Síntese do livro “O que é educação” de Carlos Rodrigues Brandão PDF

Title Síntese do livro “O que é educação” de Carlos Rodrigues Brandão
Author Bárbara Rodrigues
Course Introdução a educação
Institution Universidade Estadual do Ceará
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Síntese do Livro "o que é educação" de Carlos Rodrigues Brandão...


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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

BÁRBARA DE OLIVEIRA LIMA RODRIGUES NÚMERO DE MATRÍCULA: 1439768 DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO PROFESSORA: RAQUEL CARINE MARTINS BESERRA

2017 SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO………………………………………………………….………………….3 O QUE É EDUCAÇÃO…………………………………………………...………………..3 CONTEXTO

ATUAL…………………………………………………...…………………...7

CONSIDERAÇÕES

FINAIS………………………………………….…………………….8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………………...….8

INTRODUÇÃO

É uma visão comum nas sociedade ocidentais enxergar a educação como algo homogêneo, escolar e tradicional. Acredita-se muitas vezes que a educação é algo que apenas a escola detém. Esquece-se que além de o ensino formal ser muito

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diversificado, variando muito de cultura para cultura, existe também o saber e aprender que não são escolares. Viver em sociedade é aprender o tempo inteiro e a escola não é a única ferramenta para o desenvolvimento humano. Como diz Brandão: “ninguém se livra da educação”. Ela está em todos os lugares onde há pessoas que se comunicam de alguma forma. O ser humano ao se comunicar, aprende, assimila e traz consigo uma bagagem nova de conhecimento. É impossível dissociar a educação das relações humanas, visto que, é na socialização que há transferência do saber, das tradições, dos costumes de determinado povo, ou seja, a cultura.

O QUE É EDUCAÇÃO John Dewey disse que a educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida. Essa é uma das idéias centrais do livro O que é educação de Carlos Rodrigues Brandão. Para ele, existem muitas formas de se educar e aprender. Sendo ela formal ou informal, não existe forma de fugir da educação, pois quando o ser humano se socializa ele já educado dentro dos costumes e tradições de determinada cultura da qual pertence. Afirma também que educação existe em cada povo e entre os povos. Ela pode ser um de conhecimento de toda a comunidade ou pode reforçar a desigualdade sociais, sendo restrita a grupos privilegiados ou agindo como forma de controle. Em seu primeiro capítulo “Educação? Educações? Aprender com o índio”, o autor escolhe põe a palavra educação no plural evidenciando que não há apenas uma, mas muitas levando o leitor a refletir o quão nossa concepção de educação é etnocêntrica. É comum ainda vermos o indígena como alguém arcaico, primitivo, menos evoluído e que necessita de alguma forma participar do que chamamos de tecnologia, ser civilizado. Foi com base nessa visão, trazendo-a para um contexto histórico brasileiro, que desde a colonização foi feita uma violência não só física, mas também simbólica. Os indígenas sofreram e sofrem um grande genocídio de seu povo e sua cultura também. O europeu invadiu as terras americanas impondo sua religião, linguagem e até modelo econômico. Compreender a pluralidade das educações facilita o exercício do respeito às diferenças e a prática de uma educação escolar que dialogue não apenas para uma cultura eurocêntrica e normativa, mas também a africana e a indígena, já que elas também contribuíram para a formação e identidade do povo brasileiro. Observa-se que o autor tem grande esforço em desconstruir essa visão conservadora da educação no leitor. Para ajudar na construção desse argumento, inicia falando sobre uma importante carta escrita por um índio da qual Benjamin Franklin divulgou. Na carta, resumidamente o indígena recusa um convite feito pelos ocidentais para que parte dos integrantes da tribo tivessem a oportunidade de serem ensinados dentro da concepção de educação do homem branco. Por meio de tal carta, Brandão apresenta a seguinte premissa: “Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a 3

escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante.” No segundo capítulo, “Quando a Escola é a Aldeia”, ele se aprofunda na exemplificação de sociedades que educam sem ser dentro da escola e explica como essa educação ocorre e as interações entre os indivíduos que participam dentro do processo. Segundo o autor, a palavra Educação é raramente usada quando é associada a educação não escolar e tribal em razão de existir uma grande dificuldade em pensar esta palavra como algo que se distancie da escolarização. Enxergar como único modelo válido a educação formal é de certa maneira invisibilizar a cultura e os saberes de sociedades que se afastam desse paradigma. Mesmo que dentro dessas comunidades não haja a escola, ainda sim há formas de aprender e de ensinar. No capítulo “Então, surge a escola”, é detalhado a origem da escola e sob qual contexto as sociedades vivenciam para que ela seja vista como necessária. Para Brandão, a educação se transforma em ensino quando as sociedade se tornam mais complexas e passam por processos de estratificação sociais. Isso tem como consequência as divisões do conhecimento. As sociedades que passam por tais transformações “desaprendem” a pensar de forma coletiva e passam a usar os saberes para privilegiar grupos, reforçando desigualdades.Tal fenômeno é possível ser observado na conjuntura capitalista, já que cada vez mais os conhecimentos se tornam mais específicos, surgindo diferentes profissionais para atender distintas demandas e problemas. Em Pedagogos, Mestres e Sofistas, Brandão discorre sobre a educação no contexto grego. Na Grécia, antes da educação tornar-se questão estatal, os saberes eram difundidos socialmente. A família era a principal instituição responsável por ensinar os valores, as crenças e todo o aparato necessário para tornar aquela criança um modelo de cidadão da pólis. Após a educação ser tratada como dever da pólis, o saber é institucionalizado, entretanto não é difundido de forma igualitária, uma vez que não são todas as crianças da pólis que terão acesso ao ensino. A escola era um espaço onde crianças escravas não poderiam frequentar, crianças de pais humildes não conseguiam dar continuidade aos seus estudos, enquanto crianças pertencentes à aristocracia grega prosseguiram seus estudos e suas potencialidades intelectuais eram estimuladas. A educação nesse momento torna-se mais um elemento divisor de classes, evidenciava mais ainda a injustiça social. Na pólis existia dois tipos de saberes distintos: o saber técnico e o saber teórico. O primeiro refere-se a trabalhos manuais, destinados aos artesãos e escravos. Este saber não tinha o mesmo status que o segundo. O conhecimento teórico, por sua vez, agregava mais valor, era tido como um conhecimento que só quem poderia tê-lo é a classe privilegiada, abastada. Até os dias de hoje ainda há divisões semelhantes. Ter uma carreira acadêmica, poder estudar nas universidades era algo que, até pouco 4

tempo, era visto como algo dificílimo de ser alcançado por alguém que nasceu em uma família humilde. Hoje, apesar das maiores facilidades devido a programas que oferecem oportunidade para as camadas mais pobres, ainda sim estudar é visto como um privilégio que poucos detém. Já na Roma antiga a educação inicia, assim como na Grécia de forma não estatal. A família era a responsável por educar, sendo o domínio da agricultura, o trabalho na terra um dos grandes ensinamentos que um cidadão romano poderia ter. A tradição pautada na família se prolongou por um tempo muito maior. Além disso, a origem de Roma é, assim como nas sociedades tribais, mais comunitária, igualitária. Entretanto, em determinado momento houve a ruptura desse modelo de sociedade e passa a ter uma divisão de classes sociais. Uma parcela de camponeses começou uma distribuição de alimentos e terras de forma desigual. Tal parcela de manteve favorecida em relação aos demais e formaram assim a aristocracia romana e foi utilizando esse poder político-econômico que fundaram o Estado. Mesmo após esse advento, a criança romana ainda sim é educada no seio familiar e tinha como referência os pais, apenas com a chegada do cristianismo aparece a schola publica, tal modelo foi a origem de educação que temos hoje. Brandão declara que, assim como na educação grega, Roma também separou-se entre a educação focada no ensino de trabalhos executados pelos escravos e a educação dada para a classe social favorecida, trazendo conhecimentos de política, direito, etc. Tal modelo de educação se espalhou por boa parte do mundo através do domínio. No capítulo seguinte Brandão traz a educação para o contexto brasileiro e faz importantes reflexões acerca do modelo do qual temos hoje. Ele mostra distância que há entre às leis brasileiras referentes à educação do país e a prática. Apesar da legislação brasileira afirmar que a educação é de todos, ainda boa parte da população não têm acesso a ela. Como uma resposta a privação de direitos, surgem os movimentos sociais, que cobram a concretização do que é previsto em lei. No capítulo “Pessoas versus sociedade: um dilema que oculta outros” o autor inicia falando dos conceitos de alguns filósofos e teóricos da área a respeito à definição de educação. De forma geral, muitos autores vêem a educação como a forma pelo qual o ser humano desenvolve suas potencialidades. Kant, por exemplo, diz que a educação é o desenvolvimento no homem e de toda a perfeição de que sua natureza é capaz. A partir disso, Brandão promove uma reflexão à respeito de tais definições. Fala que elas são direcionadas a apenas um padrão de sociedade, tendo como referencial um conjunto de valores, ideias difundidas em moldes ocidentais. Afinal, o que é visto como perfeito neste modelo não é visto como perfeito em outro contexto e outra cultura, como por exemplo, as sociedade tribais. Tal visão segue uma perspectiva evolucionista, tendo como parâmetro as concepções de produtividade, intelectualidade, 5

trabalho, invisibilizando outras tradições, valores e saberes. Para muitos grupos indígenas o saber é algo que deve servir à tribo, promover benefícios à comunidade. É pensado então o ensinamento como o meio de conseguir o bem-estar coletivo, uma vez que, fará o indivíduo cooperar e trabalhar com todos pela sobrevivência e manutenção dos valores vigentes. Já a visão tradicionalista de educação é construída à partir de uma perspectiva individualista, servindo para privilegiar às elites. Depois que uma sociedade torna-se complexa e é introduzida na cultura tal modelo de educação, é muito difícil fazê-la retornar para o primeiro tipo de educação. Em Sociedade contra Estado: classe e educação o debate é sobre como a educação pode ser usada como ferramenta para conservar o poder entre àqueles que o detém, como pode também pode servir na práxis. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação é possível ver um trecho que dialoga muito com o tema explicitado. Diz claramente que a educação tem como em um de seus fins preparar o indivíduo para o exercício consciente da cidadania. Essa prática só é possível partindo de uma escola que ofereça a promoção de um saber que torne o aprendente lúcido das injustiças sociais das quais experiencia e desfazendo um olhar conformista e que naturaliza a violação de direitos fundamentais para sobrevivência e bem-estar humano. Por fim, em “A Esperança da Educação.” Brandão discorre sobre a educação da qual Paulo Freire militou: libertadora e contrária a educação bancária, uma abordagem que não sirva para manutenção do status-quo. Defende um ensino que não tenha como objetivo tornar os indivíduos futura mão de obra barata e sim seres capazes de mudar sua realidade e lutar contra as injustiças.

CONTEXTO ATUAL Impossível dissociar o debate de Brandão da complexa conjuntura de hoje repleta de tantas contradições. Paulo Freire, por exemplo, um dos teóricos mais respeitados da educação, tendo uma visão progressista e revolucionária, é nascido em um país onde a educação é tão conservadora. Atualmente o Brasil sofre com uma crescente onda de difusão de ideias reacionárias e que querem inclusive retirar Paulo Freire do título merecidamente conquistado de patrono da educação brasileira. Outra medida retrógrada é o programa Escola sem partido. Este representa uma grande decadência ao que se refere a educação do Brasil porque traz claramente a censura para sala de aula, impossibilitando o educador de auxiliar na compreensão da realidade e dos processos políticos do qual participa. Entrando em conflito com o Artigo 19, item b, do qual diz que a educação tem o fim de trazer “o respeito a dignidade e às 6

liberdades fundamentais do homem”. Ser neutro no contexto capitalista é ser negligente com os jovens que necessitam compreender as injustiças do cenário do qual participam e de quais direitos eles são privados. Muitos que defendem essa proposta dizem que querem uma escola sem influências ideológicas. Bem, segundo Karl Marx(1818-1883) e Engels(1820-1895), ideologia é “Conjunto de idéias que procura ocultar a sua própria origem nos interesses sociais de um grupo particular da sociedade.” (LOWY, 1985, p.12). Portanto, a ideologia é nada mais do que a naturalização da desigualdade e é por meio difusão de ideias que a legitimam. Afirmações comuns que apoiam a ideologia são de prática do senso comum, afinal, o que seria do sistema capitalista se os indivíduos que são explorados nele não o defendessem? Dentro dessa perspectiva a escola não seria um ambiente para desconstruir a ideologia por meio do pensamento?

CONSIDERAÇÕES

FINAIS

O livro traz um debate indispensável para a sociedade e expõe o quão às práticas educacionais precisam de transformação. Ainda presencia-se não só no ambiente escolar, mas como toda sociedade uma educação excludente, opressora, muito distante de promover o respeito às diferenças, a democratização dos saberes políticoseconômicos, do compreendimento da injusta dinâmica do trabalho do qual estão inseridos. Assim como afirma Brandão, a esperança está na escola. As pessoas que estão nela devem ser livres para pensarem, para agirem e para contribuírem para transformação social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. Brasiliense, 2017. Michael

Lowy.

Ideologia

e

ciência

social.

São

Paulo:

Cortez,

1985.

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