FICHAMENTO - O Significado da Idade Média PDF

Title FICHAMENTO - O Significado da Idade Média
Author Remo Cruz
Course História Medieval
Institution Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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O presente arquivo trás um fichamento em torno do texto O significado da Idade Média de Hilário Franco Júnior. Aqui, serviu de atividade avaliativa para a matéria de história medieval II...


Description

DISCIPLINA: HISTÓRIA MEDIEVAL II

O SIGNIFICADO DA IDADE MÉDIA Hilário Franco Júnior 1. Segundo o autor, o que explicaria a maior divulgação da temática medieval nos dias de hoje? O entendimento da Idade Média como o embrião da civilização ocidental tornou a sua compreensão necessária para melhor conhecer o atual estado desta civilização. O empreendimento do século XX em estudar a fundo a Idade Média, procurando evitar os exageros cometidos nos séculos XVI-XVII e XIX, corresponde ao período em que a civilização ocidental se encontrava em crise, a dita “era da catástrofe” que teve início com a Primeira Guerra Mundial e teve seu desfecho com a ascensão e queda do nazismo e do fascismo. Em meio a essa crise que ameaçou colapsar a civilização ocidental, viu-se a necessidade de “voltar às origens, refazer o caminho, de identificar os problemas”, de buscar conhecer o período medieval para melhor entender o século XX. O produto desta nova compreensão da Idade Média promoveu as inúmeras publicações científicas e ficcionais impulsionadas na segunda metade do século XX. 2. Que se pode dizer hoje quanto à oposição Medievalidade-Modernidade? Somente a historiografia mais recente, mesmo que timidamente, segundo o autor, passou a negar a pretensa oposição MedievalidadeModernidade. Ele também aponta que as especificidades modernas são apenas quantitativamente diferentes das medievais, e que a impressão de grande mudança registrada pelos observadores da época teria marcado a historiografia por séculos. Para o autor, apesar de o ritmo histórico da modernidade ter-se acelerado, a essência era medieval, como é o caso dos quatro grandes movimentos que convencionou-se chamá-los de inauguradores da modernidade: o Renascimento, o Protestantismo, os Descobrimentos e a Centralização. O Renascimento dos séculos XV e XVI recorria aos modelos culturais clássicos, que não apenas a Idade Média conhecera e amara, mas foi através dela que os renascentistas tiveram contato com a Antiguidade. E o individualismo, racionalismo, empirismo, neoplatonismo e humanismo, características do movimento renascentista, já estavam presentes na cultura ocidental pelo menos desde o século XII. O protestantismo por sua vez, o autor trata como o resultado do processo medieval onde práticas religiosas laicas e a crítica ao formalismo católico gerou diversas heresias, o protestantismo nesse caso foi uma heresia que deu certo. Este já atendia às necessidades decorrentes das transformações sociais

da Idade Média, que apenas no século XVI tornou-se insustentável para a ortodoxia católica. Os descobrimentos utilizaram técnicas náuticas medievais, possuía motivações presentes na Idade Média, assim como possuía metas medievais. A difusão do Cristianismo, o descobrimento do Paraíso Terrestre e a busca de riquezas para uma Cruzada a Jerusalém eram traços da essência medieval na era dos descobrimentos. E a Centralização Política já era objetivo perseguido por monarcas medievais. O sentimento nacionalista moderno encontra suas origens no medievo, o poder de jurisdição, de tributação e o domínio da força, características do Estado moderno, já haviam sido metas visadas por Henrique II da Inglaterra e Luís IX da França. 3. Que relação podemos fazer entre a Idade Média e o Antigo Regime? Segundo o autor, o Antigo Regime era essencialmente ainda a Idade Média. Os três principais elementos constituintes do Antigo Regime (monarquia absolutista, sociedade estamental e capitalismo comercial), na época, eram essencialmente medievais com roupagens modernas. O poder absoluto do rei é tido pelo autor como uma superação de seu caráter de suserano, porém a sociedade estamental era um prolongamento da sociedade medieval, com maior peso relativo dos que não pertenciam à nobreza e ao clero. E o capitalismo comercial nada mais era do que uma intensificação das atividades mercantis medievais, porém com o incremento de recursos, espaços e parcela populacional envolvida. Já na agricultura e no artesanato, não houveram mudanças expressivas em relação aos séculos anteriores. O mercantilismo já via sua origem nos séculos anteriores, a realeza intervia na economia e aproximava-se da burguesia, distribuindo as riquezas extraídas dessa relação com a nobreza decadente da época. Por esses motivos, para o autor, não seria um absurdo estender os séculos “medievais” até as transformações na sociedade ocasionadas com a Revolução Francesa e a Revolução Industrial.

4. Segundo o autor, se olharmos para o Ocidente dos séculos XIX e XX, que marcas encontraremos da Idade Média? Características que a civilização ocidental se atribui, como a democracia no plano político-social, a racionalidade no plano econômicocientífico e a universalidade no plano mental-cultural, possuem suas origens na Idade Média. Mesmo que se possa atribuí-las a outros períodos, elas possuem relação até mesmo com os preconceitos criados sobre a Idade Média, ou seja, se afirmam tais características até como forma de opor a civilização ocidental à Idade Média. 5. No plano político, que relação se pode fazer entre a democracia ocidental da atualidade e as realidades medievais?

Enquanto que a democracia clássica grega é produto de pequenas cidades-Estados, com reduzida população no exercício da cidadania, as democracias ocidentais, com áreas e populações muito maiores, baseiam-se no esquema contratual e representativo nascido na Idade Média, sobretudo nas relações feudo-vassálicas, que tanto garantiam a soberania do rei feudal, quanto o “direito de resistência” do povo e de seus vassalos. Quando os juristas medievais recuperaram e interpretaram o direito romano a partir do século XII, destacaram o princípio segundo o qual o povo é a fonte da autoridade pública. Essa relação impedia a cobrança de impostos que não fossem tradicionalmente estabelecidos, o que levou à criação, por parte do rei, de assembléias representativas, em busca do consentimento necessário para a cobrança de novas taxas, reforçando o contratualismo político, importantíssimo para o estabelecimento dos Estados modernos como meio de resistência ao poder monárquico absolutista. Em contrapartida, as regiões latinas e com menos intensa feudalização interpretaram o direito romano partindo do princípio do desejo do príncipe ter força de lei, e o Japão dos séculos XIV e XV que não entrou no jogo das relações feudo-vassálicas, no século XX deram lugar a formas de governo e ideologias antidemocráticas, como o salazarismo, o fascismo, o nazismo e o franquismo. 6. De que modo a Idade Média se liga à superioridade tecnológica, científica e econômica que o Ocidente tem ostentado, desde o século XVII? A dessacralização da natureza, a concepção cristã de Deus, sua conexão com a filosofia grega e o empreendimento dos escolásticos numa apreensão racional da fé produziram, ainda na Idade Média, a visão racionalista do universo, base para a compreensão de superioridade tecnológica e científica do ocidente em relação ao mundo muçulmano, que atribuirá uma carga imensamente religiosa ao Corão, não submetendo-o a análise filosófica como fizeram os ocidentais com a Bíblia. O Deus ocidental não é irracional, muito menos uma manifestação de sua própria onipotência, tornando sua criação algo racional e inteligível, dando ao homem poder de conhecê-la e conquistá-la. 7. Que tem resultado do crescente domínio da civilização ocidental sobre a natureza e a colocação dela a serviço do homem? Ao dessacralizar a natureza, não sendo esta mais vista como um conjunto de divindades, a civilização ocidental na Idade Média, trazia em si certa atitude racionalista. É na Idade Média que os alicerces da futura superioridade científica ocidental, são lançados. O crescente domínio da civilização ocidental sobre a natureza, gerou uma postura de busca de riqueza, exploração da natureza, que a partir do século XI, caracterizou a civilização ocidental. É por não ver mais a natureza como algo divino que a civilização ocidental passa a submeter a natureza a seus domínios, explorando-a e colocando-a a seu serviço.

Contudo, tal visão materialista desvirtuou os princípios da sociedade cristã, originando diversas reações quanto à exaltação da pobreza, e também da desigualdade. Sejam quais forem as opções de vida, o pressuposto é a existência de um livre-arbítrio.

8. Quais as expressões mais fortes da tendência que o Ocidente tem demonstrado à conquista do mundo? De maneira geral os cristãos ocidentais assumem o papel de religião universal, através da sua fé conhecem o único Deus, racional e criador. Sendo assim viam o direito de dominar os povos que não o aceitavam, julgando povos e religiões inferiores, para o autor os processos de expansão do cristianismo em épocas diferentes constituem um mesmo caráter de guerra santa. As cruzadas contra os muçulmanos e o islã e as conquistas de terras na América dos povos indígenas são partes dessa guerra santa. Além dos fatores religiosos o de civilização também está presente, desde o século XIX a colonização da África e Ásia foi “o fardo do homem branco”, ou seja, seria dever dos ocidentais levar a civilização até os povos inferiores. Contando com as forças das máquinas e de armas que assustavam os povos americanos, para manter essas estruturas necessitavam dos produtos agrícolas e metais preciosos do próprio continente americano, logo depois eram trazidos mercadorias industrializadas para serem comercializadas na mesma região e completar o ciclo. O universalismo ocidental se manifesta tanto na crença de superioridade dos seus valores como na autoridade de impô-los a outras civilizações. 9. Que aspectos podem ser referidos para sustentar a afirmação que a Idade Média está presente no quotidiano dos povos ocidentais? Para o autor há uma presença da Idade Medieval no cotidiano do ocidente muito forte, embora não tão bem compreendida. Mesmo sem ter vivido o período falamos idiomas sugeridos daquela época, temos em grande maioria governos representativos, consideramos fundamentais e indispensáveis as instituições principalmente as de Júri e julgamentos, habeas corpus, alcançamos maior eficiência com sistema bancário, a contabilidade e o relógio mecânico, as experiências levaram a invenção do óculos, cuidamos do corpo nos hospitais, alimentamos melhor o espírito graças a notação musical, os romances, a imprensa e universidades. 10. Como você avalia a posição do autor nesse texto? O autor demonstra, no decorrer de toda sua obra, uma preocupação em torno do que o senso comum dissemina sobre a Idade Média – sendo este o período das trevas, como o resultado da decadência e da corrupção, da depressão econômica, da fome e da peste, onde a causa de

todo esse desastre seria resultado das atitudes da Igreja e dos povos Bárbaros. Toda essa concepção abriu margens para se acreditar que a Idade Média pouco influenciou a sociedade contemporânea, e é a partir da desconstrução desse pensamento retrógrado que o autor nos leva a pensar o período medieval como qualquer outro, que, apesar dos momentos de infortúnio, apresentou processos de desenvolvimento social que influenciou o modo de vida das sociedades (no espaço educacional, industrial e científico) e que, por isso, precisa de seu reconhecimento. A partir disso, a avaliação que fizemos em torno do posicionamento do autor não surge de outra forma que não a do reconhecimento de todos seus aspectos levantados sobre o período medieval e a necessidade de seu reconhecimento, tendo em vista as discussões sobre essa temática ao longo de todo o semestre. Desse modo, o autor afirma que os aspectos no que dizem respeito aos progressos do mundo medieval, sobretudo no campo científico, são importantes para que seja possível compreendermos os períodos posteriores à ele – aqui, o autor nos leva a considerar que se não fosse o período medieval, as acontecimentos posteriores à ele não se sustentariam, uma vez que seus aspectos servem como base para esses períodos. Assim é importante reconhecermos que não há período posterior à Idade Média que não tenha sido resultado dele mesmo, e que, por isso, a ideia de atraso que foi associado não deveria ser sustentada. Nesse sentido, corroborando com o pensamento do autor e fazendo associação com as discussões em torno de todo o semestre, avaliamos sua posição como sendo dentro esperado e importante para que o ensino do período medieval supere a sua condição de atraso.

FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média : nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 1988....


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