Dicken - Resumo da obra: Mudança Global - Mapeando as Novas Fronteiras da Economia Mundial PDF

Title Dicken - Resumo da obra: Mudança Global - Mapeando as Novas Fronteiras da Economia Mundial
Author Isabel Fonseca Gallucci Rodriguez
Course Sociologia Organizacional
Institution Universidade Federal Fluminense
Pages 8
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Summary

Resumo da obra: Mudança Global - Mapeando as Novas Fronteiras da Economia Mundial
Autor: Peter Dicken ...


Description

RESUMO

Questionando a globalização: o que está acontecendo em uma parte do mundo é profundamente afetado por eventos ocorrendo em outras partes do mundo. Parte disso é simplesmente o resultado da revolução nas comunicações eletrônicas que transformou a velocidade com que as informações são difundidas. Entretanto, parte disso também tem a ver com o fato de que muitas coisas que usamos em nossas vidas cotidianas se originam mais e mais de uma geografia cada vez mais complexa de produção, distribuição e consumo, cuja escala se tornou, senão totalmente global, pelo menos muito mais extensa, e cuja coreografia se tornou mais complicada. Na realidade, vários produtos têm uma geografia tão complexa – com partes fabricadas em diferentes países e depois montadas em outro lugar – que as etiquetas de origem deixam de ter significado. Economia global: está não somente profundamente incorporada aos processos sociais, culturais e políticos e às instituições, como esses também geralmente estão muito imbuídos de valores econômicos. Isso se verifica principalmente no tipo de economia de mercado capitalista que prevalece atualmente na maior parte do mundo. Hiperglobalistas: argumentam que vivemos em um mundo sem fronteiras no qual o ‘nacional’ não é mais relevante. Nesse mundo, a ‘globalização’ é a nova ordem econômica, política e cultural. É um mundo em que estados-nação não são mais atores significativos ou unidades econômicas importantes, e em que as preferências e culturas do consumidor são homogeneizadas e satisfeitas com o fornecimento de produtos globais padronizados, criados por corporações globais sem qualquer fidelidade a local ou comunidade. Essa visão hiperglobalista do mundo é um mito, que não existe – e provavelmente não existirá. Apesar de tudo, sua retórica tem uma influência poderosa sobre políticos, líderes empresariais e muitos outros grupos de interesse. Os mercados sem regulamentação inevitavelmente levam a uma diminuição do bem-estar, exceto de uma pequena minoria no mundo, além de gerarem problemas ambientais massivos. Portanto, os mercados devem ser regulados, para o interesse geral. Para alguns antiglobalistas, na verdade, a única solução lógica é uma rejeição total dos processos de globalização e uma volta aos processos ‘locais’. A economia global dos dias atuais é genuinamente sem fronteiras. As informações, o capital e as inovações fluem no mundo inteiro à velocidade máxima, habilitados pela tecnologia e alimentados pelos

desejos dos clientes de ter acessa aos melhores dispendiosos produtos. (Ohmae, 1995: texto da guarda)

e

menos

O país de origem não tem importância. A localização das matrizes não é relevante. Os produtos pelos quais você é responsável e a empresa em que você trabalha perderam a nacionalidade. (Ohmae, 1990: 94) Internacionalistas céticos: ‘não temos uma economia totalmente globalizada, o que existe mesmo é uma economia internacional’. Hoje, vivemos em um mundo em que uma profunda integração, organizada basicamente dentro de e entre redes de produção transacionais geograficamente extensas e complexas, e através de uma diversidade de mecanismos, é cada vez mais o padrão. Embora existam, sem dúvida alguma, forças globalizantes atuando, não temos uma economia mundial totalmente globalizada. Na verdade, o que temos ‘não é um fenômeno individual e unificado, mas, sim, uma síndrome de processos e atividades’. Os processos globalizantes se refletem em e são influenciados por diversas geografias, e não por uma única geografia global: uma ‘interrelação local e global mútua, interagindo de todas as formas’. • processos localizantes: atividades econômicas geograficamente concentradas com vários níveis de integração funcional; • processos internacionalizantes: expansão geográfica simples de atividades econômicas através das fronteiras nacionais, com baixos níveis de integração funcional; • processos globalizantes: ampla expansão geográfica e alto nível de integração funcional • processos regionalizantes: a operação de processos ‘globalizantes’ em uma escala mais geograficamente limitada (mas supranacional), variando desde a União Europeia, altamente integrada e em expansão, até acordos econômicos regionais muito menores. A globalização é, então, uma síndrome complexa de processos, em que as redes de atores e as macroestruturas se interconectam de modo extremamente complicado e dinâmico. Os processos de produção, distribuição e consumo podem gerar resultados ‘bons’ ou ‘maus’. Eles produzem os ‘bons’ na forma de oportunidades de emprego, rendimentos e acesso a uma variedade cada vez maior de produtos, serviços e artefatos culturais

de consumo. Eles produzem os ‘maus’ na forma de desemprego, pobreza, esgotamento de recursos, poluição ambiental e danos culturais. É comum conceber a produção de qualquer produto ou serviço como uma cadeia de produção, isto é, como uma sequência vinculada de transações transacionais de funções, na qual cada estágio agrega valor ao processo de produção de produtos ou serviços. Os processos são bidirecionais: • fluxos de materiais, bens semiacabados e produtos finais em uma direção • fluxos de informações (as demandas dos clientes – gostos, preferências etc.) e dinheiro (pagamentos de produtos e serviços) na outra direção.

Três dimensões das redes de produção: • controle – como elas são coordenadas e regulamentadas • espacialidade – como elas são configuradas geograficamente • incorporação territorial – até onde elas estão associadas a determinados cenários políticos, institucionais e sociais. Nas economias de mercado, as redes de produção são coordenadas e regulamentadas basicamente por empresas, através das diversas formas de relações intra e interorganizacionais que constituem um sistema econômico.

A empresa transnacional desempenha um papel importante na coordenação das redes de produção e, portanto, na formação da nova geoeconomia. Uma empresa transnacional é uma empresa que tem poder para coordenar e controlar operações em mais de um país, mesmo que não sejam de propriedade dessa empresa.

Até mesmo no mundo globalizante, as atividades econômicas estão geograficamente localizadas: ao examinarmos o mapa geoeconômico, detectamos tendências de concentração e dispersão – mas com uma propensão muito forte para as atividades econômicas se aglomerarem em clusters geográficos localizados. Os clusters generalizados simplesmente refletem o fato de que as atividades humanas tendem a se aglomerar para formar áreas urbanas. Por conseguinte, esses benefícios foram tradicionalmente denominados economias de urbanização. Os clusters especializados, por outro lado, refletem a tendência das empresas nos mesmos setores ou em setores relacionados a se localizarem nos mesmos locais, para formar o que ocasionalmente é denominado ‘distritos industriais’ ou ‘espaços industriais’. Esses benefícios foram chamados de economias da localização. As bases dos clusters especializados surgem da proximidade geográfica das empresas que executam funções diferentes – mas ligadas – em determinadas redes de produção.

Ambos estão baseados na ideia de que o ‘todo’ (o cluster) é maior do que a soma das partes por causa dos benefícios propiciados pela proximidade espacial. Os grupos geram dois tipos de interdependência: • Interdependências viamercado são transações diretas entre as empresas do grupo (por exemplo, o fornecimento de insumos especializados de produtos e serviços intermediários). Nessas circunstâncias, a proximidade espacial é um meio de reduzir os custos das transações por meio da minimização dos custos de transporte ou diminuindo algumas incertezas das relações cliente-fornecedor. • Interdependências extramercado são os benefícios menos tangíveis, que variam do desenvolvimento de um pool adequado de mão de obra, até tipos específicos de instituições (como universidades, associações comerciais, instituições governamentais etc.), para fenômenos socioculturais mais amplos. Em particular, a aglomeração ou o agrupamento geográfico facilita três processos importantes: contato face a face; interação sociocultural; e aumento do conhecimento e da inovação.

A trajetória geral do crescimento econômico mundial tornou-se cada vez mais volátil: pequenos surtos de crescimento econômico interrompidos por períodos de desaceleração ou até mesmo de recessão. Contudo, dentro dessa trajetória irregular, tem acontecido uma reconfiguração significativa no mapa da economia global. Mesmo que algumas economias centrais mais antigas ainda dominem o comércio internacional e os fluxos de investimento, as taxas de crescimento recentes mais surpreendentes foram alcançadas pelas ERIs do Leste Asiático (tigres asiáticos, filhotes de tigres, China, Índia, Japão pós 2ª guerra). Sem dúvida alguma, então, a única mudança global mais relevante dos últimos tempos foi o surgimento do Leste Asiático – incluindo o verdadeiro gigante potencial, a China – como uma região de crescimento dinâmico. É evidente que, em uma economia global interligada, o que acontece em uma parte do mundo tem repercussões nas outras partes. Por exemplo, o crescimento e o desenvolvimento contínuos das economias do Leste Asiático dependem muito da continuidade do crescimento de seus mercados de exportações – e o mais importantes deles está nos Estados Unidos. Sendo assim, têm ocorrido grandes mudanças nos contornos do mapa da economia global. Mas permanece o fato de que, o alcance real das mudanças globais na atividade econômica é extremamente irregular. Apenas um pequeno número de países em desenvolvimento tem apresentado um crescimento econômico expressivo; muitos se encontram em profundas dificuldades

financeiras, enquanto outros estão no limite da sobrevivência, ou mesmo já o cruzaram. Portanto, mesmo que possamos realmente pensar em termos de uma nova divisão global do trabalho, seu alcance é muito mais restrito do que costuma ser divulgado. O que está claro é que uma divisão do trabalho relativamente simples não existe mais. Ela foi substituída por uma estrutura multiescalar, muito mais complexa. A economia global talvez possa ser bem descrita como ‘um mosaico de desigualdades em um estado contínuo de fluxo’. Entretanto, esse mosaico é formado por processos que operam – e se manifestam – em escalas espaciais diferentes mas interrelacionadas. ‘Rodas da mudança’: a indústria automobilística A indústria automobilística é basicamente uma indústria de montagem. Três características inter-relacionadas do mercado de novos automóveis são especialmente relevantes: • Ele é altamente cíclica. • Há mudanças de longo prazo (seculares) na demanda. • Há indícios de segmentação e fragmentação cada vez maiores do mercado. O crescimento lento na demanda por automóveis nos mercados amadurecidos é mais do que simplesmente cíclico. Existem características seculares ou estruturais mais profundas nesses mercados que limitam o crescimento futuro nas vendas de carros. O rápido crescimento na demanda está associado à nova demanda. Mas à medida que o mercado “amadurece” e os níveis de propriedade de automóveis se aproximam da “saturação”, um número cada vez maior de aquisições de carros será de compras de troca. Crescente segmentação e fragmentação, considerando que os consumidores ricos exigem tipos diferentes de veículos para finalidades distintas ou almejam especificações mais sofisticadas, que o perfil demográfico dos mercados de consumo muda e que os novos clientes exigem carros básicos (de baixo custo). O papel do Estado Em toda a história da indústria automobilística, o Estado desempenhou um papel importante, principalmente em dois grandes aspectos:15

• Determinação do nível de acesso ao mercado por ele permitido, inclusive os termos sob os quais as empresas estrangeiras poderão estabelecer fábricas • Estabelecimento do tipo de apoio fornecido pelo Estado às empresas domésticas e o nível máximo de discriminação contra empresas estrangeiras. O uso de barreiras tarifárias e não tarifárias contra importações de automóveis se propagou por praticamente todos os países, em várias ocasiões, embora o nível de tarifas tenha despencado, se bem que de modo irregular. Da produção em massa à produção enxuta: mudança tecnológica na indústria automobilística Mudança nos relacionamentos entre montadoras de automóveis e fabricantes de componentes: A força-motriz por trás da consolidação entre os fabricantes de componentes para automóveis é a pressão crescente exercida pelas montadoras para entrega rápida (just-intime), entrega contínua a custos mais baixos, e melhoria da qualidade dos componentes. Essas pressões são manifestadas de duas maneiras relevantes. Uma é a pressão sobre os fornecedores para que assimilem uma parte maior das atividades de criação, pesquisa e o risco do desenvolvimento de módulos e sistema de componentes. A segunda é a pressão exercida sobre os fornecedores para que se localizem geograficamente perto das fábricas de montagem. Juntas, essas pressões resultaram em um declínio acentuado no número de empresas fornecedoras. O sistema de abastecimento está se tornando mais segmentado em termos funcionais. Em vez da imensidão de fornecedores especialistas em matérias-primas e componentes, quatro grandes estratégias parecem estar evoluindo. Evidentemente, as estratégias especialistas em matérias-primas e componentes não são novas. A novidade é o surgimento de outras categorias de fornecedor, principalmente os padronizadores e os integrados, ambos com muitas mais responsabilidades sobre o design e a produção, e com outro tipo de relacionamento com as montadoras e também com os próprios fornecedores. Essa última característica é muito importante para os integradores.

Em resumo, as estratégias das grandes produtoras de automóveis são mais diversificadas do que se supõe, um fato que não está relacionado com suas origens nacionais. Elas também estão em condição de fluxo à medida que importantes mudanças tecnológicas e organizacionais varrem o setor. Certamente, existe uma batalha global ocorrendo na indústria automobilística, na qual certamente ocorrerão mais baixas. A estratégia das principais empresas japonesas é estabelecer um grande sistema de produção integrada em cada uma das três regiões globais: Ásia, América do Norte e Europa Ocidental. A GM e a Ford estão seguindo na mesma direção e têm a vantagem de já estarem operando uma rede integrada sofisticada dentro da Europa. Em comparação, os fabricantes europeus continuam muito mais limitados em termos geográficos. Somente a VW tem grande parte de um sistema internacionalmente integrado. Entretanto, a rede europeia de produção de automóveis está sendo transformada pelos novos desenvolvimentos no Leste Europeu. A indústria automobilística “politizadas”.

continua

sendo

uma

das

mais...


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