Vermelho como o Céu PDF

Title Vermelho como o Céu
Author Danielle Santana
Course Pedagogia
Institution Universidade do Estado da Bahia
Pages 8
File Size 260.4 KB
File Type PDF
Total Downloads 58
Total Views 148

Summary

Reumo do filme Vermelho como o céu. ...


Description

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS I PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO PROFESSORA: JANEIDE MEDRADO FERREIRA ALUNOS(AS): Danielle Santana C. Santos --------------------------------------------------------------------------------------------ROTEIRO DE TRABALHO “O conhecimento prévio do aluno é a chave para uma aprendizagem significativa” David Ausubel

“Vermelho Como o Céu é um drama baseado na história de vida real de Mirco Mencacci, renomado editor de som da indústria cinematográfica italiana. Filho único de uma família humilde, é um menino muito sensível, curioso, criativo e apaixonado pelo cinema. Um dia, sofre um acidente em casa ficando parcialmente cego. De acordo com as leis da época, as crianças com deficiência visual eram enviadas para colégios internos; a escola recusa, por isso, sua permanência após o acidente, orientando seus pais para que o enviem para um internato em Genova, muito longe de casa, alertando-os de que, caso não o fizessem, poderiam ser denunciados”.

O filme retrata várias situações relacionadas à aprendizagem. Construa um texto fazendo uma reflexão sobre o processo de ensino aprendizagem que ocorre nessa escola. Observe o clima institucional, as concepções de aprendizagem subjacentes às práticas do diretor e do professor, a motivação para aprender, as mediações feitas pelo professor para mobilizar o aluno para a aprendizagem, as intervenções do professor frente ao processo de construção do conhecimento – os pontos de ancoragem, a organização do ensino e o diálogo com a cultura, a proposta curricular, as normas institucionais, a avaliação da aprendizagem, entre outros aspectos. Estabeleça, também um paralelo com as ideias trazidas pelas charges abaixo.

Observação: o texto deverá ser entregue até o último dia de aula; o filme foi disponibilizado na área de trabalho da sala da turma; deverá ser feito em dupla; deverá ser preferencialmente digitado.

RESENHA FILMÍCA - VERMELHO COMO O CÉU

Vermelho como o Céu é uma obra extremamente encantadora e sensível. Não surpreende o fato de ter ganho a categoria de melhor filme de ficção da 30º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A Obra retrata a vida de um menino que por conta de um acidente acaba por perder a visão de forma gradativa, o filme se desenrola contando os conflitos e as dificuldades enfrentadas pelo garoto para se adaptar a sua nova condição sem perder o encantamento pela vida. Mesmo hoje, segundo Montoan (2003, p.19) "os sistemas escolares também estão montados a partir de um pensamento que recorta a realidade, que permite dividir os alunos em normais e deficientes, as modalidades de ensino em regular e especial". O filme retrata a realidade da década de 70 em que o pesar da educação segregacionista

afastava

das

escolas

regulares

crianças

portadoras

de

necessidades especial. Dada a situação histórica e por não existir escolas regulares com preparo para atende-lo, Mirco é enviado a um internato para meninos cegos, longe da família e dos amigos. Apesar de toda a situação, pode-se dizer que ele teve sorte ao encontrar um lugar que o aceitasse e que, mesmo com todos os pesares institucionais e curriculares, tivesse acesso à educação escolar. No início do filme fica perceptível o gosto pela vida e pelo cinema presente na vida de Mirco, é emocionante acompanhar sua determinação em não permitir a perda desses aspectos tão intrínsecos a ele. A escola, apesar de não possibilitar tal desenvolvimento, tem peças chaves que contribuem para que mesmo com os impedimentos e barreiras a criança possa se deleitar sobre aquilo que acredita e que o faz sentir vivo; a peça fundamental para a efetivação desse desenvolvimento é a figura do professor que o incentiva, mesmo correndo o risco de ser demitido, e dá possibilidades ao garoto. Para Santos (2008, p. 33) “A aprendizagem somente ocorre se quatro condições básicas forem atendidas: a motivação, o interesse, a habilidade de compartilhar experiências e a habilidade de interagir com os diferentes contextos”. É valido ressaltar que há a necessidade das instituições escolares compreender que não é por deficiência que medimos o caráter ou capacidade de uma pessoa, mas é ela que define seus próprios limites, se é que existem. Um momento de pura inspiração é quando Mirco juntamente com sua nova amiga,

Francesca, andam de bicicleta. O menino explora seus limites, vai além. Não tratase apenas de sair dos limites e muros da escola, mas enfrentar os seus próprios. A escola constitui uma estrutura totalmente tradicional e religiosa, o tempo inteiro podando as asas das crianças e não dando a eles desafios a fim de proporcionar aos garotos a necessidade de ir mais adiante. Pelo contrário, a escola, com suas regras e inflexões, além de enquadrar as crianças na caixa de “incapaz” ainda inviabiliza a subjetividade delas. Apesar de relatar uma história que se passa na década de 1970 o filme é extremamente atual no que diz respeito as estruturas escolares, pois uma de suas funções é formar o indivíduo para a sociedade, contudo ela “mata” a curiosidade, os sonhos, os desejos, cria tabu para discutir política e sexualidade e, por conta disso, devolve à sociedade individuo despreparados para lidares com as adversidades e diversidades. Se direcionarmos nosso olhar para a história da educação é fácil notarmos que ela reflete a situação econômica como forma de legitima-la. Entretanto as novas estruturações sociais, consequente da sociedade moderna, questionamentos vêm sendo levados sobre como a educação escolar tem ajudado no processo do desenvolvimento psicossocial dos indivíduos. Para Wallon, "é na interação com o meio que a criança constitui sua individualidade.” (CARRARA, 2004, p.53). Ele compreende que as funções psicológicas são socialmente construídas e ser humano se faz humano através da relação com o meio, essa concepção é essencial para compreender em como a escola precisa viabilizar a diversidade e agir pesadamente contra os padrões pré-estabelecidos a fim de efetivar educação a todos. A educação escolar embora devesse educar para a cidadania e para a igualdade, tende a reproduzir valores e costumes dominantes da sociedade, na qual se expressam as discriminações, dentre elas as de gênero e de raça. (VIANNA E UNBEHAUM, 2007, p. 124 apud KNIJINK, 2009, p.19)

Um fato constantemente notado é em como a escola tende a homogeneizar toda sua estrutura, tanto física quanto educacional, e dessa forma não acarreta o alcance efetivo de todos os indivíduos presentes em sala à educação, além de,

consequentemente, proporcionar e reafirmar uma cultura de violência contra as diversidades. A mudança desse cenário é extremamente importante e possível pois, “não há um caminho a se trilhar, mas a se construir (...) Assumir a diversidade é, em suma, assumir a vida como ela é: rica e bela na sua forma plural de ser vida.” (CMarques e LMarques 2003, p. 239).

No Artigo I da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é afirmado que "Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade". Todos temos direitos iguais perante a lei, mesmo e apesar das diferenças étnicas, condições físicas, econômicas, religiosas, políticas e sociais. Somos livres, entretanto vivemos em sociedade e, portanto, é essencial agirmos com respeito às particularidades de todos e, sobretudo, estarmos atentos às violações de direitos tanto nossos, quanto dos outros. Tanger Direitos Humanos, educação e desenvolvimento é uma forma interessante de captar nuances da sociedade contemporânea, pois a educação é o que nos torna seres sociais, pensantes e em comunhão com o mundo. É através dala, também, que adquirimos de forma mais ampla a cultura a que estamos inseridos. Bastante da forma de agir, pensar, falar e direcionar o olhar ao mundo é aprendido dentro das instituições sociais das quais o indivíduo faz parte. A educação escolar é uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento físico, psíquico, intelectual e emocional dos indivíduos. Se a família é responsável por inserir o indivíduo no mundo, cabe a escola a ampliar sua visão; tomar consciência disso é de extrema importância para a reflexão e análise de como tem sido efetuado esse auxilio ao desenvolvimento dos indivíduos nas escolas e, sobretudo, se os direitos têm sido ou não violados. Segundo Savianni (2000, p 15) “A educação é um fenômeno próprio dos seres humanos”. Essa afirmação leva-nos a refletir o quanto a educação é inerente ao ser humano e em como, a escola, é uma ação social. O ser humano é um ser histórico, seus questionamentos são reflexos do passado marcado em sua memória e por um anseio de um futuro, além de ser o único que transforma a natureza como forma de adapta-la a suas necessidades, em vista disto ele está em constante

mudança e para "corrigir" as "falhas" decorrentes de suas mutações, ele levanta questionamentos e age de forma a melhorar tais situações. Ao olharmos nossas escolas atuais é fácil notarmos que a estrutura da escola do Mirco continua a se perpetuar. Há exponencial urgência que a escola compreenda e possibilite a diversidade, em todos seus âmbitos. É observável, segundo GOHN (2001, p.07), que "A rede escolar é [...] atrasada e ineficiente em todos os sentidos (cobertura, processo de gestão, qualificação profissional dos recursos humanos, resultados, infra-estrutura física, etc.)”.

Amorim (2007) define a instituição escolar como "uma organização pensante, complexa e atuante no campo das relações humanas e da produção do saber". Essa afirmação reforça a ideia de que a escola como ação social precisa estar de acordo com as necessidades e demandas da sociedade e como as duas, sociedade e escola, precisam estar sincronizadas em tempo, espaço, estrutura e didática. Vygotsky, em uma de suas teorias, sugere que a educação começa antes mesmo do indivíduo adentrar uma sala de aula, e diz também que aprendizagem e desenvolvimento estão diretamente interligados, mostrando a importância da participação dos pais tanto na educação familiar quanto na escolar e, principalmente, como há uma correlação entre os dois tipos de educações. "A mais óbvia influência que não a família sobre a criança [...] é a escola que ela frequenta" (BEE, 1997 pág.284). Se a família é a primeira instituição a qual o indivíduo é ingresso, pode-se dizer que a escola, depois da família, torna-se a instituição mais importante na vida do indivíduo, não apenas pelo motivo de ser o local onde ele passa quatro horas por dia, cinco dias por semana, 9 meses por ano e, em média, doze anos de sua vida, mas por ser encarregada por desenvolvimento, perpassando as salas de aula e seus anos contidos na instituição, além de ser uma referência essencial na formação social do indivíduo. As dificuldades de adaptação que o menino Mirco encontra no início logo é substituída pela motivação de algo novo, como no momento em que ele encontra o gravador e com a ajuda de seu amigo Felice faz um trabalho sobre a natureza;

captando de forma belíssima nuances do dia-a-dia que, em sua maioria, passa despercebido pelos que têm os cinco sentidos. A interferência do professor ao isolamento do Mirco é um exemplo do tipo de docente em falta nas escolas atualmente. Mesmo correndo o risco de demissão ele vai até o garoto e fornece a ele vias de produção de sua arte. Tal ação foi de tamanha importância, pois segundo Wallon (1946) “O socius ou o Outro é um parceiro perpétuo do Eu na vida psíquica.”. A consciência coletiva é de extrema importância para que a vida em sociedade tenha êxito, e ela é proporcionada através da consciência do outro. Depois da família a escola é o principal meio de convivo social ao qual o indivíduo tem e deve ter acesso. Cabe a escola contribuir e dar a criança espaço para criar, sonhar, imaginar, dar margem a criatividade, pois no seu convívio social é essencial que ele tenha essas características. A pessoa do professor, diferentemente da figura do diretor e de sua insensibilidade, é esse “outro” que diz Wallon, é a pessoa que possibilita a consciência coletiva e social ao garoto. Segundo Ausubel (1976) nós aprendemos abstraindo das nossas experiências. Isso é notório quando o Mirco ao experimentar os barulhos, constrói um incrível trabalho sobre a natureza utilizando sons cotidianos. Ausubel (1976) também compreende que a aprendizagem deve ser significativa, ou seja, a informação deve interagir e ancorar-se nos conceitos relevantes já existentes na estrutura do aluno. A infância é um processo gradual e individual variando o desenvolvimento, comportamento, e o processo intelecto para diferentes crianças. A vida infantil e seus períodos vão depender de cada convívio, cada cultura. Cada etapa deve ser respeitada, tudo acontece em seu momento até completar seu período transitório de mudanças. É importante ter em mente que a criança necessita de espaço e liberdade para produzir e criar, para expor todo o burburinho que existe dentro de si. A escola deve ser um espaço facilitador, pois durante o processo de criação, seja de um desenho, de uma brincadeira ou dança, a criança passa por uma fase de autoconhecimento de si e do mundo que a rodeia. O desenvolvimento humano é complexo e multirefencial, é dever da escola assegurar que ocorra de forma efetiva. A necessidade de docentes aptos a lidar com as adversidades e possíveis conflitos em sala de aula também é de extrema

importância. A escola tem que ser local em que a criança possa se constituir, de forma completa, como indivíduo social e ativo.

REFERÊNCIAS: ANDRADE, Eliane Aparecida. Análise da violação dos direitos Humanos na escola pública. Universidade do Estado do Paraná, 2015 BRASIL. Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília, Senado Federal, 1988. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Organização das Nações Unidas (ONU), 1948. MONTOAN, Maria Tereza Eglér. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer?. São Paulo: Moderna, 2003. MOREIRA, M. A. A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de aula. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2006. SANTOS, J. C. F. dos. Aprendizagem Significativa: modalidades de aprendizagem e o papel do professor. Porto Alegre: Mediação, 2008. VASCONCELOS, C. dos S. Construção do conhecimento em sala de aula. São Paulo: Libertad, 1994 (Cadernos Pedagógicos do Libertad, 2) WALLON, Henri. A Evolução Psicológica da Criança. Lisboa: Persona, 1968...


Similar Free PDFs