Análise do texto “o século xvii e a revolução pedagógica burguesa” PDF

Title Análise do texto “o século xvii e a revolução pedagógica burguesa”
Author Ana Silva
Course Didática da História I
Institution Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
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Analise crítica do texto "O século XVII e a revolução pedagógica burguesa"...


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ANÁLISE DO TEXTO “O SÉCULO XVII E A REVOLUÇÃO PEDAGÓGICA BURGUESA”

No século XVII, vão se firmando os processos designados como Modernidade, processos sociais de racionalização, de secularização, de domínio, e os mitos que guiarão seu crescimento e desenvolvimento: “os mitos do Estado, do poder e do dinheiro, o da Razão e do Progresso ou o mito da Revolução, o do Trabalho e o da Infância acompanhado do mito do ‘Bom Selvagem’” (CAMBI, 1999, p. 278). Para o referido autor, esses mitos virão caracterizar a mentalidade em curso de laicização, como princípio normativo e valor-guia no indivíduo e em seus processos de formação. Neste século, os processos educativos voltam-se para a profissionalização que o setor trabalhista passa a exigir, “se libertando da centralidade da oficina artesanal (no nível manual) e da formação de caráter humanístico-religioso (no nível intelectual)” (CAMBI, 1999, p. 279). No texto de Franco Cambi, O SÉCULO XVII E A REVOLUÇÃO PEDAGÓGICA BURGUESA,

o

autor

mostra

como

se

deu

a

revolução

da

educação,

da

pedagogia, da didática e do surgimento da escola moderna no século VXII. Transformações estas que vão “reestruturar” o pensar educativo. Durante o século XVII historiadores como Fouçault ou Elias defenderam a formação de uma “sociedade civil” mediada por paradigmas definidos, que atuam como vínculos educacionais que estruturam a vida pessoal do indivíduo na sociedade, esse então será o “sujeito moderno”, dirigido pelas regras de sua sociedade. Para melhor compreender essa revolução pedagógica se faz relevante principiar pelo modelo proposto por Comenius, o qual consiste na ideia de educação e conhecimento para todos, uma educação universal. Esta proposta estabelece que nas diversas fases e graus do âmbito escolar, são ensinadas as mesmas disciplinas, com classificações e elevações dos níveis de aprofundamento e de reformulação, sendo assim ensinadas aos “menores” de forma menos especificas que nas seguintes fases. Para isto, organiza-se a escola em quatro graus ininterruptos: a escola maternal para a infância; a escola nacional ou vernácula para a meninice; a escola de latim ou ginásio para a adolescência; e a academia para a juventude. Para além do “simples saber” Comenius ressalta que é importante permitir ao sujeito que faça análise da ideia obtida, com o objetivo de aumentar o conhecimento, permitindo a ele a compreensão da harmonia do que se passa e sua interligação com o todo, prevendo para isto

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outras quatro escolas: a escola pré-natal ou do seio materno; a escola da virilidade; a escola da velhice; e a escola da morte. O modelo educativo de nossos dias é comparativo com este, em suas duas estruturas. Onde temos o ensino separado em três graus distintos e que também destinam-se a faixas etárias diferentes da vida do indivíduo. E que segue a mesma linearidade no que diz respeito à educação com a tarefa de formação profissional do sujeito, pois é exatamente nesse sentido que temos o ensino superior, estritamente interligado com as áreas de profissionalização e especialização do “sujeito civil”. Assim vemos que nosso modelo educativo já vem sendo “batido” desde muito, e que o “resultado” que temos hoje é uma herança de nosso passado, e que se modifica, moderniza, revoluciona cada vez mais no futuro. A partir de Comenius surgem outros modelos pedagógicos no século XVII, em pleno cenário cultural francês, como o de “Port-Royal” e os “Oratorianos”. Este primeiro dá lugar às “Pequenas Escolas”, que se dedicam em oferecer um ensino que prepare apenas um grupo pequeno de até cinco ou seis alunos, no máximo, tendo cada um o seu mestre. É uma escola para uma minoria que visa interferir sobre as crianças tentando prevenir sua inclinação para o mal. O segundo se amarra aos princípios educativos de São Filipe e às direções de Descartes. Os oratorianos dedicam-se a uma educação secundaria que valoriza a matemática, as ciências naturais e história ligada à geografia. Estes modelos se entrelaçam como o modelo de Comenius e vem remontar ao nosso presente “estado” educativo. Comenius pregava um educação universal, uma pansofia, um “tudo a todos”, que de certa forma foi adotada pelos estados modernos, aplicada nas escolas modernas, porém que ainda se retém a determinados grupos, “escolhidos”, um exemplo base para esta afirmação é o chamado vestibular que seleciona os melhores capacitados para o egresso no ensino superior. Com o absolutismo e a separação entre as classes dominantes dos que detém os poderes econômicos, políticos e religiosos, a educação também sofre uma divisão, com a composição de dois modelos de instrução e educação: a educação dos nobres e a educação do povo. Na educação dos nobres a instrução é feita através de professores particulares ou de colégios próprios para os jovens aristocratas, onde a sua formação envolve tanto o lado intelectual como o comportamental, com atividades voltadas a sua realidade, como a caça, a equitação, a dança e a esgrima. Na educação do povo, essa instrução é feita pela Igreja, onde poucos beneficiados recebem uma educação limitada voltada apenas para a leitura e a escrita. Tais modelos não diferem muito dos dias atuais, onde a educação, pelo menos a básica, ainda está, de uma certa forma, dividida entre particular, onde uma minoria possui uma instrução

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mais qualificada, e pública, onde dentre a grande massa nem todos têm a oportunidade de receber uma educação, muito menos uma educação de qualidade. O autor que melhor trata dessa educação dos nobres é Fénelon, sendo que sua concepção educativa está centralizada na educação infantil com os chamados “ensinos indiretos”, os jogos e as histórias no processo educativo. Para Fénelon, o educador deve explorar a curiosidade do aluno para que ele tenha interesse em aprender, o que torna mais fácil a instrução e o aprendizado. Esta concepção ainda está presente nos nossos dias, com Paulo Freire, o qual defende ainda que a qualidade do professor é medida na capacidade dele de provocar no aluno o interesse e a curiosidade para que ele produza a sua própria “inteligência do objeto”. Para ele, seu papel fundamental “é iniciar o aluno a fim de que ele, com os materiais que ofereço, produza a compreensão do objeto em lugar de recebê-la, na íntegra” (FREIRE, 2011, p. 116). Fénelon diz que a educação deve ser indireta e que o educador deve chamar a atenção do aluno, tornando a instrução agradável à criança, mostrando sempre a utilidade do que lhe é ensinado. Dentre a metodologia utilizada para isso, o autor cita o uso das histórias, e da narrativa, as quais podem ajudar a criança na formação de leitura e conversação. Além disso, podem ser utilizadas as fábulas para ajudar na instrução do comportamento do jovem. Sobre a educação do povo, os autores mais relevantes, segundo Cambi, são Jean Battiste de La Salle e August Hermann Francke. La Salle busca a educação do homem em sua formação integral, unificando a instrução intelectual e religiosa. Para isso, La Salle funda o Seminário dos Mestres de Escola e a Ordem dos Irmãos das Escolas Cristãs, que acomoda religiosos dispostos à dedicação do ensino, e escolas dominicais juntamente com um instituto para menores infratores. Influenciado pelos fundamentos de Comenius, Francke funda instituições como a “escola dos pobres”, a “escola burguesa”, a “escola latina”, o “pedagogium” e a “escola normal”, destinadas à instrução de crianças e jovens menos favorecidos e de grupos sociais inferiores, e para a preparação da universidade e formação de mestres; e outras diversas instituições extraescolares como livraria, biblioteca e farmácias, com a utilidade de financiar essas atividades educativas. Francke também reivindica a importância da educação ligada ao trabalho, ressaltando a valorização da disciplina e da religiosidade, assim como o sentimento de simpatia e respeito que a educação deve causar na criança. O século XVII foi também o século da nova ciência. Através dessa ciência moderna a pedagogia e a educação passam a ser vistas de uma outra forma, com uma nova teoria da mente e uma nova visão de mundo. “Nasce uma visão da natureza inspirada na objetividade e

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no modelo matemático que dará vida à visão burguesa da realidade” (CAMBI, 1999, p. 303). A educação passa a ser mais rigorosa e produtiva, ligada a ciência e técnica, tornando-se cada vez mais laica e independente de elementos metafísicos. Diante de toda essa revolução, surge a escola moderna, “administrada pelo Estado, capaz de formar o homem-cidadão, o homem-técnico, o intelectual, e não mais o perfeito cristão ou o bom católico, como ocorria ainda na escola dos anos Quinhentos” (CAMBI, 1999, p. 305). A escola passa a ter um caráter mais especializado, visando uma formação profissional, surgindo também a divisão de tempo e de tarefas, classes e séries por idade, como é até hoje. O século XVII é marcado por vários problemas tanto sociais quanto políticos e dentro deste histórico se dá a revolução da pedagogia voltada para a burguesia. Tais processos educativos ocorrem de forma incidente sobre a profissionalização, o trabalho e o intelecto da sociedade. Porém, ocorrem pela intencionalidade da classe alta de revolucionar para se adaptar ao “novo mundo” que estava sendo montado em meio a grandes divergências. Criteriosamente, a educação desde seu inicio não é voltada a todos, visto que o conjunto social minoritário se sente sobre ameaças a partir do momento em que a classe majoritária tem em mãos o conhecimento e a educação na sua totalidade. Por exemplo, para Locke o homem social é aquele capaz de se comportar de modo a seguir regras de comportamento, expressão corporal, moral, bons costumes, alimentação e principalmente do caráter e da mente. E a educação não é dada por meio de regras, e sim por meio de exercícios e pelo hábito. Assim sendo, se o ser social desprovido de prestígio e do status tomasse posse do conhecimento e da educação burguesa, ele entraria em confronto com a classe dominante, criando assim um problema para esse conjunto social minoritário e “poderoso” que era a burguesia. Mesmo sendo tal revolução pedagógica uma manifestação burguesa, tais fundamentos pedagógicos representam valores imensuráveis para a educação, vindo desta revolução várias formas de pesquisas que auxiliam até hoje no desenvolvimento da educação e da assimilação do conhecimento. Até hoje a classe minoritária, mesmo de forma implícita (ou não), tenta fazer a população não reter o conhecimento total sobre fatores que possam influenciar nas atitudes revolucionárias e críticas da sociedade, vindo assim a lutar e indagar sobre a verdadeira situação a cerca dos acontecimentos no mundo, no país, no estado, na cidade, etc. Para os governantes, um ser crítico só é digno de problemas haja vista a importância do conhecimento.

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REFERÊNCIAS CAMBI, Franco. O século XVII e a revolução pedagógica burguesa . In: ______. História da Pedagogia. Tradução de Álvaro Lorencini. São Paulo: Ed. UNESP, 1999. p. 277-321. (Encyclopaideía). FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011. 143 p....


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