Texto de Sustentabilidade PDF

Title Texto de Sustentabilidade
Course Arquitetura e Urbanismo
Institution Universidade Federal de São João Del Rei
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Resumo sobre a matéria Tópicos em Sustentabilidade...


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, URBANISMO E ARTES APLICADAS TÓPICOS EM SUSTENTABILIDADE / DESIGN DO FUTURO

Caminhos d’água O sentido das fontes em São João del-Rei

Trabalho apresentado como requisito para avaliação das disciplinas Tópicos em Sustentabilidade e Design do Futuro, ministradas conjuntamente no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSJ pelos docentes Fernanda Corghi e Paulo Caetano. Autor: Guilherme Carvalho Silveira Miguel

São João del-Rei 2019

INTRODUÇÃO O vídeo Caminhos d’água surge em um contexto de indagação sobre o atual significado da água no ambiente público de São João del-Rei e quais as novas relações entre a população e tal recurso presente na cidade. Numa cidade na qual a água é entendida essencialmente em seu propósito utilitário – escoamento de esgoto pelos córregos drenados, uso doméstico pelas bicas e fontes – Caminhos d’água procura compreender em que ponto e o porquê a relação água-espaço público ganhou tal nova interface, uso e significação. Desde sua concepção, a cidade de São João del-Rei teve uma profunda relação com a água, principalmente de seus rios e córregos, tendo seu primeiro núcleo povoado construído no século XVII às margens do Rio das Mortes em decorrência da mineração – sendo chamado de Porto da Passagem, próximo ao atual bairro Matozinhos. Logo após, em 1705, um novo arraial é construído abaixo do atual Morro das Mercês e às margens do Córrego do Lenheiro – sendo este chamado de Arraial Novo, mais tarde originando o centro histórico colonial da cidade (GUIMARÃES, 1996). De acordo com Silva (1998), a partir do século XVIII, o abastecimento público de água no Brasil Colônia se fazia através de chafarizes e fontes próprias. Já as ações de saneamento, como remoção de dejetos e lixo, eram realizadas de forma individualizada pelas famílias. Nesse período, o serviço de abastecimento de água era então realizado pelo transporte de água por aquedutos e a distribuição para a população provinha dos chafarizes. Já ao longo da segunda metade do século XIX, segundo Fonseca (2015), a discussão da higiene foi um tema de ampla circulação na cidade, envolvendo também ações da Câmara Municipal em relação ao uso das fontes e chafarizes. Desse modo, de acordo com a autora: A Câmara, também em 1887, elaborou o Código de Posturas Municipais, que regulava a vida na cidade e, entre outras determinações, continha diversas prescrições higiênicas. Entre elas, que todo indivíduo encontrado bebendo água, encostando os lábios nas torneiras dos chafarizes municipais, levaria uma multa e mais cinco dias de prisão e o dobro desse tempo caso fosse reincidente. A mesma pena teriam os que fossem lavar utensílios domésticos, alimentos, roupas ou outros objetos (FONSECA, 2015, p.103).

O Córrego do Lenheiro, antes navegável como mostra as diversas aquarelas de Rugendas (1824), utilizado como recreação pelos habitantes e até mesmo chamado popularmente de “prainha”, teve seu percurso canalizado de modo a proporcionar um mais rápido escoamento de sua água utilizada como receptora de esgoto. Concomitantemente, as diversas fontes e chafarizes presentes na cidade foram desativadas. Desse modo, o processo de urbanização de São João del-Rei veio a remover a água do convívio público dos moradores. A água já não mais ofertada livremente no espaço público através das fontes e chafarizes, as quais ao longo de nosso processo de problematização chamamos de “bicas secas” em decorrência da desativação destas, veio a ser novamente cedida por meio de fontes particulares ou “bicas molhadas”. Com isso, quais novas relações tal inversão de aspectos poderia resultar? Quais seriam agora os novos usos ou os usos secundários potencializados nos espaços públicos detentores das bicas secas?

PROPOSTA Assim sendo, como proposta, buscou-se evidenciar a nova situação das fontes da cidade por meio de filmagens de locais previamente selecionados, buscando contrapor a inatividade desses elementos inertes no espaço com o fluxo da circulação das pessoas no local e como se dão as interações, caso existentes, entre transeuntes e fontes. Partindo desse pressuposto, foi realizado um levantamento com seis fontes públicas desativadas localizadas essencialmente em praças – Praça Dr. Fausto Mourão, Praça Severiano de Resende, Praça Carlos Gomes, Praça Dr. Salatiel, Praça do Coreto e Praça Bom Jesus de Matozinhos. A escolha por esses locais deu-se de modo contemplar um maior número de bairros e contextos diferentes. Nesses locais, constatou-se que as fontes ou bicas secas funcionam como elementos estruturadores do espaço, localizadas principalmente ao centro, por onde as praças derivam-se. Em casos como a Praça Dr. Fausto Mourão, a própria fonte dá nome ao local, chamada popularmente como Praça da Biquinha. Desse modo, foram realizadas gravações procurando demonstrar a inatividade de tais fontes, entendidas agora como monumentos decorativos do espaço, assim como outras formas de uso que ocorriam no local. Com isso, focamos também em torneiras

existentes em certas praças, sendo elas as únicas fornecedoras de água em tais espaços públicos, utilizadas principalmente por moradores de ruas. Por fim, a realidade captada em vídeo foi complementada por meio da narração de quatro poemas como plano de fundo tendo a água como protagonista. Propomos assim uma contraposição entre a abundância e o protagonismo da água presente nos poemas com a inexistência desse elemento encontrada nas fontes.

CONSTATAÇÕES Partindo então da inatividade encontrada em tais fontes, pôde-se constatar que estes elementos, antes detentores de uma certa qualidade utilitária, encontram-se agora integrados ao espaço público como monumentos decorativos. A água então, antes possuidora de um valor utilitário à população, detêm agora sua existência como sendo mais um elemento decorativo inerte no espaço em uma cidade cercada por monumentos. Desse modo, a água passa então a ser ofertada essencialmente em locais particulares, podendo citar as bicas da Serralheria Agostini, existentes em um contexto de espaço semi-público e com horário de funcionamento regulado. Assim, a água, uma vez distribuída livremente no espaço público, passa agora a ser mediada por particulares. Novas centralidades em relação ao consumo e proveito da água foram então definidas, uma vez que os antigos meios de obtenção não são mais existentes. Já as antigas, ou seja, as praças detentoras de fontes usadas antigamente como ponto de encontro para o proveito da água e tendo um uso consideravelmente mais dinâmico, são agora utilizados como local de espera, descanso ou apenas tráfego. A fonte como um antigo elemento hospedeiro da água, uma vez em que tal elemento não mais existe no local, tem seu abandono podendo ser evidenciado por meio das condições de degradação as quais se encontram. Além disso, é possível evidenciar também uma negação da própria existência dessas estruturas nos espaços, compreendidas apenas como um obstáculo ao fluxo de pessoas que passam pelos locais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FONSECA, Daniela Flávia Martins. A higiene na cidade de São João del-Rei e o intento civilizador republicano. Dimensões, vol. 34, 2015, p. 95-119. Disponível em:

. Acessado em: 04 abr 2019. GUIMARÃES, Geraldo. São João del-Rei: século XVIII, história sumária. São João delRei: Editora do Autor, 1996. RUGENDAS, Johann Moritz. Vista de São João del-Rei. Aquarela, 1824. Acervo Academia

de

Ciências

de

Moscou.

Disponível

em:

. Acessado em: 04 abr 2019. SILVA, Elmo Rodrigues da. O curso da água na história: simbologia, moralidade e gestão de recursos hídricos. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro. 1998. Disponível em: . Acessado em: 05 abr 2019.

ANEXO

que lava a cona e o berbigão. Meus senhores, aqui está a água

Poemas utilizados:

que lava os olhos e os grelinhos

Sem título – Pedro Azalim

que lava a cona e os paninhos

eu sou a água

que lava o sangue das grandes lutas

que saí de meus poros e retorna a mim

que lava sérias e lava putas

eu sou a água

apaga o lume e o borralho

que me penetra

e que lava as guelras ao caralho.

eu sou a água

Meus senhores, aqui está a água

que me afoga

que rega rosas e manjericos

afogo em meu próprio ser

que lava o bidé, que lava penicos

e ao me afogar

tira mau cheiro das algibeiras

transbordo-me

dá de beber às fressureiras

eu sou o rio

lava a tromba a qualquer fantoche e

eu sou a poça

lava a boca depois de um broche.

eu sou a chuva eu sou o mar

Lição sobre a água – António Gedeão

sou 70% água?

Este líquido é água.

mentira, sou completude.

Quando pura é inodora, insípida e incolor.

A água – Manuel Maria Barbosa du Bocage

Reduzida a vapor,

Meus senhores, eu sou a água

sob tensão e a alta temperatura,

que lava a cara, que lava os olhos

move os êmbolos das máquinas que, por isso,

que lava a rata e os entrefolhos que lava a nabiça e os agriões que lava a piça e os colhões

se denominam máquinas de vapor. É um bom dissolvente.

que lava as damas e o que está vago

Embora com excepções mas de um modo geral,

pois lava as mamas e por onde cago.

dissolve tudo bem, ácidos, base e sais.

Meus senhores, aqui está a água

Congela a zero graus centesimais

que rega a salsa e o rabanete

e ferve a 100, quando à pressão normal.

que lava a língua a quem faz minete

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,

que lava o chibo mesmo da raspa tira o cheiro a bacalhau rasca que bebe o homem, que bebe o cão

sob um luar gomoso e branco de camélia, apareceu a boiar o cadáver de Ofélia

com um nenúfar na mão.

levar potência estrangeira a construir aguaduto até por baixo do mar a fim de daqui levar

A falta d’água no mundo – João Batista Melo De novo bem realista a ONU vem alertar que na África e na China a água pode faltar e conforme este argumento não tendo planejamento muita gente vai dançar. Sonho um Brasil d’água limpa e vida cheia de moral vencendo a poluição e qualquer um temporal se no mundo água faltar vamos daqui sustentar a demanda mundial. E vamos exportar água em garrafões ou barril com a marca registrada ” the água made in Brazil” pra ditadores malvados nem tendo Euros trocados não vendemos nem um til. Recuperar nossas águas é nosso grande dever e convido a juventude para lutar e vencer e se alguém quiser mais água seja China ou Nicarágua termos pra dar e vender. E não se deve estranhar se a escassez do produto,

água mais pra seu reduto. Temos de ser otimistas em qualquer situação só queremos que alguém nos indique a direção faça um cordel bem bonito ilustrado e bem escrito e mostre a população. Pois nosso caso é dramático Não dá pra se brincar A FALTA D’ ÁGUA NO MUNDO é coisa de arrepiar se não houver uma ação até em nossa nação a água pode faltar....


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