inflamação, angiogênese, fibrose. Necrose por liquefação: Ocorre quando a zona adquire consistência mole, ou até liquefeita. É comum no SNC, na supra renal e na mucosa gástrica, após anóxia. Esse efeito macroscópico é provocado pelas enzimas lisossômicas. Necrose lítica: necrose da hepatite viral, que faz o fígado esfarelar mesmo. Necrose caseosa: Diferentemente da de coagulação, o órgão perde sua consistência e fica parecendo “queijo”. Microscopicamente, as células ficam homogêneas, acidófilas e contendo núcleos picnóticos e cariorrexe na periferia. É muito encontrado em tuberculose, em que admite-se que esteja relacionada

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a mecanismos de sensibilização de macrófagos e células T, que produzem citotoxicidade. Acredita-se que algumas células sofrem apoptose, mas outras evoluem para a necrose (cariolise evidenciada). Necrose gomosa: é um tipo de necrose de coagulação que ocorre na sífilis. O órgão fica com aspecto de goma Necrose gordurosa: pela ação de lipases sobre os TAG, os AG sofrem saponificação , o que origina depósitos esbranquiçados, com aspecto de pingo de vela. Comum em pancreatite e traumas na mama. Evolução

Depende muito de vários fatores, sendo que estão descritos aqui as principais consequências: 





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Regeneração: quando o órgão tem capacidade regenerativa, são liberados fatores de crescimento ao redor da área, o que induz multiplicação do parênquima. Se o estroma foi preservado, as alterações são menores ainda. Se a área é extensa, não há agrupamento correto e pode haver formação de nódulos Cicatrização: ocorre depois de liberação de mediadores químicos e de inflamação, formando também o tecido de granulação (a casquinha do machucado). À medida em que as células de defesa fagocitam o tecido, elas abrem espaço para os fibroblastos, que formam um tecido conjuntivo cicatricial. Encistamento: quando o material não é absorvido, só se desenvolve resposta inflamatória no redor da lesão, o que forma uma proliferação conjuntiva e forma uma cápsula que encista o tecido necrosado. No interior do cisto fica um material liquido. Eliminação: é o exemplo da tuberculose, em que o brônquio pode eliminar o tecido necrosado, formando cavidades (cavernas tuberculosas). Gangrena: é resultante da ação de agentes externos sobre o tecido necrosado. Se há desidratação, forma-se a gangrena seca (fica parecendo pergaminho), principalmente nas extremidades dos dedos, artelhos e ponta do nariz. Se há invasão de microorganismos que tendem a liquefazer a área, com a produção de gases, forma-se a gangrena úmida (comum no tubo digestivo, no pulmão e na pele). Se há contaminação com Clostridium, forma-se a gangrena gasosa, com formação de bolhas de gás.

Apoptose É um fenômeno em que a célula é estimulada a acionar mecanismos que culminem em sua morte. Ela não promove autólise, ficando fragmentada e sendo fagocitada por células vizinhas, sem promover quimiotaxia. Diferentemente da necrose, que é um processo necessariamente patológico, a apoptose pode ser fisiológica, e é muito importante para diversos processos, como após a lactação (apoptose dos ácinos), a embriogênese.



Morfologia

A célula que entra em apoptose encolhe, o citoplasma fica mais denso e a cromatina se agrupa formando o chamado “núcleo em meia-lua”. Em seguida, ocorre cariorrexe e a MP forma brotamentos, que se destacam e formam os corpos apoptóticos. Eles, em HE, ou são muito basófilos, quando têm muito fragmento nuclear, ou são acidófilos, quando têm muito citoplasma. A região fica despovoada 

Patogenia

Existem 2 vias de apoptose: a intrínseca e a extrínseca. Ambas envolvem a ativação de várias proteínas, como caspases, enzimas de reconhecimento fagocítico (como fosfatidilserina) e quebras típicas do DNA. 



Na via intrínseca, diversos tipos de lesão (subtração de fator de crescimento, lesão de DNA e proteína mal dobrada) ativam a via do Bcl2, que tem componentes efetores e componentes reguladores. Os efetors atuam na mitocôndria, ativando o citocromo C, que ativa caspases desencadeantes. As desencadeantes agem sobre as executoras, ativando endonucleases e degradação do citoesqueleto. A consequência disso é a formação de bolhas, que formam corpos apoptóticos. Na via extrínseca, um ligante chamado FAS se liga ao receptor de TNF e ativa já as caspases desencadeantes.

As lesões que podem causar essas duas podem ser de origem infecciosa (vírus ou bactérias), hipóxia, linfócitos T citotóxicos, citocinas (tnf), corticoides....


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