ECO - Resumo - Galbraith, John Kenneth. A Era da Incerteza. Pág. 159-190 PDF

Title ECO - Resumo - Galbraith, John Kenneth. A Era da Incerteza. Pág. 159-190
Author Ananda Vilela
Course Teoria Microeconômica II
Institution Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
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Resumo - GALBRAITH - A ERA DA INCERTEZA...


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Fichamento: GALBRAITH, John Kenneth. A Era da Incerteza. Pág. 159-190 Foi a Primeira Guerra Mundial que mostrou que a nova estabilidade do dinheiro não passava de ilusão. Juntamente com os velhos sistemas políticos, a estabilidade monetária também descolou. Haveria uma incerteza maior do que antes sobre a maneira de ganhar dinheiro. E haveria novamente incerteza quanto ao que ele poderia comprar. (p. 160) Embora se inicie a história do dinheiro com a invenção da cunhagem de moedas – isto é, a estampagem de peças metálicas e qualidade específica (reivindicados) – tudo isso é muito arbitrário. Gado, conchas, pedaços de metal, uísque, fumo também já foram usados como dinheiro. Essas coisas desempenhavam a função básica do dinheiro, que é a de evitar embaraços da permuta – isto é, a dificuldade natural de ter que encontrar alguém que queira trocar gado ou uísque diretamente por uma casa. O que serve de dinheiro só precisa ser durável, razoavelmente uniforme e evidenciar sua qualidade. Assim sendo, pode ser guardado por algum tempo e será aceito amplamente, tanto por vendedores como por compradores. Dadas essas qualidades, quase tudo pode servir de estágio intermediário nas transações. Nas sociedades não pastoris, também é útil se puder ser mantido e manuseado em casa. As moedas entraram em uso porque eram duráveis, porque eram melhores do que pedaços ou sacos de ouro e prata, por serem de tamanho predeterminado e por poderem ser carregadas numa bolsa. (p. 162) Depois das moedas vieram os bancos. [...] Com os bancos surgiu a possibilidade, concedida a poucos cidadãos, de criar dinheiro. (p. 164) Durante a maior parte da historia, a prata, não o ouro, foi o principal metal para cunhagem de dinheiro. [...] No século XVI, esse metal fluía livremente para a Europa, para provar uma das proposições fundamentais em relação ao dinheiro: quanto mais abundante for o dinheiro, mantidas as demais condições inalteradas, menos valor aquisitivo ele terá. À medida que a prata se tornava abundante, os preços teriam se elevado praticamente em toda a Europa. (p. 164) Os notáveis da cidade foram os pioneiros na ideia de regulamentação pública das reservas de dinheiro por um banco oficial. O comerciante trazia ao banco as suas moedas boas e adulteradas, o banco as pesava e o peso do metal puro era então creditado em sua conta corrente. Esse depósito era uma forma altamente segura de guardar o dinheiro. O comerciante também podia transferir dinheiro para a conta de

outro comerciante. O recebedor sabia que estava recebendo o peso certo, sem trapaça. Os pagamentos através do banco davam direito a um prêmio. (p. 164) Os depósitos assim criados não precisavam ficar no banco inativos. Eles podiam ser emprestados. O banco então cobrava juros. Quem contraísse um empréstimo então passaria a ter um depósito que ele próprio podia usar. Mas o depósito original continuava a crédito do depositante original. Esse montante também podia ter usado. (p. 165) O importante é claro, é que o depositante original e quem contratar o empréstimo nunca devem ir ao banco à mesma hora para depositar – ou para retirar o seu dinheiro. Tem que confiar no banco. Confiar a ponto de acreditar que ele não esteja fazendo o que naturalmente faz. Esse é o ponto crítico sob o qual sempre se assenta a criação de dinheiro por parte do banco. (p. 165) Em 1819, após dois séculos de prestação de serviços, o Banco de Amsterdam encerrou sua atividade. Mas, a essa altura, já havia sido demonstrado, de forma flagrante, como um banco podia criar dinheiro e como essa capacidade podia ser mal empregada. (p. 166) Em Paris, em 1716, ele (John Law) obteve permissão do Regente para estabelecer um banco, o Banque Royale. Como parte da barganha, o banco assumiu as dívidas do Regente e do reino. Tais dívidas foram então liquidadas com notas do banco, promessas do banco de pagar o valor declarado nas notas a seus portadores de prata e ouro. (p. 168) Foi então que, em 1717, Law organizou a Companhia do Ocidente, posteriormente chamada de Companhia das Índias, mas sempre conhecida como Companhia do Mississipi. (p. 168) As notas que esse banco emitia tinham lastro, conforme ressaltado, de ouro e prata. Nem dando asas a imaginação haveria ouro e prata suficiente na França para resgatar as notas; por isso, a imaginação dos portadores de notas teve que voar até a Louisiana. Segundo se dizia, lá havia ouro e prata em quantidades ilimitadas. O metal precioso inexistente nas minas imaginárias era o lastro das notas. (p. 168) O ano de 1719 em Paris foi realmente um tempo maravilhoso. As notas emitidas por Law saíam aos milhões. Começaram a surgir dúvidas quanto à validade das notas. Por isso, o público começou a levá-las ao Banque Royale, para descontá-las em prata e ouro, que ainda estavam em Louisiana, e na verdade nem lá. Mas o pagamento ou resgate das notas em ouro e prata foi suspenso; em termos modernos, o Banque Royale abandonou o padrão ouro (e prata). (p. 170)

Em 1694, era fundado o Banco da Inglaterra; seus fundadores subscreveram o capital de que o Rei necessitava. Em troca, obtiveram o direito de fazer empréstimos a outros por meio de recém-impressas notas avalizadas pela promessa do Rei de pagá-las. (p. 172) Com o tempo, o Banco transformou-se num instrumento perfeito para a regulamentação da criação de dinheiro por parte dos bancos menores – ao limitar os empréstimos e consequente expansão dos depósitos, bem como as emissões de notas. Agindo dessa forma, a instituição propiciava o freio e controle, cuja inexistência havia produzido a calamidade financeira em Amsterdam, o desastre econômico em Paris. (p 174) Como a criação de dinheiro – depósitos e notas bancárias – por parte dos bancos é coisa simples, assim o é o mecanismo controlador. Em Londres, no século XVIII, os ourives, transformados em bancos, faziam empréstimos em notas contra suas reservas em moedas de ouro e prata. O Banco da Inglaterra, ao receber tais notas, fazia sua cobrança em ouro e prata. O Banco exigia que os bancos mantivessem uma reserva razoável em moeda sonante para cobertura de suas emissões de notas. Os bancos não podiam ser negligentes em sua emissão de notas, como o fora Law. Posteriormente, o Banco obteve para si o monopólio de emissão de notas, primeiramente em Londres, depois no resto do país. Daí por diante, só teve de disciplinar a si mesmo. (p. 174) Os bancos comerciais ou subordinados continuavam podendo efetuar empréstimos, utilizando para isso os fundos representados pelo dinheiro de seus depositantes. Isso significava depósitos – dinheiro – para quem contraísse um empréstimo. E essa criação de dinheiro poderia ser levada a excessos. O Banco da Inglaterra, por isso mesmo, elaborou um método de evita-lo. Sempre que os bancos comuns ou comerciais parecessem estar sendo demasiado generosos em seus empréstimos, o Banco deixava que uma parte de seus próprios empréstimos se esgotasse ou então colocava à venda certas quantidades de títulos mobiliários em seu poder. Ao amortizar tais empréstimos ou comprar os títulos, os clientes dos bancos comerciais transferiam o ouro e prata dos cofres dos bancos comuns para o do Banco da Inglaterra. As reservas em ouro e prata dos bancos comerciais, que constituíam sua garantia no caso de uma corrida por parte dos depositantes, dessa forma se esgotavam. Assim seus empréstimos e o movimento de depósito e criação de dinheiro a eles associado tinham de ser reduzidos. Esse é o processo atualmente

conhecido como operações de open Market. Outra coisa muito simples. Os bancos de compensação, como são chamados os bancos comerciais na Grã-Bretanha, podiam recompor suas reservas esgotadas fazendo empréstimos junto ao Banco da Inglaterra. Mas isso podia ser controlado pela elevação da taxa de juros. Esse ônus imposto pelo Banco da Inglaterra ficou sendo conhecido como Taxa Bancária, coisa que no século passado era considerada mística e maravilhosa. (p. 176) Essas eram as funções reguladoras criadas pelo Banco da Inglaterra. Por si mesmas, elas encontraram outra finalidade. Vez por outra, aconteciam breves fases de medo e desconfiança, quando os depositantes acorriam aos bancos de compensação para sacar seu dinheiro, para buscar o dinheiro em espécie que pela própria natureza dos negócios bancários não havia em quantidade suficiente. O Banco da Inglaterra então salvaria a pátria emprestando aos bancos de compensação, embora o fizesse a uma taxa bastante elevada. O banco central, como os bancos que financiavam outros banqueiros passaram a ser chamados, servia a esses bancos menores na qualidade de emprestador de último recurso. (p. 176) A cunhagem de moedas foi inventada pelos gregos. Os italianos, holandeses, franceses e ingleses, sempre incluindo os escoceses, foram os aperfeiçoadores dos bancos e do sistema bancário central. É assim que chegamos ao papel-moeda. Esse, de maneira especial, foi o presente que americanos e canadenses deram ao mundo ocidental. (p. 178) O berço foi em Massachussets; o ano, 1690. Os soldados de Massachussets acabavam de retornar de uma infrutífera expedição militar contra Quebec. O saque da fortaleza deveria ter sido o soldo pago, mas houve um erro de cálculo. Quebec não caiu. Soldados zangados podem criar sérios problemas. Assim, à falta de dinheiro de contado – ouro e prata – foi-lhes dada a promessa desse dinheiro. Essas notas promissórias passaram a circular de mão em mão como dinheiro. (p. 178) Os governos revolucionários não podem lanças impostos com facilidade, especialmente se a revolta for contra uma tributação injusta. O crédito desses governos geralmente não é dos melhores, e por isso eles não conseguem empréstimos. Resta apenas o recurso de imprimir dinheiro. O papel-moeda, inventado pelas colônias, pagou a Revolução Americana. (p. 180) A Constituição dos Estados Unidos proibiu os Estados de emitirem papel-moeda, mesmo como o Parlamento de Westminster havia feito. Também, de maneira ainda

mais flagrante, proibiu o Governo Federal de fazê-lo. Somente em virtude de uma interpretação forçada da Constituição e depois que o papel-moeda – as Greenbacks, notas com o reverso verde – havia sido emitido em grande quantidade durante a Guerra Civil, foi que esse tipo de dinheiro se tornou legal nos Estados Unidos. (p. 181) Também os bancos das colônias haviam sido impedidos de funcionar pelo governo britânico. Com a independência, esses estabelecimentos passaram a ser legais e, como já constatamos, igualmente fabricavam dinheiro. E, conquanto a emissão de papel-moeda por parte do governo tivesse que aguardar a sanção legislativa, a emissão de dinheiro por um banco não precisava disso. (p. 181) Quando as notas eram devolvidas para a cobrança em ouro ou prata que prometiam, os bancos emissores geralmente se mostravam inferentes e muitas vezes nem eram encontrados. [...] A solução óbvia era a criação de um banco central segundo o modelo do Banco da Inglaterra, para manter os demais bancos na linha. Era uma função que os bancos na fronteira achavam desnecessários. E sua finalidade, embora possa ser negada, era emitir dinheiro sem lastro, não importando o que ele pudesse comprar. (p. 181) Então, nos Estados Unidos, como na Europa, o ouro tornou-se o único metal no qual outro dinheiro, desde que legitimo, podia ser convertido, e essa convertibilidade passou a ser geral. Nos países ocidentais, o padrão ouro, como essa convertibilidade é chamada, passou a ser a regra quase geral. (p. 186) A Primeira Guerra Mundial exauriu as reservas de ouro da Europa para comprar munições. Isso destruiu o padrão ouro naquela área. E levou o ouro para os Estados Unidos em tal proporção que ele se tornou exageradamente abundante para servir como dinheiro na América. O padrão ouro jamais funcionou novamente com eficiência. Ele também foi uma das principais vitimas da grande descolagem. (p. 186) À medida que a vida econômica progredia na Grã-Bretanha e no resto da Europa, assim também se expandia o número de trabalhadores sujeitos à incerteza de emprego e renda concomitante à política de controle bancário centralizado. E da mesma forma a sua relutância em aceitar esse estado das coisas. (p. 188) Os Estados Unidos rejeitaram a ideia de bancos centrais e optaram em seu lugar, pela concessão ao banqueiro local do direito de produzir suas próprias notas bancárias e de criar os depósitos que permitissem aos agricultores e comerciantes

de sua cidade estabelecer-se. (p. 188) Cada novo boom, ou surto econômico, era devidamente anunciado como sendo a reação para uma nova era de prosperidade; os incrédulos eram invariavelmente desprezados como pessoas incapazes de reconhecer as oportunidades de ganho pelas quais os homens de visão haviam enriquecido. Depois de cada crise, os políticos conclamavam os cidadãos para que tivessem confiança no futuro. (p. 188) Mas o maior de todos os “crashes” viria em 1929. Nos quatro anos seguintes, cerca de nove mil bancos foram “pro brejo”, ou seja, uma terça parte dos bancos existentes no país. Com cada falência, pessoas físicas e jurídicas perdiam dinheiro que de outra forma poderiam aplicar, ou empréstimos que os depositantes viessem sacar. Então a 6 de março de 1933, todos os bancos nos Estados Unidos foram fechados. (p. 189) Os Estados Unidos criaram um banco central. Melhor dizendo, num acordo destinado a superar a antiga hostilidade, o país estabeleceu um sistema de doze bancos centrais e um órgão coordenador de poderes não muito bem definidos em Washington. Era o Sistema de Reserva Federal. (p. 189) Gradativamente, durante a Depressão, as taxas de juros foram descendo; em 1931, a taxa de desconto no Banco da Reserva em Nova York – taxa à qual os bancos podiam receber empréstimos – era de 1,5%, longe de ser uma taxa usurária. A Reserva Federal também adquiriu obrigações do governo em grande escala, sendo o dinheiro resultante dessa operação entregue aos bancos – como vemos novamente operação de open market. Logo os bancos comerciais estavam bem supridos de fundos de empréstimos. Só faltava os clientes irem aos bancos, fazer empréstimos, aumentar seus depósitos e com isso valorizar a disponibilidade de capital. A recuperação, então, seria imediata. Aí se deu uma descoberta terrível. Os clientes se recusavam a aparecer. Nem mesmo a uma taxa de juros mínima eles achavam que podiam ganhar dinheiro. E os bancos, por sua vez, não podiam confiar em que fossem tão tolos a ponto de achar que podiam. Essa era a situação real durante a Depressão. O dinheiro simplesmente se acumulava nos bancos; em pouco tempo, havia bilhões, que podiam ser emprestados, mas não havia quem quisesse. Afinal de contas, o sistema bancário tinha tornado pior o “boom” e ainda pior o “crash”. Ora, quando a Reserva Federal resolveu agir, nada de novo aconteceu. Ainda havia muito a aprender em relação à administração do dinheiro. (p. 190)

Considerações finais Galbraith explicita sobre a história da moeda e seu papel na sociedade europeia e estado unidense, deixando claro os nuances que fizeram do Banco da Inglaterra um modelo a ser seguido no resto do mundo. Ao explicar cada parte dessa história, vai demonstrando seu desapreço pelo mercado autorregulado e a autonomia dos bancos comerciais, criticando essa tendência a monopolização dos bancos, que com a geração de expectativa pode causar crises. Sua proposição para esse problema é o Estado interventor, que organizaria o progresso e regularia as incertezas geradas pelas crises....


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