Evans-Pritchard, E.E., Os Nuer uma descrição do modo de subsistência e das instituições políticas de um povo nilota PDF

Title Evans-Pritchard, E.E., Os Nuer uma descrição do modo de subsistência e das instituições políticas de um povo nilota
Course Antropologia Cultural
Institution Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
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Summary

A introdução do livro “Os Nuer” de Evans-Pritchard aponta inicialmente para as dificuldades bibliográficas a respeito da descrição do povo Nuer, a maioria feitas por caçadores, comerciantes e agentes coloniais. O autor aponta as semelhanças e divergências difíceis de se captarem entre os povos Nuer ...


Description

Rafael Junio Xavier Antropologia da África e da afro-américa

Fichamento - Evans-Pritchard, E.E., Os Nuer uma descrição do modo de subsistência e das instituições políticas de um povo nilota A introdução do livro “Os Nuer” de Evans-Pritchard aponta inicialmente para as dificuldades bibliográficas a respeito da descrição do povo Nuer, a maioria feitas por caçadores, comerciantes e agentes coloniais. O autor aponta as semelhanças e divergências difíceis de se captarem entre os povos Nuer e os Dinka. A análise do livro está focada em compreender o povo Nuer a partir de suas instituições políticas e sociais. O foco primário do livro são nas instituições do povo, da tribo, do clã, com suas linhagens e grupos etários. O autor aponta a dificuldade em classificar os Nuer dentro de um sistema politicamente reconhecível para os padrões Ocidentais, visto que os Nuer vivem naquilo que Pritchard chama de “anarquia organizada”. Os Nuer não dispõe de uma organização institucional nem de uma figura clara de liderança. Ele destaca a divisão das tribos enquanto domínio étnico e político do espaço geográfico e o papel de liderança do “Chefe da Pele de Leopardo”, mas esse papel é mais o de um juiz para imbróglios específicos que de fato uma liderança fixa na comunidade Nuer. Evans-Pritchard aponta as dificuldades de fazer um trabalho etnográfico com um povo tido por hostil tanto para os seus vizinhos quanto pelos empregados contratados para lhe auxiliar em sua pesquisa. Tidos como um povo infame pelo comportamento belicoso, Pritchard teve imensa dificuldade em estabelecer uma relação com eles em que fosse plenamente atendido em seus anseios de pesquisa. Após o primeiro contato, a língua se tornou um empecilho para avançar na pesquisa. Posteriormente, a dificuldade de pesquisa se revelou a forma complexa e por vezes debochada que os Nuer dialogavam com o etnólogo e também a insistência em visitas pelas mais tolas razões ou para pedir tabaco. A respeito do sistema político dos Nuer, Evans-Pritchard tipifica o sistema Nuer mais amplo e complexo, a “tribo”. Essa tribo e dividida em

segmentos. Os maiores são nomeados seções primárias e vão se simplificando até chegar nas seções terciárias. Os segmentos de cada tribo possuem características d apropria tribo e quanto menor o segmento, mais forte os laços sociais genéricos são mais fortes. O segmento tribal é cristalizado no clã ou linhagem dominante e quanto menor, mais próximos genealogicamente são seus membros. O sistema de conjuntos etários determina o comportamento do grupo e provoca coesão dentro dele (p.154). O sistema de aliança dos Nuer se dá pelas segmentações em relação ao inimigo. Se o inimigo for uma disputa entre duas seções terciárias, as duas se enfrentarão, mas caso haja disputa com uma seção secundária, as duas seções terciárias outrora rivais se unirão contra a seção secundária. Assim o sistema vai se ampliando em alianças até a disputa das tribos em seções primárias. É então interessante para o autor a definição de seções na diferenciação dos Nuer, uma vez que essa organização política é bastante fluida e a sociedade pouco organizada em termos institucionais, cobrando apenas cooperação por relação de linhagem e filiação. O autor se debruça sobre os incidentes em que a lei se faz presente, isso é, nos casos que ele chama de disputa e vendeta, quando ocorrem agressões e mortes entre membros de um mesmo clã ou tribo. Evans-Pritchard aponta toda a ritualística envolvida no processo, onde clãs mais próximos e de maior convivência cotidiana evitam a vendeta por meio da intervenção de anciãos e do chefe da pele de leopardo. As vendetas entre clãs mais distantes envolvem um cálculo por parte de seus contendores a respeito de participar ou não do conflito, pois esse só se resolve após muitas mortes. O chefe da pele de leopardo representa para Evans-Pritchard o mais próximo que se há, em termos de centralização política, de uma liderança respeitada como um todo pelos Nuer. Entretanto, seu papel como líder é questionável, visto que ele não exerce de fato um papel de liderança e não governa de forma alguma os Nuer, sendo mais representado como uma autoridade ritual para a resolução de questões envolvendo uma vendeta após um homicídio. O autor também aponta o surgimento de profetas, influenciados pelos povos de cultura árabe e que foram os indivíduos que mais se

aproximaram de uma força política extra-tribal, diferente dos chefes da pele de leopardo. Indivíduos dotados de uma autoridade sobrenatural. A principal forma de análise da cultura política e da forma como os Nuer se veem, para Evnas-Pritchard, parte da forma como os Nuer encaram o “outro”, ou seja, aqueles de fora que interagem com ele. Sendo um povo belicoso, voltado para à guerra, os Nuer se associam ou dissociam de acordo com o adversário, assim como realizam suas disputas litigiosas com maior ou menor grau de violência e hostilidade e maior ou menor grau de intervenção ritual dependendo doa proximidade geográfica, do grau de coesão e da estruturação de linhagem. Partindo dessa premissa, os Nuer devem ser estudados politicamente mais como uma série de grupos do mesmo tronco tribal que não estipulam sistemas de governança centralizados, mas que respeitam uma autoridade ritual e que calculam seu engajamento associativo através de seus laços parentais mais ou menos próximos, sempre medindo quem é o outro....


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