1964: Golpismo e democracia. As falácias do revisionismo. PDF

Title 1964: Golpismo e democracia. As falácias do revisionismo.
Course Do regime militar a era Lula
Institution Universidade do Estado da Bahia
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Caio Navarro Toledo inicia o tratando sobre os 40º aniversários do movimento político-militar que derrubou o governo de João Goulart e como nesse momento foi tão debatido, além de inúmeras publicações que viriam por contribuir para a discussão acerca das razões e circunstancias do golpe, observando ...


Description

TOLEDO, Caio Navarro de. 1964: Golpismo e democracia. As falácias do revisionismo. Crítica Marxista (São Paulo), Rio de Janeiro, v. 19, p. 27-48, 2004. Inicialmente é importante deixar claro que o texto foi denso, sendo notório discussões de debates historiográficos acerca do movimento político-militar de 1964, como também, a importância de se entender as diversas abordagens feitas em torno do mesmo, além de ser como um “leque” extenso de termos apropriados que até então eram desconhecidos. Caio Navarro Toledo inicia o tratando sobre os 40º aniversários do movimento políticomilitar que derrubou o governo de João Goulart e como nesse momento foi tão debatido, além de inúmeras publicações que viriam por contribuir para a discussão acerca das razões e circunstancias do golpe, observando que é possível, numa primeira aproximação afirmar que duas posturas ou posições ideológicas – pelas “novidades” de suas formulações – se evidenciaram nesse debate. De um lado, a de setores militares e, de outro, a de alguns acadêmicos de orientação progressista ou de esquerda (TOLEDO,2004, p. 28). Este artigo tem por objetivo comentar as afluências e os conflitos entre as interpretações sobre o golpe de 1964 formuladas por estes protagonistas (TOLEDO,2004, p. 28). O autor acrescenta ainda, idealizando o terreno ideológico como o espaço em que se verifica um extenso trânsito de representações, símbolos, imagens, valores etc., buscando assim analisar as oposições, as negações e as apropriações entre os significados que autores progressistas e esferas militares conferiram à discussão sobre abril de 1964. Após, explana a ideia e ausência do termo “Revolução de 1964” no texto emitido na Ordem do Dia pelo comandante do exército. Após a discussão em torno, conclui que a opinião dos oficiais também foi endossada – por vezes, de forma menos contundente ou maniqueísta – por outros militares e civis, em artigos, depoimentos e cartas do leitor, publicados em jornais de circulação nacional e regional (TOLEDO,2004, p. 30). Dito isso, o autor discute que a literatura política e destacam-se, como obras relevantes do ponto de vista científico e intelectual, apenas aquelas que têm um claro e ineludível sentido crítico, citando algumas como: O Ato e o Fato, de C. Heitor Cony (recentemente reeditado), O governo João Goulart. As lutas sociais no Brasil 1961-1964), de René Dreifuss (1964: a conquista do Estado). Em compensação os relatos legitimadores e racionalizadores da atuação dos militares e civis em 1964 não são obras bem-sucedidas do ponto de vista intelectual e editorial, alguns exemplos dessas obras são: Poppe de Figueiredo (A Revolução de 1964), de Jayme Portella (A revolução e o governo Costa e Silva) etc. Mas o “verdadeiro juízo da Revolução” foi feita pela geração do século atual, sem compromissos com a emoção

própria dos perdedores, que procuram revanche hoje. Caio Toledo, nos diz que a versão da história que vem sendo construída pelas esquerdas, com base em referências ideológicas inconsistentes e mediante a utilização de categorias socio marxistas certamente será desqualificada. A partir daí, explica e cita diversos acadêmicos que defenderam teses de caráter revisionista sobre os acontecimentos de abril, formulações essas que foram bem acolhidas pelos campos conservadores. Segundo Toledo, na visão destes acadêmicos todos os agentes relevantes do processo político estavam comprometidos com o golpismo: militares, setores da direita, das esquerdas e Goulart – por “não morrerem de amor pela democracia” – estavam prontos para desfechar um golpe de Estado (TOLEDO,2004, p. 34). E acrescenta ainda que além da falta de comprovações empíricas ou factuais, as interpretações que oferecem são teoricamente frágeis. A rigor, são ideais falaciosas que passam a ter significados políticos e ideológicos claros e precisos no debate historiográfico; a rigor, endossam uma visão conservadora e reacionária do golpe de 1964. P 35. Portanto, Como afirma Delgado (2009) no seu artigo “O Governo João Goulart e o golpe de 1964: memória, história e historiografia” Toledo enfatiza que a instituição de um regime autoritário no Brasil em 1964 foi decorrente de fatores conjunturais, como crise na economia, ampla mobilização política das massas populares, fortalecimento dos movimentos operário e camponês, crise do sistema partidário e inédita luta de classes decorrente da defesa de projetos dissonantes para o Brasil1. Por fim, como o autor finaliza podemos perceber que essas lutas objetivavam a ampliação da democracia política e a realização de profundas reformas da ordem capitalista no Brasil. Como o crítico acima ainda observou, tratava-se de uma “pré-revolução desarmada” embora, acrescentamos, a palavra Revolução também fosse exaltada (e desejada) em discursos e em versos generosos (TOLEDO,2004, p. 48).

1 DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Governo João Goulart e o golpe de 1964: memória, história e historiografia. Tempo [online]. 2010, vol.14, n.28, pp.123-143. ISSN 1413-7704....


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