Escola de frankfurt - Apontamentos 2 PDF

Title Escola de frankfurt - Apontamentos 2
Author Humberto Calixto da Silva Neto
Course Filosofia
Institution Ensino Médio Regular (Brasil)
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Summary

Anotações e exercícios do conteúdo de Escola de Frankfurt....


Description

ESCOLA DE FRANKFURT Considerações sobre a indústria cultural O conceito de indústria cultural foi cunhado em 1940 por Theodor Adorno em coautoria com Marx Horkheimer na obra Dialética do esclarecimento, substituindo a expressão “cultura de massa”, pois a mesma causava certa ambiguidade ao sugerir um sentido de uma cultura nascida espontaneamente das camadas populares. As críticas feitas pelos frankfurtianos à indústria cultural visam mostrar como na sociedade moderna a cultura transformou-se em uma grande força capaz de transmutar a arte em qualquer mercadoria.

ADORNO E HORKHEIMER O pensamento de Adorno está diretamente atrelado a muitas reflexões no que tange ao contexto do nazifascismo que protagonizou uma das maiores catástrofes imorais da história da humanidade. Além disso, houve também os anos de exílio nos Estados Unidos que proporcionaram a ele um contato com a sociedade norte-americana (a representação do apogeu capitalista), para entender a cultura caracterizada como objeto de consumo, de modo a possibilitar nos anos 1940 que ele elaborasse, juntamente com Horkheimer, o conceito de indústria cultural como lócus essencial para compreender a cultura de massa e o engodo da técnica na sociedade moderna. A indústria cultural transfere as características da dominação da técnica para os bens culturais na modernidade, adaptando os produtos a um consumo de massa aliado aos interesses do capital para construir um grande sistema: “O terreno no qual a técnica conquista seu poder sobre a sociedade é o poder que os economicamente mais fortes exercem sobre a sociedade. A racionalidade técnica hoje é a racionalidade da própria dominação.” Além disso, a indústria considera a seguinte lógica: “A partir do momento em que essas mercadorias asseguram a vida dos produtores no mercado, elas já estão contaminadas por essa motivação. Mas eles não almejam o lucro senão de forma mediata, através do seu caráter autônomo”. Os bens culturais, como gênero de mercadoria, passam a ser autofabricados, padronizados, segundo os critérios do mercado. Assim, a indústria cultural tem como pretensão estandardizar os gostos dos indivíduos, de modo a levá-los a aceitarem os critérios ditados pelos produtos, com o objetivo de satisfazer as supostas necessidades criadas pelo mercado. A inquietação que orienta Adorno e Horkheimer consiste nas seguintes indagações: como foi possível que um projeto político, social, cultural e econômico, cujo sentido se fundamentava sob o solo da razão esclarecida, e, portanto, civilizada, pôde conduzir os homens a um estado de barbárie? Mais ainda, por quais razões uma sociedade amplamente desenvolvida no que tange à técnica e que ostenta seu triunfo sob um passado que buscava explicações para o mundo nos mitos, se encontra num profundo caos cultural? Em outros termos, porque o Esclarecimento foi capaz de elevar o aperfeiçoamento tecnológico a patamares nunca antes imaginado, mas, no entanto, não foi apto para tornar o homem emancipado? Pelo contrário, o Esclarecimento, a despeito de sua pretensão inicial, transformou-se num projeto autoritário

em muitos aspectos. Um dos aspectos desse contexto é que as influências advindas dos desejos do mercado colocam os indivíduos consumidores sujeitados aos produtos criados pelo próprio homem. Todavia, isso não quer dizer que o pensamento não consiga mais se apropriar de mecanismos para recriação da autocrítica, porque essa possibilidade pode ser recriada a partir das condições materiais impostas aos indivíduos.

O efeito do conjunto da indústria cultural é o de uma antidesmistificação, a de um antiiluminismo [anti-Aufklärung]; nela, como Horkheimer e eu dissemos, a desmistificação, a Aufklärung, a saber a dominação técnica progressiva, se transforma em engodo das massas, isto é, em meios de tolher a sua consciência. Ela impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente. Mas estes constituem, contudo, a condição prévia de uma sociedade democrática, que não se poderia salvaguardar e desabrochar senão através de homens não tutelados. Se as massas são injustamente difamadas do alto como tais, é também a própria indústria cultural que as transforma nas massas que ela depois despreza, e impede de atingir a emancipação, para qual os próprios homens estariam tão maduros quanto as forças produtivas da época o permitiriam.

Uma das características nodais da indústria cultural é o entretenimento. O domínio exercido sob os consumidores, dirá Adorno, é mediado pela lógica da diversão. Esta lógica opera da seguinte forma: os indivíduos fatigados em decorrência de longas e duras jornadas de trabalho se prostram diante das diversas possibilidades de divertimento proporcionado pela televisão, por exemplo.

[...] eis aí a doença incurável de toda diversão. O prazer acaba por se congelar no aborrecimento, porquanto, para continuar a ser um prazer, não deve mais exigir esforço e, por isso, tem de se mover rigorosamente nos trilhos gastos das associações habituais. O espectador não deve ter necessidade de nenhum pensamento próprio, o produto prescreve toda reação: não por sua estrutura temática – que desmorona na medida em que exige o pensamento –, mas através de sinais.

QUESTÕES

1. Uma norma só deve pretender validez quando todos os que possam ser concernidos por ela cheguem (ou possam chegar), enquanto participantes de um discurso prático, a um acordo quanto à validade dessa norma. HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989. Segundo Habermas, a validez de uma norma deve ser estabelecida pelo (a) a. Liberdade humana, que consagra a vontade.

B. Razão comunicativa, que requer um consenso. c. Conhecimento filosófico, que expressa a verdade. d. Técnica científica, que aumenta o poder do homem. e. Poder político, que se concentra no sistema partidário.

2. O conceito de democracia, no pensamento de Habermas, é construído a partir de uma dimensão procedimental, calcada no discurso e na deliberação. A legitimidade democrática exige que o processo de tomada de decisões políticas ocorra a partir de uma ampla discussão pública, para somente então decidir. Assim, o caráter deliberativo corresponde a um processo coletivo de ponderação e análise, permeado pelo discurso, que antecede a decisão. VITALE. D. Jürgen Habermas, modernidade e democracia deliberativa. Cadernos do CRH (UFBA),v. 19, 2006 (adaptado). O conceito de democracia proposto por Jürgen Habermas pode favorecer processos de inclusão social. De acordo com o texto, é uma condição para que isso aconteça o(a)

a. participação direta periódica do cidadão. b. debate livre e racional entre cidadãos e Estado. c. interlocução entre os poderes governamentais. d. eleição de lideranças políticas com mandatos temporários. e. controle do poder político por cidadãos mais esclarecidos.

3. “Originalmente concebida e acionada para emancipar os homens, a moderna ciência está hoje a serviço do capital, contribuindo para a manutenção das relações de classe. A ciência e a técnica nas mãos dos poderosos [...] controlam a vida dos homens, subjuga-os ao interesse do capital. A produção de bens segue uma lógica técnica, e não à lógica das necessidades reais dos homens.” FREITAG, B. A teoria Crítica ontem e hoje, São Paulo: Brasiliense, 1986, p.94. A autora nos apresenta a visão da Escola de Frankfurt acerca do papel desempenhado pela ciência e pela tecnologia na moderna economia capitalista. Sobre este papel, compreendemos que a. A ciência e a técnica, apesar de serem forças produtivas, não funcionam como ideologias para legitimar o sistema capitalista. b. Nas mãos do poder econômico e político, a tecnologia e a ciência são empregadas para garantir que as pessoas tomem consciência de suas condições de desigualdade. c. A dimensão emancipadora e crítica da racionalidade moderna foi valorizada na economia capitalista, pois muitas das reivindicações dos trabalhadores foram atendidas a partir do advento da tecnologia.

d. Na economia capitalista, produz-se com eficácia o que dá lucro e não aquilo que os homens necessitam e gostariam de ter ou usar. e. Não existe necessariamente uma conexão entre economia e tecnologia.

4. Na regulação de matérias culturalmente delicadas, como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos da educação pública, o status das Igrejas e das comunidades religiosas, as normas do direito penal (por exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos menos chamativos, como, por exemplo, a posição da família e dos consórcios semelhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a delimitação das esferas pública e privada — em tudo isso reflete-se amiúde apenas o autoentendimento ético-político de uma cultura majoritária, dominante por motivos históricos. Por causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que garanta formalmente a igualdade de direitos para todos, pode eclodir um conflito cultural movido pelas minorias desprezadas contra a cultura da maioria. HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002. A reivindicação dos direitos culturais das minorias, como exposto por Habermas, encontra amparo nas democracias contemporâneas, na medida em que se alcança

a. a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da sua concentração espacial, num tipo de independência nacional. b. a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos de diferentes comunidades étnicas, confissões religiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura política nacional. c. a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de autoentendimento se submeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento. d . a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se libertar das tradições de suas origens em nome da harmonia da política nacional. e. o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como linguagem política ou distintas convenções de comportamento, para compor a arena política a ser compartilhada.

5. Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa. ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a) a. legado social. b. patrimônio político. c. produto da moralidade. d. conquista da humanidade. e. ilusão da contemporaneidade.

6. LEIA: Pelo mundo afora, conglomerados gigantes apoderam-se dos meios de comunicação. Nos Estados Unidos, onde as regras anti-concentração foram abolidas em fevereiro de 2002, a America On Line comprou a Netscape, a revista Time, a empresa cinematográfica Warner Brothers e o canal de notícias (24 horas por dia) CNN; a General Motors, maior empresa do mundo por sua capitalização na Bolsa de Valores, abocanhou o canal de televisão NBC; a empresa Microsoft, de William Gates, reina no mercado de software, pretende conquistar o dos vídeo-games com seu console X-Box e, por meio de sua agência Corbis, domina o mercado fotográfico de imprensa; a News Corporation, de Rupert Murdoch, assumiu o controle de alguns dos jornais ingleses e norte-americanos de maior tiragem (The Times, The Sun, The New York Post…), possui o canal de televisão por satélite BskyB e uma emissora de televisão nos Estados Unidos (Fox), além de uma das maiores empresas de produção de seriados para a televisão e de filmes (Twenty Century Fox). A partir da noção de “Indústria Cultural”, Adorno e Horkheimer percebem que o que chamamos de mídia: a. Desenvolve o senso crítico e a autonomia de seus consumidores. b. Reproduz bens culturais que brotam espontaneamente das massas. c. Faz com que o valor de troca seja substituído pelo valor de uso na recepção da arte. d. Padroniza e nivela a subjetividade e o gosto de seus consumidores. e. Promove a imaginação e a espontaneidade de seus consumidores....


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