ELM Teoria 10 Cap6 - apostila caixeta capítulo 6 PDF

Title ELM Teoria 10 Cap6 - apostila caixeta capítulo 6
Author MARIO SERGIO BORGES
Course Eletromagnetismo
Institution Universidade Federal de Ouro Preto
Pages 16
File Size 5.4 MB
File Type PDF
Total Downloads 66
Total Views 128

Summary

apostila caixeta capítulo 6 ...


Description

CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISM

Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLAC

3

Capítulo VI EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLACE 6.1 – IMPORTÂNCIA DAS EQUAÇÕES DE POISSON E LAPLACE Veja no quadro abaixo uma comparação de 2 procedimentos usados para a determinação da capacitância de um capacitor. Os passos do primeiro são baseados nos conceitos teóricos desenvolvidos até o capítulo V, os quais dependem inicialmente do conhecimento da distribuição de carga, grandeza esta de difícil obtenção prática. Por outro lado, o segundo procedimento apresenta uma situação mais realística, a qual requer primeiramente a obtenção do potencial através das equações de Poisson ou Laplace. Essas equações e esse novo procedimento serão tratados a seguir. Quadro - Procedimentos para cálculo da CAPACITÂNCIA de um CAPACITOR Procedimento I – Antigo Procedimento II – Novo Considera-se conhecida a (expressão da) densidade Considera-se conhecida a expressão que fornece o Passo potencial V em todos os pontos do capacitor, superficial de carga ρS de um dos condutores do ou capacitor (Nota: Se a carga deste condutor não for incluindo a diferença de potencial V0 entre os 2 Etapa positiva, trabalhar com o módulo de ρ S). condutores. ! Calcula-se a carga do condutor: Calcula-se o vetor E no dielétrico: ! ! (i)

Q=

(ii)



S

ρS dS

E = −∇V

! Calcula-se o vetor D no dielétrico:

! ! D • dS = Q S

"∫

E = D /ε

Calcula-se a densidade ρ S em um condutor (de preferência o condutor positivo):

! ρ S = DN = D

Calcula-se a ddp

V0 entre os condutores: A ! ! V0 = VAB = − ∫ E • d L

(iv)

D=εE

(Gauss)

! Calcula-se o vetor E no dielétrico: ! ! (iii)

! Calcula-se o vetor D no dielétrico: ! !

na superfície condutora

Calcula-se a carga total no condutor escolhido:

Q=



S

ρ S dS

B

Calcula-se, finalmente, a capacitância do capacitor:

Calcula-se, finalmente, a capacitância do capacitor:

Q C= V0

(v)

C=

Q V0

6.1.1 – Equação de Poisson ! ! ∇ • D = ρv # ! ! % D=εE $ ! ! % E = − ∇V &

! ! ! ! ⇒ ∇ • #$ε −∇V %& = ρV ⇒ ∇ • "#ε ∇V $% = −ρV

(

)

( )

! ! ρ Se a permissividade ε for constante, obtemos: ∇ ⋅ ∇V = − V

ε

2 ou ∇ V = −

ρV ε

Poisson

6.1.2 – Equação de Laplace 2 Se ainda a densidade volumétrica ρ V for nula (dielétrico perfeito), obtemos: ∇ V = 0

Laplace

! ! ! Nota: ∇ 2 = ∇ ⋅ ∇ = divergência do gradiente = (div.)(grad.) = Laplaciano ou “nabla 2” 53

CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISM

Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLAC

4

6.2 – TEOREMA DA UNICIDADE “Se uma resposta do potencial satisfaz a equação de Laplace ou a equação de Poisson e também satisfaz as condições de contorno, então esta é a única solução possível.” 6.3 – EXEMPLOS DE SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE LAPLACE A seguir serão mostrados vários exemplos de solução da Equação de Laplace para problemas unidimensionais, isto é, onde V é função somente de uma única variável. Os tipos de exemplos possíveis são: 1. V = f(x), sendo x coordenada cartesiana (válido também para V = f(y) e V = f(z)) 2. V = f( ρ ), sendo ρ coordenada cilíndrica 3. V = f( φ), sendo φ coordenada cilíndrica (válido também se φ é coordenada esférica) 4. V = f(r), sendo r coordenada esférica 5. V = f( θ), sendo θ coordenada esférica Ex.1: Cálculo de V = f(x), sendo x coordenada cartesiana ∂ 2V d 2V ⇒ =0 = 0 ∂x 2 dx 2 dV =A Integrando 1a vez: dx Integrando 2a vez: V = Ax + B

∇ 2V = 0 ⇒

onde A e B são as constantes de integração que são determinadas a partir de condições de contorno (ou de fronteira) estabelecidas para a região em análise. Condições de contorno: x = constante ⇒ superfície plana !# V = V em x = x 1 1 Sejam: " V = V em x = x #$ 2 2 Substituindo acima, obtemos A e B como: V −V A= 2 1 x2 − x1 e V x −V x B= 1 2 2 1 x2 − x1 V −V V x −V x Logo: V = 2 1 x + 1 2 2 1 x2 − x1 x2 − x1 Suponha agora que as condições de contorno sejam estabelecidas da seguinte maneira: !# V = V = 0 em x = x1 = 0 1 " $# V = V2 = Vo em x = x2 = d Assim, temos: A =

V0 d

e B=0 ⇒ V =

V0 x d

(0 ≤ x ≤ d)

54

CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISM

Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLAC

5

Etapas de cálculo da capacitância C do capacitor de placas // formado: ! ! V ! E = −∇V = − o a x (i) d ! ! εV ! (ii) D = ε E = − o a x d ! ! ! εV (iii) ρ S = Dn = D = D = 0 x=0 x=d d εV0 S (iv) Q = ∫ S ρ S dS = ρS S = d εS Q εV S / d ⇒ C= (Mesmo resultado obtido na seção 5.8) (v) C = = 0 d V0 V0 Ex.2: Cálculo de V = f(ρ ), sendo ρ coordenada cilíndrica

∇ 2V = 0 ⇒

1 d # dV & (=0 %ρ ρ dρ $ d ρ '

Integrando 1a vez: ρ

( ρ ≠ 0)

dV =A dρ

Rearranjando e integrando 2a vez: V = A lnρ + B Condições de contorno: ρ = constante ⇒ superfície cilíndrica ! V = 0 em ρ = b (refer.) (b > a) " # V = V0 em ρ = a Daí, obtém-se A e B e substituindo acima:

V = V0

ln (b / ρ ) ln (b / a )

(a < ρ < b)

Etapas de cálculo da capacitância C do capacitor coaxial formado: ! ! ! −V0 aρ −b / ρ 2 Vo ∂V ! 1! = (i) ∇V = − aρ = aρ E =− ln(b / a ) b / ρ ln(b / a ) ρ ∂ρ ! ! εV0 1 ! aρ (ii) D = ε E = ln(b / a ) ρ εV0 (iii) ρ S = Dn ρ=a = (= densidade superficial no condutor interno c/ carga +Q) a ln(b / a) εV0 2π a L (iv) Q = ∫ ρ S dS = ρS S = S a ln(b / a) Q 2πεL (v) C = = (Mesmo resultado obtido na seção 5.8, Ex. 2) V0 ln(b / a ) 55

CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISM

Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLAC

6

Ex. 3: Cálculo de V = f(φ ), sendo φ coordenada cilíndrica

∇ 2V = 0 ⇒

1 d 2V =0 ρ 2 dφ 2 d 2V =0 dφ 2

Fazendo ρ ≠ 0 ⇒

Integrando 1a vez:

(ρ ≠ 0)

dV =A dφ

Rearranjando e integrando 2a vez: V = Aφ + B Condições de contorno: φ = constante ⇒ superfície semi-plana radial nascendo em z !V = 0 em φ = 0 " #V = V0 em φ = α Daí, obtém-se A e B e substituindo acima: V V = 0φ α Nota: Calcular a capacitância do capacitor formado por dois planos finitos definidos por: φ = 0, a < ρ < b, 0 < z < h (Adotar V = 0) φ = α, a < ρ < b, 0 < z < h (Adotar V = V0) εh b Desprezar os efeitos das bordas. (Resposta: C = ln ) α a

Ex. 4: Cálculo de V = f(r), sendo r coordenada esférica ∇ 2V = 0 ⇒

1 d # 2 dV & %r ( = 0 (r ≠ 0) r 2 dr$ dr '

Integrando 1a vez: r 2

dV =A dr

Re-arranjando e integrando 2a vez: A V =− +B r Condições de contorno: r = constante ⇒ superfície esférica !V = 0 em r = b (refer.) (b > a) " #V = V0 em r = a

56

CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISM

Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLAC

7

Daí, obtém-se A e B e substituindo acima: 1 1 − V = V0 r b 1 1 − a b Etapas de cálculo da capacitância C do capacitor esférico formado: ! ! ∂V ! −V0 $ 1 ' ! a E = −∇V = − (i) ar = &− 1 1 % r 2 )( r ∂r − a b ! ! εV0 1 ! (ii) D = ε E = a 1 1 r2 r − a b ε V0 1 (iii) ρ S = Dn ( r=a) = (= densidade superficial no condutor interno c/ carga +Q) 1 1 a2 − a b ε V0 1 (iv) Q = ∫ ρ S ds = 4π a 2 S 1 1 a2 − a b Q 4πε (Mesmo resultado obtido na seção 5.8, Ex. 3) (v) C = = 1 1 V0 − a b Ex. 5: Cálculo de V = f(θ ), sendo θ coordenada esférica

∇ 2V = 0 ⇒

d ! dV $ 1 # senθ &= 0 r senθ dθ " dθ % 2

(r ≠ 0, θ ≠ 0, θ ≠ π)

Fazendo r ≠ 0, θ ≠ 0, θ ≠ π: d ! dV $ # senθ &= 0 dθ " dθ % Integrando 1a vez: senθ

dV =A dθ

Rearranjando e integrando 2a vez: V = A ln!" tan (θ 2)$# + B Condições de contorno: θ = constante ⇒ superfície cônica !V = 0 em θ = π 2 (α < π /2) " #V = V0 em θ = α Daí, obtém-se A e B e substituindo acima: V=

V0 ln!" tan( θ / 2)#$ ln !" tan (α / 2 )$# 57

CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISM

Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLAC

8

Nota: Calcular a capacitância do capacitor formado por dois cones finitos definidos por: θ = π/2, 0 < r < r1, 0 < φ < 2π (Adotar V = 0) θ = α, 0 < r < r1, 0 < φ < 2π (Adotar V = V0) −2 πε r1 ) Desprezar os efeitos das bordas. (Resposta: C = ln "#tan (α 2)%$

6.4 – EXEMPLO DE SOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DE POISSON Exemplo: A região entre dois cilindros condutores coaxiais com raios a e b, conforme mostrado na figura abaixo, contém uma densidade volumétrica de carga uniforme ρ V . Se o campo ! elétrico E e o potencial V são ambos nulos no cilindro interno, determinar a expressão matemática que fornece o potencial V na região, entre os condutores assumindo que sua permissividade seja igual à do vácuo. Solução: Equação de Poisson: ∇ 2V =

ρ 1 ∂ $ ∂V ' ⋅ &ρ )=− V ρ ∂ρ % ∂ ρ ( ε0

Integrando pela 1a vez: ∂V ρ ρ2 =− V ⋅ +A⇒ ρ ∂ρ ε0 2

∂V A ρ =− V ⋅ρ+ ∂ρ ρ 2ε 0

(01)

! ! ! ! ∂V ! ∂V ⇒ Porém, sabe-se que: E = − ∇V ⇒ E = − aρ ⇒ E = E = − ∂ρ ∂ρ

∂V = −E ∂ρ

(02)

Substituindo (02) em (01), temos:

∂V A ρ = −E = − V ⋅ ρ + ρ 2ε 0 ∂ρ 1a Condição de Contorno (Obtenção de A):

(03)

E = 0 para ρ = a.

(04)

Substituindo (04) em (03), temos:

0=

A ρV ρ ⋅ a − ⇒ A = V ⋅ a2 a 2ε0 2ε 0

(05)

Substituindo (05) em (01), temos:

∂V ρ ρ a2 =− V ⋅ρ + V ⋅ 2ε 0 2ε 0 ρ ∂ρ

(06)

Integrando pela 2a vez:

V =−

ρV ρ 2 ρV 2 ⋅ + ⋅ a ln ρ + B 2ε 0 2 2ε0

(07)

58

CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISM

Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLAC

2a Condição de Contorno (Obtenção de B):

V = 0 para ρ = a.

9

(08)

Substituindo (08) em (07), temos:

0=−

ρV a 2 ρ V 2 ρ ρ ⋅ a ln a + B ⇒ B = V ⋅ a 2 − V ⋅ a 2 ln a ⋅ + 2 ε 0 2 2ε 0 4ε0 2ε0

(09)

Substituindo (09) em (07), temos:

V =−

V=

ρV 2 ρ V 2 ρ ρ ⋅ρ + ⋅ a ln ρ + V ⋅ a 2 − V ⋅ a 2 ln a 4ε 0 2ε 0 4 ε0 2ε 0

#ρ & ρV ρ ⋅ ( a 2 − ρ 2) + V ⋅ a 2 ln % ( 4ε 0 2 ε0 $a '

[V ]

(10)

6.5 – SOLUÇÃO PRODUTO DA EQUAÇÃO DE LAPLACE Suponha o potencial seja função das variáveis x e y de acordo com a seguinte expressão: V = f (x) f (y) = XY

onde

X = f (x) e Y = f (y)

Aplicando a equação de Laplace, obtemos: ∂ 2V ∂ 2V + =0 ∇ 2V = 0 ⇒ ∂x 2 ∂y 2 (01) → (02): ∂ 2Y ∂2 X Y 2 +X 2 =0 ∂x ∂y

(01)

(02)

(03)

Dividindo (03) por XY: 1 ∂ 2 X 1 ∂ 2Y =0 + X ∂x 2 Y ∂y 2 Separando os termos somente dependentes de x dos termos somente dependentes de y, escrevemos: 2 1 d2X 1dY (04) =− 2 Y dy X dx 2 Como X = f (x) e Y = f (y) , então para que a equação (04) seja verdadeira, cada um dos membros de (04) deve resultar em uma mesma constante. Chamando esta constante de α2, temos: 1 d2X = α2 2 X dx 1 d 2Y = − α2 2 Y dy

(05) (06)

59

CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISM

Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLAC

0

Re-escrevendo (05) e (06) temos: d2X =α 2 X 2 dx d 2Y = − α 2Y 2 dy

(07) (08)

Solução da equação (07) pelo Método de Dedução Lógica: Basta responder a seguinte pergunta: “Qual é a função cuja segunda derivada é igual a própria função multiplicada por uma constante positiva?” Solução 1: Função trigonométrica hiperbólica em seno ou co-seno. Assim: X = A coshα x + B senhα x

(09)

Solução 2: Função exponencial. Assim: X = A !e αx + B!e− α x

(10)

Solução da equação (08) pelo Método de Dedução Lógica: Basta responder a seguinte pergunta: “Qual é a função cuja segunda derivada é igual a própria função multiplicada por uma constante negativa?” Solução 1: Função trigonométrica em seno ou co-seno. Assim: Y = C cosα y + Dsen α y

(11)

Solução 2: Função exponencial complexa. Assim: Y = C 'e jα y + D'e− jα y

(12)

Nota: Veja no Anexo I a solução da equação diferencial (07) por série infinita de potências. Solução final da equação (01): Substituindo (09) e (11) em (01), obtemos finalmente:

V = XY = ( A coshα x + Bsenhα x) ( C cosα y + Dsen α y)

(13)

sendo que as constantes A, B, C e D são determinadas pelas condições de contorno do problema. Exemplo: Calcule o potencial na região interna da calha retangular da figura. São conhecidos todos os potenciais nos contornos metálicos da calha. Observe que temos, neste caso, V = f(x) f(y). Partir da expressão (13) obtida acima. Solução:

Pela figura temos as condições de contorno: (i) V = 0 em x = 0, (ii) V = 0 em y = 0, (iii) V = 0 em y = d, 0 < x < c (iv) V = V0 em x = c, 0 < y < d

60

CONCEITOS TEÓRICOS E EXERCÍCIOS PROPOSTOS DE ELETROMAGNETISM

Capítulo VI: EQUAÇÕES DE POISSON E DE LAPLAC

1

Aplicando as condições (i) e (ii) em (13) obtemos A = C = 0 e chamando BD = V1, chegamos a: (14) V = XY = BDsenhα x sen α y = V1 senh α x senα y e aplicando a condição (iii), V = 0 em y = d, temos: nπ 0 = V1 senhα x senαd ⇒ α = (n = 0,1, 2,…) d Substituindo α de (15) em (14): nπ y nπ x V = V1 senh sen d d

(15)

(16)

Para a condição (iv) é impossível escolher um n ou V1 de modo que V = V0 em x = c, para cada 0 < y < d. Portanto, deve-se combinar um número infinito de campos de potenciais com valores diferentes de n e valores correspondentes de V1, isto é, V1n. Assim, genericamente devemos ter: ∞

V = ∑ V1n senh n=0

nπ y nπ x sen d d

0...


Similar Free PDFs