Canudos, Contestado e Revolta de Juazeiro - Messianismo PDF

Title Canudos, Contestado e Revolta de Juazeiro - Messianismo
Author William Freitas
Course História do Brasil Republicano I
Institution Universidade Federal Rural de Pernambuco
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Summary

Principais pontos sobre Canudos, Contestado e Revolta de Juazeiro - Messianismo...


Description

GUERRA DOS CANUDOS AGuer r adeCanudos,quet r ans cor r eude7denov embr ode1896a5deout ubr ode1897,f oium dos acont eci ment osmai sembl emát i cosdoi ní ci odoper í odor epubl i canonoBr as i l .El al evaessenomeport ersi do t r avadanoAr r ai aldeCanudos,noser t ãodaBahi a–umacomuni dadeaut ônomaent ãol i der adapel or el i gi oso Ant ôni oConsel hei r o.Aguer r a,i ni ci al ment e,expôsar eal i dadedeum Br asi ldemui t asf acesedeum Est ado r epubl i canor ecémi nst al ado,encar adopormi l har esder el i gi ososser t anej oscomoaencar naçãodo“ ant i cr i st o” , ent r eout r ascoi sas. O epi sódi of oif r ut o de uma sér i e de f at or es como a gr ave cr i se econômi ca e soci alem que encont r ava a r egi ão à época,hi st or i cament e car act er i z ada pel a pr esenç a de l at i f úndi os i mpr odut i v os, si t uaçãoessaagr avadapel aocor r ênci adesecascí cl i c as,dedesempr egocr ôni co;pel ac r ençanumasal v aç ão mi l agr osaquepoupar i aoshumi l deshabi t ant esdoser t ãodosflagel osdoc l i maedaex c l usãoeconômi cae soci al . Par acompr eenderaGuer r adeCanudos ,énecessár i oent enderof enômenodo messi ani smo,que t ev eumapr esençaf or t enoBr asi lness aépoca.Ant ôni oConsel hei r o,nomeadot adopel ocear ens eAnt ôni o Vi cent eMendesMaci el( 18301897) ,t or nouseumafi gur abast ant econheci danosser t õesdoCear á,daBahi a edeout r osest ados ,s obr et udoapar t i rdagr andesecade1877,queassol ouoNor des t e.Consel hei r oer a i mbuí dodel ei t ur asdeper s onagensmí st i cosdocr i s t i ani smopopul areur opeueacr edi t av aqueasol uçãopar a osof r i ment odopov odosser t õeses t av anaf éenal ut apel aaut onomi a.Suafi gur apassouar epr esent aruma per spect i v ade“ sal v ação” ,de“ r edenção”par aaquel apopul aç ãomi ser áv el ,queovi acomoum pr of et adot ado dedons“ messi âni cos” ,i s t oé,quet r az i aaspr omessasdeum t emponovo,deumanov aer a. Em poucosanos,umamul t i dãodeper egr i noscomeçouaci r cundarafigur adeConsel hei r o,o queacabout or nandoseumaor gani z ação pol í t i cor el i gi osa,par al el aàRepúbl i c aeàI gr ej a.O pr i mei r o assent ament odessaor gani z açãochamouseAr r ai aldeBom J esus( hoj e,Cr i sópol i s ,naBahi a) ,nosanosfinai s doI mpér i o.Ai ndanessaépoca( doI mpér i o)começar am aspr i mei r aspr eocupaçõescom Cons el hei r o,t ant opor par t edo Est ado quant o porpar t e daI gr ej a.Quando,mai st ar de,houv e aPr ocl amação daRepúbl i cae a i nst al açãodor egi mef eder at i vo,Cons el hei r oj áhavi aor gani z adooAr r ai aldeCanudos ,t ambém naBahi a,que cont avac om cer cade25. 000pess oas .O Ar r ai al ,quet ambém cont av acom j agunç osbem ar mados,passoua servi st ocomoumaaf r ont a,comoobser v aohi st or i adorBor i sFaust o( 2013) ,em suaobr aHi st ór i adoBr asi l : A pr egação doConsel hei r oconcor r i acom adaI gr ej a;num i nci dent esem mai ori mpor t ânci a,em t or no do cor t e demadei r a,l evou o gover nadorda Bahi aàdeci são dedarumal i ção aos“f anát i cos” .Sur pr eendent ement e,a f or ça bai ana f oider r ot ada.O gover nador apel ou ent ão par a as t r opas f eder ai s. A der r ot a de duas expedi ções muni ci pai s com canhões e met r al hador as,em uma das quai s mor r eu seu comandant e – o cor onel Mor ei r aCésar–,pr ovocouumaondadepr ot est osedevi ol ênci anoRi ode Janei r o.[ 1] Dest r ui çãoemor t e Par aenf r ent arCanudos ,f oinecessár i aumaex pedi ç ãof eder al( aut or i zadapel oent ãopr esi dent eda Repúbl i ca,Pr udent ede Mor ai s )com cer cade 8mi lhomens,comandadospel o Gener alAr t hurOs car .Tal expedi ç ãopar t i uem agost ode1897eopont oal t odaguer r aocor r euent r es et embr oeout ubr o.Comoas t r opas f eder ai s di spunham de mel hor es equi pament os,como canhões e met r al hador as ,o Ar r ai alf oi paul at i nament edest r uí do,eapopul açãoi nt ei r a( i ncl ui ndomul her es,i dososecr i anças ) ,mas sacr ada. Ésabi doqueoengenhei r oer epór t erEucl i desdaCunhaf oienvi adoaol oc aldoconfl i t opar apr oduzi r um r el at os obr eoconf r ont o.Ess er el at osec onv er t er i anaobr aOsSer t ões ,publ i c adaem 1902.Jánost r echos finai s,Eucl i desnar r aomoment oem queéencont r adoocadáv erdeAnt ôni oConsel hei r o: Jazi a num dos casebr es anexos à l at ada,e f oiencont r ado gr aças à i ndi caçãodeum pr i si onei r o.Removi dabr evecamadadet er r a,apar eceuno t r i st e sudár i o de um l ençol i mundo,em que mãos pi edosas havi am despar z i doal gumasflor esmur chas,er epousandosobr eumaest ei r avel ha, de t ábua,o cor po do “f ami ger ado e bár bar o”agi t ador .Est ava hedi ondo. Envol t o no vel ho hábi t o azuldebr i m amer i cano,mãoscr uzadasao pei t o, r ost ot umef at o, e esquál i do,ol hos f undos chei r os de t er r a – malo r econhecer am osquemai sdeper t oohavi am t r at adodur ant eavi da.

Adest r ui çãodeCanudosnãof oiumal i qui daçãoapenasdecasebr esepessoas,mas ,si m,dosí mbol o deameaçaaopoderr epubl i c anor ecémconst i t uí do.Comobem enc er r aEucl i desoseur omance,esseepi s ódi o figur aent r e“asl oucur aseooscr i mesdasnaci onal i dades. . . ”.

REVOLTADEJUAZEI RO

Em 1914, o sertão nordestino foi novamente abalado por uma grande revolta popular de caráter religioso, ocorrida em Juazeiro do Norte, interior do estado do Ceará, e liderada pelo padre Cícero Romão Batista. Ao contrário do que ocorreu em Canudos, onde a população sertaneja lutou em defesa da posse da terra e de sua comunidade contra os interesses dos coroneis locais, os sertanejos de Juazeiro pegaram em armas para derrubar do poder o governador do estado do Ceará. O povo de Juazeiro, porém, lutou em defesa de uma causa que não era sua, pois a revolta popular foi preparada pelos coroneis da região com o objetivo de retomar o governo do Ceará. Conflito entre as oligarquias Para entender as causas da Revolta ou Sedição de Juazeiro, é preciso levar em consideração a luta entre as oligarquias pela conquista do poder político. Em 1910, os Estados de São Paulo e Minas Gerais romperam com a política do "café-com-leite" porque não chegaram a um acordo sobre a sucessão presidencial. As oligarquias de São Paulo uniramse às da Bahia, e juntas apresentaram a candidatura do baiano Rui Barbosa. Minas Gerais, por sua vez, se uniu ao Rio Grande do Sul e lançou como candidato o marechal Hermes da Fonseca, que venceu as eleições. Ao assumir a presidência, Hermes da Fonseca procurou alterar a correlação de poder das forças políticas, beneficiando as pequenas oligarquias em detrimento das oligarquias tradicionais. Foi com esse objetivo, que o presidente colocou em prática o que ficou conhecido como "política salvacionista". Consistia basicamente em intervenções de tropas federais nos Estados, para substituir o poder uma oligarquia por outra. O governo federal justificava as intervenções como meio mais eficaz de acabar com a corrupção e depurar as instituições republicanas. A intervenção federal no Ceará derrubou do poder a família Acioly e em seu lugar colocou o coronel Franco Rabelo. Os coronéis aliados dos Acioly, reagiram, buscando o apoio do padre Cícero. Naquela época, o padre Cícero era conhecido por todo sertão nordestino por ser considerado um homem santo e "fazedor de milagres". Chamavam-no de "Padim Ciço" O deputado federal Floro Bartolomeu, aliado de Pinheiro Machado, tinha grande influência sobre o padre Cícero. Convenceu-o a usar sua popularidade para convencer os sertanejos da região a participarem de um levante armado contra a intervenção federal no Ceará. Liderados pelo padre Cícero, milhares de sertanejos pegaram em armas e se revoltaram. O levante foi tão violento que o governo federal cedeu, retirando o interventor e devolvendo o governo do Estado aos Acioly. Guerra santa A condição de miséria das populações do sertão nordestino favoreceu sua subordinação a líderes religiosos, fanáticos e demagogos, que de tempos em tempos surgiam na região. Sob a influência do admirado e carismático Padim Ciço, os sertanejos cearenses participaram da Revolta de Juazeiro por acreditarem que estavam cumprindo uma missão profética e lutando numa guerra santa. Porém, com o retorno da família Acioly ao governo do Ceará, o grande beneficiado foi, de fato, o mais influente oligarca da Primeira República, o senador Pinheiro Machado. Na memória e tradição popular do povo nordestino, porém, o padre Cícero é até os dias de hoje venerado como santo e profeta. Em Juazeiro do Norte, um enorme monumento erguido em sua homenagem atrai, todos os anos, multidões de peregrinos.

GUERRA DO CONTESTADO

A Guerra do Contestado foi um conflito que alcançou enormes proporções na história do Brasil e, particularmente, dos Estados do Paraná e de Santa Catarina. Semelhante a outros graves momentos de crise, interesses políticoeconômicos e messianismo se misturaram ao contexto explosivo. Ocorrido entre 1912 e 1916, o conflito envolveu, de um lado, a população cabocla1 daqueles Estados, e, de outro, os dois governos estaduais, apoiados pelo presidente da República, Hermes da Fonseca. A região do conflito, localizada entre os dois Estados, era disputada pelos governos paranaense e catarinense. Afinal, era uma área rica em erva-mate e, sobretudo, madeira. Originalmente, os moradores da região eram posseiros caboclos e pequenos fazendeiros que viviam da comercialização daqueles produtos. A construção da estrada de ferro No final do século XIX, o governo brasileiro autorizou a construção de uma estrada de ferro ligando os Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Para isso, desapropriou uma faixa de terra, de aproximadamente 30 km de largura, que atravessava os Estados do Paraná e de Santa Catarina - uma espécie de "corredor" por onde passaria a linha férrea. A responsável pela construção foi a empresa norte-americana Brazil Railway Company, de propriedade do empresário Percival Farquhar, que também era dono da Southern Brazil Lumber and Colonization Company, uma empresa de extração madeireira. A construção da estrada acabou atraindo muitos trabalhadores para a região onde ocorreria a Guerra do Contestado. Com o fim das obras, o grande número de migrantes que se deslocou para o local ficou sem emprego e, consequentemente, numa situação econômica bastante precária. Ao mesmo tempo, os posseiros que viviam na região entre o Paraná e Santa Catarina foram expulsos de suas terras. Isso porque, embora estivessem ali já há bastante tempo, o governo brasileiro, no contrato firmado com a Brazil Railway, declarou a área como devoluta, ou seja, como se ninguém ocupasse aquelas terras. Além de construir a estrada de ferro, Farquhar, por meio da Southern Brazil Lumber, passou a exportar para os Estados Unidos a madeira extraída ao longo da faixa de terra concedida pelo governo brasileiro. Com isso, os pequenos fazendeiros que trabalhavam na extração da madeira foram arruinados pelo domínio da Lumber sobre as florestas da região Messianismo A construção da estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul trouxe consigo os principais elementos político-econômicos que levaram à eclosão da Guerra do Contestado. Afinal, a presença das empresas de Farquhar na região e os termos do acordo firmado com o governo brasileiro levaram, de uma só vez, à expulsão dos posseiros que trabalhavam no local, à falência de vários pequenos fazendeiros que viviam da extração da madeira e à formação de um contingente de mão-de-obra disponível e desempregada ao fim da construção. Entretanto, havia também um outro elemento importante para o início do conflito: o messianismo. A região era frequentada por monges que faziam trabalhos sociais e espirituais e, vez ou outra, envolviam-se também com questões políticas - o que lhes dava certo destaque entre os moradores daquela localidade. Em 1912, apareceu na região um monge chamado José Maria de Santo Agostinho, nome que mais tarde a polícia descobriria ser falso. José Maria foi saudado pelos habitantes do local como a ressurreição de outro monge que vivera ali até 1908, o monge João Maria: era como se o antigo líder espiritual tivesse voltado José Maria rapidamente ganhou fama na região por seu suposto dom de cura. Em meio aos problemas políticoeconômicos provocados pelas atividades das empresas de Percival Farquhar, o monge passou a envolver-se também com questões que estavam muito além dos problemas espirituais dos seus seguidores. 1 Caboclo é a designação dada no Brasil para o indivíduo que foi gerado a partir da miscigenação de um índio com um branco

A guerra Sob a liderança de José Maria, os camponeses expulsos de suas terras e os antigos trabalhadores da Brazil Railway organizaram uma comunidade no intuito de solucionar os problemas ocasionados pela tomada das terras e pelo desemprego. Uniram-se ao grupo os fazendeiros prejudicados pela presença da Lumber na região. Tudo isso reforçado pelo discurso messiânico do monge José Maria, que logo declarou a comunidade sob sua liderança como um governo independente A mobilização na região passou a incomodar o governo federal não apenas por crescer rapidamente, com a formação de novas comunidades, mas também porque os rebeldes passaram a associar os problemas econômicos e sociais à República. Ao mesmo tempo, os coronéis locais ficaram incomodados com o surgimento de lideranças paralelas, como José Maria. Já a Igreja, diante do messianismo que envolvia o movimento, também defendeu a intervenção na região. De forma autoritária e repressiva, os governos do Paraná e de Santa Catarina, articulados com o presidente Hermes da Fonseca, começaram a combater os rebeldes. Embora tenham tido pouco sucesso nos dois primeiros anos do conflito, as forças oficiais obtiveram, a partir de 1914, sucessivas vitórias sobre os revoltosos - graças à truculência das tropas e ao seu numeroso efetivo, que contava com homens do Exército brasileiro e das polícias dos dois estados. Com quase 46 meses de conflito, a Guerra do Contestado superou até mesmo Canudos em duração e número de mortes. Famintos e com cada vez mais baixas, diante do conflito prolongado, da força e crueldade das tropas oficiais e da epidemia de tifo, os revoltos caminharam para a derrota final, consumada em agosto de 1916 com a prisão de Deodato Manuel Ramos, último líder do Contestado....


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