Comentário Crítico - Fãs PDF

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AMARAL, A.; SOUZA, R. V.; MONTEIRO, C. “De westeros no #vemprarua à shippagem do beijo gay na TV brasileira”. Ativismo de fãs: conceitos, resistências e práticas na cultura digital. Galaxia (São Paulo, Online), n. 29, p. 141-154, jun. 2015. ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL CURSO DE JORNALISMO DISCIPLINA DE MÍDIA E PRÁTICAS DE CONSUMO PROFESSORA MILENA FREIRE ALUNA VIKTÓRIA POWARCHUK

COMENTÁRIO CRÍTICO – De westeros no #vemprarua à shippagem do beijo gay na TV brasileira

A facilidade ao acesso à Internet contribuiu para a ampliação de inúmeras atividades sociais, chamadas essas de ciberativismos. Uma dessas atividades é o ativismo de fãs presente nas múltiplas redes. Com a ampliação dos campos comunicacionais, os chamados “fandoms” (grupos de fãs de determinado artista, banda, livro, série, etc) passaram a ter contato mais próximo com os seus ídolos, assim como com outros fãs. Através desse contato mais próximo, os diferentes fandoms exercem múltiplas formas de manter seus gostos circulando nos meios. Eles acabam se tornando as principais fontes de divulgação dos materiais artísticos de seu ídolo. Escrevem fanfics, fazem fanarts, fanvideos, fanzines, legendas para materiais dos ídolos em outros idiomas, mobilizações de divulgação, como por hashtags e publicações crossmedia, maratonas de votação em premiações e, até mesmo, pagam para ver seus ídolos nos chamados “meet and greats”. Esse ativismo, muitas vezes, pode ser voltado, também, às manifestações políticas. Como ressaltado pelas autoras do texto, ele pode ser considerado uma “prática de resistência cotidiana” (p. 6). Ou seja, há a apropriação dos fãs de causas que compartilham com os seus ídolos. A maioria dos fãs costumam seguir e idolatrar pessoas

que possuem ideais parecidos aos seus. Porém, muitas vezes, essa idolatria começa justamente pelo seguidor não estar familiarizado pelo tipo de discurso usado pelo artista. Sendo assim, o “escutar a opinião” do outro pode fazer com que ele mude a sua própria. Esse processo pode entrar nas discussões sobre papéis sociais e referências. De certo modo, o que ocorre nesses processos de idolatria, se dá pelo contexto que o ídolo está inserido e o porquê ele é admirado. Isso está ligado, muitas vezes, às posses materiais e a classe social do ídolo e como esse contexto, em sua maioria diferente do dos fãs, chama a atenção e é ovacionado pela sociedade. Em meio essa lógica, os fãs passam a idolatrar não só o trabalho de seus ídolos, mas também o que o envolve em seu contexto social. Querendo, assim, estar cada vez mais perto dele. Para isso, os fãs mudam algumas de suas opiniões e práticas de consumo, por verem no ídolo uma referência do que almejam ser. Um grande exemplo é a repercussão que teve a novela mexicana Rebelde, no Brasil. Os fãs vestiam as roupas que faziam parte do figurino da novela e saiam na rua com elas, como se fizessem parte daquele meio. Também mudavam suas cores de cabelo, colocavam piercings e tentavam parecer os ídolos da banda RBD o máximo possível. A idolatria às histórias de filmes, séries e livros, também podem entrar na discussão sobre ativismo de fãs, onde eles trazem para seus contextos, em sua maioria políticos, temáticas presentes nessas histórias. Além de relacionarem o que acontece nas tramas com os seus âmbitos sociais. Acredita-se que o estudo do ativismo de fãs é pertinente na sociedade midiatizada em que vivemos, onde, nesses grupos, há discussões constantes sobre diferentes temáticas, sendo essas, na maioria das vezes, pautadas nas opiniões de seus ídolos. Essa construção coletiva embasada em uma referência pode gerar pequenas bolhas sociais, que respaldam, também, nos contextos políticos e econômicos, onde fãs podem vir a tomar direcionamentos políticos seguindo a influência de seus ídolos e práticas de consumo a partir do que por eles também é consumido ou divulgado.

REFERÊNCIAS AMARAL, A.; SOUZA, R. V.; MONTEIRO, C. “De westeros no #vemprarua à shippagem do beijo gay na TV brasileira”. Ativismo de fãs: conceitos, resistências e práticas na cultura digital. Galaxia (São Paulo, Online), n. 29, p. 141-154, jun. 2015....