Atividade Avaliativa - História Antiga PDF

Title Atividade Avaliativa - História Antiga
Course História Antiga
Institution Universidade do Estado do Pará
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Summary

Essa atividade consiste em duas questões, sendo uma sobre como os faraós da era ptolomaica utilizavam da religiosidade para benefício próprio, e outra sobre como se deu a ideia de história antiga e como ela começou a ser estudada....


Description

Universidade do Estado do Pará Campus XVII - Núcleo de Vigia de Nazaré Licenciatura Plena em História Disciplina: História Antiga Docente: Prof. Renato A. de Oliveira Gimenes Discente: Rodrigo Gineton Calandrine Paula Atividade Avaliativa Questão 1: A religiosidade é um elemento fundamental da vida cultural e política dos povos da antiguidade. Tendo isso em mente, explique como os faraós da dinastia ptolomaica estabeleceram com êxito seu governo no Egito, a partir das estratégias de produção de novas celebrações em torno da figura do faraó. Após a morte de Alexandre, o Grande, todo seu império se viu frente a uma fragmentação iminente. Contudo, um de seus generais, Ptolomeu, tomou posse do Egito e se coroou faraó no ano 305 a.C., dessa forma se deu início à dinastia ptolomaica que se estendeu até o ano 30 a.C. quando Cleópatra foi derrotada, na batalha de Áccio, e o Egito passou a ser província do Império Romano. A princípio Ptolomeu primava pelo embasamento helênico, ou seja, por influência dos pensamentos e costumes gregos. Contudo, ao longo do tempo, se viu que era preciso adaptar esse pensamento, visto que a cultura helenizada não se sustentaria sozinha. Tendo isso em vista, após a Revolta Tebana, os monarcas ptolomaicos adotaram de vez a cultura egípcia se apropriando das ideias de política e religião do Egito faraônico, fazendo apenas algumas modificações que resultariam na sustentação de seu poder, como exemplo se tem o que ocorreu logo no primeiro século dessa dinastia, em que adotaram a monarquia divina egípcia, os títulos reais egípcios, o casamento entre irmãos e o culto aos monarcas divinos em vida e após a morte. (GRALHA, 2015).

No Egito Antigo a figura do templo era muito importante por ser um local sagrado e com diversos espaços destinados às práticas de rituais e relações sociais e culturais, além de possuir áreas restritas às práticas sacerdotais e ao culto ao monarca divinizado, visto que o faraó era a personificação de Deus na Terra. Para sustentar a ideia de que a dinastia ptolomaica se apropria dos costumes egípcios para benefício próprio, Júlio Gralha diz o seguinte: A dinastia ptolomaica, de modo a estabelecer sua legitimidade, fez uso de templos e capelas logo no início e apesar de uma atenção menor ao Alto Egito é possível encontrar exemplos desta prática nesta região. Sob o reinado de Ptolomeu II um portal junto ao primeiro pilone do templo de Isis na Ilha de Philae foi construído. Em 237 a.C. Ptolomeu III inicia a construção do templo de Hórus em Edfu e Ptolomeu IV fez adendos em Edfu e Philae. (GRALHA, 2015, p. 68-69)

Levando isso em consideração, pode-se notar que para manter a região do Alto Egito sob controle após a Rebelião Tebana, é realizado a ordem de construção de vários templos com diversos seguimentos […] o que poderia expressar a materialidade da legitimidade do poder da dinastia ptolomaica através do caráter mágico, mítico e religioso do templo tomando por base a arquitetura e a iconografia por um lado, e pela cooptação dos diversos segmentos sociais da região por outro. Enunciado de outra forma o templo passa a representar o principal instrumento de caráter mágico, mitológico, religioso, social e cultural da legitimidade do poder ptolomaico de modo que esta dinastia possa ser vista como legítima herdeira da tradição faraônica sob tutela do panteão divino egípcio desenvolvendo assim uma forma de transcrição pública […] (GRALHA, 2015, p. 69)

Desse modo os reis ptolomaicos queriam ser reconhecidos como faraós verdadeiros, o que não pôde acontecer antes da Revolta Tebana pelo fato de ainda serem utilizados ideais helenísticos, que não eram aceitos pelo povo egípcio. Contudo, logo após as construções dos templos no Alto Egito serem concluídas notouse que os resultados no comportamento da população eram significativos, culminando assim em uma maior aceitação da administração ptolomaica sem grandes problemas, os conflitos de que se tem conhecimento eram apenas de cunho social e específico de cada localidade. Júlio Gralha ainda diz o seguinte sobre o significado mágico e religioso que o templo tinha:

O templo possui uma ligação com a terra, com o mundo inferior e com o céu. Além disso, expressava elementos do mundo natural e uma das suas principais funções era relativa ao ciclo solar o que indica um ciclo de renovação do cosmo. Ou seja, da natureza, dos homens e neste sentido das forças vitais do monarca. Mesmo que um determinado templo fosse construído para uma divindade principal capelas para outras divindades eram erigidas e, por conseguinte, o monarca também passaria por ritos de renovação das forças vitais conferindo a ele a legitimidade para ser o mediador entre a humanidade e os deuses. Neste sentido, era importante para os ptolomeus que templos fossem levados a efeito em locais significativos durante o programa de construção no Alto Egito. (GRALHA, 2015, p. 73)

É certo que essas construções foram concluídas em benefício próprio d os ptolomeus, para deixar marcas de seus respectivos reinados. Contudo, mesmo sabendo de tais fatos, é importante lembrar que os templos erguidos possuem uma simbologia muito forte que está ligada diretamente ao período faraônico, claro que com um leve toque romano, porém, de suma importância para a história que as futuras gerações aprenderiam sobre esse período. Questão 2: A nossa era moderna se define, em muitos sentidos, em relação à uma noção de antiguidade e de história antiga. Discuta, a partir dos textos, como esta noção de História Antiga foi produzida, bem como seus possíveis usos políticos a partir do século XIX e XX. Há muito tempo havia um movimento cultural de produção de memórias a partir de textos e objetos antigos, esse movimento veio se tornar o que hoje conhecemos como História Antiga. A partir da Itália do século XII surgiu uma espécie de mania pelo conhecimento sobre história antiga, no qual muitas pessoas como poetas e artistas começaram a procurar entender os textos antigos, pois a ideia de que houveram civilizações antigas, mais antigas até que o cristianismo, com suas singularidades e riquezas, se espalhou por diversos lugares da Europa. Essa cultura até então desconhecida por muitos e livre do domínio e influência da igreja era justamente o que atraía a atenção dos curiosos da natureza (Guarinello, 2013). Diante da excitação pelo conhecimento de civilizações e culturas antigas, Norberto Luiz Guarinello, no livro “História Antiga”, ainda ressalta o seguinte:

Fornecia novos padrões estéticos, novas formas de pensar as relações entre sociedade e Estado, de valorizar a riqueza e o comércio, de projetar novos futuros. Com a divulgação da imprensa, no século XIV, os grandes livros do “mundo antigo” foram reeditados e voltaram à vida. Autores como Homero, Virgílio, Aristóteles, Plutarco, Tito Lívio, Tácito e muitos outros passaram a fazer parte da cultura erudita por quase todo o oeste da Europa. A queda de Constantinopla para os turcos, no século XV, acentuou a redescoberta de textos gregos, ao mesmo tempo que colocou, de forma dramática, a oposição entre a Europa cristã e clássica e o mundo islâmico. (GUARINELLO, 2013, p. 18-19)

Essa revolução cultural, aos poucos, foi sendo introduzida em todas as camadas sociais, todos queriam saber mais sobre a antiguidade. Com isso o “mundo antigo” se tornou um objeto que passou a ser usado em ativamente no meio social, político e econômico. Diante desse esclarecimento pode-se notar o quão importante essa história foi para instruir diversos pensadores que passariam esses conhecimentos à frente, por exemplo: Shakespeare, Newton, Michelangelo e Da Vinci nem seriam lembrados sem a criação dos “antigos”. Contudo, essa redescoberta do mundo antigo não atingiu de imediato a atenção de todos, pois ainda se tinha muito respeito pela língua grega e o latim, dificultando assim uma leitura dos textos antigos de forma crítica. Apenas entre os séculos XVII e VXIII, quando a História científica viria se firmar, que as leituras desses textos passaram a ser feitas a partir de metodologias específicas, buscando compreender cientificamente o modo de vida dos antigos, essa época é denominada Iluminismo. Avançando um pouco mais na linha do tempo Na segunda metade do século XIX, a História Antiga recebeu um novo impulso, proveniente da História Natural e do surgimento da Antropologia, da Sociologia e da Arqueologia. Abriram-se novos campos para o conhecimento das Ciências Humanas: a sociedade, a família, a comunidade, a economia, a cultura e a religião. O grande marco dessas novas concepções foi, sem dúvida, o livro de Charles Darwin, A origem das espécies, publicado em 1859. […] O homem primitivo, que antes era visto apenas como um contemporâneo atrasado, passou a fazer parte da História de todos os homens. Toda a História passou a ser vista pelo ângulo da evolução, pelas etapas da evolução, pela noção de mudança e de progresso. (GUARINELLO, 2013, p. 21-22)

Levando em consideração os fatos expostos até este momento, entende-se que não foi rápida a criação de uma noção de História Antiga, aos poucos, no decorrer dos séculos ela foi se fixando e se tornando cada vez mais cobiçada, não apenas com o intuito de entender o mundo antigo, mas com o objetivo de usar os métodos dos antigos no meio político. Napoleão Bonaparte é um bom exemplo do uso da História Antiga para fins políticos, quando a Campanha do Egito foi realizada, tinha como objetivo ocupar o Egito de onde as tropas francesas avançariam para a Índia e lá, junto com as forças locais, atacariam o domínio britânico que havia naquela região. Dito isso, junto dessa campanha militar havia uma campanha científica onde grandes nomes dos meios acadêmicos franceses participavam. Apesar de a campanha militar ser um fracasso, a ida da “campanha científica” foi muito importante para a arqueologia, visto que foram encontrados diversos artefatos arqueológicos, entre eles a Pedra de Rosetta, que foi crucial para a tradução de inúmeros hieróglifos egípcios. Além de, claro, promover grandemente a imagem pública de Napoleão. Visando criar uma nova identidade para o povo francês sob seu governo, Napoleão também incentivou as pesquisas arqueológicas e os resultados obtidos foram fundamentais para a estruturação desse processo. Assim, os estudos e pesquisas no Egito ajudaram a definir as diferenças entre o Ocidente e o Oriente modernos, o poderio militar romano passou a ser evocado a partir de seus principais símbolos, como o arco de triunfo e a noção de império, e as populações celtas (gauleses) começaram a ser reinterpretadas quando da fundação da Academie Celtique, em 1805. Dietler afirma que, com a decisão de organizar um centro de estudos celtas, Napoleão reintegra os gauleses em um lugar de glória, explorando, assim, as ambiguidades da identidade francesa que se formava a partir das tensões proporcionadas pela evocação desses distintos passados, construindo uma política que visava delimitar os ancestrais desse povo e justificar ideologicamente a expansão de seu império. (GARRAFFONI, STOIANI, 2006, p. 71)

Desta forma conclui-se que tanto Ptolomeu quanto Napoleão utilizam a cultura do Egito antigo para benefício próprio. Além de ser um dos povos mais interessantes do mundo antigo ainda desperta a cobiça por suas formas de lidar com o poder político, social e econômico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GUARINELLO, Noberto Luiz. História antiga. São Paulo: Contexto, 2013. GRALHA, Júlio. Egito Ptolomaico: Arquitetura Sagrada e as relações de Poder. Hélade - Volume 1, Número 1 (Julho de 2015)

GARRAFFONI, R. S.; STOIANI, R. Escavar o passado, (re) descobrir o presente: os usos simbólicos da Antiguidade clássica por Napoleão Bonaparte. Revista de História da Arte e Arqueologia, Campinas, n. 6, p. 69-82, 2006....


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