Fichamento “A criação literária”, de Moises PDF

Title Fichamento “A criação literária”, de Moises
Author Leandra Francieli
Course Estudos dos gêneros literários
Institution Universidade Federal de Uberlândia
Pages 3
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Summary

Fichamento do capítulo IV. Poesia e Prosa, presente no livro "A criação literária", de Massaud Moisés....


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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA Prof.: Carlos Augusto de Melo Disciplina: Estudo dos Gêneros Literários Aluna: Leandra Francieli Silva dos Santos

Data: 20/10/2017 Turma: L Matrícula: 11711LET209

FICHAMENTO “A criação literária”, de MOISES OBRA MOISES, Massaud. IV. Poesia e Prosa. In: A criação literária : prosa I. São Paulo: Cultrix, 1995. p. 41-57. 1. Distinção entre poesia e prosa Massaud Moises inicia o capítulo nos informando que apesar da busca por uma distinção entre poesia e poema não ser algo novo, ela ainda não possui resultados universalmente convincentes. Para muitos, a forma seria a característica capaz de distinguir os dois gêneros, entretanto, essa é uma informação um tanto quanto equivocada se levarmos em consideração que para a apreciação de uma obra literária, a sua essência é mais importante do que a própria estrutura. Como se depreende, a distinção a pouco e pouco deixa de se fundamentar na aparência, nos aspectos extrínsecos, para focalizar os aspectos intrínsecos, que continuam, bem entendido, estreitamente associados aos primeiros (MOISES, 1995, p. 43).

2. Objeto sobre o qual se debruçam Neste segundo tópico, o autor traz o conceito de que todas as artes (música, pintura, teatro, arquitetura, etc.), independentemente de suas particularidades, possuem traços poéticos. “Dentro dum conceito relativista, porém, procede afirmar que todas as artes, dadas as suas características comuns, possuem aspectos que, à falta doutro rótulo, às vezes se classificam de ‘poéticos’” (MOISES, 1995, p. 45). Massaud Moises também diz que a diferença entre poesia e prosa a qual se deve prestar atenção é a essência de cada uma, ou seja, o objeto sobre o qual elas se debruçam. Na prosa, o autor foca no “não-eu”, já na poesia, o que importa é o “eu”, os sentimentos mais

profundos dele, que, de tão profundos, ultrapassam os planos da consciência e inteligência discursiva. Por isso, os elementos que compõem o mundo exterior, o plano do “não-eu”, somente interessam e aparecem no poema quando interiorizados, ou então como áreas específicas em que o “eu” do poeta se projeta, dum modo que significa, afinal de contas, estar o “eu” à procura da própria imagem, refletida na superfície do mundo físico (MOISES, 1995, p. 46).

3. Expressão da poesia Tendo a necessidade de se expressar de alguma forma, o poeta opta pela escrita, processo no qual a escolha das palavras e as construções de cada metáfora e do ritmo exigem extrema dedicação. Entretanto, a partir do momento que ele tenta exprimir suas emoções e sentimentos por meio de um sistema harmônico de palavras e metáforas, de uma soma de signos que se dá o nome poema, ocorre uma deformação: Dir-se-ia que a “luta pela expressão”, de que fala Fidelino de Figueiredo, altera tudo, de modo que só manteria “puro” aquilo que não procurássemos transmitir. Por outros termos, só restaria como vivência (poética) aquela que permanece intocada no plano inconsciente, onde a palavra ainda não se plasmou (MOISES, 1995, p. 47).

4. Relação poema e poesia Apesar do poeta se expressar através do poema, nem todo poema pode ser considerado como tendo poesia, um exemplo deste fato são as chamadas prosa em verso que, apesar de serem estruturadas em versos, são imbuídas da objetividade característica do gênero prosa. O poema poético é aquele para o qual o poeta transporta a poesia que existe em si e tenta, por meio deste, despertar a poesia que existe no leitor, podendo provocar nele pensamentos que nem mesmo o próprio poeta havia tido. A poesia é esse sentimento, emoção, essa beleza subjetiva que pode também estar presente na escrita na forma de prosa (conhecida como prosa poética). Assim, a poesia passa para o poema na medida em que este funciona como o reservatório de signos que conduzem à poesia ou preservam-na de esvair-se. Deixou de existir no íntimo do poeta, mas não existe no poema: a função deste é assinalá-la e desencadeá-la no espírito do leitor (p. 50).

Daqui decorre um conceito de poesia: é a expressão metafórica do “eu”, cujo resultado, o poema, pode ser em verso ou em “prosa”. (MOISES, 1995, p. 52).

5. Prosa Diferente da poesia, a prosa é a expressão do “não-eu”, do mundo físico, dos outros “eus”: “[...] o espetáculo mudou, os focos de atração são outros; o espetáculo passa a ser o que está fora do “eu”, no plano físico” (MOISES, 1995, p.52). Sua linguagem é objetiva e denotativa e se ocupa em narrar e descrever os aspectos visíveis que estão à mercê de todos, ela possui um ritmo próprio que se afasta da musicalidade, afastamento este que pode ser observado até mesmo na prosa em verso. “Quanto ao ritmo, torna-se largo, irregular, afeto não às repetições mas à ordem discursiva, lógica, do pensamento, e composto de unidades sintáticas racionalmente encadeadas” (MOISES, 1995, p.54). Na parte final do capítulo, Massaud Moises, além de sintetizar tudo o que foi dito em relação à poesia e à prosa, faz o adendo de que é comum as duas andarem juntas em um mesmo texto. É que, além de não serem posições estanques, pois nem sempre sabemos onde pára o “eu” a fim de começar o “não-eu”, e vice-versa, ambos se nutrem do mesmo lastro subjetivista e deformador da realidade. Na verdade, “poesia e prosa se atraem reciprocamente de tal maneira que embora às vezes se afastem uma da outra, canalizando suas águas separadamente como dois braços dum rio, logo voltam sempre a fortalecer-se mutuamente em novas confluências e novos traçados [...]”(MOISES, 1995, p. 56)....


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