A Cultura DA Cebola PDF

Title A Cultura DA Cebola
Author Maria da Glória de Oliveira Silva
Course Olericultura
Institution Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
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Cebola...


Description

A CULTURA DA CEBOLA

Classificação Taxonômica Grupo: Angiosperma Classe: Monocotiledônea Subclasse: Dialipétala Ordem: Liliales Família: Alliaceae (As aliáceas abrangem as seguintes culturas condimentares, conhecidas no Brasil: cebola, alho, cebolinha e alho-porró. Mais recentemente, a combinação de dados morfológicos e moleculares tem reforçado a ideia de que as cerca de 750 espécies do gênero Allium pertencem, de fato, a família Alliaceae – a qual é distinta, mas estreitamente relacionada com a família Amaryllidaceae) Gênero: Allium Espécie: Allium cepa L.

Distribuição Geográfica e Ecologia de Espécies Cultivadas do Gênero Allium Muitas espécies selvagens de Allium são comestíveis, sendo utilizadas como alimento, mas apenas poucas são cultivadas comercialmente. Atualmente, as espécies cultivadas em todo o mundo evoluíram de espécies selvagens das regiões montanhosas da Ásia Central. Nas plantas do gênero Allium, os rizomas, raízes e, em particular, bulbos podem ser os órgãos de reserva. Uma das melhores formas de caracterizar o gênero Allium é por seus compostos ricos em enxofre, os quais dão seu distinto aroma e pungência. Outro fator único sobre o gênero Allium é o tamanho do seu genoma nuclear, com alta porcentagem de sequências repetitivas. Com relação ao número básico de cromossomos, as espécies de Allium podem apresentar 7, 8 ou 9. A maioria das espécies norte-americanas tem um número básico de 7 e as da Eurásia um número básico de 8. Entretanto, em todo o mundo encontram-se poucas espécies que possuem um número básico de 9 cromossomos. Todos os Allium cultivados apresentam 8 cromossomos básicos. A cebola comum (A. cepa), cebolinha-verde (A. fistulosum) e alho (A. sativum) são conhecidos como diplóides (2n = 2x = 16). Entretanto, a poliploidia é encontrada em outras espécies, tais

como cebolinha-francesa (A. schoenoprasum; 2n = 2x = 16; 3x = 24 e 4x = 32), alhoporró e Kurrat (A. ampeloprasum; 2n = 4x = 32), alho-elefante (A. ampeloprasum; 6x = 48), rakkyo (A. chinense; 2n = 2x = 16; 4x = 32) e nirá ou cebolina chinesa (A. tuberosum; 2n = 4x = 32). A Eurásia possui a maior diversidade de espécies; a partir desse centro de diversidade é que surgiram as culturas mais importantes de Allium, atualmente utilizadas comercialmente. As plantas de Allium são tipicamente de lugares secos e ensolarados e de climas razoavelmente áridos. Várias espécies são encontradas em estepes, lugares rochosos ou em locais com verões quentes, de vegetação rasteira. Contudo, algumas espécies, como A. ursinum, se adaptaram e são encontradas em matas úmidas e sombrias. As plantas de Allium não são competitivas, por isso não se desenvolvem bem em regiões com vegetação densa. O gênero Allium é de grande importância econômica, porque inclui muitas hortaliças (plantas condimentares) e ornamentais. Exemplos de outras espécies cultivadas do gênero Allium: Allium sativum: alho Allium ampeloprasum var. porrum: alho-porró (não é conhecido no estado silvestre e provavelmente evoluiu a partir de A. ampeloprasum silvestre, encontrado na região do Mediterrâneo, nas ilhas dos Açores, Canárias, Cabo Verde e Madeira, e também no centro e no norte da Europa, incluindo o Reino Unido. O alho-porró era utilizado pelas antigas civilizações do Crescente Fértil (Turquia, Irã, Iraque, Israel, Síria e Líbano). Foram encontradas referências ao uso dessa espécie como alimento em 3200 a.C., durante a Primeira Dinastia egípcia. Na Idade Média foi cultivado na Europa, quando muitas variedades foram selecionadas. Apresenta folhas achatadas, pontiagudas e dobradas longitudinalmente e suas longas bases envolvem umas às outras para formar um pseudocaule alongado e cilíndrico. Suas partes inferiores são mantidas esbranquiçadas por meio da cobertura com solo ou outros materiais para incrementar a qualidade. Essas partes esbranquiçadas são consumidas em sopas, tortas, quiches e cozidos. As plantas são cultivadas a partir de sementes. O alhoporró vem sendo cultivado principalmente na Europa e na América do Norte) (Filgueira (2008): domesticamente, é menos utilizado que as demais espécies

aliáceas, porém cresce a demanda das agroindústrias produtoras de sopas desidratadas. As cultivares utilizadas no Brasil são todas importadas, como a francesa Monstrueux de Carentan. A planta lembra o alho, porém é mais vigorosa, com folhas mais largas e alongadas, de coloração verde-escura. Caracteriza-se pelo pseudocaule alongado, que pode ser estiolado, tornando-se branco. A base da planta apresenta um bulbo simples. A planta é típica de clima frio, sendo menos tolerante ao calor que outras aliáceas. Esta é uma cultura invernal típica, exigindo frio ao longo do ciclo. Em regiões altas, com inverno frio, semeia-se de fevereiro a julho. Em regiões baixas, mais quentes, pode-se tentar a semeadura em abril-maio. A cultura produz melhor em solo de textura média, solto e leve. É pouco tolerante à acidez, produzindo melhor na faixa de pH 6,0 a 6,8, geralmente exigindo calagem. A adubação orgânica, especialmente com esterco aviário, é benéfica, quando incorporada aos canteiros semanas antes do transplante. Em solos de fertilidade mediana ou baixa sugere-se a aplicação de adubos no sulco de transplante contendo os seguintes teores de macronutrientes por hectare: 40 kg N, 250-350 kg P 2O5 e 120-150 kg K 2O. A adubação de plantio pode ser enriquecida com 1 kg ha-1 na forma de bórax. Pode-se complementar com 120 kg N e 60 kg K 2O, parcelando-se em três vezes, aplicando-se coberturas aos 15, 35 e 50 dias após o transplante. Deve-se observar o vigor vegetativo da cultura para se decidir sobre a necessidade de tais aplicações. Para propagação efetua-se a semeadura em sementeira e transplantam-se as mudas ao atingirem cerce de 12 cm de altura, geralmente aos 45-50 dias. Os sulcos são abertos com 10 cm de profundidade no terreno preparado e o transplante feito no espaçamento de 40 x 20 cm. São efetuadas duas a três amontoas, aterrando-se as plantas para provocar o estiolamento do pseudocaule comestível – exigência apenas quando o produto se destina à mesa. Para fornecimento às agroindústrias, a amontoa não é utilizada. As irrigações devem ser abundantes, a fim de promoverem um ótimo crescimento vegetativo. O ciclo da semeadura à colheita ocorre em torno de 100 dias. Arrancam-se as plantas e efetua-se a lavagem e o corte das raízes rente ao bulbo. Em alguns mercados cortam-se as folhas na metade do comprimento; em outros, mantêm-se as plantas inteiras. Se o produto se destina à mesa, as plantas são atadas em maços. Se o destino é a agroindústria, as plantas são colhidas inteiras, devendo ser rapidamente transportadas).

Allium ampeloprasum: - Alho-elefante (alho de cabeça grande) – hortaliça na Ásia Menor, no Irã, na Caucásia e esporadicamente na Califórnia (Estados Unidos), e em outras regiões da América e da Europa. Muitas vezes, as plantas se confundem com o alho, do qual diferem na inflorescência (semelhante à do alho-porró) e nos bulbilhos, de tamanho maior; - kurrat – hortaliça que se assemelha ao alho-porró, mas com um pseudocaule pequeno, não pronunciado. É cultivada principalmente no Egito. Essa hortaliça é cultivada para aproveitamento de suas folhas verdes, que são colhidas a cada 3 ou 4 semanas, por um período de até 18 meses. A planta é fértil, se intercruza livremente com alho-porró e produz híbridos também férteis. Allium fistulosum: cebolinha-verde, cebolinha japonesa, cebolinha de todo-ano ou cebolinha (Foi domesticada provavelmente no noroeste da China, sendo que há relatos sobre essa espécie em escritos chineses do ano 100 a.C. Na literatura japonesa ela é citada pela primeira vez no ano 720 da nossa era. A maior variabilidade morfológica pode ser encontrada na China, na Coréia e no Japão. Não é conhecida a forma silvestre de A. fistulosum, mas A. altaicum, um parente silvestre, tem ampla dispersão nas montanhas da Mongólia e no sul da Sibéria. Essa espécie foi introduzida na Europa, vinda da Ásia Central, no final da Idade Média. Atualmente, é cultivada nas Américas, na Europa temperada e no leste da Ásia. A cebolinha-verde é um condimento muito apreciado e cultivado em hortas brasileiras. A planta, considerada perene, apresenta folhas cilíndricas e fistulosas (ocas) com 30 a 50 cm de altura. Possui um pequeno bulbo cônico envolvido por uma película rósea, com perfilhamento e formação de touceira. As folhas verdes podem ser incluídas em saladas ou usadas para aromatizar sopas e outros pratos. Sua pungência não é forte e as folhas contém cerca de 2% de proteína, pouquíssima gordura, cerca de 5% de carboidratos digeríveis, caroteno, complexo da vitamina B e cerca de 33 mg de vitamina C por 100 g). Allium schoenoprasum: cebolinha-de-maço ou cebolinha-verde francesa (Como planta nativa silvestre, ocorre naturalmente na maior parte do Hemisfério Norte, sendo a espécie do gênero Allium com mais ampla distribuição geográfica. Essa espécie é extremamente polimórfica e está sendo explorada pelo melhoramento

genético, tanto como hortaliça quanto como ornamental. Provavelmente o cultivo teve início na Itália, de onde foi disseminado para o centro e o oeste da Europa, no início da Idade Média. É cultivada em todo o mundo, nas áreas temperadas. A planta mede de 15 a 40 cm de altura, apresenta bulbos pequenos e esbranquiçados, com 1 a 3 cm de largura e folhas estreitas tubulares. As flores são roxo-pálidas ou cor-de-rosa. As partes utilizadas são as folhas, para temperar carnes e frutos do mar, sopas, omeletes e molhos. As folhas contêm quantidades razoáveis de caroteno e 45 mg de vitamina C por 100 g. As plantas são prenes, com folhas cilíndricas e fistulosas de coloração verde escura. Podem ser propagadas vegetativamente ou por sementes). Filgueira (2008): as duas espécies de cebolinha são cultivadas por pequenos olericultores. A cultivar mais tradicional é Todo Ano, européia, que apresenta folhas de coloração verde-clara. Também tem sido introduzidas cultivares japonesas - tipo ‘Nebuka’ ou ‘Evergreen’ -, como Natsu Hosonegui, de coloração verde-intensa. As plantas assemelham-se à cebola, porém se caracterizam pelo intenso perfilhamento, formando uma touceira. As folhas são tubularesalongadas, macias e aromáticas, de alto valor condimentar. Não se observa um bulbo diferenciado, podendo surgir uma pequena estrutura cônica. Esta cultura se adapta a uma ampla faixa de temperaturas amenas ou frias, podendo ser cultivada ao longo do ano em regiões altas. Em regiões baixas, cultiva-se no outono-inverno. A cultura adapta-se a vários tipos de solo, produzindo melhor em pH 6,0 a 6,5. A adubação orgânica, especialmente com esterco aviário, é benéfica, devendo ser incorporada aos canteiros semanas antes do transplante. Em solos de fertilidade mediana ou baixa sugere-se a aplicação de adubos no sulco de transplante contendo os seguintes teores de macronutrientes por hectare: 30 kg N, 200-300 kg P2O5 e 100-120 kg K 2O. Pode-se complementar com 100 kg N em cobertura, parcelando-se três vezes, a cada 15 dias após o transplante, se necessário. Propaga-se a planta por meio de semeadura em sementeira e do transplante da muda para o canteiro definitivo. Também pode ser propagada pela divisão da touceira e pelo plantio das partes vegetativas. Entretanto, quando surgem doenças, em razão do acúmulo de fitopatógenos, volta-se a utilizar a semente. Plantam-se as mudas em sulcos longitudinais, abertos nos canteiros, no espaçamento de 25 x 15 cm. Os tratos culturais se resumem em regas intensivas

e capinas. As colheitas iniciam-se quando a planta atinge 35 cm, cortando-se as folhas. Na propagação vegetativa colhe-se aos 55 dias do plantio e na propagação por sementes aos 85 dias da semeadura. Devido ao rebrotamento efetuam-se diversas colheitas. Conforme as exigências do mercado também pode-se arrancar a planta de uma só vez, obtendo-se um produto melhor. Comercializam-se plantas inteiras, com raízes aparadas, amarradas em maços maiores. Outra forma de comercialização no varejo são os maços menores, sendo comum a associação cebolinha-salsa. Allium chinense: “rakkyo” (É cultivado na China, na Coréia, no Vietnã, na Indonésia e em outros países do sudeste da Ásia. Foi introduzido na Japão, a partir da China, provavelmente no primeiro milênio d.C. Nas Américas, foi introduzido pelos imigrantes asiáticos, a partir da segunda metade do sec. XIX. A forma silvestre é encontrada nas regiões montanhosas da China. As formas cultivadas são propagadas por divisão do bulbo, uma vez que as flores não produzem sementes. O rakkyo produz pequenos bulbos comestíveis, usados principalmente em conservas. As folhas são também utilizadas como condimento. As plantas apresentam crescimento semelhante à cebolinha verde francesa. As folhas atingem de 30 a 60 cm de comprimento. Os bulbos, de formato oval, são verde esbranquiçados ou roxos, envoltos por uma fina pele transparente. Allium tuberosum: “nirá” Allium cepa var. ascalonicum: chalota (Os primeiros registros do cultivo de chalota datam do sec. XII, na França, mas alguns autores afirmam que essa espécie foi usada pelos antigos gregos e romanos. Atualmente, é cultivada em muitos países. A chalota produz pequenos bulbos agregados, ovóides e estreitos, geralmente cobertos por uma casca vermelho-amarronzada. Geralmente as folhas e flores são menores do que as da cebola. Embora algumas cultivares produzam sementes, a principal forma de propagação é vegetativa, feita pela divisão do agregado de bulbos e replantio dos bulbos individuais. Consumida crua ou cozida, é também muito usada em conservas. A composição nutricional do bulbo é semelhante à da cebola).

Algumas espécies de Allium são também cultivadas para uso ornamental, como A. gigantheum, A. aflatunense e A. caesium, valorizadas pelas grandes umbelas e flores coloridas. Essas espécies tem se tornado populares para uso em jardins rochosos, em maciços e em bordaduras perenes. Algumas também são utilizadas como flores de corte. Até a metade do sec. XIX, somente um pequeno número de espécies de Allium era cultivada como ornamental. A situação mudou a partir de 1870, quando muitas espécies foram trazidas do centro e do sudoeste da Ásia para jardins botânicos da Rússia e da Europa, promovendo sua utilização. Atualmente, a Holanda é o maior produtor comercial de bulbos de diferentes espécies de Allium ornamental. Algumas espécies são produzidas comercialmente em Israel, na França, na Latvia (antiga Letônia) e no Japão. Atualmente, muitas populações de espécies cultivadas e selvagens de Allium ocupam áreas limitadas, mas mesmo assim mantêm altos níveis de diversidade genética. Cada vez mais, elas devem ser estudadas, monitoradas e utilizadas em programas de melhoramento genético avançados. Esforços devem ser somados na busca de genes para resistência a doenças e pragas, de novas tecnologias para conservação genética ex situ e in situ e da melhoria de características qualitativas dos alimentos, tais como propriedades nutracêuticas e sabor. Os crescentes processos de urbanização, o uso intensivo das terras e de cultivares híbridas pelos agricultores constituem-se potencialmente em fontes de erosão genética de landraces e cultivares antigas de Allium, de um gênero cujo cultivo data de mais de 5000 anos. Os estudos da distribuição geográfica, da história e da ecologia de espécies de Allium auxiliam na formulação de estratégias de conservação e na previsão de usos futuros de seu germoplasma. É fundamental que esses recursos genéticos, provenientes da Ásia Central, continuem sendo coletados, preservados e explorados para o benefício de seus habitantes e de toda a humanidade. A variabilidade da espécie Allium cepa L. tem resultado em diferentes propostas de agrupamento intraespecíficos, podendo ser colocadas em três grupos: 1) Grupo Typsicum (Regel): grupo das cebolas comuns, bulbos simples, grandes, inflorescência tipicamente sem bulbinhos, plantas quase sempre originadas de

sementes

verdadeiras,

bienais.

Neste

grupo

estão

todas

as

cebolas

comercialmente importantes. 2) Grupo Aggregatum (G. Don) (Allium cepa var. aggregatum): grupo das cebolas com bulbos compostos, inflorescência tipicamente sem bulbinhos, podendo produzir

sementes

ou

ser

estéril,

anuais.

Multiplicação

quase

que

exclusivamente vegetativa. Este grupo é caracterizado por bulbos que se multiplicam livremente e são comumente usados para propagação. Possui três formas distintas: - Cebola múltipla ou batata (potato onin): os bulbos são agregados, de coloração externa marrom e lateralmente numerosos. Esses bulbos laterais formam uma nova planta e no segundo ano produzem bulbos que variam de 2 a 20. Raramente florescem e as sementes são esparsas e de baixa germinação. - Cebola sempre-pronta (Every-Ready onions): na Inglaterra servem para suprir a falta de bulbos comerciais. Este tipo de cebola parece com o tipo comum, no entanto é perene e possui poucos bulbos e folhas, a haste floral é curta e a umbela menor. Raramente florescem e são propagadas por divisão, nunca por sementes. Um bulbo produz de 10 a 12 bulbos. - Chalota (Shallot): alguns autores a consideram pertencentes à espécie A. ascolonicum, no entanto são formas de A. cepa. Usualmente são de pequena altura, mas as flores e inflorescências são tipicamente de cebola comum. 3) Grupo Proliferum (Allium cepa var. proliferum): grupo das cebolas com bulbos, as vezes deficientemente desenvolvidos. Inflorescência carregada de bulbinhos usualmente sem sementes verdadeiras, reproduzidos vegetativamente pelos bulbinhos da inflorescência.

Centro de Origem e Diversidade Espécies pertencentes ao gênero Allium são encontradas em uma ampla gama de latitudes e altitudes, incluindo o Círculo Polar Ártico, Continente Europeu, Ásia, América do Norte e África. Até o presente, em contraste com a maioria das plantas cultivadas, persistem dúvidas quanto ao exato centro de origem da cebola. O fato é que

esta espécie pode ser classificada como uma típica “cultigen”, isto é, não existem relatos da ocorrência de populações de A. cepa em condições naturais ou fora da esfera da domesticação humana. A maioria dos botânicos, todavia, concorda com Vavilov, que apontou a Ásia Central como o seu provável centro de origem ou primário, devido a grande diversidade de invasores do gênero Allium encontrados nessa área. De outro lado, o Oriente Próximo e as regiões do Mediterrâneo são consideradas prováveis centros de domesticação ou centros secundários de origem. A cebola é originária das regiões de clima temperado que compreendem o Afeganistão, o Irã e partes do sul da antiga União Soviética. De fato, diversas características morfológicas e fisiológicas da cebola dão suporte a hipótese de que esta hortaliça tenha originado nas regiões áridas da Ásia Central, de solos pobres e rasos e submetidos a constante estresse hídrico. Entre as adaptações a estas condições extremas encontram-se a própria formação de bulbos, que são bainhas foliares modificadas, recobertas por películas membranosas (catáfilos) que servem como órgãos de reserva, sendo estes bulbos capazes de rebrotar após períodos prolongados de estresse hídrico severo. Outras características associadas com adaptação a regiões áridas são: 1) presença de níveis variáveis de cerosidade foliar, que reduz a transpiração; 2) elevado potencial de água requerido para induzir o fechamento dos estômatos; 3) baixa densidade radicular, que permite melhor exploração de solos rasos e melhor equilíbrio hídrico com a parte aérea; 4) notável capacidade de tolerar transplantio, mesmo quando praticamente todo o sistema radicular é removido; 5) presença de folhas de formato cilíndrico, que é o mais efetivo para dissipação de calor da folha para o ar; 6) presença de folhas estreitas e com orientação quase vertical, que evita a incidência direta dos raios solares em uma grande superfície foliar, especialmente nas horas mais quentes do dia e 7) níveis de transpiração e fotossíntese reduzidos em condições de altos potenciais de solo-água, que resulta em um limitado crescimento, permitindo a planta sobreviver por períodos mais longos de seca. ...


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